ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

CINCO PM DA ROTA SÃO SUSPEITOS DE JUSTIÇAMENTO

Cinco homens da Rota são detidos na Corregedoria da PM

Policiais participaram da ação que acabou com seis mortos na segunda-feira; três outros policiais foram presos em flagrante na terça

 
O ESTADO DE SÃO PAULO, 31 de maio de 2012 | 11h 28
Camilla Haddad - Jornal da Tarde


Dois tenentes, um sargento e dois soldados das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) estão presos na sede da Corregedoria da Polícia Militar, na Luz, no centro, para averiguação. A informação foi confirmada ontem à noite pela assessoria da corporação. Os dois oficiais e três os praças participaram da ação da tropa que resultou na morte de seis pessoas, na noite de segunda-feira, na zona leste da capital. Eles irão cumprir prisão disciplinar por até cinco dias.

Até a tarde de anteontem, a Corregedoria da PM tinha divulgado apenas a prisão em flagrante de um soldado, um cabo e um sargento. Os três foram detidos por homicídio doloso (com intenção) e estão presos no Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte.
 
Segundo explicou o comandante da Rota, Salvador Madia, a operação começou às 21h de segunda-feira depois que o Batalhão de Choque recebeu uma denúncia de que um grupo de criminosos estava reunido em um estacionamento da zona leste para planejar o resgate de um preso do Centro de Detenção Provisória do Belém.

Com a informação, 24 homens da Rota - em seis equipes- chegaram no local e, segundo Madia, foram recebidos a tiros. Seis homens morreram, três pessoas foram presas e pelo menos cinco delas fugiram.
Um dos homens mortos no suposto confronto com a Rota foi visto por uma moradora sendo agredido perto da Rodovia Ayrton Senna e sem seguida ouviu tiros. Ela ligou para o 190 da Polícia Militar e narrou a cena em tempo real para o operador, o que possibilitou a prisão de três policiais da Rota em flagrante.

TERRAS TANGUEIRAS

WANDERLEY SOARES, O SUL, Porto Alegre, Quinta-feira, 31 de Maio de 2012.


Eu, que não danço tango, começo a me convencer de que esses argentinos são invencíveis.
Recebi em minha torre, outro dia, um amigo de muitas letras que gastou uma grana preta para visitar Tóquio. Lá ficou durante três dias e, na longa conversa que com ele tive, constatei apenas que em lugar nenhum do planeta se pode ver tantos japoneses como no Japão. Assim é que não me surpreende que um grupo de gaúchos membros do Detran (Departamento Estadual de Trânsito), tendo realizado uma visita de três dias à Argentina, nosso vizinho e querido país irmão, tenham de lá trazido lições argentinas contra o crime e, especialmente, no sentido de controlar a proliferação de desmanches de carros furtados ou roubados. Repetidamente tenho dito, ao longo dos anos, que temos no complexo da segurança pública do Estado - Brigada Militar, Polícia Civil, Susepe, IGP - profissionais com cacife para dar aulas em qualquer parte do País. No entanto, após esta passagem de três dias de profissionais do Detran pelas terras tangueiras, começo a me convencer de que os argentinos são invencíveis.

Brigada contra o tráfico

O mais novo integrante no combate ao tráfico de drogas na Zona Leste de Porto Alegre, o 19 BPM, está completando 14 anos e, nos últimos 12 meses, foram aproximadamente 13 quilos de cocaína, seis quilos de crack e 91 quilos de maconha apreendidos pelos integrantes das "Tropas do Leste". Com a utilização do cão de faro, pastor Alinois, doado pela Aeronáutica, esta unidade da Brigada Militar pretende realizar buscas e apreensões mais rápidas, acelerando os resultados operacionais. Amanhã, o 19 BPM, em sua sede, na Avenida Aparício Borges 2505, ao lado da Corag, promoverá um café da manhã para a imprensa e convidados. Na ocasião, dentro da comemorações do aniversário da unidade, haverá a entrega da "Comenda do 19 BPM - Tropas Leste" em três categorias de segmentos da sociedade. Este humilde marquês estará presente.

Drible

Agentes do Denarc driblaram olheiros de traficantes que atuam no interior do Condomínio Princesa Isabel, bairro Azenha, na Capital. A ação ocorreu no início da noite dessa terça-feira. Foram presos dois homens, com 18 e 45 anos de idade, respectivamente, ambos com antecedentes no tráfico. Foram apreendidas 39 buchas de cocaína, quatro pedras de crack e 15 tijolinhos de maconha. Segundo o delegado Marcus Viafore, o local é de difícil acesso, não tem como passar pela entrada dos prédios sem ser notado. Os olheiros avisam imediatamente a chegada da polícia e, assim, conseguem desaparecer com as drogas no momento da abordagem. Conforme a polícia, a cocaína apreendida é conhecida como "veneno". Ela é forte e vendida pela metade do preço.

Assalto

Um homem foi baleado ontem ao ser atacado por bandidos nas proximidades do Viaduto dos Açorianos, bairro Cidade Baixa, bem perto do Centro Histórico da Capital. De acordo com policiais do 9 BPM, a vítima teria sido atingida por disparos de arma calibre 45 e foi encaminhada ao HPS.

Correria pelos cargos

A análise externa dos bastidores políticos dão conta da desenfreada correria que ocorre para a filiação nos partidos que compõem o atual governo da transversalidade gaúcha, incluindo nesta azáfama aqueles que mudam de partido a cada governo a fim de se assegurar em algum cargo ou projetar promoções por merecimento.

POLÍCIA FEDERAL DESAMPARADA

Problemas na PF podem comprometer operações

Em entrevista ao Congresso em Foco, presidente da Associação dos Delegados da PF diz que Polícia Federal passa por momento de desvalorização. “É deliberado? Não sei”, completa.


O sucesso das Operações Vegas e Monte Carlo – que levaram à prisão do bicheiro Carlinhos Cachoeira e às denúncias que podem resultar na cassação do mandato do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) – mascara uma realidade, segundo o presidente da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), Marcos Leôncio Sousa Ribeiro. “A Polícia Federal está desamparada”, afirma ele, em entrevista ao Congresso em Foco. “E isso pode acabar comprometendo operações futuras”, adverte.

“Se é deliberado? Não sei”, completa Leôncio. Segundo o presidente da ADPF, há uma série de situações que, nos últimos anos, vêm contribuindo para piorar a estrutura e a qualidade funcional da Polícia Federal. Cortes no orçamento, carência de pessoal, defasagem salarial. E um acanhamento, no seu entender, do empenho do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, na defesa da instituição. “O ministro da Justiça precisa ser mais enfático na defesa da Polícia Federal junto ao governo e publicamente”, afirma Marcos Leôncio.

Foi no início do primeiro governo Lula que começaram a ficar famosas as grandes operações da Polícia Federal. No período, houve uma política de investimento no aparelhamento da PF e na qualificação dos policiais. Depois disso, diz o presidente da ADPF, a Polícia Federal passou a viver um momento de estagnação.

“Em 2004 e 2005, houve um processo muito grande de avanço. A PF, com isso, melhorou muito de qualidade. Mas o ritmo de investimento caiu a partir de 2009 e só piora desde então”, afirma Marcos Leôncio.

Falta de pessoal

“As Operações Vegas e Monte Carlo poderiam ter ficado comprometidas por orçamento reduzido e falta de pessoal. Há toda sorte de dificuldades”, critica o presidente da ADPF. Enquanto a Polícia Federal tem 11 mil policiais, segundo Leôncio, a Secretaria da Receita Federal tem 20 mil auditores. “A Funai tem mais DAS que a PF”, completa, citando um outro órgão vinculado ao Ministério da Justiça, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a sigla que indica os cargos de confiança dos escalões superiores da administração pública (Direção de Assessoramento Superior – DAS). “Os policiais civis de vários estados estão ganhando mais que os delegados da PF”, comenta.

Segundo Leôncio, a falta de uma Lei Orgânica da Polícia Federal agrava os problemas. Não há, por exemplo, uma política de incentivo para a ida de policiais para os postos de fronteira, como acontece nas Forças Armadas. “Qual o incentivo que tem um policial federal para atuar numa área de risco?”, questiona. De acordo com o presidente da ADPF, apesar das promessas feitas durante o lançamento do Plano Nacional de Fronteiras, há mais de um ano a PF aguarda a concretização da política para os servidores lotados nas delegacias de fronteira.

Outro fator desmotivador para a Polícia Federal tem sido a sinalização do governo de acabar com uma conquista histórica da categoria: a aposentadoria policial, a qual já tinha sido reconhecida inclusive pelo STF e TCU.

A Polícia Federal reivindica ainda a conquista de uma situação maior de autonomia diante do governo federal, nos moldes do que há na Advocacia Geral da União (AGU), na Defensoria Pública da União e na Receita Federal. “Há argumentos tolos que usam para negar a autonomia. Até o fato de que os policiais usam armas. Na verdade esconde o medo de uma polícia com maior poder de investigação contra os criminosos do colarinho branco”, argumenta.

Numa demonstração da falta de interesse com a PF, Leôncio revela que nas vésperas de ingresso de novos servidores, a corporação segue sem a nomeação do titular da Diretoria de Gestão de Pessoal. Assim como a Academia Nacional de Polícia, responsável pelo curso de formação dos futuros policiais. Depois de cinco meses de expectativa, a Corregedoria-Geral finalmente conheceu o seu novo titular, mas a Diretoria de Administração e Logística Policial ainda aguarda a nomeação do cargo.

Para Marcos Leôncio, diante da repercussão de ações como agora com os casos das Operações Vegas e Monte Carlo, a Polícia Federal mereceria maiores investimentos, e não cortes orçamentários. “Às vésperas de grandes eventos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, nós estamos com a polícia desmotivada e insatisfeita. É preocupante”, conclui ele.

BRECHA JURÍDICA VAI BENEFICIAR EXPULSOS DA POLÍCIA

 
ZERO HORA, 31 de maio de 2012 | N° 17086

BRECHA JURÍDICA. Impasse poderá beneficiar expulsos pela Polícia Civil

Participação de Ministério Público em conselho que julga as exclusões de policiais é contestada - JOSÉ LUÍS COSTA


Policiais civis demitidos por envolvimento em crimes poderiam voltar a fazer parte da corporação, portando arma e distintivo. A possibilidade é discutida em tribunais por causa de uma divergência jurídica provocada pela participação do Ministério Público no Conselho Superior de Polícia, órgão que propõe e julga exclusões de policiais por meio de processos administrativos, assinadas pelo governador.

