ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

domingo, 30 de dezembro de 2012

HEROÍSMO POLICIAL: "MANDARAM A GENTE SE ENTREGAR, MAS REAGIMOS."


ZERO HORA 30/12/2012 | 08h56

Assalto em Cotiporã. "Mandaram a gente se entregar, mas reagimos", diz PM que participou de ação. Policiais relatam a troca de tiros com criminosos que tentaram assaltar fábrica de joias na Serra

Três criminosos morreram no confronto com a BMFoto: Ronaldo Bernardi / Agência RBS

Humberto Trezzi (texto) e Ronaldo Bernardi (fotos), de Cotiporã

Eram 2h15min quando os soldados da Brigada Militar Derquis Adriano Martins e Sedenir Silva toparam com uma Fiat Strada em alta velocidade, com pelo menos sete pessoas seminuas na caçamba. Não tiveram dúvidas: era um dos veículos usados pela quadrilha que acabara de explodir uma fábrica de joias em Cotiporã. E os desafortunados na caminhonete eram reféns dos bandidos.

Derquis e Sedenir, que trabalham no serviço reservado da BM em Bento Gonçalves, sabiam que a quadrilha faria o assalto, mas não sabiam onde. Foi então que receberam uma ligação, logo após a 1h30min, relatando 10 pequenas explosões de dinamite que destroçaram a fábrica de joias Guindani, em Cotiporã, distante 30 quilômetros de Bento.

A dupla ganhou apoio de dois outros policiais, pegou os fuzis, pistolas e entrou num Vectra com as cores da BM, se deslocando a mais de 100 km/h para Cotiporã. Foi no caminho, numa estrada de chão batido, que os PMs viram a caminhonete repleta de reféns — todos sem camisa, mãos para cima, apavorados.

Antes mesmo que pudessem se dar conta de que o veículo era da quadrilha, os brigadianos foram recebidos a bala. Uma saraivada de tiros de fuzil AK-47 acertou em cheio a viatura policial. Os PMs revidaram com tiros de fuzil FAL e mataram um bandido que estava num outro veículo, um Audi com placas frias, de São Luiz Gonzaga. O criminoso, que vestia colete a prova de balas e traje tático (estilo militar), morreu com um tiro na cabeça. Os outros criminosos dispararam e feriram os dois PMs que acompanhavam Derquis e Sedenir. Um deles, o soldado Neivaldo, recebeu tiros numa perna e num braço e ficou caído na estrada.

PM ferido em confronto com bandidos em Cotiporã passa bem. Neivaldo Nondillo está internado no Hospital Pompéia, em Caxias do Sul

Dois PMS ficaram feridos em confronto com parte de uma quadrilha que havia atacado uma fábrica de joias, em Cotiporã. A ação ocorreu durante a madrugada deste domingo.

Neivaldo Nondillo, 40 anos, teria sido atingido por dois tiros de fuzil em um dos braços e em uma das pernas. O policial foi transferido do Hospital Nossa Senhora de Lourdes, em Veranópolis, para o Hospital Pompéia, em Caxias do Sul. De acordo com informações do hospital, Nondillo não corre risco de morte e se prepara para passar por uma cirurgia no braço.

O outro PM ferido é Leonardo Rafael dos Santos, 31 anos. Ele levou um tiro de raspão, foi atendido em Veranópolis, e liberado.


Confira, a partir daí, o relato de Derquis:

Zero Hora — Com o seu companheiro ferido, como vocês reagiram?

PM Derquis Martins — Tinha feridos dos dois lados, os veículos bloqueavam a estrada, aí negociamos uma trégua. Era uma situação surreal, invertida: estávamos em menor número. Eles eram uns sete em dois carros, nós em quatro. Mandaram a gente se entregar, mas reagimos. Parecia que eles eram policiais e nós os criminosos.

ZH — Vocês reagiram, mesmo eles estando com reféns?

Derquis — É que eles atiraram primeiro, acertando nossos colegas. Aí matamos um deles, o do Audi. Ficou um impasse. Negociamos, eles liberaram cinco reféns, mas aí eles tentaram abrir caminho à força, arrancando a caminhonete. Aí atiramos de novo e matamos mais dois deles, o Falcão e o Paulo César da Silva.

ZH — O senhor já tinha estado num tiroteio como esse?

Derquis — Sim. Participei do tiroteio que resultou na morte do Julianinho, em Caxias (comparsa de Falcão na mesma quadrilha desbaratada hoje). Mas desta vez foi pior, foi terrível, era tiro para tudo que é lado. Quase morremos. Ainda bem que estamos aqui para contar a história. Sinto pena é das sete pessoas que ainda estão reféns.

DOIS PMS SÃO BALEADOS EM TIROTEIO COM BANDIDOS

ZERO HORA 30/12/2012 | 08h03

Criminosos explodem fábrica de joias, fazem reféns e trocam tiros com policiais em Cotiporã. No tiroteio, três criminosos morreram e dois policiais militares foram baleados


No início da manhã, foi realizada perícia no local do confronto entre PMs e criminososFoto: Guilherme Pulita / Agencia RBS

Três criminosos morreram em confronto com a Brigada Militar (BM) após assalto a uma fábrica de joias em Cotiporã, na serra gaúcha, na madrugada deste domingo.

Fortemente armados, cerca de 10 bandidos chegaram à cidade no início da madrugada. Por volta das 2h, eles realizaram pelo menos 10 pequenas explosões na fábrica.

A BM monitorava a atividade dos bandidos através de escutas e sabia que haveria uma atividade criminosa na Serra neste domingo. Houve reforço no policiamento e a Brigada chegou rapidamente ao local. Ao perceber a aproximação dos policiais, os bandidos fugiram com moradores da cidade que foram feitos reféns.

Na saída da cidade, a BM realizou um cerco aos criminosos e houve tiroteio. Três bandidos morreram, e dois policiais ficaram feridos. Um deles levou um tiro de raspão. O outro levou dois tiros de fuzil em um dos braços e em uma das pernas. Eles foram atendidos no hospital de Veranópolis e passam bem.

Os policiais negociaram, por cerca de uma hora, a liberação de cinco reféns e o resgate aos PMs atingidos. Um dos veículos utilizados na fuga conseguiu passar pela barreira e um número não informado de criminosos se escondeu em matagal da região. Não há informações se há mais reféns com os fugitivos.

A BM prossegue com buscas pela área. Os três criminosos que morreram no confronto ainda não foram identificados.

Por volta das 5h30min, o Grupo de Ações Táticas Especiais da Brigada Militar (Gate) isolou a área do confronto para explodir cinco quilos de dinamite, que foram encontrados com os bandidos. Ainda não há informações sobre o que foi levado da fábrica.


RÁDIO GAÚCHA E ZERO HORA


sábado, 29 de dezembro de 2012

O DESABAFO DO DELEGADO



ZERO HORA 29 de dezembro de 2012 | N° 17297


NOVA ESTRATÉGIA | Humberto Trezzi

O desabafo do delegado


Com a entrada em campo da PF e ações integradas das polícias Civis, é chegada a hora de o Judiciário se agilizar na questão de assaltos a banco. Pelo menos é esta a opinião de um conceituado policial gaúcho, o delegado Guilherme Wondracek, diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).

– Tenho inveja da polícia catarinense. Eles têm um Judiciário sempre a postos e conseguem resposta em 24 horas, não em duas ou três semanas, como tem ocorrido aqui no Rio Grande do Sul. Essa é a nossa mágoa – desabafa o policial.

A queixa dos policiais civis, às claras, é a mesma que policiais federais fazem a Zero Hora de forma mais discreta. As duas polícias sofrem com falta de agilidade dos juízes, quando se trata de apreciar pedidos de prisão, interceptação telefônica ou busca de provas. Hora de analisar: é compreensível que um magistrado tenha dúvidas sobre mandar prender ou não alguém. Ou antes de deixar que policiais revistem sua casa de alto a baixo. O problema é que, reconhecem os policiais, na maioria dos casos o juiz não tem dúvidas: ele tem é uma mesa repleta de trabalho e pouco tempo para analisar tanta papelada. O resultado é que muito pedido de urgência leva dias ou até semanas para ser apreciado.

Ora, criminoso escolado fica apenas alguns dias com um telefone, antes de trocá-lo. Está sempre mudando de casa. Remove também dinheiro e armas, que são indícios materiais. É por isso que um pedido de busca ou interceptação da polícia é sempre urgente. Precisam agir, antes que as provas sumam. No desespero, alguns policiais recorrem a magistrados amigos. Não deve ser assim. Já diz um ditado: Justiça tarda, mas não falha. Pois urge que tarde menos ou então a bandidagem continuará com motivos para celebrar.


Ataques mobilizam polícias do RS e de SC

A visão de bandidos com capuz, armados com o que há de melhor na indústria bélica, dominando reféns e com maior poder de fogo que as polícias, tem apavorado as autoridades em todo o Brasil. Tanto que essa modalidade de crime, conhecida como Novo Cangaço, foi assunto dominante no encontro nacional de chefes de Inteligência policial, que congregou nos dias 13 e 14 em Brasília policiais civis de todos os 27 Estados.

De todos os tipos de assalto a banco, Novo Cangaço, que nasceu nos estados do Nordeste e de uns anos para cá migrou para o sul do país, é o mais temido. A tática é dominar pequenas comunidades e fazer o maior número possível de reféns. Em alguns casos, os bandidos cortam as comunicações telefônicas de toda a região, numa autêntica operação militar.

– Temos trocado informações, dossiês, fotos – resume o delegado Ranolfo Vieira Junior, chefe de Polícia do Rio Grande do Sul.

A cooperação é mais intensa entre os Estados do Sul, que registraram 504 ataques até outubro – ante 293 no mesmo período do ano passado. Um cálculo extraoficial é de que os bancos percam, em média, R$ 60 milhões anuais.

Como resultado da integração, em 22 de dezembro, o delegado Juliano Ferreira, titular da Delegacia de Roubos, coordenou uma operação-conjunta com colegas catarinenses. Vinte e cinco agentes participaram da ação, que resultou na prisão de três foragidos. Os policiais prenderam Douglas Souza da Silva, 27 anos, Fábio Rode de Oliveira, 22 anos, e Denis Martins Fernandes, 32 anos. Com eles foram encontrados dois fuzis (modelos M-16 e AK-47), pistolas, centenas de projéteis, miguelitos, dois coletes à prova de bala, quatro toucas ninjas, roupas camufladas, 10 celulares, câmera fotográfica, luvas e até uma alavanca usada para quebrar os caixas eletrônicos.

O trio teria vínculo com Elisandro Falcão, foragido suspeito de lidera a maioria dos assaltos com uso de explosivos e com vítimas usadas como escudos humanos na Serra.

Em Santa Catarina, o bando de Falcão é suspeito de um assalto em Praia Grande em 2011, do ataque a um carro-forte em Dona Francisca (próximo a Joinville) em outubro passado e também do assalto em Sombrio.




COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Enquanto o Judiciário insistir na postura aristocrática de um poder separado do Estado, burocrata e fora de um sistema de justiça criminal, a bandidagem continuará impunemente impondo o terror e suas leis. As consequências desta postura sacrificam policiais e civis. O Congresso já deveria ter aprovado a lei que cria o juizado de garantia e elaborado outra lei para criar o SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL, nos âmbitos federal e estadual, para agilizar processos e decisões e integrar o judiciário, o MP, a defensoria, o setor prisional e as forças policiais na preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio com mais celeridade e comprometimento mútuo.

NOVA ESTRATÉGIA CONTRA LADRÕES DE BANCO



ZERO HORA 29 de dezembro de 2012 | N° 17297

NOVA ESTRATÉGIA. PF mira ladrões de bancos. Onda de ataques envolvendo explosivos e reféns transformados em escudos humanos nos três Estados do sul mobiliza Polícia Federal e faz polícias atuarem em conjunto

FRANSCISCO AMORIM E HUMBERTO TREZZI

A Polícia Federal entrou em campo para ajudar a conter a onda de ataques criminosos a banco que tomou conta do sul do Brasil. Razões não faltam. Entre 2011 e 2012, o número de assaltos e arrombamentos de estabelecimentos bancários subiu 23,7% no Rio Grande do Sul, 81,4% em Santa Catarina e 117% no Paraná, num total de 504 ataques até o início de novembro (último levantamento completo).

Como regra, a missão dos federais seria apenas atuar quando bancos federais são roubados – como a Caixa Econômica Federal. Mas, como crime é crime, não há limites para sua investigação.

– Acontece que os bandidos não respeitam qualquer delimitação. Os mesmos que assaltam bancos privados ou estaduais também atacam os federais. É por isso que temos realizado levantamentos sobre quadrilhas, sem levar em conta que tipo de agência atacaram – diz um delegado federal ouvido por Zero Hora.

O outro motivo da interferência dos federais é que os ataques a banco se transformaram numa epidemia interestadual, que ultrapassa divisas. Como as polícias estaduais têm notórias dificuldades de entrosamento, a PF almeja uma ação de maior abrangência, que supere rivalidades regionais e jurisdições estaduais.

Três quadrilhas em SC e no RS

Os federais já descobriram que pelo menos três quadrilhas têm feito um vaivém de ataques entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, assaltando num Estado e fugindo para o outro. Uma delas é a que era chefiada por Enivaldo Farias, o Cafuringa, gaúcho que atacava bancos nos dois Estados e foi preso em Cachoeirinha (RS) em agosto. Mesmo com ele atrás das grades, a estrutura do bando teria permanecido intacta.

Outra quadrilha é formada por bandidos radicados em Joinville (SC), que costuma atacar carros-fortes nessa região, mas estaria envolvido também em ataques a banco no RS. O principal nome é o do foragido Elisandro Falcão. E o terceiro bando seria um que também tem praticado assaltos na região serrana do Rio Grande do Sul.

Em paralelo à ação dos federais, as polícias civis tratam de se entrosar. Agentes de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul planejam desde outubro investigações conjuntas, que acabaram de resultar numa operação que desarticulou parte de uma poderosa quadrilha de assaltantes (veja na página ao lado).

– Mais ações integradas virão – adianta o chefe da Polícia Civil, Ranolfo Vieira Junior.

O que tanto policiais federais quanto civis tentam descobrir é quem é o “matuto” – fornecedor de armas para essas quadrilhas. Há possibilidade de que o armamento usado pelos três bandos seja compartilhado, via aluguel de fuzis, escopetas e pistolas para dezenas de assaltantes.

Prisões no Estado e mortes no Maranhão

O núcleo gaúcho da PF já coíbe assaltos em geral. Em setembro, federais prenderam em Gravataí, na Região Metropolitana, 16 ladrões, entre eles Sérgio Rudinei Bauermann, o Da Nota, apontado como um dos responsáveis por assaltos à Caixa Econômica Federal, em Feliz, ao Banco do Brasil em São Francisco de Paula, Torres e Nova Bassano, ocorridos entre julho e setembro. Outro integrante do bando, preso depois, é Diego Moacir Jung, o Dieguinho, investigado pelo assalto a uma agência do Banco do Brasil em Parobé e outros cinco crimes contra instituições financeiras, incluindo o Bradesco, o Banrisul e o HSBC em Porto Alegre. Esses crimes tiveram uso de explosivos.

Em alguns casos, a federal jogou pesado. Em 2 de março de 2010, nove bandidos foram mortos pela PF durante assalto a banco no município de Santa Luzia do Paruá, interior do Maranhão. A quadrilha era monitorada e foi surpreendida ao ingressar, com armamento pesado, na agência local do Bradesco. Os bandidos foram mortos na troca de tiros.

Não foi o único episódio. Em novembro passado, operações simultâneas, feitas em conjunto pela PF, Polícia Civil e PM nos municípios de Marcelândia e Comodoro, em Mato Grosso, resultaram na morte de seis criminosos. Os policiais recuperaram cerca de R$ 1,2 milhão.


Ataques mobilizam polícias do RS e de SC

A visão de bandidos com capuz, armados com o que há de melhor na indústria bélica, dominando reféns e com maior poder de fogo que as polícias, tem apavorado as autoridades em todo o Brasil. Tanto que essa modalidade de crime, conhecida como Novo Cangaço, foi assunto dominante no encontro nacional de chefes de Inteligência policial, que congregou nos dias 13 e 14 em Brasília policiais civis de todos os 27 Estados.

De todos os tipos de assalto a banco, Novo Cangaço, que nasceu nos estados do Nordeste e de uns anos para cá migrou para o sul do país, é o mais temido. A tática é dominar pequenas comunidades e fazer o maior número possível de reféns. Em alguns casos, os bandidos cortam as comunicações telefônicas de toda a região, numa autêntica operação militar.

– Temos trocado informações, dossiês, fotos – resume o delegado Ranolfo Vieira Junior, chefe de Polícia do Rio Grande do Sul.

A cooperação é mais intensa entre os Estados do Sul, que registraram 504 ataques até outubro – ante 293 no mesmo período do ano passado. Um cálculo extraoficial é de que os bancos percam, em média, R$ 60 milhões anuais.

Como resultado da integração, em 22 de dezembro, o delegado Juliano Ferreira, titular da Delegacia de Roubos, coordenou uma operação-conjunta com colegas catarinenses. Vinte e cinco agentes participaram da ação, que resultou na prisão de três foragidos. Os policiais prenderam Douglas Souza da Silva, 27 anos, Fábio Rode de Oliveira, 22 anos, e Denis Martins Fernandes, 32 anos. Com eles foram encontrados dois fuzis (modelos M-16 e AK-47), pistolas, centenas de projéteis, miguelitos, dois coletes à prova de bala, quatro toucas ninjas, roupas camufladas, 10 celulares, câmera fotográfica, luvas e até uma alavanca usada para quebrar os caixas eletrônicos.

O trio teria vínculo com Elisandro Falcão, foragido suspeito de lidera a maioria dos assaltos com uso de explosivos e com vítimas usadas como escudos humanos na Serra.

Em Santa Catarina, o bando de Falcão é suspeito de um assalto em Praia Grande em 2011, do ataque a um carro-forte em Dona Francisca (próximo a Joinville) em outubro passado e também do assalto em Sombrio.


NOVA ESTRATÉGIA | Humberto Trezzi

O desabafo do delegado


Com a entrada em campo da PF e ações integradas das polícias Civis, é chegada a hora de o Judiciário se agilizar na questão de assaltos a banco. Pelo menos é esta a opinião de um conceituado policial gaúcho, o delegado Guilherme Wondracek, diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).

– Tenho inveja da polícia catarinense. Eles têm um Judiciário sempre a postos e conseguem resposta em 24 horas, não em duas ou três semanas, como tem ocorrido aqui no Rio Grande do Sul. Essa é a nossa mágoa – desabafa o policial.

A queixa dos policiais civis, às claras, é a mesma que policiais federais fazem a Zero Hora de forma mais discreta. As duas polícias sofrem com falta de agilidade dos juízes, quando se trata de apreciar pedidos de prisão, interceptação telefônica ou busca de provas. Hora de analisar: é compreensível que um magistrado tenha dúvidas sobre mandar prender ou não alguém. Ou antes de deixar que policiais revistem sua casa de alto a baixo. O problema é que, reconhecem os policiais, na maioria dos casos o juiz não tem dúvidas: ele tem é uma mesa repleta de trabalho e pouco tempo para analisar tanta papelada. O resultado é que muito pedido de urgência leva dias ou até semanas para ser apreciado.

Ora, criminoso escolado fica apenas alguns dias com um telefone, antes de trocá-lo. Está sempre mudando de casa. Remove também dinheiro e armas, que são indícios materiais. É por isso que um pedido de busca ou interceptação da polícia é sempre urgente. Precisam agir, antes que as provas sumam. No desespero, alguns policiais recorrem a magistrados amigos. Não deve ser assim. Já diz um ditado: Justiça tarda, mas não falha. Pois urge que tarde menos ou então a bandidagem continuará com motivos para celebrar.

JUSTIÇA INTIMIDADA PARA SOLTAR BANDIDOS

ZERO HORA 29 de dezembro de 2012 | N° 17297

JUSTIÇA INTIMIDADA. PM é denunciado por ameaçar juíza. Em ligações telefônicas, homem falava em “arrancar os olhos” de magistrada

JOSÉ LUÍS COSTA

As ameaças à juíza Elaine Maria Canto da Fonseca, que colocaram em alerta o judiciário gaúcho em abril, teriam partido de um soldado lotado no Batalhão de Polícia de Guarda – unidade responsável pelo policiamento externo dos presídios. Considerada uma das mais surpreendentes afrontas a um magistrado gaúcho, a ameaça à juíza teve as investigações encerradas com a denúncia formalizada pelo Ministério Público (MP) contra o PM Enilson de Oliveira Rodrigues, 47 anos.

Segundo denúncia apresentada à 6ª Vara Criminal de Porto Alegre pelo promotor Ricardo Herbstrith, o policial seria autor de telefonemas anônimos “para diversos números utilizados pela juíza”. Em algumas ligações, teria ameaçado “arrancar os olhos” da magistrada.

A ameaça seria concretizada caso Elaine não seguisse uma ordem: acolher todos os pedidos de liberdade de presos que tramitavam na vara em que estava lotada entre 19 e 30 de março. À época, ela atuava na 2ª Vara do Tribunal do Júri da Capital. O soldado nega envolvimento.

A ameaça a Elaine ocorreu na manhã de 19 de março. Conforme o MP, o soldado teria obtido informações pessoais sobre ela – como nomes e endereços de parentes – ao ligar para um colega que trabalha no Centro Integrado de Operações da Segurança Pública (Ciosp), durante uma madrugada.

