ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

TOUPEIRAS NAS TELAS E NAS MAZELAS POLICIAIS

Toupeiras nas telas. A história do maior furto do Brasil, o ataque ao Banco Central de Fortaleza, inspira livros e chega aos cinemas em 22 de julho - JOSÉ LUÍS COSTA, ZERO HORA 10/07/2011

A trajetória dos protagonistas do furto de R$ 164,7 milhões do Banco Central de Fortaleza (CE), em agosto de 2005, é tão digna de ficção que escritores e cineastas não hesitaram: é contada em dois livros e, no dia 22, chega aos cinemas.

A fartura de infortúnios que se abateu sobre os ladrões conhecidos como toupeiras, entre eles integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), supera as ideias do mais criativo roteirista. Seria preciso queimar muito neurônio para desenvolver um enredo com tantas tramas, farsas, traições, vinganças, sequestros, execuções extorsões e até um caso de amor.

Seis anos depois da invasão, o saldo é trágico para os dois lados. Os principais líderes do bando estão presos e tão pobres como eram quando entraram no buraco aberto no subsolo de Fortaleza. A polícia recuperou apenas cerca de 15% do que foi furtado.

– Os líderes perderam quase toda a cota do furto em extorsões praticadas por supostos policiais ou em decorrência das apreensões determinadas pela Justiça. Muitos continuam com consideráveis quantias que não identificamos – lembra o delegado da Polícia Federal Antônio Celso dos Santos, responsável pela Operação Toupeira.

Em maio, a ONG de defesa de direitos humanos Justiça Global divulgou um estudo em parceria com a Clínica Internacional de Direitos Humanos da Faculdade de Direito de Harvard (EUA), no qual aponta extorsões praticadas por policiais civis contra criminosos como uma das razões para rebeliões simultâneas em 74 cadeias e atentados nas ruas de São Paulo, em maio de 2006. A onda de violência resultou em quase 500 mortes.

O estudo afirma que os atentados eram revide aos achaques sofridos por integrantes do PCC. Autor do livro recém-lançado Toupeira, o advogado Roger Franchini, ex-policial civil paulista, garante que o objetivo das extorsões era meter a mão no dinheiro surrupiado do Banco Central:

– Lembro da ganância dos policiais paulistas para encontrar e tomar dinheiro dos membros do PCC, cujos cofres estavam abastecidos com os milhões do furto ao BC. Muitos policiais foram investigados e presos, mas tudo acabou no esquecimento.

Zero Hora relembra os momentos de glória, as caçadas policiais e o desfecho atrás das grades dos toupeiras.

A FICÇÃO

Assalto ao Banco Central é uma ficção inspirada no furto ao BC em Fortaleza. O filme é dirigido por Marcos Paulo. No elenco, estão Lima Duarte, Giulia Gam, Fábio Lago e Milhem Cortaz, entre outros. O lançamento será em 22 deste mês. As fotos desta página são do livro de mesmo nome, de J. Monteiro e Renê Belmonte

A REALIDADE

O SALDO DAS DESVENTURAS DOS TOUPEIRAS - 120 denunciados pela Justiça Federal em Fortaleza, 27 presos, 18 condenados e multados em R$ 49,3 milhões, e três absolvidos. Cinco mortos. 15 sequestros e extorsões. Dois fugitivos da cadeia no Ceará. Dois suspeitos jamais presos. Dois policiais processados por extorsão.

PRINCIPAIS PENAS - Antônio Jussivan Alves dos Santos, o Alemão: 36 anos; Geniglei Alves dos Santos, irmã de Alemão: 160 anos (por lavagem de dinheiro, recebeu a maior pena); Moisés Teixeira da Silva, o Tatu: 15 anos; Deuzimar Neves Queiroz, ex-vigilante do BC: 25 anos; Antônio Edimar Bezerra: 20 anos; Jean Ricardo Galian, o Jean Gordo: 47 anos

O DINHEIRO - Dos R$ 164,7 milhões levados do BC, cerca de R$ 25 milhões (15%) foram recuperados, entre valores em espécie, bloqueio de contas bancárias e leilões de fazendas, imóveis, postos de combustíveis, veículos, joias e gado. Estimativas da PF indicam que o PCC arrecadou R$ 60 milhões com o furto, mas parte desse valor teria sido tomado por policiais sequestradores. Há suspeitas que uma igreja em São Paulo tenha sido agraciada com doação de R$ 200 mil de um toupeira fiel.

NO RIO GRANDE DO SUL - Em Porto Alegre, tentativa de chegar aos cofres do Banrisul e da Caixa Federal por um túnel (foto) foi frustrada em setembro de 2006 pela Polícia Federal. A maioria dos 29 condenados pela tentativa de furto foi transferida para outros Estados. Nove fugiram do semiaberto (um já está morto), dois ganharam liberdade e pelo menos dois continuam presos. Estão na Pasc, Raimundo de Souza Pereira, o Piauí, condenado a oito anos e meio de prisão, e Fabrísio Oliveira Santos, o Boy, condenado a nove anos e nove meses

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