Um acórdão da 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), de 2008, afirma que a Constituição veda ao MP integrar o Conselho nas condições em que foi formatado, regido por lei estadual. O caso tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). Ainda não existe decisão definitiva, mas dois recursos já foram negados ao Estado.

Em razão desse processo, por cautela, a cadeira do MP no Conselho – ocupada pelo promotor Marcos Centeno nos últimos oito anos – está vaga desde 2011. O Conselho é composto por oito integrantes titulares (veja quadro). Como o quórum mínimo para julgamento prevê cinco membros, um a menos, em tese, não faria diferença. Mas a saída do MP significaria a “ausência da cabeça pensante” do órgão que faz o controle externo da Polícia Civil.

O assunto é polêmico e permeado por argumentos contraditórios e ordens judiciais em sentidos opostos. O promotor Centeno, defensor da presença do MP no Conselho, assegura que o STF não firmou posição.

– Existem decisões recentes do Supremo, afirmando que o MP pode participar do Conselho – garante.

Advogado prevê “tsunami” de ações de demitidos

Autor da ação no STJ, o advogado Nelson Soares de Oliveira entende que, assim que a Corte máxima da Justiça brasileira confirmar o impedimento do MP, poderá se abrir um flanco para dezenas de agentes e delegados demitidos nos últimos cinco anos reivindicar judicialmente o retorno aos quadros da Polícia Civil.

– Será um tsunami de ações – compara Oliveira.

As reversões causariam prejuízo em dose tripla: ao Estado porque teria de pagar salários atrasados aos policiais readmitidos, à corporação por ter de volta um servidor indesejado e à sociedade por estar submetida aos serviços de um policial condenado por crime.

Luiz Felipe de Magalhães, representante da OAB/RS no Conselho Superior de Polícia, adverte que o reingresso de policiais excluídos não seria automático. Teriam de entrar com uma ação judicial e, se fossem vitoriosos, se submeter a um novo julgamento pelo Conselho.

ZH solicitou informações sobre o número de policiais excluídos ao Conselho e à Chefia de Polícia, mas não obteve resposta. A Chefia informou que não falaria sobre o assunto por não existir decisão definitiva.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA -  Como venho defendendo a construção de um SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL envolvendo órgãos dos três Poderes complementado por ações comunitárias, a integração do Ministério Público nas corregedorias seria um passo importante para a transparência e fortalecimento dos esforços policiais contra o crime. A nação precisa acabar com as ideias corporativistas, amadoras, esdrúxulas, separatistas, fragmentadas e descompromissadas nas questões de ordem pública, já que a função de um complementa e dá continuidade a do outro e o objetivo fundamental de todos é o mesmo: garantir justiça, respeito às leis e preservação da ordem pública (paz social), da vida e do patrimônio das pessoas.




quarta-feira, 30 de maio de 2012

NO RIO, QUADRILHA PM VENDE ARMAS E DROGAS AO TRÁFICO

Os negócios ilegais de PMs no Rio: venda de armas e drogas ao tráfico

O iG teve acesso ao inquérito da Operação Herdeiros que prendeu 11 PMs e conta detalhes. Fuzil foi vendido por R$ 45 mil

Mario Hugo Monken, iG Rio de Janeiro |
 
 O iG teve acesso com exclusividade ao relatório da investigação que resultou na Operação Herdeiros, que foi deflagrada pela Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro em dezembro do ano passado. 


A ação culminou nas prisões de 11 PMs de oito batalhões e dois policiais civis suspeitos de vender armas e drogas para traficantes da favela do Jacarezinho, na zona norte da captal.

O relatório traz detalhes de como ocorriam as negociações entre os policiais suspeitos e os criminosos. Os PMs e os agentes acusados estão respondendo a um processo que corre na 35ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça.


Segundo as investtigações, grande parte do material vendido pelos policiais era apreendido em outras comunidades, o chamado 'espólio de guerra'. Houve casos também onde PMs envolvidos no esquema realizavam operações clandestinas em favelas e recolhiam armas e drogas para serem repassadas a outros traficantes.


O traficante supostamente responsável por todas as negociações com os PMs, Jorge Luís Bernardes Fraga, o Neném, foi preso na semana passada quando era atendido em uma clínica particular no bairro das Laranjeiras, na zona sul carioca. Um ex-militar do Exército, já preso, auxiliava Neném nos contatos com os policiais suspeitos, de acordo com as investigações.

De acordo com o relatório, uma das supostas negociações teria ocorrido no dia 7 de junho do ano passado. Na ocasião, um policial militar que à época era lotado no 40º Batalhão, no Irajá, na zona norte da capital, foi até a favela do Jacarezinho e teria oferecido aos traficantes um fuzil ao preço de R$ 35 mil. Os criminosos não aceitaram e disseram que poderiam pagar somente R$ 27 mil. O PM, de início, não aceitou a contraproposta, já que teria que dividir o lucro com colegas de farda.


O fuzil teria sido fornecido por dois PMs irmãos e que eram suspeitos de chefiarem uma milícia que atua nos bairros de Brás de Pina e Cordovil, na zona norte. A arma foi entregue primeiramente a um outro policial militar, que pertencia ao 18º Batalhão (Jacarepaguá, na zona oeste), que a repassou para o colega do 40º BPM vendê-la no Jacarezinho.

Três dias mais tarde, ficou acertado que o fuzil seria vendido por R$ 26 mil. Um traficante da favela ainda pediu ao PM que comercializou a arma que levasse munições para testá-la.
Fuzil do São Carlos
 
Um dia depois, o mesmo PM do 40º iniciou negociações para vender outro fuzil no Jacarezinho. A arma foi oferecida por R$ 40 mil. Os criminosos cobraram do PM a procedência da mesma já que um dos bandidos da favela disse que teria visto o fuzil em outra comunidade dominada pela facção criminosa Comando Vermelho (CV), que também controla o Jacarezinho.


O PM do 40º Batalhão consultou o mesmo colega do 18º BPM que também lhe encaminhara a arma. Ele disse que o fuzil fora apreendido em uma comunidade que fica próximoa ao Hospital Central da corporação (HCPM), no Estácio, na região central da capital, provavelmente no morro de São Carlos, ocupado por uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) desde fevereiro de 2011.


No dia 12 de junho, o PM do 40º voltou a negociar com o os bandidos e o fuzil acabou vendido ao preço de R$ 45 mil, sendo que o policial receberia na hora R$ 27 mil e R$ 18 mil mais tarde.

Seis dias depois, os traficantes voltaram a falar com o PM e pediram para ele levar 20 munições à favela a fim de que a arma fosse testada. Na conversa, um dos bandidos disse ao policial que um dos chefes do tráfico na comunidade teria feito um primeiro teste com seis munições mas houve falhas.

Comissão de R$ 500
 
No dia 14 de janeiro do ano passado. os mesmos PMs do 18º e do 40º, que negociariam futuramente os fuzis com os traficantes do Jacarezinho, já tinham supostamente vendido cerca de 10 kg de cocaína para os bandidos ao preço de R$ 12,5 mil o quilo. Ficou acertado que cada PM receberia R$ 500 por cada quilo comercializado.


Em junho de 2011, os mesmos PMs teriam supostamente negociado venda de maconha para os traficantes do Jacarezinho. No dia 19 daquele mês, um deles foi até a favela para levar parte do entorpecente. Na ocasião, ficou acertado que os criminosos pagariam R$ 850 por três quilos e R$ 1.000 por dois quilos. Os traficantes teriam pedido ao policial mais drogas.


O restante da maconha solicitado foi entregue por um dos PMs mas os traficantes não teriam gostado da qualidade e mandaram devolver. Entretanto, na época, houve uma apreensão de 90 kg da droga no Jacarezinho e os criminosos voltaram atrás e pediram a maconha de volta.

Os mesmos PMs do 18º e do 40º batalhões teriam ainda supostamente vendido 100 kg de maconha aos traficantes do Jacarezinho em fevereiro do ano passado. A droga teria sido entregue aos bandidos entre os dias 15 e 16 daquele mês.


O PM do 18º Batalhão suspeito de fornecer armas e drogas fora preso em flagrante no dia 21 de junho de 2011. Na ocasião, ele estava na companhia de um outro PM, do batalhão do Méier (3º BPM) de quem compraria uma pistola HK, de calibre nove milímetros com três carregadores e um coldre. A arma, segundo as investigações, seria vendida aos bandidos do Jacarezinho possivelmente por R$ 2.625, quantia que foi apreendida na época.

Já o PM do 40º foi preso no dia 3 de agosto de 2011. Na ocasião, ele estava na companhia do ex-militar do Exército quando iria negociar uma arma (não especificada) com o traficante Neném do Jacarezinho. Com os dois, foram achadas munições de calibre 762 (fuzil).

PM do Alemão
 
As investigações revelaram que um PM do batalhão de Campanha que atua no Complexo do Alemão, na zona norte, após a ocupação, supostamente também intermediava a venda de drogas com os traficantes do Jacarezinho.


De acordo com as interceptações telefônicas feitas com autorização da Justiça, o PM tentou vender 8 kg de cocaína em junho do ano passado. A droga foi conseguida junto a PMs de Niterói. Os traficantes, de acordo com as conversas gravadas, tentaram levantar R$ 80 mil para adquirir o entorpecente.


No entanto, segundo o relatório da investigação, não houve acordo. Isto porque a quadrilha do Jacarezinho queria pagar somente em um sábado porque era "dia do fechamento das contas do tráfico", o que não foi aceito por um dos PMs, que queria que ao menos quatro quilos fossem quitados na hora.
Além de drogas e armas, os PMs também forneciam carros para que os traficantes fossem buscar drogas no Paraguai. Um dos veículos, um Gol branco, foi vendido pelos policiais ao bando do Jacarezinho por R$ 7.500 em janeiro de 2011.

Esse veículo foi apreendido pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) no dia 24 daquele mês na cidade de Nova Esperança, no Paraná. No carro, foram encontrados 12 kg de maconha, 1 kg de haxixe e 3 kg de pasta de cocaína, drogas que pertenceriam ao traficante Neném, do Jacarezinho, que negociava com os PMs.

Operações ilegais
 
As investigações feitas pela Draco obtiveram informações sobre supostas operações clandestinas que seriam montadas por PMs para adquirir drogas e armas que seriam futuramente vendidas. Uma delas, consta no inquérito, teria ocorrido no dia 8 de dezembro do ano passado, na comunidade Nova Brasília, na Engenhoca, em Niterói.