Promotor do caso levou em consideração perícia de voz

É comum PMs ligarem para o centro, solicitando, por exemplo, consultas sobre nomes de pessoas para verificar se elas são foragidas ou sobre placas de carros, checando se são furtados ou roubados. Como se trata de um órgão de segurança máxima, todas as conversas são gravadas e arquivadas.

Ao iniciar as investigações, o MP, em parceria com o Núcleo de Inteligência do Judiciário (NIJ), descobriu o nome do homem que fez o pedido de informações ao Ciosp: C. Emerson. Em um dos códigos de diálogos da BM, “C” significa sargento. O MP foi atrás de todos os “sargentos Emerson” na BM. Foram localizados três e intimados a depor. Eles negaram as ameaças, mas um deles, ao ouvir a gravação do Ciosp, teria reconhecido a voz do soldado Enilson.

A voz foi submetida a uma perícia no Instituto-geral de Perícias. Resultado: 98% de certeza de se tratar da mesma pessoa. Com base no exame, o promotor Herbstrith denunciou o policial militar.

Por intermédio da assessoria de comunicação do Tribunal de Justiça, a juíza informou que não se manifestaria sobre o caso.

Por conta da denúncia, Enilson responde na Corregedoria-geral da BM a um Inquérito Policial-militar por uso de informação extraída do sistema reservado Segurança Pública. O soldado é réu em um processo na 2ª Auditoria da Justiça Militar, com outros 19 praças e um oficial da BM, por supostamente extorquir donos de caça-níqueis na zona norte da Capital.


Contraponto

O que diz o soldado Enilson de Oliveira Rodrigues - “Se fui denunciado, agora terão de provar que fui eu. Mas eu garanto: não tenho nada a ver com isso. Não tenho mais nada a te dizer.”

O crime - Coação no curso de processo, previsto no artigo 344 do Código Penal – quando é usado de violência ou grave ameaça com intenção de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade ou qualquer pessoa com participação em processo judicial, policial ou administrativo. A pena, em caso de condenação, varia de um a quatro anos de prisão, devendo ser cumprida em regime aberto.

MORRE PM QUE EVITOU ASSALTO

ZERO HORA 28/12/2012 | 18h58Atualizada em 28/12/2012 | 20h23

Morre policial militar baleado em tentativa de assalto em Farroupilha. Marison Machado Mayer, 27 anos, integrava o 36º BPM

O policial militar Marison Machado Mayer, 27 anos, que tentou impedir um assalto na tarde desta sexta-feira em Farroupilha, faleceu no início da noite. Ele levou três tiros ao tentar impedir que dois criminosos assaltassem a lotérica Trevo de Prata, na Avenida Santa Rita, no bairro Nova Vicenza.

Segundo o capitão Juliano do Amaral, o policial estava à paisana. No momento do assalto, ele não estava a serviço da corporação. Mayer foi encaminhado para cirurgia no Hospital São Carlos, mas não resistiu.

Os ladrões fugiram sem levar nada da lotérica. A Brigada Militar faz buscas na região. Mayer integrava o 36º Batalhão de Polícia Militar (36º BPM) de Farroupilha.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

ASSALTANTE É MORTO EM SUPOSTO TIROTEIO COM A BM


ZERO HORA (Página 43 da ZH - 28 Dez 12)

PORTO ALEGRE - Após assaltarem dois bares na Avenida Plínio Brasil Milano, bairro Auxiliadora, em Porto Alegre, dois bandidos foram abordados por uma viatura da Brigada Militar (BM). Um deles foi morto durante um suposto tiroteio, por volta das 23h30min de ontem. 

Depois de cometer os roubos, os bandidos fugiram em um Focus azul escuro que também seria roubado. Nas proximidades da Avenida Plínio Brasil Milano e da Rua Silva Jardim, eles foram interceptados por dois policiais do 11º Batalhão de Polícia Militar (BPM) e, conforme a polícia, teriam iniciado uma troca de tiros. Ao tentar fugir, a dupla bateu em um poste. Baleado e ferido em razão do acidente, um dos suspeitos foi levado ao Hospital Cristo Redentor (HCR), onde morreu depois de dar entrada. 

Até a meia-noite de ontem, ele não havia sido identificado. O outro assaltante seria um adolescente de 17 anos. Ele foi apreendido e levado ao Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca). 

A Brigada Militar recuperou uma quantia em dinheiro (que teria sido levada dos estabelecimentos). Também foram apreendidos dois revólveres usados pelos assaltantes. 

Até a 0h20min de hoje, os nomes dos bares e o valor levado pelos bandidos não haviam sido divulgados. 

NOTA: Esta matéria foi indicada por Darlan Adriano





Darlan Adriano - Gostaria de saber os motivos que levam a imprensa a divulgar notícias que envolvem agentes e/ou instituições policiais dessa forma: SUPOSTO tiroteio. A versão da polícia sempre é encarada como suposição e as dos delinquentes como certeza. Ao meu sentir, é uma postura antiética, preconceituosa, irritante e desestimulante!



Jorge Bengochea - Para o terror do cidadão e para o risco de confronto com policiais, a justiça solta mais 500 bandidos nas ruas sob alegação que não existe vagas nos presídios. É mais fácil atirar o problema para o cidadão e para os policiais do que processar o Poder político que não cumpre suas obrigações na execução penal construindo presídios. A justiça sabe que esta medida não comove o poder político, mas continua sacrificando o cidadão e os policiais. Parabéns aos bravos, corajosos e perseverantes policiais da Brigada Militar que não se intimidam e não deixam de arriscar a vida para colocar esta bandidagem na cadeia, mesmo sabendo que eles voltam por força de leis benevolentes e de uma justiça descomprometida com a ordem pública. E, pior, a Assembleia Legislativa que deveria representar o povo exigindo leis duras, construção de presídios e uma justiça coativa, entra em recesso sem se importar com o terror nas ruas e lares do RS.

PM MATA 1 A CADA 16 HORAS


PM mata 1 a cada 16h, mais do que em 2006, quando houve os ataques do PCC. Até novembro, já foram registradas 506 mortes, ante 495 há seis anos; para especialistas, nº é ‘absurdo’ e exigiria medidas de controle

William Cardoso, de O Estado de S.Paulo, 28/12/2012



Policiais militares mataram em serviço, entre janeiro e novembro, mais do que em todo o ano de 2006, quando ocorreram os ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC). Em 2012, já são 506 mortos no Estado em confrontos classificados como resistência seguida de morte, ante 495 daquele ano. Em média, a PM mata uma pessoa a cada 16 horas.

WERTHER SANTANA/ESTADÃO-19/7/2012
Marcas de tiro no carro do publicitário Ricardo Aquino, morto por PMs em julho

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, o número de mortes por prisões é "relativamente baixo". A escalada dos casos de mortos em confronto é acompanhada da onda de violência que se intensificou em outubro e provocou a queda do secretário da Segurança Pública Antonio Ferreira Pinto, em 21 de novembro - e sua substituição por Fernando Grella Vieira. "Acho que se demonstra claramente a existência de uma política institucionalizada para matar. É impossível que se tenha tantas pessoas dispostas a morrer em confrontos com a PM. É preciso checar no que deu a investigação a respeito dessas mortes", diz o presidente do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, Ivan Seixas.

Para o presidente da Comissão de Segurança Pública da Ordem dos Advogados Brasil em São Paulo, Arles Gonçalves Júnior, o elevado número é consequência da política de combate ao crime adotada por Ferreira Pinto. "Enfrentamento do crime organizado tem de ser feito com inteligência, não com violência. Senão dá nisso, porque põe ‘pilha’ em quem está na rua."

Trata-se também do mês de novembro com maior letalidade policial desde que é possível a consulta eletrônica no Diário Oficial do Estado (a partir de 2003), com 79 mortos. Em comparação com o mesmo período de 2011, por exemplo, o aumento foi de 75,5%. É ainda o número mais elevado para o acumulado dos 11 primeiros meses desde 2003.

Segundo o especialista em segurança pública Guaracy Mingardi, houve descontrole. "Polícia sem controle, que pisa no acelerador, mata mais. Foi isso o que Ferreira Pinto fez. Não é que ele incentivava (as mortes), mas não controlava", afirma.

Mingardi diz que muitos policiais perderam o referencial durante a onda de violência. "Aquele que estava largado, sem saber o que fazer, atirava na sombra, por não saber de verdade como reagir ou o que estava acontecendo de fato", diz. Segundo o especialista, a tendência é de redução nesse número.

Média elevada. Coordenadora auxiliar do Núcleo de Cidadania e Direitos Humanos da Defensoria Pública, Daniela Skromov observa que a média de casos de resistência seguida de morte já é, normalmente, bastante elevada, em comparação com os homicídios. "Já causa espanto, pois são em torno de 10% a 15% das mortes violentas no Estado. Acima de 3% já deveria despertar a preocupação das autoridades, segundo índices internacionais."

Para Daniela, deveriam ser adotados métodos de controle. "Deve-se fazer a filmagem obrigatória dessas ações. As imagens poderiam absolver ou condenar o policial. Do que se tem medo?"

NOTA: Esta matéria foi indicada por Anselmo Heidrich

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - O presidente deste "Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana" deveria primeiro priorizar o interesse público para depois questionar o interesse individual das pessoas, em especial da bandidagem. O raciocínio deveria começar pelos motivos de tantas pessoas inocentes sendo mortas por bandidos impunes e o porquê de existirem leis tão benevolentes, uma justiça muito morosa e pessoas sendo depositadas em presídios insalubres, inseguros e superlotados. Deveria saber que um país sem justiça é porta aberta para bandidos, rebeldes e justiceiros. Se confrontos existem, é por que a bandidagem está bem armada, ousada e cruel. Há uma conjuntura a ser analisada e tratada pelos direitos humanos e não só o lado policial. Direitos humanos é para todos e não só para os bandidos. Se existisse no Brasil um Sistema de Justiça Criminal, este reduziria o aparecimento de justiceiros nas polícias e comprometeria os poderes na preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

BASE DA PMSP É ATACADA NA MADRUGADA DE NATAL


Base da Polícia Militar é atacada na madrugada de Natal. Três criminosos em motos efetuaram disparos, que atingiram parede e viatura e não feriram ninguém

estadão.com.br = 25 de dezembro de 2012 | 11h 00

Na madrugada desta terça-feira, 25, uma base da Polícia Militar na Vila Livieiro foi atacada a tiros por três criminosos em duas motos. O ataque ocorreu às 00h30 na 49º Distrito Policial, na rua avenida Carlos Livieiro, 791.

Segundo a PM, os bandidos passaram pelo local em motocicletas efetuando os disparos, que atingiram a parede e a viatura da base. Ninguém ficou ferido na ocorrência e os três criminosos já foram capturados.

sábado, 22 de dezembro de 2012

BLUE BLOODS



RECOMENDO ASSISTIR ESTA SÉRIE

A série narra as aventuras e dilemas de uma família de policiais do NYPD tendo como membros o Comissário Chefe de Polícia e uma promotora pública. Vale pela "discussão moral de questões complexas" e pelas dificuldades e mazelas que envolvem uma corporação policial que funciona no ciclo completo e que também sofre a ingerência política e os problemas internos comuns a toda organização policial.