Na ocasião, dois PMs teriam saído do local com duas malas cheias de drogas e ainda teriam supostamente recebido uma propina para liberar um traficante que fora preso. O material apreendido não foi apresentado na delegacia na época e um dos PMs ainda foi flagrado conversando com um comparsa e fazendo deboche: "Fizemos um trabalhinho bonito hoje".

Há outras gravações, feitas em julho de 2011, em que um suspeito liga para um PM do batalhão de Niterói e policiais civis de delegacias do município convocando os mesmos para realizar uma operação ilegal na favela da Galinha, na mesma cidade. Segundo o inquérito, o comparsa dos policiais já havia levantado com um informante que o melhor dia para o trabalho seria um sábado e possíveis locais para apreensões.
Propinas internas
 
Consta ainda na investigação que os PMs que participavam de negócios ilegais pagariam supostas propinas a oficiais de dia (de R$ 50 por exemplo) e os responsáveis pela reserva de armamento dos batalhões. O dinheiro serviria para que eles inserissem informações falsas no livro de registro e, consequentemente, viabilizassem a saída irregular de policiais dos quartéis para a prática de supostos crimes.

Os PMs suspeitos de serem fornecedores do tráfico possuíam um armeiro que realizava a manutenção das armas antes que elas fossem apresentadas aos criminosos. O suposto armeiro fora preso no dia 26 de outubro do ano passado, em Bangu, na zona oeste da capital.

Com ele, foi preso também um homem suspeito de fornecer armas e drogas para serem vendidas pelos PMs e de levantar para os policiais informações sobre o tráfico de drogas em delegacias.

terça-feira, 29 de maio de 2012

O CHEFE SOLITÁRIO

Porto Alegre, Terça-feira, 29 de Maio de 2012.

É difícil de entender as estratégias dos serviços de inteligência da segurança gaúcha.

Parece-me evidente que o ataque de três assaltantes praticado contra o chefe da Polícia Civil do RS, delegado Ranolfo Vieira Júnior, que chegava em sua residência, em Esteio, na noite de domingo, dirigindo o seu próprio carro, foi praticado por bandidos que não sabiam com quem estavam tratando. Ranolfo, jovem e bem treinado, reagiu a tiros e espantou os criminosos. Em verdade, Ranolfo foi atacado como se um cidadão comum fosse. Nenhuma novidade nisso. Em passado não muito distante, criminosos atacaram, com sucesso, oficiais de escol da Brigada Militar que protegiam o então titular da pasta da Segurança. As armas dos escudeiros foram levadas e nunca recuperadas. Em outro episódio curioso, sumiu misteriosamente a pistola do delegado que, na época, exercia a chefia de Polícia do RS. Tal mistério nunca foi desfeito. Tais fatos são reveladores do cotidiano em que vive toda a sociedade. Os bandidos confiam na incompetência do Estado - não na dos órgãos operacionais da segurança - em insistir em estratégias midiáticas de amostragens eventuais contra a violência e a criminalidade. O chefe da Polícia Civil está tão seguro quanto eu e meus conselheiros em minha torre, ou seja, ninguém está tranquilo. Sigam-me.

Inteligência

Sobre este episódio, não posso deixar revelar minha estranheza no entorno da vulnerabilidade em que os serviços de inteligência da pasta da Segurança Pública colocam a residência, a família e o próprio Ranolfo, chefe de Polícia. Lembro que na festa de aniversário do mesmo Ranolfo a segurança foi irrepreensível. E, agora, se sabe que o chefe de todos os policiais civis gaúchos chega, à noite, em casa, na tumultuada Grande Porto Alegre, dirigindo seu próprio carro. Ranolfo estava solito e reagiu com sua habilidade e acompanhado de um invisível anjo da guarda. Contou com a sorte. Imagino de como se sairia a segurança do governo da transversalidade se uma autoridade do porte de Ranolfo fosse sequestrada.
 
Banco

 O caixa eletrônico do Banrisul, instalado em um supermercado localizado na avenida Protásio Alves, próximo a avenida Manoel Elias, na Zona Leste de Porto Alegre, foi arrombado na madrugada desta segunda-feira. De acordo com a polícia, os criminosos quebraram a parede do estabelecimento e abriram o equipamento com maçarico. As agências bancárias, em sua maioria, são vulneráveis aos ataques mais grotescos da bandidagem durante a noite. Durante o dia, a vigilância é rigorosa contra os clientes.
 
Façanha

Na manhã de ontem, em Estrela, no Vale do Taquari, dois assaltantes foram baleados depois de atacarem a dona de uma livraria que levava dinheiro para o banco. Eles estavam de moto e acabaram entrando em confronto com equipes do pelotão de operações especiais e da patrulha tático-móvel da cidade, da Brigada Militar, que faziam um treinamento na área. No tiroteio, os dois assaltantes foram feridos e levados ao Hospital de Estrela. O dinheiro roubado foi recuperado.
 
Dimensão

A Polícia Federal investiga o desaparecimento de cinco mil reais da Casa da Moeda em cédulas de 50 reais. O caso ocorreu em janeiro de 2011, mas só agora foi revelado. Uma comissão interna apurou o desvio, mas não chegou a uma conclusão. Tratando-se da Casa da Moeda, localizada no distrito industrial de Santa Cruz, Rio de Janeiro, a importância é irrisória, mas a façanha é de grande dimensão.

ATRÁS DAS GRADES A MANDANTE DA MORTE DE POLICIAL

zero hora - 29 de maio de 2012

Mandante da morte de policial volta para a cadeia

Mulher que havia sido solta após confessar crime foi encontrada em uma clínica de recuperação - EDUARDO TORRES


Terminaram por volta das 10h de ontem as buscas a Odete Bortolini, 54 anos, apontada pela polícia como mandante da execução do policial civil aposentado Ari Schuck, 60 anos, há uma semana, em Cachoeirinha. A prisão preventiva havia sido decretada pela Justiça na sexta-feira. Ela foi encontrada por agentes da 1ª DP de Cachoeirinha em uma clínica de recuperação de saúde no bairro Igara, em Canoas.

De acordo com o delegado Rafael Liedtke, a mulher teria sido internada no local pela família desde que teve a sua soltura determinada, na quarta-feira passada. Odete havia sido presa em flagrante um dia antes, horas depois do assassinato do policial. Namorada da vítima, a mulher confessou participação no crime. Como tem residência fixa e não tinha antecedentes criminais, recebeu liberdade.

Na quinta-feira, a polícia solicitou a prisão preventiva, concedida na sexta. Naquele mesmo dia, agentes fizeram buscas sem sucesso. E, então, ela passou a ser considerada procurada. Ontem, a mulher nem prestou depoimento e foi encaminhada novamente à Penitenciária Madre Pelletier.

– Como já temos a confissão dela e os depoimentos dos dois executores, há elementos suficientes para os indiciamentos por homicídio triplamente qualificado e roubo – afirmou o delegado.

Com a prisão, a polícia considera o caso encerrado.

Suspeita é de que assassinato tenha motivação patrimonial

Na última quinta-feira, dois jovens de 19 e 20 anos foram presos e confessaram terem executado o crime a mando de Odete. Conforme a investigação policial, eles teriam recebido da mulher R$ 500 de adiantamento e ganhariam, no total, R$ 10 mil para matar o policial civil aposentado.

Em depoimento no dia do crime, Odete, conforme a polícia, afirmou ter contratado homens somente para retirar o revólver calibre 38 que estava no cofre da casa. Algo que não foi convincente para os investigadores. A principal suspeita é de que o assassinato teria motivações patrimoniais.

O casal teria vivido junto por sete anos, até 2008. Naquele ano, Odete teria começado a exigir que Schuck reconhecesse a união estável. Ela entrou com uma ação judicial requerendo essa condição e a divisão dos bens.


Entenda o caso
- Ari Schuck foi morto por volta das 2h do dia 22. Ele foi asfixiado com um cinto, teve o dedo mínimo arrancado. O revólver calibre 38 dele foi levado.
- Na noite de quarta, dia 23, a namorada dele, Odete Bortolini, confessou que o crime foi encomendado com o intuito de roubar o revólver calibre 38 que Schuck guardava no cofre. Suposto motivo: o pânico de armas que sentia. Naquela noite ela recebeu voz de prisão e foi levada à Penitenciária Feminina Madre Pelletier.
- Na quarta-feira, Odete foi solta por ordem da Justiça por ter residência fixa e não ter antecedentes criminais.
- Na quinta-feira, dois homens foram presos e confessaram que o crime havia sido encomendado por Odete.
- Na sexta-feira, a Justiça determinou a prisão preventiva de Odete. Os policiais da 1ª DP de Cachoeirinha fizeram buscas por ela, mas não a encontraram, e a mulher passou a ser considerada foragida pela polícia. Odete só foi locallizada ontem.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

CURSO SUPERIOR E BONS POLICIAIS: QUAL A RELAÇÃO?


Nelson Gonçalves de Souza - Brasília(DF) - FORUM SEGURANÇA - 21/01/2008
 
Em entrevista ao Jornal do SBT, dia 15/01/2008, durante reportagem sobre a nova exigência de curso superior para soldado da PMDF, um eminente sociólogo da UnB afirmou que o novo requisito era algo muito bom, porém não garantia que, por isso, os selecionados seriam bons policiais.

Constatação inteligente do óbvio, nos faz refletir sobre uma série de incoerências que parecem percorrer o imaginário popular em relação ao acesso cada vez mais comum ao ensino superior no Brasil. É certo que o novo requisito não garante bons policiais, mas também não garante bons médicos, bons advogados, juízes, delegados de polícia e, sociólogos inclusive. E não garante por se tratar apenas de processo educacional formal, há muito desprovido de consistência no que se refere a quesitos como ética, profissionalismo, respeito às pessoas, solidariedade, dentre outros.

Na verdade, ter um curso superior atualmente, não garante nada. Mas, infelizmente, isso acabou por se tornar condição para a obtenção de benefícios diversos para indivíduos que muitas das vezes mal sabem assinar seus respectivos nomes. É comum, nas instituições de ensino superior do DF, identificar indivíduos que, em processo seletivo sério jamais lá estariam. É óbvio que isso não é culpa só deles (se é que se pode estabelecer alguma culpa), mas de um sistema que busca privilegiar cada vez mais os títulos (e os negócios deles decorrentes ou por eles gerados) sem se importar se por detrás dos certificados encontram-se verdadeiros profissionais no mais básico dos sentidos: o de exercer a profissão para a qual se formou com a competência requerida. Quando isso não é possível, perdeu-se aí, de início, qualquer resquício possível de ética e moralidade que deveria constar do rol de requisitos de qualquer profissional. Em muitos casos, trata-se apenas de uma farsa com investidura legal.

É evidente que na polícia militar não será diferente. Porque seria? Acaso os indivíduos que nela ingressam são obras de diferentes fornadas? São nascidos de um canteiro especial, regado a adubos próprios para a produção de policiais? Ou, por outro lado, eles são frutos da mesma sociedade que tem nas diferenças sociais sua principal característica? Se assim é, porque esperar que um curso superior possa moldar bons policiais?

Não, a polícia militar não espera isso. Nenhum de seus integrantes desde os menores graus hierárquicos tem a ilusão de que somente pelo curso superior se construirá uma instituição que possa ser vista como baluarte da ética, da moral, dos bons costumes ou de quaisquer outras virtudes esperadas dos homens de bem.

Mas, é nesse novo requisito que cada policial militar que integra a corporação deposita sua esperança de se ver igualado em termos de reconhecimento e benefícios profissionais àqueles que usam seus respectivos títulos tão somente para, de forma mesquinha, estabelecer diferenças e hierarquias vis em relação a um profissional cuja menor das virtudes é, no mais dos casos, a dedicação à causa pública de servir e proteger a população, com risco certo de sua própria vida.

O que a polícia militar espera e, por conseguinte, cada um de seus integrantes, é que a sociedade que a constituiu seja capaz de reconhecê-la e de entregar-lhe o prestígio e valorização que merece quando o merecer e puni-la quando assim se fizer necessário. Porém, fazendo-o de forma responsável e coerente lembrando que cada policial militar é fruto dessa mesma sociedade e que ao ingressar na corporação trouxe consigo toda a carga de princípios e valores que o processo de socialização lhe legou até aquele então.

Está certo o sociólogo. O curso superior não garantirá bons policiais. Diga-se de passagem, nem salários, nem estatus também garantem. O que, na verdade, garante bons policiais é, dentre outras medidas concretas, a mudança do processo de formação integral de cada brasileiro através da redução das diferenças sociais; do acesso igualitário, em quantidade e qualidade, à educação; da disponibilidade de trabalho digno para que cada pai de família possa ter orgulho de criar seus filhos para se tornarem inclusive policiais; do respeito à vida e às diferenças; e, do culto aos valores éticos, morais e humanitários que há muito parecem ter deixado de contar na formação dos brasileiros de todas as classes. Se tudo isso for possível, seguro que está garantida não só a formação de bons policiais mas, também, a de bons engenheiros, bons médicos, bons políticos, bons professores, enfim, de bons brasileiros e, conseqüentemente, de um grande Brasil.

A polícia militar do DF, no que tange à capacitação técnica desses novos policiais, envidará, como sempre fez, todos os esforços necessários para torná-los os melhores policiais militares que a tecnologia do conhecimento disponível institucionalmente permitir. Não poderá, entretanto, entrar em suas mentes e extirpar dali suas respectivas personalidades, índoles, valores e princípios. Parece que somente um forte e integral processo de ressocialização poderia permitir tal feito.

Apesar de tudo isso, a polícia militar e seus integrantes acreditam que o requisito de curso superior possa contribuir de forma relevante para a construção de um policial mais consciente de suas responsabilidades sociais, mais crítico e proativo diante da realidade social em que se fizer presente e, por tudo isso, mais propício a colaborar, como deve cada brasileiro, para o desenvolvimento de cada cidadão e de si mesmo, melhorando a qualidade de vida das pessoas, das comunidades e da nação.


Fonte:http://www2.forumseguranca.org.br/node/22079

NOTA: Matéria enviada por Rodrigo Brugnole.
"E eles o venceram, pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até à morte." (Ap. 12.11)


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - O curso superior pode não garantir bons policiais, mas com certeza garantem pessoas com melhor conhecimento para decidir com racionalidade mais apurada e aprender os procedimentos legais, as práticas policiais, o manuseio dos equipamentos e a utilização das tecnologias colocados à disposição. Eu sou defensor do curso superior para policiais e este curso poderia ser realizado dentro da área policial a ser ensinado numa Universidade Policial com duas faculdades: a Faculdade de Ciências Sociais de Polícia e a Faculdade de Ciências de Laboratório e Pericias com tempo mínimo de três anos. Hoje, policiais são formados em apenas seis meses e querem que ele saia manuseando armas de guerra, dirigindo viaturas em situação de emergência, mediando conflitos, interpretando as leis, fazendo partos em locais surreais, e agindo num ambiente onde os fatos ocorrem de inopino, as decisões são rápidas,  os locais são inseguros e existe ameaça à vida de policiais e de terceiros. Quando mais os policiais estiverem capacitados, melhor os serviços de segurança. E é argumento para valorizar a profissão e melhoir os salários.

CHEFE DA POLÍCIA CIVIL DO RS É ATACADO POR BANDIDOS

 

ZERO HORA, 28 de maio de 2012

ROUBO FRUSTRADO. Chefe de Polícia revida ataque de assaltantes

Ladrões de carro e o delegado Ranolfo Vieira Júnior trocaram tiros em Esteio ontem à noite


O chefe da Polícia Civil, delegado Ranolfo Vieira Júnior, foi alvo de assaltantes na noite de ontem no centro de Esteio, por volta das 20h, quando chegava em casa na Rua Pelotas. Ninguém se feriu. O delegado chegava, sozinho, à residência e teria verificado pelo espelho retrovisor do seu carro particular, um Focus, que um Astra branco se movimentava em sua direção.

Conforme o titular da Delegacia da Polícia Civil do município, Leonel Baldasso, Ranolfo teria percebido a movimentação estranha na rua e desconfiado de que era um assalto. Ele teria conseguido entrar em casa e fechar o portão. Três homens teriam se aproximado e anunciado o assalto, quando Ranolfo anunciou ser da polícia.

Os homens entraram no carro e fugiram atirando. Ranolfo revidou e, segundo a Comunicação Social do órgão, alguns disparos acertaram o veículo já em movimento.

Informações da Polícia Civil dão conta de que o delegado conseguiu anotar a placa, possibilitando a verificação de que o automóvel utilizado no crime teria sido roubado no sábado, também em Esteio. Buscas foram feitas na região, mas ninguém foi preso.

O delegado Baldasso informou que não trabalha com a hipótese de ser um ataque proposital ao chefe de Polícia, mas, sim, de uma coincidência. Zero Hora tentou contato com o delegado, que estava com os telefones desligados. A assessoria de imprensa do órgão informou que ele não se manifestaria ontem sobre o caso.

 

TIROTEIO. PMs e criminosos trocam tiros no Três Figueiras


Um tiroteio na noite de sábado assustou pacientes e funcionários do Mãe de Deus Center, no bairro Três Figueiras, em Porto Alegre. De acordo com a Brigada Militar, a perseguição começou quando policiais abordaram quatro homens que estavam em um Sandero roubado na tarde de sexta-feira. Com a chegada da polícia, os suspeitos fugiram pela Avenida Carlos Gomes e entraram na Rua Soledade, uma via sem saída.

Segundo a assessoria de imprensa do hospital, nem bandidos nem policiais chegaram a entrar no prédio da instituição. O confronto teria sido travado no lado de fora do hospital. Na troca de tiros, um dos suspeitos foi baleado na perna. A polícia cercou a área e encontrou os outros três homens nos arredores do complexo, conforme o capitão Vinicius Boeira, supervisor da Brigada Militar na Zona Norte. Os quatro homens foram presos e encaminhados à 2ª Delegacia de Pronto-Atendimento.


CAROLINA ROCHA - ZERO HORA - 28 de maio de 2012

MORTE DE POLICIAL. Solta, mandante de crime vira foragida. Justiça decretou prisão de mulher um dia depois de ordenar sua soltura


Ela confessou ter mandado matar o namorado, esteve detida, mas ganhou a liberdade da Justiça horas depois. Na quinta e na sexta-feira, com pedido de prisão na mão, policiais não encontraram Odete Bortolini, 54 anos. Hoje, seis dias depois do crime contra o policial aposentado Ari Schuck, a mulher é considerada foragida. Odete foi presa em flagrante na noite de terça-feira, dia 22, após revelar ter contratado dois homens para matar seu companheiro durante a madrugada anterior. Schuck, 60 anos, foi morto em casa, amarrado, esfaqueado e asfixiado com um cinto e ainda teve o dedo mínimo da mão esquerda arrancado. Na quinta-feira, os policiais identificaram e prenderam os dois homens contratados por Odete para cometer o crime. Eles disseram que ela havia prometido R$ 10 mil para que o matassem. Desse montante, R$ 500 já haviam sido pagos como sinal e, caso houvesse crueldade na morte, ela ainda pagaria um “bônus” aos assassinos. Carlos Jhonatas de Oliveira Nunes, 20 anos, foi preso com o revólver calibre 38 do aposentado. Marcelo Josué da Silva, 19 anos, indicou onde estava o relógio e os celulares de Schuck e de Odete. Por último, revelou aos policiais da 1ª DP de Cachoeirinha onde estava uma mochila. Dentro dela, enrolado para presente, o dedo de Schuck. Conforme o chefe de investigações da 1ª DP de Cachoeirinha, Eduardo Vieira, Odete foi autuada em flagrante. O juiz homologou o flagrante, mas relaxou a prisão de Odete, que foi solta. Ao mesmo tempo, a polícia solicitou a prisão preventiva dela, na terça-feira. O pedido só foi analisado na quinta-feira pela Justiça, que ordenou a prisão da mulher.


sábado, 26 de maio de 2012

FALTA DE PERÍCIA LIBERTA TRAFICANTES

 
ZERO HORA, 26 de maio de 2012 

BUROCRACIA A FAVOR DO CRIME

Presos em flagrante, acusados de tráfico acabam sendo soltos pela Justiça em razão de atrasos no envio de laudos do IGP - JOSÉ LUÍS COSTA 

Deficiências estruturais somadas à burocracia estatal estão gerando mais uma anomalia na segurança pública em Porto Alegre. Depois de a Justiça mandar soltar apenados e suspender capturas em razão da superlotação de cadeias, agora magistrados estão liberando traficantes presos em flagrante por falta de prova pericial.

Não existe estatística oficial. Estimativa da 8ª Vara Criminal da Capital, uma das 13 que julgam crimes de tráfico em Porto Alegre, aponta que, de cada 10 casos, em dois os réu são soltos por causa de atraso na instrução do processo.

Na prática, o resultado dessa medida tende a influenciar no aumento da criminalidade, em especial, os assassinatos. Segundo autoridades, entre 60% e 70% dos homicídios na Capital estariam relacionados ao consumo de drogas.