Blue Bloods  é uma série de televisão americana policial e de drama exibida na CBS, filmada em locações em Nova York. A série estreou dia 24 de setembro de 2010 nos EUA, e estreou dia 19 de fevereiro de 2011 no Brasil.

Sinopse

Uma família composta por membros que trabalham a favor da lei, cada um à sua maneira: o avô era policial, o pai também o é, um dos filhos é um policial que gosta de usar a violência nos interrogatórios, o outro filho é um recém-saído da academia de polícia e a filha é uma advogada do Estado. Nada os detém na hora de fazerem justiça e a sua ocupação é mais do que um trabalho: é uma questão de família.

Produção

Selleck disse que foi atraído para o projeto por causa do roteiro piloto forte e que ele estava preocupado se envolver em uma série contínua, porque ele não quer comprometer seu compromisso com a da televisão e cinema. Revisores elogiaram a série sobre a filmagem em locação. O New York Daily News elogiou o desempenho Selleck como Frank Reagan. Eles também destacaram a cena do jantar de família como positivo e elogiou a introdução da discussão moral de questões complexas.


Elenco principal
Tom Selleck como Francis "Frank" Reagan, Comissário de Polícia e pai de Danny, Erin, e Jamie.
Donnie Wahlberg como Daniel Danny "Reagan", o detetive
Bridget Moynahan como Erin Reagan-Boyle promotor assistente,
Will Estes como Jamison "Jamie" Reagan, estreante Policial
Len Cariou como Henry Reagan, o comissário de polícia aposentado e pai de Frank.
Jennifer Esposito como Jackie Curatola, novo parceiro Danny.

NOTA: DADOS DO WIKIPÉDIA.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

EXPLOSÃO EM DELEGACIA DE MACEIÓ

CADA MINUTO, 21/12/2012 às 12:32 por 

Redação em Notícias › Maceió


por Anna Cláudia Almeida


Terror, medo, angústia, desespero e comoção. Foi assim que a noite de 20 de dezembro de 2012 ficou marcada para a população alagoana que presenciou a tragédia na sede da Divisão Especial de Investigação e Capturas (Deic), localizada no bairro do Farol. A morte da agente da Polícia Civil Maria Amélia Dantas e a descoberta de um paiol com diversos explosivos deixaram o clima ainda mais tenso, com moradores preocupados em ter como vizinho um ‘barril de pólvora’.

No dia seguinte, o CadaMinuto esteve no palco da tragédia e ainda é possível perceber as insegurança no semblante das pessoas que temem novos riscos de explosão. Equipes da perícia seguem no local realizando os levantamentos para descobrir o que provocou tal acidente, jamais visto em Maceió. A movimentação é intensa, tanto de policiais como da imprensa que a todo momento busca novos detalhes e respostas para a tragédia.

O cenário é de destruição, algo somente visto em guerra. Apesar da equipe não ter acesso às dependências da Deic, a constatação pelas fotos encaminhadas ao portal mostram que o prédio ficou totalmente destruído. A área segue isolada para evitar a entrada de pessoas e adiantar a conclusão do laudo que será produzido pelas equipes da Perícia Oficial.

A situação não é muito diferente entre moradores e comerciantes da região próxima à Deic. O impacto destruiu residências, estabelecimentos comerciais e na manhã desta sexta-feira (21), a população começou a contabilizar os prejuízos. Portas foram arremessadas, vidros estilhaçados e o que restou para quem vivenciou as horas de terror foram o medo e a incerteza da segurança.

Veja abaixo fotos registradas pela equipe na manhã após a tragédia.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

EM QUEM CONFIAR?


ZERO HORA 19/12/2012 - N° 17288

SUA SEGURANÇA | HUMBERTO TREZZI

Onze investigações por dia

A suspeita de que policiais encarregados de guarnecer o bairro Chácara das Pedras praticaram assalto e até assassinato no mesmo bairro uma desconfiança endossada pela Justiça, que mandou prender os PMs é mesmo de estarrecer. Se o policial é bandido, em quem confiar, pensa o morador? Pois é...

Mas a resposta, por mais surpreendente que seja, é: confie na Polícia. Policial criminoso não significa instituição criminosa. Tanto que partiu da própria Brigada Militar a investigação inicial sobre envolvimento desses PMs em assaltos. Uma investigação ampliada e complementada agora pela Polícia Civil.

A primeira coisa que a comunidade precisa saber é que a unidade em que trabalham esses dois PMs presos por crimes, o 11º Batalhão de Polícia Militar, não é um quartel onde todos assaltam, andam em carro roubado e até matam. Pelo contrário. Em 26 de outubro, policiais desse batalhão trocaram tiros e prenderam quatro ladrões suspeitos de roubar 20 veículos na zona norte de Porto Alegre. Na última quarta-feira, PMs do mesmo batalhão prenderam quatro suspeitos de assaltos a postos de combustíveis. Em fevereiro, soldados do Pelotão de Operações Especiais do 11º BPM prenderam um dos assaltantes de banco mais procurados do Estado, Márcio Vargas, o Papa-Léguas. O bandido ofereceu aos policiais R$ 10 mil e uma pistola, em troca de ser libertado. Continuou preso.

Por que mencionar tudo isso? Ora, para lembrar que o 11º BPM, conhecido como Pé-de-Poeira, é um batalhão ativo contra o crime. Mas, por vezes, alguns de seus integrantes ficam sob suspeita.

Os números corroboram a afirmação do coronel. Em 2012 foram abertas 11 investigações por dia na BM, todas para verificar problemas envolvendo policiais. A maioria, 2.642, foi de sindicâncias, quase todas transgressões disciplinares – coisas como atraso no serviço, bico (trabalho extra, proibido pelo regulamento da Brigada), desacato ao superior. Outras 1.394 foram Inquéritos Policiais-Militares (IPMs), para checar possíveis crimes cometidos pelos fardados. Algumas sindicâncias também investigam crimes comuns. No ano passado, a média foi ainda maior: 12 investigações abertas por dia.

Ou seja, não é normal policial envolvido em assalto, mas tampouco chega a ser surpreendente. As investigações tocadas pela corregedoria envolvem de tudo um pouco: suspeita de tráfico, roubo, extorsão, lesões, tortura e ameaça. E até uma, no próprio 11º BPM, na qual 19 policiais são suspeitos de fazer segurança para casas de jogo clandestino.

A maioria das investigações é feita no próprio batalhão. Casos graves, porém, são investigados pela corregedoria. São 59 pessoas que trabalham nessa repartição central, fora o pessoal que atua no serviço reservado em cada batalhão.


ENTREVISTA. “Eu não podia afastá-los sem motivo concreto”

Tenente-coronel Alberi Barbosa, chefe dos PMs presos



O comandante do 11º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Alberi Barbosa, passou o dia de ontem dando entrevistas. Tinha pouco a dizer sobre a prisão de dois soldados da sua unidade, já que a investigação foi conduzida pela Corregedoria-geral da BM. Alberi se diz “chateado” com o episódio, já que o batalhão é conhecido também pela ação enérgica contra assaltantes na Zona Norte. Confira entrevista que ele concedeu a Zero Hora após a prisão dos subordinados:

Zero Hora – O que o cidadão dos bairros guarnecidos pelo 11º BPM pode pensar se soldados do batalhão são suspeitos de envolvimento em assaltos e até numa morte?

Tenente-coronel Alberi Barbosa – Olha, não posso dizer o que outros cidadãos vão pensar. Eu, no caso, estou bem chateado com o que aconteceu. Mas garanto que toda e qualquer denúncia que nos chega é investigada. Por nós ou pela corregedoria. Esse sumiço de uma pistola (a primeira suspeita contra os PMs presos) foi investigado pela corregedoria.

ZH – São corriqueiras denúncias de policiais envolvidos em tantos crimes como estes? Se eles eram suspeitos de tanta coisa, por que estavam nas ruas e não afastados?

Tenente-coronel Alberi – Normal, claro que não é. Eles estavam trabalhando nas ruas porque toda pessoa é inocente, até que se prove sua culpa. Não poderiam ser afastados sem um motivo concreto. Como a investigação foi tocada pela corregedoria, eu nem tinha motivo para afastá-los. Desde que estou no batalhão eles não tinham sido afastados.

ZH – Como o batalhão recebe uma notícia dessas?

Alberi – Ninguém gosta. Pode ficar certo, somos os primeiros a sugerir expulsão de quem usa a farda para cometer crime. Mas não podemos nos precipitar, temos de seguir ritos formais e legais.



MULTIMÍDIA

PMS SUSPEITOS DE ASSASSINATO E ASSALTOS

ZERO HORA 19 de dezembro de 2012 | N° 17288

MORTE DE MILITAR
PMs suspeitos de matar coronel. Dois soldados do 11º Batalhão de Polícia Militar, a namorada de um deles e o cunhado de outro foram presos ontem pela manhã

JOSÉ LUÍS COSTA

Dois soldados do 11º Batalhão de Polícia Militar (11º BPM), presos ontem na Capital, são suspeitos de envolvimento na morte do coronel aposentado do Exército Júlio Miguel Molinas Dias, 78 anos. Segundo investigações policiais, os PMs pretendiam roubar o arsenal particular que o oficial reformado mantinha em sua residência – uma coleção com 23 revólveres, pistolas e espingardas.

A hipótese mais provável é de que o armamento seria empregado em assaltos ou repassado a outros criminosos. Os soldados fariam parte de uma quadrilha de PMs suspeita de roubos a estabelecimentos comerciais na Zona Norte. Conforme o delegado Alexandre Vieira, da 9ª Delegacia da Polícia Civil, outros dois PMs foram identificados e são alvo de investigações.

Corregedoria da BM participou das prisões

Ex-chefe do Destacamento de Operações e Informações – Centro de de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do Rio de Janeiro, Molinas reagiu a tentativa de invasão a casa dele no bairro Chácara das Pedras e acabou morto a tiros de pistola com o controle remoto do portão em uma das mãos. Essa é a versão apresentada pela Polícia Civil e pela Brigada Militar para o crime, ocorrido há exatos 48 dias, em Porto Alegre.

As duas corporações reuniram ontem mais de uma centena de homens para deflagrar a Operação Mosaico, que resultou na prisão de quatro pessoas – dois soldados, a namorada de um deles e o cunhado do outro. Por se tratar de ordens de prisões temporárias, as polícias preferiram não divulgar os nomes dos envolvidos.

Lotados na 3ª Companhia do 11º BPM, localizada a um quilômetro da casa de Molinas e responsável pelo patrulhamento da região, os soldados – um de 31 anos e outro de 23 anos – vinham sendo investigados há quase um ano pela Corregedoria-geral da BM por suspeita de desvio de armas da corporação apreendidas no batalhão após uso em tiroteios. O número não foi revelado. Sabe-se que uma pistola calibre .40 tinha sumido em Porto Alegre e foi recolhida das mãos de um assaltante em Caxias do Sul, meses atrás.


Soldados teriam assaltado farmácia

Em outubro, chegou ao conhecimento da corregedoria que PMs estavam entre os encapuzados que assaltaram, no dia 14 daquele mês, uma farmácia na Rua Anita Garibaldi, no bairro Boa Vista.

Câmeras do circuito de TV gravaram a invasão da loja, mostrando um dos bandidos com uma bermuda tipo camuflada, em tons verde (ver página ao lado). Para surpresa da corregedoria, um dos soldados sob investigação tinha postado numa rede social uma foto vestindo bermuda semelhante.

Os nomes e os dados pessoais do soldado e de outros PMs foram compartilhados pelo Corregedoria com a 9ª DP (responsável por investigar o roubo a farmácia). No mesmo dia do assalto, um Gol vermelho foi roubado na Rua Ulisses Cabral, via onde morava Molinas. O carro teve as placas clonadas, e seis dias depois, foi multado na estrada Costa Gama, na Zona Sul. O motorista estava sem cinto de segurança e tinha cruzado um sinal vermelho.

A cena foi flagrada por três PMs, que anotaram as placas do Gol e aplicaram a multa que foi parar em Caxias do Sul, onde mora a dona do veículo cujas placas originais tinham sido copiadas. A mulher jamais estivera na Capital. Interrogados após o crime, os PMs reconheceram por fotos um dos soldados suspeitos da morte do coronel como o condutor do Gol.

Ao iniciar as buscas aos assassinos de Molinas, o delegado Luís Fernando Martins de Oliveira, da 20ª DP, recebeu um relatório da investigação contra os PMs. Em paralelo, recebeu os resultados da perícia no Gol vermelho, abandonado a cinco quadras da casa do coronel.

– Os peritos fizeram um trabalho excepcional, confrontando impressões de mais de cem suspeitos de assaltos, de PMs e de pessoas das relações deles – destacou o delegado Oliveira.

Conforme a perícia: o Gol continha fragmentos de impressões digitais da namorada de um dos PMs e do cunhado de outro – os quatro presos ontem. Para os delegados, são indícios da participação dos policiais no assassinato, embora a polícia ainda não saiba quem matou o coronel.


Entenda o caso

1) O coronel Julio Miguel Molinas Dias ingressa na Rua Professor Ulisses Cabral, na Chácara das Pedras, dirigindo o seu C4 na companhia de um homem. O carro, em baixa velocidade, é seguido por um Gol vermelho. No meio da quadra, em frente à casa de um vizinho, o C4 para. Armado com uma pistola, o coronel atira contra o homem ao seu lado. O tiro pega na janela. O caroneiro revida, acertando na porta do motorista.

2) O Gol emparelha ao lado de Molinas Dias. O homem sentado ao lado do coronel desce, faz a volta e arranca o militar para fora do carro. Os dois entram em luta corporal, caindo atrás do C4.

3) O agressor do coronel se levanta e corre para o meio dos dois carros. O motorista do Gol desce e são disparados uma dúzia de tiros. Dois tiros atingem o muro e uma janela de um condomínio.

4) O militar tomba baleado no lado direito do rosto, no tórax e no braço esquerdo. Os bandidos fogem no Gol, possivelmente com a arma do coronel, que desaparece. Cápsulas de três calibres 9 mm, .380 e 45 ficam no chão.

A INVESTIGAÇÃO - Como foram identificados

1) Uma semana antes do crime, um PM foi flagrado dirigindo o Gol que seria utilizado pelos assassinos de Molinas. O veículo era roubado

2) Após ser apreendido e periciado, o Gol continha fragmentos de impressões digitais da namorada de um PM e do cunhado de outro policial

3) A polícia descobriu que um quadrilha de PMs praticava assalto a estabelecimentos comerciais na região


Crack e maconha aprendidos

Às 6h de ontem, uma centena de agentes da Polícia Civil, acompanhados de oficiais da Corregedoria-geral da Brigada Militar, cumpriram ordens de prisões de PMs e mandados de busca em quarteis.

Para o bairro do Campo Novo, seguiu um grupo de policiais liderado pelo delegado Luís Fernando Martins de Oliveira, onde foi capturado em casa um dos soldados de 23 anos.

O homem não esboçou reação. Outro soldado de 31 anos, sete como PM, foi preso na companhia da namorada em uma apartamento do bairro Jardim Carvalho pela equipe do delegado Daniel Ordahi.

O delegado Alexandre Vieira seguiu para o bairro Passo da Areia, onde vasculhou armários de PMs no 11º BPM, batalhão ao qual estão vinculados os dois PMs presos. No bairro Chácara das Pedras, o delegado Tiago Baldin revistou a sede da 3ª Companhia, local onde os PMs presos cumpriam expediente diários. Em um armário, sem identificação do dono, foram apreendidas 24 pedras de crack e uma porção de maconha.


Roupas sugerem envolvimento em outro roubo

Confira as fotos abaixo





terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O DRAMA DE SER UM PM

VEJA SÃO PAULO, EDIÇÃO 2295 - 14 NOV 2012

SEGURANÇA

Relatos de policiais militares em meio à série de execuções mostram como aumentaram a tensão e os desafios de uma carreira já repleta de riscos e dificuldades



Policial deposita flores no Mausoléu da PM, no Dia de Finados: momento de união de forças
 (Foto: J.Duran Machfee/Futura Press/AE )


João Batista Jr, Cristiane Bomfim e Daniel Bergamasco


“Dois acidentes de trânsito, três brigas de família, um carro com som alto que perturbava os vizinhos, um princípio de baile funk e um roubo a loja. Era noite de sábado (3) e o meu trabalho como primeiro-tenente fazendo a ronda na Zona Norte podia ser considerado tranquilo. Até que, perto das 21h30, ouvi pelo rádio da viatura a informação de que uma mulher havia sido baleada dentro da própria casa e que, possivelmente,era mais uma vítima dessa onda de violência contra policiais militares. Fiquei aflito, agoniado, e em poucos minutos cheguei ao local, na Vila Brasilândia. A área estava isolada, mas sem a vítima, levada com vida para o hospital. Logo veio a confirmação: era a PM Marta Umbelina da Silva, de 44 anos. Que desespero. Eu a conhecia. Havíamos trabalhado juntos anos antes. Segui para o centro médico, mas ela não resistiu. No caminho, ouvi alguém dizer, enquanto eu passava com a minha viatura: ‘Se é policial, tem de morrer mesmo’. Depois de ver o corpo no IML, tive de voltar para a rua e terminar o meu plantão, já com o dia claro. Fui para casa à paisana, após trocar de roupa, e tomando todos os cuidados para afastar o risco de ser o próximo alvo.”

A fala do tenente Getúlio (nome fictício, como o de vários outros policiais que dão depoimento à reportagem) ilustra bem o início demais uma semana tensa para a corporação em meio a uma preocupante onda de violência. Até a tarde de quinta (8), 72 policiais haviam sido assassinados no estado neste ano (ou noventa, se contados os aposentados), quase todos na Grande São Paulo. O caso de Umbelina se tornou emblemático. Além de ser a única mulher nessa soma, ela foi alvejada de forma peculiarmente covarde, na frente da filha de 11 anos. A PM exercia funções administrativas, um sinal deque mesmo quem não enfrenta os bandidos na rua está na mira. Seu drama veio precedido de outros episódios chocantes ocorridos nos últimos meses. Em junho, o soldado Vaner Dias foi atingido com ao menos quatro tiros em uma academia onde dava aulas de jiu-jítsu. Em setembro, Joel Juvêncio da Silva morreu com sete tiros na frente da família, ao voltar de um culto evangélico, na região do Jardim Ângela. “É um momento de crise”, reconhece o secretário de Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto. “Mas vamos superá-lo, como fizemos outras vezes.”



Tenente Getúlio (alguns nomes que aparecem nessa reportagem são fictícios): "Deixei de ir a bares, micaretas e outros lugares onde me divertia. Atendi à ocorrência de uma colega alvejada e não quero ser o próximo“ (Foto: Fernando Moraes )


Desde que assumiu a pasta, em março de 2009, ele priorizou duas frentes de trabalho — a de punição de policiais civis ou militares corruptos e a de maior enfrentamento da criminalidade, missão para a qual colocou como ponta de lança a Rota, tropa de elite da PM conhecida pela atuação linha-dura. Os ataques recentes, acredita Ferreira Pinto, podem ser uma retaliação ao cerco, especialmente ao estrangulamento do tráfico de drogas. Em 2011, ocorreu a apreensão de 6,2 toneladas de cocaína só na cidade de São Paulo, quase o dobro do número registrado em 2010. A morte de suspeitos por policiais ajudou a aumentar essa temperatura— foram 437 em todo o ano passado e 369 de janeiro a setembro deste ano, incluindo a de um suposto integrante da facção criminosa PCC. O caso aconteceu em maio, nas proximidades da Rodovia Ayrton Senna. O suspeito havia sido preso durante ação em uma favela da Zona Leste e executado por três soldados, que estão presos. “Nossa filosofia é agir sempre com firmeza, mas não toleramos abusos”, afirma Ferreira Pinto. “Quem faz algo errado é punido.”

O estado de São Paulo teve anos ainda mais sangrentos para os agentes da lei. Em 2006, por exemplo, morreram 105 policiais. Desde então, o número nunca mais superou a casa de 100 assassinatos e chegou a 56 casos no ano passado. Um dos indícios deque a reversão da tendência de queda da estatística está ligada à ação dos bandidos é um bilhete encontrado no mês passado na favela de Paraisópolis. Segundo a mensagem, atribuída a um delinquente, a ordem é matar dois policiais a cada um dos seus que seja alvejado. “Bandidos que devem dinheiro ao PCC têm de executar alguém para pagar a dívida e aí escolhem algum alvo mais fácil”, explica o promotor Marcelo Alexandre de Oliveira,que apura casos em Guarulhos. Além de preocupar as autoridades,a situação mudou bastante a rotina dos PMs responsáveis pelo patrulhamento das ruas. Vários soldados ouvidos por VEJASÃO PAULO nos últimos dias contaram que estão trabalhando sob forte tensão e que tomaram cuidados adicionais para proteger sua vida e a das pessoas mais próximas. Apesar disso, fazem questão de dizer que jamais se sentirão intimidados pelos ataques e ameaças dos criminosos.