– Não tenho dúvida em afirmar que liberdade provisória de pessoas envolvidas com o tráfico incrementa crimes patrimoniais e, em situações extremas, acaba resultando em homicídios – lamenta o juiz Sandro Luiz Portal, da 8ª Vara Criminal da Capital.

Segundo ele, a maioria dos processos de tráfico instaurados na Capital decorre de prisões em flagrantes realizadas pela Brigada Militar. Em função disso, a Polícia Civil tem, por lei, 10 dias para encerrar as investigações e remeter o inquérito à Justiça, e o Ministério Público, cinco dias para oferecer a denúncia.

Ocorre que a documentação, em sua maioria, tem chegado às varas criminais incompleta, apenas com laudo pericial provisório da droga e sem o definitivo. O exame é elaborado pelo Instituto-geral de Perícias (IGP), com objetivo de comprovar, de fato, se o denunciado portava droga.

Advogados alegam que prisão se tornou ilegal

Na fase judicial, o tramite tem sido célere. Em média, 60 dias. A maioria das vezes, em audiência única, os envolvidos são interrogados, e a instrução do processo, finalizada. O juiz está apto para determinar a sentença, mas, sem o laudo do IGP, é impossível julgar. E advogados de defesa costumam entrar com pedidos de liberdade para os réus. A alegação é de que a prisão se tornou ilegal, à medida que ela só se justifica durante a instrução do processo.

– Até o ano passado, era um problema eventual. Mas, desde abril, isso tem acontecido sistematicamente. A demora não é razoável. Trata-se de uma prova simples, já existe laudo preliminar – reclama Portal.

Papéis são passados de mão em mão

Na 2ª Vara Criminal, a falta de um exame pericial completo determina, de imediato, a devolução do inquérito à Polícia Civil e a soltura do preso. O juiz Mauro Caum Gonçalves afirma que laudos provisórios têm sido emitidos por peritos nomeados pela Polícia Civil e enviados com informações incompletas sobre a capacidade técnica de quem assina o documento.

A lentidão da remessa de laudos decorre, em parte, de um método de trabalho quase primitivo, com envio de papéis de mãos em mãos. O exame é solicitado pela Polícia Civil ao IGP, que elabora o laudo e devolve à Polícia Civil, que, por sua vez, encaminha à Justiça.

Em dezembro de 2009, o IGP anunciou o lançamento de um sistema de certificação digital de documentos com assinatura eletrônica em laudos com valor jurídico, mas, pelo visto, o projeto não avançou. No mês passado, ao responder a uma das cobranças do promotor Luís Antônio Portela, da 7ª Promotoria Criminal da Capital, o IGP reconheceu problemas técnicos para implantar a certificação eletrônica de documentos e afirmou que, “muita vezes”, a demora se deve à Polícia Civil. A Polícia Civil diz que é ágil.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Isto não surpreende quem acompanha o atual e desordenado sistema brasileiro que trata das questões de ordem pública. Só no Brasil, e em especial no RS graças ao amadorismo do parlamento e executivo gaúchos, a perícia não pertence à organização policial,já que esta atividade técnica policial foi desmenbrada do corpo policial, passando a ser uma corporação autônoma e agindo através de iniciativas próprias e relações burocráticas com as demais polícias na apuração de crimes. O mesmo ocorre com o Poder Judiciário que se coloca como um poder mediador e acima das polícias de quem é totalmente dependente nas ilicitudes penais. Por não existir a figura do juiz de garantia, o judiciário não se compromete com os resultados do sistema contra o crime, e favorece o criminoso a qualquer falha do aparato policial, esquecendo sua função coativa na aplicação das leis. A morosidade da justiça, a falência do sistema prisional e a insegurança jurídica completam o caos e o terror nas ruas, comércio e lares deste país.  


O trâmite
- Assim que uma pessoa é capturada com droga, a Polícia Civil lavra o auto de prisão em flagrante, encaminha o suspeito para o presídio e faz um exame preliminar para verificar o tipo de entorpecente.
- Amostra da droga é remetida para o Instituto-geral de Perícias realizar o exame pericial definitivo.
- Quando o inquérito é concluído e o Ministério Público oferece denúncia, a Justiça inicia a instrução do processo. A partir daí, o laudo definitivo do IGP já deveria fazer parte do inquérito. Sem o documento, o juiz não pode julgar o caso.
Contrapontos
O que diz José Cláudio Teixeira Garcia, diretor-geral do Instituto-geral de Perícias (IGP)
Toda e qualquer substância apreendida é encaminhada a este laboratório para ser periciada e identificada se é proscrita ou não. Apesar da crescente demanda, tais perícias são realizadas rapidamente, e o laboratório emite o laudo pericial, em média, num prazo de 10 dias. Tais laudos são remetidos à autoridade solicitante, não havendo a possibilidade de remessa direta ao Poder Judiciário ou ao Ministério Público, uma vez que não dispomos de dados que os vinculem aos respectivos processos nesses órgãos. Logo, tal procedimento de envio fica a cargo da autoridade policial solicitante.
O que diz Heliomar Franco, delegado da Divisão de Investigações do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc)
Em 2011, fechamos 1,8 mil inquéritos por tráfico. Tão logo os laudos chegam ao Denarc, são remetidos imediatamente para a Justiça. Pode acontecer de algum atraso, mas é preciso examinar caso a caso. Somos os maiores interessados que os criminosos sejam julgados e condenados o mais rápido possível. Também ocorre atrasos no Judiciário. Há quatro anos, enviei um inquérito sobre a prisão de uma quadrilha com 20 presos, e só fui ouvido na semana passada.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

A SAÚDE DOS TRAFICANTES


WANDERLEY SOARES, Sexta-feira, 25 de Maio de 2012

O clamor público é contra a insegurança nas ruas.


Lançada, no início deste mês, pela pasta da Segurança Pública gaúcha, com perfil midiático, a força-tarefa constituída de 200 PMs procedentes do interior do Estado com o objetivo de conter a violência e a criminalidade, principalmente os casos de homicídio, na Zona Norte da Capital e em onze municípios da Grande Porto Alegre, ao que parece, ainda está em fase treinamento. Não houve ainda uma operação que possa ser considerada de vulto. De outra banda, há um fenômeno real e quase nunca abordado pela mídia sobre o real impacto na sociedade sobre as execuções praticadas entre bandos de traficantes. Certo ou errado, o cidadão de bem festeja cada grupo de bandidos que é justiçado na guerra pelos pontos-de-venda de drogas. O clamor público é contra a insegurança nas ruas, no transporte coletivo, nos restaurantes, nas escolas e mesmo nas residências. Não há na sociedade, isso pode ser verificado com a mais simples das enquetes, nenhuma preocupação com a segurança ou o Estado com a saúde de traficantes. Sigam-me.

Estratégia

Um fato curioso que está acontecendo com o planejamento do policiamento ostensivo da Capital está sendo mantido, por ora, em sigilo. Por motivos certamente da maior gravidade, 30 PMs - além de dois oficiais - foram deslocados do CPC (Comando de Policiamento da Capital) para outros setores de atividade. Isto significa que a força-tarefa que deveria reforçar o policiamento existente, já perdeu 30 PMs além dos dois oficiais. Uma estratégia difícil de ser entendida.

Marginalizados

Apesar de todas as promessas governamentais, os membros do CVMI (Corpo de Voluntários Inativos) da Brigada Militar continuam sem aumento salarial não existindo previsão sobre se isso possa vir a correr. Por ora, são trabalhadores da Segurança Pública marginalizados pela burocracia da pasta.

Família brigadiana

Quarta-feira, dia 23, o professor Romeu Karnikowski, o tenente-coronel Ricardi Guimarães, presidente Associação dos Oficiais, o tenente Aparício Santellano, presidente da Associação dos Sargentos, Subtenentes e Tenentes, e o sargento Leonel Lucas, presidente da Associação dos Cabos e Soldados, foram nomeados sócios honorários do Grupo União, segmento social e político basilar na Brigada Militar. O União existe desde março de 2003 e constitui o grupo que forma a diretoria e os conselhos da IBCM (Instituição Beneficente Coronel Massot), com 84 anos de existência e com mais de 23 mil associados, voltada a atender a saúde da família brigadiana e servidores estaduais atrelados ao IPE.

Crack

Um homem foi flagrado, ontem, com 29 quilos de crack na BR-116, em Canoas. Ele dirigia um Honda Civic com placa de Foz do Iguaçu. A droga era procedente do Paraguai.

Mediação de conflitos

O Encontro do Grupo de Estudos de Mediação de Conflitos, do Iargs (Instituto dos Advogados do RS), será realizado no próximo dia 30 a partir das 13h, na sede da entidade, na travessa Adilino de Carvalho, 21. Uma palestra gratuita e aberta ao público, proferida por Maria Izabel Schneider Severo, abordará o tema Mediação de Conflitos na Prática: Reflexão Sobre o Papel do Mediador. Maiores informações pelo telefone (51)3224.5788, e-mail iargs@iargs.com.br.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

POLICIAIS MILITARES DUELAM NO RIO

PMs duelam, ficam feridos e acertam quatro em lanchonete na Zona Oeste do Rio.

 

Policiais lanchavam e começaram a discutir. Houve pânico e correria 

 

Com G1

Policial que está investigando briga entre PMs deixa lanchonete em Campo Grande
Foto: Urbano Erbiste / O Globo
Policial que está investigando briga entre PMs deixa lanchonete em Campo Grande Urbano Erbiste / O Globo
RIO - Dois soldados da Polícia Militar - um lotado no 6º BPM (Tijuca) e outro, no 18º BPM (Jacarepaguá) - duelaram numa lanchonete na Estrada dos Capoeiras, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, na madrugada desta quinta-feira. Segundo informações do 40º BPM (Campo Grande), os PMs lanchavam e começaram a discutir. Logo, eles sacaram as armas e atiraram. Houve pânico e correria entre clientes e funcionários.

Os soldados e outras quatro pessoas que estavam no local ficaram feridos por tiros e foram levados para o Hospital Rocha Faria, em Campo Grande. Não há informações sobre o estado de saúde delas.
O caso foi registrado na 35ª DP (Campo Grande).


MORADAS PARA POLICIAIS

 WANDERLEY SOARES, O SUL, 24 de Maio de 2012.


Os brigadianos continuam a pensar em salários dignos para que possam morar dignamente.

Com a presença do governador Tarso Genro, do prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, do cônsul da Espanha Ravier Collar, do gerente regional da CEF, Rodrigo Monteiro, foi descerrada, ontem, a placa que marca o início das obras do Condomínio Mário Quintana, na avenida Manoel Elias, no bairro Rubem Berta. O residencial destina 116, de um total de 340 apartamentos, para servidores da segurança pública. As obras serão concluídas no segundo semestre de 2013.