Filipi Cassavara e Ysabelle de Souza, alunos da Academia do Barro Branco: mais de oitenta candidatos por vaga (Foto: Fernando Moraes )


“Estamos em guerra. Há dois meses, não tenho mais vida social. Acabou aquela coisa de caminhar até a padaria para comprar pãozinho francês ou ir ao samba no fim de semana.Jamais piso fora de casa nos dias de folga e, quando vou trabalhar, levo na cintura duas pistolas: uma .380 e outra .40.Minha mulher só dorme depois de tomar Lexotan e esconder três facas debaixo do colchão. Há uma quarta sob o microondas, que fica ao lado da porta da cozinha. Se alguém entrar,ela vai lá e ‘pá’. Pensando no pior, já expliquei a ela tim-tim por tim-tim o que fazer caso eu morra em um ataque. Avisei a quem recorrer e para qual colega ligar para requerer o seguro de vida. Segundo amigos investigadores, meu nome já foi citado em telefonemas grampeados de bandidos. Eles consideram a minha cabeça um troféu, até porque eu sou um cabo com experiência de muitos anos na Rota. E a Rota, todos sabem, é o que a bandidagem mais quer atingir. Eu e meus companheiros criamos um esquema de proteção mútua. Antes de sair para o trabalho, cada um informa três amigos pelo rádio que está indo a campo. Outro aviso aos mesmos colegas é feito dez minutos depois, quando já deu tempo de chegar ao batalhão.Caso isso não seja feito, é porque no meio do caminho alguém foi abatido. O PCC é um mal que precisa ser combatido. Se eu morrer, que seja atirando. Eu não tenho medo. Estou para me aposentar em três anos. Aí, sim, vou descansar. Quero comprar um sítio para criar galinhas e tocar meu cavaquinho em paz. Até lá, é preciso ter força.” (cabo Dalvo)

Na última terça (6), o governador Geraldo Alckmin se reuniu com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e anunciou uma série de medidas para resolver a atual crise. Uma das principais é a criação de uma agência para integrar as investigações da PM paulista e da Polícia Federal, entre outros órgãos. Antes disso, a Secretaria de Segurança do estado já havia iniciado a Operação Saturação, como foram chamados os cercos às regiões mais perigosas e suspeitas de abrigar integrantes do crime organizado. “Há indícios de que o PCC teve envolvimento nos episódios recentes, mas é um erro imaginar que todos os casos de execução tenham participação de seus membros. Estamos investigando também outros grupos”, diz Ferreira Pinto. A Operação Saturação começou no mês passado em Paraisópolis e se estendeu depois a outros bairros da Zona Sul, como Capão Redondo e Campo Limpo. Na semana passada, incluiu favelas como Santa Inês (Zona Leste) e São Rafael (Guarulhos). Nelas, a polícia busca atualmente ao menos dezessete criminosos que, segundo as investigações, estão envolvidos nas mortes. Eles podem se somar a 130 suspeitos presos desde o início do ano, todos com evidências de envolvimento nos ataques contra policiais. Um deles é Francisco Antonio Cesário da Silva, o Piauí, um dos chefões do PCC. Em agosto, dentro das dependências da penitenciária de Avaré, a 260 quilômetros da capital, ele teria ordenado a morte de seis policiais. Isso fez com que seu nome fosse o primeiro a ser anunciado na lista de transferidos para presídios federais localizados em outros estados. No caso dele, para uma unidade em Porto Velho, em Rondônia, criando barreiras geográficas para separá-lo de seus comparsas de facção criminosa.



Soldado Otávio: "Somos honestos e estamos do lado certo da batalha. Não tenho dúvida de que ser polícia é a minha vocação de vida" (Foto: Mario Rodrigues )

Piauí atuava na favela de Paraisópolis, justamente onde a polícia encontrou uma lista com informações do dia a dia de oito policiais militares e dois civis. Segundo a Secretaria de Segurança, esse papel não continha nomes, apenas descrições como “sargento, frequenta um boteco às quartas e mora em tal lugar”. A sensação de estar sendo observado se torna ainda mais aflitiva quando os policiais pensam nos parentes. Na última segunda (5), Tiago de Souza, de 27 anos, filho de um ex-policial da Rota, foi morto a tiros quando estava dentro de um carro na companhia de um amigo e do irmão, também baleado, na Vila Nova Cachoeirinha.

“A tensão familiar é sufocante. Minha mulher me liga mais de seis vezes durante o expediente para saber se estou vivo. Meus pais e os parentes mais próximos ficam nesse mesmo estado de paranoia. Isso é vida? Proibi minha companheira e meus filhos de assistir a jornais como o do Datena. Ver que um policial foi abatido perto do meu batalhão, aqui na Zona Sul, só piora.Muitas vezes, chegava em casa e me perguntavam se eu já sabia que fulano tinha morrido. Então, de duas semanas para cá, não falamos mais do assunto dentro da minha residência e também não quero que vejam o noticiário sensacionalista. Quem nasce para ser polícia sabe o risco que corre, mas morrer sem estar em combate não está nos planos de ninguém.” (soldado Ricardo)



Cabo Dalvo: "Saio de casa sem farda e com cuidado redobrado, mas sem esmorecer. Precisamos combater o PCC. Se eu morrer, que seja atirando"  (Foto: Fernando Moraes )

Na quinta (8), o governador Alckmin anunciou a ampliação do seguro de vida dos policiais do estado de 100.000 para 200.000 reais. O benefício passará a ser pago também a policiais de folga, mas que morrerem em decorrência da profissão.Os riscos se somam às dificuldades de uma rotina de trabalho em que o desgaste é muito maior do que pressupõe o adicional de insalubridade — 500 reais no caso de um soldado iniciante, que ganha 2.800 reais brutos por mês. A situação salarial melhorou. Em 2010, houve um reajuste de 28% nos soldos.Hoje em dia, o praça, que ingressa por meio de concurso público,pode chegar a subtenente, com salário de 5 100 reais. Para assumir patentes mais altas, é preciso entrar no curso universitário da Academia de Polícia Militar do Barro Branco, cuja seleção, pela Vunesp, teve 86 candidatos por vaga em 2011, em um processo que incluiu investigação do comportamento do calouro até em seu perfil no Facebook. Mesmo sabendo dos riscos que a aguardam, a aluna Ysabelle de Souza, de 24 anos, reafirma a confiança na carreira que escolheu. “Os atentados são coisa de momento e serão superados”, diz ela. Após a morte de dezoito policiais aposentados, a Associação dos Subtenentes e Sargentos da PM criou um curso específico de reciclagem para inativos. “Eles reaprenderão a manusear suas armas, já que estão entre as vítimas e atirar não é como andar de bicicleta”, diz Írio Trindade de Jesus, diretor de ensino da entidade.

“A população sabe que não trabalhamos com as melhores condições. Desde o início de outubro, por exemplo, só saio de casa com o colete à prova de balas emprestado por um amigo por causa dos ataques. O batalhão em que eu trabalho,na região do Capão Redondo, não tem equipamento suficiente para todos os policiais. O último estava com a validade vencida e foi tirado de circulação, mas não foi reposto. Por isso está havendo um rodízio entre os policiais que trabalham na rua. Mas quem atua na parte administrativa, como é meu caso, não tem direito. Durmo com a arma embaixo do travesseiro. Não prego os olhos direito porque fico achando que qualquer barulhinho lá na rua pode ser o assassino.” (soldado Otávio)



Írio Trindade de Jesus, que prepara o curso de reciclagem para oficiais aposentados na Associação dos Subtenentes e Sargentos: “Atirar não é como andar de bicicleta” (Foto: Fernando Moraes )

Embora o momento seja crítico, o estado está longe de passar por uma epidemia de violência. Segundo dados do Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgados na semana passada, São Paulo tem 10,1 homicídios dolosos por 100.000 habitantes, a segunda menor taxa do país (Alagoas, o estado campeão, registra um índice de 74,5). As autoridades da segurança pública acreditam que os criminosos não terão fôlego para sustentar por muito tempo os confrontos, sobretudo porque a situação atual prejudica seus negócios. Com cercos a favelas onde funcionam pontos de venda de drogas, o movimento do tráfico fica comprometido. Outro fator que dá margem a otimismo em relação a uma vitória breve contra os bandidos é o empenho da tropa.

“Recentemente, um comandante pediu a mim e a meus companheiros que não andássemos mais fardados por aí, sem necessidade. Ficamos indignados. Somos honestos e estamos do lado certo da batalha. Não tenho dúvida de que ser polícia é a minha vocação de vida.” (soldado Antonio)


Os números da PM

Veja os gráficos das execuções e das operações da Polícia Militar nos últimos meses

EVOLUÇÃO DE MORTES: o número de assassinatos de policiais volta a crescer nos últimos meses


2001 - 116
2002 - 115
2003 - 95
2004 - 106
2005 - 71
2006 - 105
2007 - 75
2008 - 75
2009 - 82
2010 - 71
2011 - 56
2012 - 72* - O porcentual já é 29% maior que o de 2011. Com os policiais aposentados, são 90 assassinados neste ano*


FONTE: http://vejasp.abril.com.br/edicoes/2295

Nota: Matérias apontadas no face por Leandro Arnold que compartilhou a foto de Ângelo Marcelo Curcio.



QUADRILHA DE POLICIAIS PRATICAVA EXTORSÃO CONTRA TRANSPORTADORES DE CARGAS ILÍCITAS


Ação da CGU desarticula quadrilha de policiais que praticava crime de extorsão. Onze pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público. Entre os suspeitos, há agentes da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas. Enquanto isso, DRFC faz ação contra roubo de veículos, cargas e até residências

RENATA LEITE
O GLOBO 18/12/12 - 10h18


Agentes da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas fazem operação paralela à ação da CGU contra de quadrilha de policiais que praticava crime de extorsão Fernando Quevedo / O Globo


RIO - A Corregedoria Geral Unificada da Secretaria estadual de Segurança realiza desde o início da manhã desta terça-feira a operação Carga Pesada para cumprir nove mandados de prisão e 44 de busca e apreensão contra uma quadrilha formada por policiais civis lotados na Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC). Segundo as investigações, os agentes tinham como cúmplices um policial militar e um bombeiro. O grupo praticava crimes de extorsão contra transportadores de cargas ilícitas, usando a estrutura do Estado para apreender produtos irregulares de vítimas previamente indicadas por um informante, que agia como um falso policial. Em seguida, a quadrilha negociava a devolução da carga apreendida mediante pagamento de propina.

A ação conta com apoio do Ministério Público estadual, das corregedorias das polícias Civil e Militar, da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais e da Subsecretaria de Inteligência.

Na manhã desta terça-feira, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio, informou, em nota, que cinco policiais civis, um policial militar, um ex-policial militar, um bombeiro e mais três pessoas foram denunciadas por formação de quadrilha, estelionato, receptação, extorsão, peculato e concussão (extorsão praticada por agente público). O bando, segundo o Gaeco, cometia uma série de crimes como extorsão a comerciantes, roubo de carga, revenda de material apreendido, diligências clandestinas, ameaças e invasão de domicílio. Os policiais civis, ainda segundo a nota, estavam lotados na DRFC quando cometeram os crimes.

De acordo com o Gaeco, o esquema criminoso foi descoberto ano passado, depois que comerciantes dos bairros de Jardim Primavera e Campos Elíseos procuraram a corregedoria para denunciar que eram extorquidos semanalmente, desde 2008, e obrigados a pagar uma "taxa de segurança" ao cabo da Polícia Militar Alex Sander Santos de Souza. As vítimas relataram que a falta de alvará de funcionamento dos estabelecimentos era o argumento para que pagassem a propina, com valores entre R$ 50 e R$ 100 semanais. Segundo as investigações da CGU, um policial civil , que era lotado na 60ª DP (Campos Elíseos), era o responsável por arrecadar o dinheiro. Em março de 2011, ele foi transferido para a DRFC e arregimentou outros policiais para o esquema.

Investigações da CGU constataram ainda que o grupo apreendia mercadorias com o intuito de revendê-las depois e utilizava o cartório da DRFC para dar legalidade ao procedimento. De acordo com a denúncia, "caso não resultasse o esperado, e sempre que fosse necessário, procurava a quadrilha, fazendo uso da máquina administrativa cartorária, dar um verniz de legalidade às suas atividades, formalizando os atos administrativos de regular diligência, seja lavrando apreensões, seja procedendo a registros de ocorrência". No pátio da DRFC, segundo as investigações, também ficava estacionado um caminhão-baú lotado de mercadorias apreendidas pelo grupo. Um policial, mesmo aposentado, continuava a exercer a atividade policial na delegacia, segundo a denúncia.

DRFC faz ação contra roubo de veículos, cargas de caminhões e até residências

Paralelamente à operação da CGU, a DRFC, com apoio das demais especializadas e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), realiza a operação Colmeia na manhã desta terça-feira para prender integrantes de uma quadrilha de roubo de veículos, cargas de caminhões e até residências. Sete pessoas já foram presas na ação. Há 22 mandados de prisão contra o grupo, sendo que cinco já haviam sido cumpridos nas últimas semanas, e 19 de busca e apreensão. A operação está sendo realizada em diversos municípios da Baixada Fluminense, como Nova Iguaçu, São João de Meriti e Queimados, além de Vigário Geral e a comunidade Nova Holanda, no Rio. Dois blindados estão sendo usados na ação.

De acordo com as investigações, que começaram em agosto deste ano, os suspeitos praticavam os assaltos, muitas vezes, mediante sequestro. A quadrilha efetuava em média oito roubos por semana, movimentando uma quantia ainda não contabilizada pela polícia.

— A quadrilha mantinha motoristas de caminhão em cativeiro até que a carga fosse desviada — contou o delegado da DRFC, Fabio Cardoso.

Segundo o delegado, os integrantes da quadrilha tinham funções específicas. Havia homens especializados, por exemplo, em desligar o dispositivo de rastreamento de carretas e caminhões. Por vezes, o bando usava também um equipamento que bloqueava o dispositivo de rastreamento.

— Chamamos a operação de Colmeia por se tratar de uma grande quadrilha formada por pequenos núcleos, divididos de acordo com o item a ser roubado, como medicamentos, bebidas, alimentos e produtos tecnológicos — disse o delegado.

No Centro de Nova Iguaçu, os agentes prenderam, em casa, o empresário Rogério dos Santos Gonçalves, de 43 anos. Ele é acusado de receptação de produtos roubados e de agir como um atravessador na quadrilha, indicando outros possíveis compradores. Rogério é dono de uma lanchonete na cidade. Já em Vigário Geral, a polícia procurava três homens acusados de roubar carros a mão armada. Na comunidade Nova Holanda, um dono de farmácia é suspeito de receber medicamentos roubados pela quadrilha. Há ainda um mandado de prisão contra o funcionário de uma transportadora que passava informações para a quadrilha.

Segundo o delegado, o chefe do grupo, Renato Raposo da Silva, conhecido como Raposinho, já está preso. A quadrilha agia principalmente na Rodovia Washington Luís, na Via Dutra e na Rodovia Rio-Magé.

PMS SÃO SUSPEITOS DE MATAR CORONEL DO DOI-CODI

ZERO HORA 18/12/2012 | 07h33

PMs suspeitos de matar coronel aposentado do Exército são presos em Porto Alegre. Perícia encontrou no carro utilizado no crime digitais de pelo menos duas pessoas que estariam envolvidas na morte de Júlio Miguel Molinas Dias


Policiais fazem parte da 3ª Cia. do 11º BPM de Porto AlegreFoto: Ronaldo Bernardi / Agencia RBS

José Luís Costa

A Polícia Civil prendeu, no início da manhã desta terça-feira, três pessoas, entre elas dois PMs, sob suspeita de envolvimento no assassinato do coronel reformado do Exército Júlio Miguel Molinas Dias, ocorrido em 1º de novembro, em Porto Alegre. Uma quarta pessoa que também estaria envolvida não foi encontrada.

Os PMs são soldados da 3ª Companhia do 11º Batalhão de Polícia Militar (BPM) — na zona norte da Capital —, a unidade responsáveis pela segurança no bairro Chácara das Pedras, onde vivia o militar. Os PMs estão com prisão temporária decretada pela Justiça por 30 dias por se tratar de crime hediondo.

Segundo a polícia, os dois PMs teriam arquitetado um assalto à casa do militar com intenção de roubar 23 armas que faziam parte do arsenal particular de Molinas. A dupla já foi investigada pela Corregedoria da BM por suspeita de desvio de armas do quartel. A outra pessoa presa é a namorada de um deles.

A polícia chegou até eles após perícia no Gol vermelho usado na perseguição a Molinas no dia do crime, e que fora abandonado dias depois. O Gol continha fragmentos de impressões digitais semelhantes às de dois suspeitos, indicando que ambos andaram no carro. O veículo tinha sido roubado duas semanas antes do assassinato de Molinas e rodava com placas clonadas e documentos falsos.

O veículo também permitiu descobrir um outro indício contra um dos soldados. Em 20 de outubro, o Gol passou em um sinal vermelho e o motorista estava sem o cinto de segurança. A cena foi flagrada por três PMs do 1º BPM que emparelharam com o Gol e falaram com o condutor infrator.

Os PMs seguiram para atendimento de uma ocorrência, mas anotaram as placas do Gol e aplicaram uma multa. A dona do Gol foi procurada e garantiu que não estivera em Porto Alegre naquele dia. Chamados para depor, os PMs reconheceram por foto o motorista do Gol, o qual seria um dos soldados suspeitos de matar Molinas Dias.





ZERO HORA

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MORRE PM DA UPP BALEADO EM CONFRONTO NO ALEMÃO


Morre policial militar baleado em confronto no Complexo do Alemão. Crime aconteceu na quarta quando o agente fazia patrulhamento na Fazendinha

TAÍS MENDES
O GLOBO :6/12/12 - 12h21


Policial de UPP é baleado durante confronto com bandidos na Fazendinha, no Complexo do Alemão. Ele foi transferido do Getúlio Vargas para o Hospital da Polícia MilitarFernando Quevedo / O Globo


RIO — O cabo da Polícia Militar Fábio Barbosa, de 36 anos, que foi baleado durante uma troca de tiros com criminosos, no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio, morreu na madrugada desta quinta-feira. Ele estava internado no Hospital Central da Polícia Militar, no Estácio. O crime aconteceu no início da madrugada desta quarta-feira quando o agente fazia patrulhamento de rotina na localidade conhecida como Areal, na Fazendinha. O corpo está no Instituto Médico-Legal (IML), aguardando liberação. O cabo deve ser enterrado no Cemitério de Sulacap nesta sexta-feira.

Segundo a polícia, Fábio estava na companhia de outros seis PMs, quando foi surpreendido por bandidos armados, que atiraram contra o grupo. Ele foi levado em estado grave para a UPA do Alemão, depois transferido para o Hospital Getúlio Vargas. Como não havia neurocirurgião de plantão, o PM foi levado para o Hospital Central da Polícia Militar, onde passou por cirurgia que durou cerca de duas horas, para a retirada de uma bala 9mm que estava alojada próximo à nuca do policial.

A falta de luz na favela da Fazendinha pode ter prejudicado a visibilidade do cabo, que atuava na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Complexo do Alemão. A afirmação foi feita pelo comandante da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), coronel Rogério Seabra, que disse ainda que são constantes os problemas de falta de energia na região, uma das áreas que ainda enfrentam resistência por parte de traficantes, mesmo depois da ocupação do Alemão ter completado dois anos.

Segundo a Rioluz, a falta de luz na comunidade tem sido provocada pelo número crescente de ligações clandestinas no novo sistema de iluminação implantado pela Light exatamente para legalizar o abastecimento de energia no local. O excesso de gatos vem causando sobrecarga no sistema e provocando apagões. A Light informou que interrupções de fornecimento de energia em áreas de risco ocorrem, sobretudo, por conta das ligações clandestinas e sobrecarga. Segundo a empresa, no trecho da ocorrência , houve interrupção no fornecimento por cerca de 1 hora e meia, tempo necessário para que os técnicos pudessem trabalhar no restabelecimento do fornecimento de energia.

O cabo Fábio Barbosa foi o segundo policial militar a ser morto em confronto com bandidos no Complexo do Alemão, depois da pacificação.Em julho, a policial militar Fabiana Aparecida de Souza, de 30 anos, foi morta por um tiro de fuzil durante um ataque de 12 traficantes à sede da UPP na Favela Nova Brasília. Casos de violência acontecem com certa frequência na comunidade, mesmo com a presença da polícia. No dia 16 daquele mês, uma troca de tiros entre bandidos e policiais da UPP da Fazendinha assustou moradores duas vezes em menos de 24 horas. Os conflitos aconteceram poucos dias depois da saída do Exército e a implantação de quatro UPPs do Alemão.

COMANDANTE DE CAXIAS É AFASTADO APÓS PRISÃO DE POLICIAIS QUE RECEBIAM PROPINA


Comandante do Batalhão de Caxias é afastado após prisão de policiais. Militares são acusados de receber propina para não coibir tráfico de drogas; além deles, traficantes foram detidos

ANA CLÁUDIA COSTA
FÁBIO VASCONCELLOS
RENATA LEITE
O GLOBO :4/12/12 - 22h25


Polícia Federal participa de operação contra PMs envolvidos com o tráfico Márcia Foletto / O Globo


RIO — O comando da Polícia Militar anunciou, nesta terça-feira, o afastamento do comandante do 15º BPM (Duque de Caxias), tenente-coronel Claudio de Lucas Lima. Em seu lugar, assume o tenente-coronel Maurício Faria da Silva. A decisão foi tomada após a prisão de 63 policiais militares acusados de envolvimento com o tráfico de drogas, principalmente na Baixada Fluminense. Além dos policiais, 11 traficantes também foram detidos. A força-tarefa envolve agentes da Subsecretaria de Inteligência (Ssinte) da Secretaria de Estado de Segurança, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público estadual, da Coordenadoria de Inteligência da Polícia Militar e da Polícia Federal, que cumprem 83 mandados de prisão, sendo 65 contra PMs, de nove batalhões, e 18 contra traficantes.