A presença do cônsul da Espanha é em razão das obras serem realizadas pelo Grupo RS, do poderoso empresário espanhol Ramon Salvador. O evento serviu também para que a Abamf (Associação dos Cabos e Soldados da Brigada) entregasse ao governador ofício com a decisão da categoria dos servidores de nível médio da Brigada de reivindicar melhores índices para a aplicação da verticalidade nos vencimentos.

À tarde, o presidente da entidade, Leonel Lucas encontrou o presidente da Assembleia Legislativa, Alexandre Postal, quando entregou o mesmo documento entregue ao Executivo a fim de que nenhuma proposta referente aos salários dos brigadianos seja aprovada sem a concordância da categoria.

Em resumo, os brigadianos querem salários dignos para que possam morar, todos, não apenas 340, dignamente.

O marido e o revólver

A companheira do policial aposentado Ari Schuck, de 60 anos, assassinado em Cachoeirinha, na madrugada de terça-feira, foi presa sob acusação de participar do crime. Em depoimento na delegacia, a mulher, de 54 anos, admitiu ter contratado um homem para invadir a casa e levar a arma do marido. Ela alegou que não gostava do revólver.

Homicídios

O número de homicídios cresceu 25% nos primeiros quatro meses do ano no RS. Até abril, foram 667 casos, de acordo com dados da Secretaria da Segurança Pública. Na Região Metropolitana, a força-tarefa criada neste mês de tenta conter a onda de homicídios, mas ainda não se sabe de seus sucessos.

Anjinhos e a esponja

O apelido de "anjos da lei" com o qual se intitulam agentes do Denarc, baseados numa série infanto-juvenil da TV norte-americana dos anos 1980, referendado pela chefia da Polícia Civil gaúcha, é ridículo. Um policial não pode ser anjo e quem anjo for não pode ser policial. A chefia deveria passar uma esponja nessa brincadeira oficial que, historicamente, nunca deu certo. É claro que a esponja não será acionada.

terça-feira, 22 de maio de 2012

POLICIAL APOSENTADO É TORTURADO E MORTO

 
ZERO HORA, Crime bárbaro - 22/05/2012 | 09h43

Policial aposentado é torturado e morto em Cachoeirinha. Ari Schuck, 60 anos, teve um dedo da mão amputado e morreu asfixiado por um cinto


Um policial civil aposentado foi torturado e morto dentro de casa na madrugada desta terça-feira em Cachoeirinha, na Região Metropolitana.

Segundo a Brigada Militar, por volta de 2h, dois homens invadiram a residência onde Ari Schuck, 60 anos, morava com a mulher no bairro Parque Silveira Martins, enquanto o casal dormia. A mulher teria sido amarrada a uma cadeira na cozinha enquanto Schuck era torturado no quarto. O aposentado teve um dedo da mão amputado e morreu asfixiado por um cinto.

A mulher de Schuck não ficou ferida e a dupla fugiu sem levar o dinheiro que o casal guardava em casa. Cogita-se que uma arma possa ter sido roubada, mas a informação não foi confirmada. A 1ª Delegacia de Polícia de Cachoerinha investiga o caso.
 

PRISÃO POR ENGANO 12 ANOS DEPOIS

 
PRISÃO POR ENGANO. O mesmo drama 12 anos depois. Pintor revive pesadelo ao ser detido e descobrir que ainda consta como criminoso no sistema de órgãos de segurança pública - JOSÉ LUÍS COSTA, ZERO HORA, 22 de maio de 2012. 

Apesar de avanços tecnológicos, falhas em bancos de dados de organismos de segurança pública seguem causando dissabores a vítimas de erros policiais e judiciais. Doze anos depois de ser preso por engano e até ganhar o direito a indenização por danos morais, o pintor de automóveis Argemiro de Campos, 38 anos, ainda consta como criminoso no sistema do Poder Judiciário e das polícias Civil e Militar. Por conta do registro indevido, Campos voltou a viver “momentos de bandido”.

Oepisódio aconteceu na semana passada em Porto Alegre. Morador de Sapucaia do Sul, tinha ido ao Centro para comprar seis quilos de tainhas no Mercado Público. Estava na rua, parado, procurando uma loja, quando foi abordado por PMs e levado até o posto do 9º Batalhão de Polícia Militar na Praça XV de Novembro. Pesou contra Campos o fato de ele portar carteira de identidade surrada, emitida havia 20 anos.

O pintor diz ter sido humilhado por policiais (leia relato ao lado), após pesquisa no banco de dados Consultas Integradas, no qual consta informações de que ele é autor de furto em automóveis e condenado à prisão pelo crime. Na verdade, o criminoso era um ex-cunhado – Cláudio Luís da Silva – já falecido, que usou o nome de Campos. Por erros de procedimentos policiais e judiciais, Campos foi condenado e preso no lugar de Silva.

– Achei que no computador iam colocar que sou inocente, que a prisão foi por engano. Imaginei que o Estado fizesse isso – revolta-se Campos.

Como a punição já foi extinta, ele foi liberado pelos PMs. Mas o tempo foi mais do que suficiente para ele reviver um drama iniciado em 13 de março de 2000 e que ainda não acabou.

– Tenho medo de sair à rua, de passar perto de onde acontecer um assalto, de ser algemado e levado para o Presídio Central. Lá passei fome. Não tinha prato, comiam em pote, e eu nem isso tinha. Eram oito dentro de uma cela, dormindo no chão. Ainda tenho pesadelo – relembra o pintor.

A situação foi esclarecida, em parte, após a captura de Silva. Campos, que gastou na época R$ 1,2 mil (equivalente hoje a R$ 3 mil com advogados), ingressou com uma ação judicial contra o Estado, que foi condenado em dezembro de 2010 a pagar R$ 21,8 mil a título de reparação de danos morais ao pintor, confirmada pela 9ª Câmara Cível do TJ (em processo de execução). Apesar disso, a própria Justiça gaúcha o trata como autor de crime, conforme certidão de antecedentes.

E, o mais curioso: dependerá da iniciativa de Campos para ele ter seu nome “limpo” na Polícia Civil e no Judiciário.

“Me sinto um prisioneiro”


Leia a seguir o relato de Argemiro de Campos a ZH sobre a abordagem feita pela BM no Centro:

“Estava indo ao Mercado Público para comprar peixe, uma borracha para tampa da panela de pressão e uma régua escolar para meu filho. Parei em uma esquina para procurar uma loja. A BM fazia operação, e apareceram dois PMs perguntando o que eu fazia ali. Apareceram mais dois policiais, pediram documento, reclamaram que a identidade era velha e perguntaram de onde eu era. Respondi que era de Sapucaia. Mandaram eu ir com eles até o posto da BM. Um me segurou pelo pulso na frente do balcão, e outro consultou meu nome no computador. Aí começou a dizer que eu tinha assalto, receptação de automóvel, furto qualificado, furto de aparelho de CD. Vendo isso, me trataram como bandido. Eu dizia que era inocente. Aí um PM disse: olha para esses soldados aqui, todos são inocentes. Zombaram de mim. Mostrei um documento que fala isso, mas eles disseram que não significava nada.

Depois, me colocaram em uma sala. Outro perguntou se eu gostava de brigadiano. Falei que gostava da companhia (corporação). Mas ele ficou fazendo pressão: ‘Tu gosta ou não de brigadiano? ‘Respondi: ‘gosto’. Aí ele falou: ‘então, tu é veado’. E os demais, com o sorriso estampado no rosto.

Depois de uns 20 minutos, um dos PMs me entregou a identidade e disse: ‘Tu raspa daqui’, como se eu fosse bandido. Não precisava ser daquela maneira. Fizeram muita pressão psicológica. Mas eu não culpo os PMs. Eles lidam com bandidos todos os dias e acharam que eu era bandido também. A culpa é do Estado. Eu achei que no computador iam colocar que sou inocente, que a prisão foi por engano, mas está tudo igual. Sou um cidadão, trabalho honestamente, tenho família. Depois de 12 anos, continua acontecendo isso. Me sinto um prisioneiro na minha própria casa. Me apavoro sempre que vou sair para rua com medo de ser tratado como bandido. Sofri mais uma humilhação. Meu maior medo é ser algemado e levado para o Presídio Central.”
Contrapontos
O que diz o Tribunal de Justiça do Estado
Por meio da assessoria de comunicação, o TJ informou que os dados do processo de condenação de Campos foram corrigidos, assim como o processo de execução da pena. O TJ reconhece existir um erro nos computadores que mantém a informação de que o pintor é autor de crime. A falha pode ter ocorrido na migração de dados por causa de mudanças no sistema de informática do TJ. Como o Judiciário só age quando provocado, Campos deverá comparecer à 10ª Vara Criminal para que a falha seja corrigida.
O que diz o delegado Pedro Alvares, diretor do Departamento de Informática da Polícia Civil (Dinp)
“Ele (Argemiro de Campos) deverá trazer até o departamento uma certidão narratória emitida pelo Judiciário, informando o engano até a Divisão de Controle e Processamento de Dados do Dinp. Com esse documento, será dado baixa no sistema da polícia.”
O que diz o major André Córdova, subcomandante do 9º Batalhão da Polícia Militar (BPM)
“O relato feito (por Argemiro Costa) referente à abordagem realizada no centro de Porto Alegre não se coaduna com o procedimento técnico vigente da corporação e será apurado com o devido zelo e rigor. Convidamos (Campos) para comparecer ao 9º BPM para que possamos colher o relato dele e realizar as apurações necessárias para trazer luz sobre o ocorrido.”
 
Entenda o caso
O que diz o major André Córdova, subcomandante do 9º Batalhão da Polícia Militar (BPM)
“O relato feito (por Argemiro Costa) referente à abordagem realizada no centro de Porto Alegre não se coaduna com o procedimento técnico vigente da corporação e será apurado com o devido zelo e rigor. Convidamos (Campos) para comparecer ao 9º BPM para que possamos colher o relato dele e realizar as apurações necessárias para trazer luz sobre o ocorrido.”
- Em março de 1994, Cláudio Luís da Silva, já falecido, foi preso por furto em veículos no bairro Santa Cecília, em Porto Alegre. Era foragido do semiaberto e, para evitar o retorno ao regime fechado, se identificou com o nome e a data de nascimento de um ex-cunhado, o pintor de automóveis Argemiro de Campos, sem antecedentes criminais.
- Em 1995, sem saber, Campos foi condenado à revelia pela Justiça a dois anos e seis meses de prisão em regime semiaberto pelo crime. Em fevereiro de 2000, Campos ia de bicicleta a um dentista, quando foi preso em Esteio. A polícia procurava um homem de bicicleta que havia furtado objetos de carros.
- O nome de Campos constava na lista de foragido da Justiça, e ele foi levado para a cadeia, sendo solto nove dias depois, quando o erro começou a ser esclarecido. Em abril, Silva foi preso e admitiu ter usado o nome de Campos.
- Em dezembro de 2010, o TJ confirmou sentença de indenização a Campos, mas o nome dele segue como autor do crime de furto nos sistemas do TJ e das polícias Civil e Militar.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

PINHEIRINHO: A VIDA DEPOIS DA DESOCUPAÇÃO


chamada.jpg

REVISTA ISTO É N° Edição:  2219,  21.Mai.12 - 18:16

Quatro meses depois da desastrada operação da PM, as famílias desalojadas ainda não conseguiram retomar a rotina. Mobílias destruídas, crianças sem pais e sem escola formam o triste mosaico de sonhos despedaçados

Rachel Costa


Para entrar na casa de Tanice Rosemere dos Santos, 44 anos, no bairro de Rio Comprido, periferia de São José dos Campos, interior de São Paulo, não é preciso bater. No barracão onde ela mora com a filha Isabelle, de 1 ano e 2 meses, uma colcha de xadrez azul e verde faz as vezes de porta. Rompido o portão improvisado, chega-se ao primeiro cômodo, um espaço de não mais de 10 m², misto de sala e cozinha, com fogão antigo, botijão de gás, geladeira, máquina de lavar quebrada, um sofá velho de dois lugares, uma cadeira e uma televisão de 20 polegadas. Logo após há o banheiro e o único quarto da casa, um ambiente escuro, sem janelas. A cama de casal divide espaço com o berço de Isabelle e uma dúzia de caixas usadas como armário, abrigando o que sobrou da residência anterior, bem mais espaçosa, com dois quartos, sala, banheiro, cozinha e quintal. Não foi tempestade nem avalanche o que dizimou o lar de Tanice. Ela era uma das cerca de seis mil pessoas que viviam na ocupação de Pinheirinho, também em São José dos Campos, e tiveram de abandonar suas casas às pressas no dia 22 de janeiro, um domingo, durante o processo de reintegração de posse do terreno (leia quadro acima) feito por dois mil homens armados da Polícia Militar. Três dias depois da retirada, tratores da prefeitura passaram pelo local e destruíram tudo. Desde as casas, incluindo parte do que havia dentro delas, até as hortas caseiras dos moradores. Hoje a área de 1,3 milhão de metros quadrados se resume a um monte de entulho e as 1,7 mil famílias que viviam no local não conseguiram, assim como Tanice, reconstruir suas vidas em uma moradia digna.

A operação de retirada das famílias de Pinheirinho tal qual foi feita tem sido muito criticada. “Há uma equipe de juristas trabalhando para finalizar o texto da denúncia que será encaminhado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos”, fala o defensor público Jairo Salvador, que acompanha o caso. Quando a polícia bateu à porta de Tanice, por exemplo, só houve tempo para ela pegar a pasta com documentos, um punhado de roupas para Isabelle, o carrinho e a banheira da bebê e a cachorra vira-lata Kelly. “Ainda levei muito. Teve gente que não conseguiu tirar nem os documentos”, diz. Desde então, ela iniciou uma romaria em busca de um novo lar. Já passou por abrigo, cortiço e agora está em um barracão numa área desocupada pela Defesa Civil em 2011, após um deslizamento. Ali estão algumas das famílias de Pinheirinho, o que vem sendo investigado pela Defensoria Pública. Há uma denúncia de que a própria prefeitura teria levado cerca de 20 famílias para essa área de risco. O poder público nega. Em meio à polêmica, resta a incerteza para quem está lá, pois há uma liminar pedindo a reintegração do local.

img.jpg
RISCO
Sem ter para onde ir, vários ex-moradores de Pinheirinho estão em
área desapropriada pela Defesa Civil após deslizamento em 2011

Refazer a casa é um exercício diário de ignorar as perdas e lutar para ter de volta o que foi perdido. Todos os meses, o boleto das prestações a vencer lembra Tanice do guarda-roupas, da cômoda e da máquina de lavar que ela havia acabado de comprar e ainda lhe custam R$ 230 mensais. Ela já não tem mais nenhum dos bens, mas deve ainda oito parcelas à loja. Além deles, se foram as duas batedeiras profissionais, os bicos de confeitar, as formas, o liquidificador e os vasilhames que usava para cozinhar. Tanice é salgadeira e doceira profissional e vivia da renda dos seus quitutes. Sem o equipamento, improvisa tecendo encomendas de crochê e com o auxílio-moradia de R$ 500 – pago a 1.630 famílias de Pinheirinho, de acordo com a Prefeitura. Para trabalhar fora, precisaria deixar Isabelle em uma creche, mas, mesmo com o papel assinado pela assistente social, ela não consegue vaga. Desde que perdeu a casa, Tanice gasta seus dias tentando resolver problemas. Do lar em Pinheirinho, restou só um cartão com o número 633, etiqueta dada pela polícia durante a desocupação e que lhe valeria o direito de recuperar todos os bens que estavam dentro do imóvel, o que nunca aconteceu. “Pus essa casa de pé com o dinheiro do meu trabalho. A gente sabe que casa para todo mundo o governo não tem condição de dar. Desse então o terreno e a gente construía.”

Não só bens materiais foram perdidos com a remoção. O convívio social também foi reduzido a frangalhos. O êxodo forçado fez os moradores se espalharem por mais de uma dezena de bairros de São José dos Campos. “Quando falamos em direito à moradia, não estamos dizendo apenas da casa. Ela é uma espécie de porta de entrada para os outros direitos, como educação, saúde, trabalho, privacidade”, afirma Raquel Rolnik, relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o direito à moradia adequada. Ouvir os relatos dos retirados de Pinheirinho é atestar que nada disso foi levado em conta durante a operação policial. Há 620 processos de ex-moradores correndo na Justiça – reclamando desde a perda do mobiliário, até a morte de animais de estimação e denúncias de violência policial. “Eles não podiam ter feito a remoção de uma hora para a outra”, critica Raquel, que, como relatora da ONU, enviou uma carta ao governo brasileiro pedindo ao poder público federal que se posicione sobre o assunto.

img1.jpg

A história da família de Tanice ilustra bem o impacto da reintegração de posse na vida dos ex-moradores. Enquanto viveu em Pinheirinho, ela e a irmã Tânia Rosilene Martins, 48 anos, eram vizinhas. Agora cada uma está em um canto da periferia de São José dos Campos, distantes 20 quilômetros. “Ligo para a Tanice todos os dias”, diz Tânia. Além da irmã, Tânia teve de se separar da filha do meio, Gisele, 26 anos, grávida e que foi morar com a avó paterna. Restou só a filha mais nova, Tainara, de 11 anos. As duas vivem em uma espécie de cortiço onde pagam R$ 400 de aluguel mais R$ 40 por pessoa para custear água e luz. O valor dá direito a menos de 30 m² de um espaço precário. “Tem goteiras na sala e no quarto. Quando a gente liga o chuveiro, cai a luz”, afirma Tânia.

A grande alegria de Tânia atualmente é ter novamente Elisângela Silva, 39 anos, morando ao seu lado. “Pulei quando a vi chegando aqui”, diz, relembrando o dia em que se deparou com a ex-vizinha de porta subindo as escadas do cortiço. A mesma reação teve Iane, filha mais velha de Elisângela e amiga de Tainara. “Estava com medo de chegar aqui e não ter ninguém da minha idade”, conta ela, que tem 11 anos, assim como a filha de Tânia. Foi uma dor a menos reencontrar a amiga de Pinheirinho. “Na escola nova já tinha sido muito difícil fazer amizades”, diz a menina, que teve de ser transferida. Iane foi uma das crianças que presenciaram a desocupação. Ela se lembra do policial mandando a família sair e da angústia de não conseguir fazer caber seus pertences na sacolinha em que pôs tudo o que pôde nos 15 minutos de prazo para desocupar a casa onde viveu por cinco anos. Sobre as coisas que perdeu e sente falta, é singela: sente saudade das amigas que nunca mais viu e queria de volta o diploma de participação nas oficinas do Proerd, programa de resistência às drogas da Polícia Militar.

img2.jpg

Mesmo após quatro meses da retirada das famílias de Pinheirinho, muitos moradores ainda batalham para ter de volta os bens recolhidos pela prefeitura antes da passagem dos tratores. Uma delas é a costureira Sônia Maria da Silva, 43 anos. Depois da saída forçada, ela voltou por três dias consecutivos à área para tentar pegar sua mobília. Não conseguiu e recebeu a informação de que suas coisas seriam enviadas para um galpão, à beira da rodovia Presidente Dutra. Desde então, realiza com frequência um cansativo périplo até o local na esperança de reaver seus bens. Nas mãos, leva sempre o cartão em que se vê impresso “718”, número colocado pelos policias na sua casa. “Já paguei carreto duas vezes para pegar minhas coisas, R$ 100 cada, e até agora não consegui tirar nada”, afirma Sônia, que desistiu de chamar o caminhão e agora vai sozinha ao galpão. Lá, a cena se repete semanalmente: ninguém vem atendê-la. Enquanto não consegue refazer o lar, a costureira deixa a filha Giselia, 8 anos, e a sobrinha Raíssa, 12, com a irmã, em São Paulo. “Minha filha chora até hoje e pede para voltar. Na cabeça dela, a casa ainda existe.” Mas Pinheirinho não passa de um retrato desbotado estampado nas camisas de protesto de seus ex-moradores.

img3.jpg

CAPITÃ BM REAGE A ASSALTO BALEANDO BANDIDOS

Capitã da BM reage a assalto e deixa os bandidos baleados em Porto Alegre Adriana Franciosi/
ZERO HORA. Roubo frustrado, 18/05/2012 | 21h35

Capitã da BM reage a assalto e deixa os bandidos baleados em Porto Alegre

Ação ocorreu no semáforo das ruas Felipe de Oliveira e João Guimarães, no bairro Santa Cecília. Letícia Costa


Por volta das 20h30min desta quinta-feira, quando parou o carro no semáforo das ruas Felipe de Oliveira e João Guimarães, no bairro Santa Cecília, em Porto Alegre, uma capitã de 33 anos foi abordada por dois bandidos. Ao receber o anúncio do assalto com a frase "desce do carro que é um assalto, vou te matar" pronunciada por um dos bandidos que estava armado com um pistola .380, a mulher desceu do veículo Palio Weekend e sacou a sua arma de trabalho.