Dos 63 PMs presos, 61 tinham os mandados de prisão. Outros dois militares que não estavam na lista foram presos em flagrante. Um deles estava no pátio do 15º BPM (Duque de Caxias) portando uma pistola com numeração raspada, enquanto outro policial foi preso em casa, onde guardava munição de fuzil. A polícia encontrou o material ao cumprir um mandado de busca e apreensão.

Em entrevista coletiva, o comandante geral da Polícia Militar, coronel Erir Ribeiro Costa Filho, afirmou que a corporação não vai mais tolerar desvios de conduta:

— Nós não vamos mais aceitar policial corrupto na nossa corporação. Todos serão expulsos.

Já o secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, ressaltou a parceria entre as polícias e a Justiça na Operação Purificação:

— Nós não temos como resolver o problema da segurança pública sem parceria entre as polícias e a Justiça. A PM participando dessa operação demonstra que não compactua com essas atitudes.

Para a TV Globo, o secretário afirmou que que pretende expulsar os policiais presos:

— Não adianta simplesmente prender as pessoas, temos que expulsá-las. Eu não tenho nenhuma outra expectativa senão colocar essas pessoas na rua — afirmou ao telejornal RJTV.

Acusados de envolvimento com a principal facção criminosa do Rio, os suspeitos foram denunciados pelo MP pelos crimes de formação de quadrilha armada, tráfico de drogas, associação para o tráfico, corrupção ativa, corrupção passiva e extorsão mediante sequestro. Um dos presos nesta terça-feira foi encontrado em um condomínio na Lapa, região central do Rio.

Segundo a polícia, as investigações, que começaram há um ano na Favela Vai Quem Quer, em Duque de Caxias, revelaram que os policiais — na época lotados no 15º BPM (Duque de Caxias) — recebiam propina para não coibir atividades criminosas em 13 favelas do município. Além da Vai Quem Quer, o grupo agia nas comunidades Beira-Mar; Santuário; Santa Clara; Centenário; Parada Angélica; Jardim Gramacho; Jardim Primavera; Corte Oito; Vila Real; Vila Operário; Parque das Missões e Complexo da Mangueirinha. Pela manhã, os agentes estiveram nas favelas Vai Quem Quer e Beira-Mar, também em Duque de Caxias.

Durante as investigações, os agentes descobriram que os PMs, além de cobrar propina, sequestravam bandidos e seus parentes, apreendiam veículos do tráfico exigindo dinheiro para devolução, negociavam armas e realizavam operações oficiais quando o pagamento da propina atrasava. De acordo com o MP, os policiais militares não tinham um comando único e dividiam-se em 11 células autônomas.

Valor da propina varia de acordo com lucro do tráfico

O Ministério Público afirmou que quem dá ordens e define o valor a ser pago ao policiais é um dos chefes da facção criminosa em Caxias. Carlos Braz Vitor da Silva, o Paizão ou Fiote, está preso na Penitenciária Vicente Piragibe, no Complexo de Bangu, mas, mesmo assim, mantém frequentes contatos telefônicos com seus subordinados, recebendo informações detalhadas sobre a rotina do tráfico nas favelas. A denúncia relata ainda que um dos seus homens de confiança é o intermediário entre a quadrilha e os policiais militares da região. Ele realiza o pagamento das propinas e também da negociação do resgate de homens do bando sequestrados por policiais, assim como a liberação dos carros apreendidos ilegalmente.

A quadrilha age em conjunto com traficantes do Complexo do Lins, Parque União e Favela Nova Holanda, que também estão sendo alvo da Operação Purificação. O grupo ainda estendeu seus domínios para fora do estado, mantendo relações com traficantes do Mato Grosso do Sul, de onde vem parte das drogas vendidas nas favelas de Caxias. Advogados também estão envolvidos. Segundo o RJTV, as investigações apontam que o valor da propina variava de R$ 1,5 mil a R$ 2,5 mil por semana, de acordo com a capacidade de venda de drogas pelos bandidos.

O MP constatou que os policiais militares conheciam bem os bandidos. Foragido da Justiça, um criminoso que atuava no abastecimento das bocas de fumo da comunidade Vai Quem Quer era alvo constante de extorsões dos PMs, que exigiam pagamento de valores em dinheiro para a manutenção da sua liberdade. Foi descoberto ainda que, na tentativa de ocultar os seus nomes, os policiais militares criaram apelidos coletivos para as equipes. Para facilitar a comunicação traficantes e PMs também montaram um “dicionário próprio”: para definir o acordo de não interferência nas atividades ilícitas, era usada a palavra “sintonia”; “barcas”, para falar das Patamos; “guerra”, como referência à repressão ao tráfico de drogas; “pequenos”, para falar das viaturas da marca Logan, entre outros.

Os policiais militares também demonstravam ousadia na hora de negociar armas. Segundo investigações, em junho deste ano, um PM escondeu dentro de uma geladeira de um barraco uma carabina calibre 12, para ser pega por um traficante. Além disso, deixou R$ 300 dentro do congelador como parte de um pagamento. Os policiais também usavam as dependências de Destacamento de Policiamento Ostensivo para cometer crimes.

Numa das escutas telefônicas captadas durante a investigação, um dos denunciados, o sargento da PM Wagner Teixeira Gonçalves aparece exigindo dinheiro de traficantes da comunidade Corte Oito. Ele pergunta a hora que ele poderia passar para pegar o "arrêgo", e recebe como resposta que outros policiais já receberam. O traficante fala que é melhor eles dividirem o dinheiro, mas o policiais ameaça:

"Mas você não sabe que a nossa são duas, que tu já não manda quinhentos (R$ 500) para cada?"

Os dois discutem e, após explicar ao traficante como funciona o plantão dos policiais, ele pede para falar com um outro traficante e diz que se o dinheiro não for entregue “acabou o amor”.

Os policiais cumprem ainda 112 mandados de busca e apreensão — expedidos pela Juíza Daniela Barbosa Assumpção de Souza, da 2ª Vara Criminal de Duque de Caxias — na casa dos denunciados e em batalhões da PM. O MP também requereu à Justiça o bloqueio integral do dinheiro nas contas correntes de dois denunciados. Os PMs presos estão sendo levados ao Quartel General da Polícia Militar, no Centro, porque, pela primeira vez, os exames de corpo de delito estão sendo realizados no local. De lá, eles serão levados para o presídio de Bangu 8 e podem ser expulsos em 30 dias.

O advogado criminalista Marcos Espínola deve entrar com pedido de habeas corpus para nove dos PMs presos nesta terça-feira. De acordo com assessoria, a defesa estaria apenar aguardando ter acesso a todas as acusações que envolvem os militares. De acorco com Espínola, está havendo excessos na ação, “ferindo o princípio da inocência garantido pela Constituição”, diz em nota.

Histórico da banda podre da PM

A ação da banda podre da Polícia Militar no batalhão de Caxias acontece, pelo menos, desde 2005, quando oito PMs foram presos acusados de terem assassinado dois homens e jogado a cabeça de um deles no pátio do unidade. A investigação mostrou que o crime foi para desafiar o então comandante do batalhão, o coronel Paulo César Lopes, que tinha detido pouco antes 60 policiais militares por desvio de conduta. Além disso, o oficial flagrou, havia duas semanas, dois PMs de sua unidade, depenando um caminhão roubado. Naquele ano, o coronel prendeu 177 policiais do 15º BPM.

Dois dias após o episódio da cabeça, policiais militares da mesma unidade saíram pelas ruas da Baixada matando a esmo. Eles fizeram 29 vítimas, na maior chacina do estado. Onze PMs foram denunciados. Ainda assim dois anos depois a Polícia Civil descobriu que PMs do 15º BPM recebiam propina para não reprimir o tráfico. Na época, foram presos 73 policiais. Em novembro daquele ano, dois meses após a prisão, a Justiça mandou soltar parte dos acusados alegando que a denúncia do Ministério Público não explicava a participação individual de cada um dos PMs. O grupo deixou o Batalhão Especial Prisional (BEP) soltando fogos, o que na época irritou o governador Sérgio Cabral. A comemoração acabou levando o grupo de volta à cadeia, mas por pouco tempo. Todos acabaram absolvidos por falta de provas.

CAI COMANDANTE DAS UPPS NO RIO


Após morte de PMs no Alemão, cai comandante das UPPs. Coronel Rogério Seabra Martins será substituído pelo coronel Paulo Henrique, que estava no comando da Coordenadoria de Operações Especiais da PM

O GLOBO
Atualizado:18/12/12 - 1h06


Coronel Rogério Seabra em palestra para PMs da UPP da Mangueira. Foto de 31/10/2011Arquivo Extra / Guilherme Pinto


RIO - Após a morte de dois policiais militares no Complexo do Alemão, foi anunciada a saída do coronel Rogério Seabra Martins do comando da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (UPPs). Conforme adiantou em seu blog o jornalista Jorge Antônio Barros, Seabra vai para a geladeira na Diretoria Geral de Pessoal (DGP) e em seu lugar assume o coronel Paulo Henrique, que estava no comando da Coordenadoria de Operações Especiais da PM. O coronel Seabra ficou no cargo desde 1º de outubro do ano passado, aonde chegou substituindo o coronel Robson Rodrigues da Silva, que hoje chefia o Estado-Maior da Polícia Militar.

Na madrugada desta segunda-feira, um carro com policiais da UPP da Mangueira foi atacado por um grupo de criminosos na localidade conhecida como Caixa D’água. De acordo com a nota, um policial militar foi ferido com um tiro de raspão no rosto e encaminhado para Hospital Central da Polícia Militar (HCPM), onde foi medicado e passa bem. A Polícia fez buscas no local para encontrar os criminosos.

No início do mês, pelo menos dois PMs lotados em UPPs do Complexo do Alemão foram mortos em menos de 48 horas. No dia 8 de dezembro, o policial militar da UPP das favelas da Fé e Sereno, no Complexo da Penha, Alexandre Antônio Barbosa foi morto por bandidos na Rua Santa Mariana, em Higienópolis. Há informações de que o policial, que estava de folga no momento em que foi morto, teria dado apoio aos PMs que trocaram tiros com bandidos horas antes na Favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão. No confronto, dois supostos bandidos foram mortos.

Na madrugada do dia 6 de dezembro outro PM da UPP foi morto, desta vez na Favela Nova Brasília. Fábio Barbosa da Silva, de 36 anos, foi baleado quando o agente fazia patrulhamento de rotina na localidade conhecida como Areal, na Fazendinha. Ele foi atingido na cabeça. Ele chegou a ser levado para o hospital, mas morreu no dia seguinte.

Em julho, a policial militar Fabiana Aparecida de Souza, de 30 anos, foi morta por um tiro de fuzil durante um ataque de 12 traficantes à sede da UPP na Favela Nova Brasília. Casos de violência acontecem com certa frequência na comunidade, mesmo com a presença da polícia. No dia 16 daquele mês, uma troca de tiros entre bandidos e policiais da UPP da Fazendinha assustou moradores duas vezes em menos de 24 horas. Os conflitos aconteceram poucos dias depois da saída do Exército e a implantação de quatro UPPs do Alemão.