Os assaltantes, que já haviam entrado no lugar da motorista e do passageiro, ameaçaram alvejá-la e rapidamente a capitã reagiu. Depois da troca tiros, os bandidos baleados em várias partes do corpo ainda conseguiram fugir pela porta do carona e, segundo informações do 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM), pegaram um ônibus na Avenida Ipiranga até a Rua Santana, onde tentariam entrar em um táxi.

Avisados, os policiais conseguiram render os assaltantes antes de fugirem novamente. Feridos, eles eram atendidos por volta das 22h15min no Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre. A oficial da BM, que faz a segurança de uma autoridade, não teve ferimentos.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

PERITOS CRIMINALÍSTICOS CHEFIADOS PELOS AMIGOS DO REI

WANDERLEY SOARES, O SUL, Odor dos anos de chumbo. 17/ 05/ 2012


Peritos criminalísticos estão na iminência de serem chefiados pelos amigos do rei.

Na solidão da minha torre, interrompida em horas mortas em reuniões com meu conselho, que é misto, homens e mulheres têm os mesmos deveres e direitos, nunca poderei deixar de reconhecer a validade do trabalho de coleguinhas que são porta-vozes do oficialismo e refiro-me, é claro, sobre a área da segurança pública. Não há nesta função nada que possa depreciar esses profissionais, entre os quais tenho queridos amigos, inclusive alguns que considero como irmãos. E, afinal de contas, é a partir da oitiva da voz oficial que é possível uma análise sólida e não meramente especulativa sobre a nossa segurança. Isto posto, aponto que foi através desses porta-vozes que o governo anunciou que uma força-tarefa composta por 200 policiais militares trabalhará aliada com não menos de 60 policiais civis no enfrentamento da violência e da criminalidade na Capital e na Região Metropolitana. O surpreendente neste anúncio é o fato de que a sociedade foi avisada da formação deste elo, quando o bom senso indicava que as forças policiais sempre estiveram unidas. Sigam-me.

Elo sem solda

Neste elo ficou claro que a Brigada poderá investigar e não será vedada à Polícia Civil a realização de operações preventivas-ostensivas, isto tudo durante 60 dias. O que acontecerá depois deste período não ficou, até agora, exatamente determinado. No entanto, em nenhum momento, nem mesmo "en passant", o discurso oficial fez qualquer referência sobre de como foi planejada - se planejada foi - a participação neste mutirão do IGP (Instituto Geral de Perícias). E o IGP é o realizador da prova científica que pode, por exemplo, garantir, via laudo pericial e registro fotográfico que o acompanha, algumas das qualificadoras do crime - rompimento de obstáculo, escalada, meio cruel, insidioso, incapacidade de defesa da vítima etc.). Este mesmo IGP, apesar da midiática divulgação da força-tarefa, ficará atuando com a mesma capacidade de atendimento, que já entrou em colapso inúmeras vezes. Enfim, pedalar barraco é uma coisa, prova científica é outra coisa.
 
Elo derretido

Os profissionais da antiga Polícia Técnica, que deu origem ao IGP, sofreram, durante muitos anos, um constrangimento difícil de contornar por parte, principalmente, de delegados tomados de arvores sherlockianos. Criado o IGP, órgão da segurança pública que está no mesmo nível da Polícia Civil, Brigada e Susepe, os peritos passaram a trabalhar com independência técnica e científica. Pois, agora, tremeram as fundações da minha torre diante do Projeto de Lei 113/2012, enviado pelo governo à Assembleia, em regime de urgência, que transforma o IGP num órgão comum do Executivo, ou seja, um recanto de apadrinhamento político com distribuição de FGs e cargos comissionados. E a isenção, imparcialidade e apartidarismo da perícia? E a própria autonomia do órgão pericial, onde fica? E o compromisso com a verdade, integridade, ética? E a respeitabilidade e confiabilidade do IGP como ficarão ao ser enfiado num emaranhado de interesses totalmente estranhos e até ofensivos contra o melhor que se possa esperar da segurança pública? Os peritos foram ignorados no mutirão contra a criminalidade e agora sofrem a ameaça iminente de serem chefiados pelos amigos do rei. A segurança pública do nosso Rio Grande do Sul não merece tamanho retrocesso que tem o odor dos anos de chumbo.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Um dos fatores de inoperância policial nos Estados brasileiros tem sido o desmembramento do ciclo policial em organizações corporativas, isoladas e com funções que não interagem. O caso dos peritos é o maior exemplo desta falaciosa política, onde políticos e agentes peritos interessados apenas em seus próprios propósitos lutaram para se separarem da Polícia Civil, a polícia invedstigativa. Ora, fizeram algo que as Polícias no mundo e a Polícia Federal brasileira tiveram a coragem de fazer: tiraram a perícia da polícia.

A Polícia Federal caminhou no rumo certo aprimorando a organização, criando esquipes táticas uniformizadas, ampliando as técnicas periciais e investindo tecnologia nos seus laboratórios e nas equipes de peritos operacionais.

Para quem conhece um pouco a política brasileira de descaso para com as questões de justiça, polícia e ordem pública, éra lógico que os políticos iriam passar os peritos para cargos de técnicos do Executivo sem perspectivas de uma carreira essencial à justiça como são as atividades policiais onde a perícia operacional e criminal deveria estar inserida. E eu avisei. mas ainda existem "especialistas" em segurança pública e políticos que não entendem que a perícia faz parte e é muito importante dentro do ciclo policial.  Ave, Brasil!

A IMAGEM DA POLÍCIA

EDITORIAL ZERO HORA 17/05/2012

É preocupante e precisa sensibilizar as autoridades de segurança pública o resultado de pesquisa realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em seis Estados, entre os quais o Rio Grande do Sul, indicando um elevado índice de desconfiança por parte da população gaúcha em relação à polícia. Como a falta de confiança está ligada diretamente à insatisfação com os serviços prestados por organismos policiais, é importante que as providências sejam definidas em conjunto com as comunidades. Uma situação como a atual, que se repete de maneira geral no restante do país, só pode interessar aos próprios criminosos.

Entre as conclusões do estudo, destaca-se o fato de 53,9% dos que se manifestaram em nome dos gaúchos considerarem a polícia nada ou pouco confiável. Não por acaso, a maioria dos descrentes na corporação tem pouca renda, mora mal e percebe a violência como uma deformação incorporada ao seu cotidiano. Nesse ambiente, no qual muitas vezes o próprio crime organizado passa a assumir papéis típicos do Estado, agentes da lei e criminosos tendem a se confundir nas suas ações. Em consequência, os policiais costumam ser encarados como uma ameaça, não como proteção.

O primeiro movimento que precisa ser feito para atenuar esse quadro é o de aproximação entre a autoridade policial e líderes das comunidades, pois é possível potencializar os avanços nessa área com uma atuação em conjunto. Mas é imprescindível que os organismos de segurança também façam sua parte nesse processo. Isso implica a necessidade de maior qualidade nos serviços e o reconhecimento de que é possível, sim, melhorar alguns indicadores, como o tempo de atendimento às vítimas e a taxa de esclarecimento de homicídios.

Polícia e sociedade precisam se encarar mutuamente como aliados, não como adversários. Quando esse estágio for alcançado, o Estado estará finalmente mais próximo de melhorar as estatísticas relacionadas à segurança pública.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Sim, é extremamente preocupante o crescimento da desconfiança nas forças policiais brasileiras, em especial as estaduais que vêm sendo sucateadas, desvalorizadas, discriminadas nas políticas salariais, fragmentadas no ciclo policial, alijadas do Sistema de Justiça Criminal e enfraquecidas pela burocracia, pelas leis benevolentes, pela falência prisional, por ingerências políticas, pela concorrência do MP e por uma justiça morosa e indiferente às questões de ordem pública. Todas estas mazelas contribuem para o insucesso dos planos dos gestores, para a desmotivação dos agentes e para a inutilidade dos esforços policiais, já que estes esforços não têm continuidade na justiça e soluções na execução penal.

PM É SUSPEITO DE ENVOLVIMENTO EM ASSALTO

ZERO HORA 17 de maio de 2012 | N° 17072

POLÍCIA NO CRIME

PM é detido por suspeita de participar em roubo

Um policial militar, suspeito de ter assaltado uma corretora de câmbio, no mês passado, na Capital, foi preso ontem. Luciano da Rosa da Silva, 35 anos, atuou por oito anos na profissão e há mais de um ano estava afastado do 11º Batalhão de Polícia Militar (BPM).

Desde fevereiro do ano passado, o soldado Silva não trabalha no policiamento em Porto Alegre, porque responde internamente a um processo administrativo que tem, entre as acusações, uso de porte ilegal de arma de uso restrito, participação em roubo qualificado, extorsão e formação de quadrilha. Segundo o comandante do Policiamento da Capital (CPC), tenente-coronel Paulo Stocker, ele foi considerado incapaz de exercer o serviço na Brigada Militar, mas ainda não foi excluído da função.

Silva foi reconhecido como um dos dois autores que, armados com revólver e pistola, assaltaram, em 9 de abril, um estabelecimento na Rua dos Andradas. Foram levados R$ 50 mil e pertences das vítimas.

– As câmeras do lugar demonstravam que os autores do crime usavam táticas policiais, pela forma como entraram no ambiente e como portavam as armas. Eles se identificaram como policiais civis, usando uma camiseta com o símbolo – diz o delegado da 17ª Delegacia da Polícia Civil, Hilton Müller Rodrigues.

A partir de características como forma do rosto – já que estavam mascarados – e altura, a polícia selecionou os suspeitos. As fotos foram mostradas às vítimas, que reconheceram Silva como um dos autores.

Outras duas pessoas teriam envolvimento no crime

Ontem, a policiais civis receberam a informação do endereço onde o PM estaria e, com a Brigada Militar, foram até a casa no loteamento Arco-Íris, no bairro Humaitá.

– A casa em que fizemos a prisão (de Silva) é do segundo autor do crime, que prestou depoimento. Ele confessou que estava no local, mas justificou que tinha ido atrás de uma namorada. No entanto, quatro vítimas o reconheceram. Existe prova para pedir a preventiva dele também. Vamos solicitá-la – afirma o delegado.

O segundo suspeito identificou-se como ex-PM temporário. Na casa onde estava Silva, foram encontradas fardas da BM, rádio de comunicação e moedas estrangeiras. Há a suspeita de envolvimento no roubo de outras duas pessoas. Silva nega a participação no crime.