ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

DESAFIO DA BRIGADA É A PREVENÇÃO DE CRIMES




JORNAL DO COMÉRCIO 17/11/2017
 

ISABEL SANDER


Criada em 1837, a Brigada Militar (BM) completará 180 anos de existência neste sábado, dia 18 de novembro. A corporação foi instituída em meio à Revolução Farroupilha, com finalidades bélicas, e passou a ser usada para fins de estabelecer a ordem pública nos anos de 1950. Em 2015, diante da crise financeira do governo do Estado, passou a enfrentar o desafio de combater a violência crescente nas ruas com recursos reduzidos. Nesse contexto, tem apostado em gestão do efetivo e da verba disponíveis, enquanto prioriza saúde e educação dos policiais militares (PMs).

Segundo o comandante-geral da BM, coronel Andreis Dal'Lago, o aumento da violência no Rio Grande do Sul é fruto do crescimento na criminalidade em São Paulo, anos atrás, que agora se deslocou para outras regiões metropolitanas. "Por isso, criamos a Operação Avante, que dá cientificidade para a gestão", explica.

Dal'Lago lembra que o efetivo existente representa pouco mais da metade dos 37.050 previstos em lei, e que o processo de separação da Brigada Militar do Corpo de Bombeiros fez reduzir ainda mais os números. Por esse motivo, o comando-geral optou por fazer uma gestão de resultados, na qual todas as ações devem visar à queda nos índices de violência. "Recebemos muitas críticas por chamar para a Capital os PMs do Interior, mas 75% dos crimes ocorrem na Região Metropolitana e em Caxias do Sul, e tivemos resultados satisfatórios com isso", destaca.

Outro desafio, hoje, é trabalhar na prevenção, e não apenas na repressão qualificada. O comandante-geral aponta que a polícia japonesa, por exemplo, atua 90% na prevenção e 10% na repressão, enquanto a BM tem 95% de suas ações ligadas à repressão e 5% à prevenção.

Entre as atividades preventivas está o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), executado em escolas. Outra é a Patrulha Maria da Penha, na qual PMs monitoram se as medidas protetivas contra violência doméstica estão sendo cumpridas. "O resultado é uma confiança maior das mulheres no poder público. O crime doméstico é oculto, dificilmente chega ao conhecimento do Estado, e o número de denúncias tem aumentado", revela.

Da mesma forma, tem se investido em policiamento comunitário, com núcleos de PMs que residem na região onde trabalham, bases móveis comunitárias em regiões de vulnerabilidade social e bases fixas em locais onde há outros tipos de serviços públicos, como escolas ou postos de saúde, a fim de garantir que os servidores consigam atuar nos locais. "Tudo isso é para estancar uma bola de neve que só aumenta, de perder nossos jovens para as drogas", esclarece Dal'Lago.

Na área da saúde, o atendimento aos PMs tem recebido investimento desde o ano passado, quando o Hospital da Brigada Militar passou a atender, além da corporação, os segurados do plano de saúde do Instituto de Previdência do Estado (IPE-Saúde). Um novo centro clínico com 24 consultórios foi inaugurado em setembro. "O PM está sempre em situações de estresse, pois não é da natureza humana carregar uma arma e atirar em alguém. Por isso, apostamos na saúde biopsicossocial, para que nosso policial não perca a cabeça", conta o comandante-geral. O hospital deve ampliar seus 90 leitos de UTI para 150.

Na semana que vem, 24 novos médicos passarão a atuar no Estado. Além disso, um projeto de lei elaborado pelo comando-geral prevê a contratação de oficiais temporários para os setores de saúde e saúde mental. "Hoje, temos um custo alto com terceirizados que prestam esses serviços. Com a contratação temporária, o custo cairá pela metade", relata Dal'Lago. Atualmente, são 22 terceirizados em serviço. O tempo de serviço contratual será de até quatro anos. O projeto está em análise pela Casa Civil gaúcha e será encaminhado à Assembleia Legislativa no próximo pacote de propostas que o governo enviar à Casa.

Em relação aos investimentos em educação, a BM tem promovido formações em pós-graduação - especializações, mestrados e doutorados profissionalizantes. Na semana que vem, uma turma de PMs tecnólogos se formará. Para 2018, está prevista a abertura de uma turma de mestrado profissionalizante. "Dando formação, esperamos dar efetividade à corporação", afirma.


- Jornal do Comércio (http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2017/11/geral/596593-desafio-da-brigada-e-a-prevencao-de-crimes.html)

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

POLÍCIA

Resultado de imagem para INVERSÃO POLICIA E BANDIDO


O DIÁRIO ONLINE 15/09/2017 | Opinião / Opinião Aberta

Por Rogério Ferreira da Silva


Vendo as notícias ligadas aos Policiais (militares e civis) – massacres em presídios, greves, mortes em trabalho no Rio, emboscada e morte no bairro do Morumbi em São Paulo, jovem oficial que prestou serviço aqui em Barretos morto com tiro por assaltantes que queriam sua moto, me fez pensar a respeito do tema: Para ser Policial tem que estudar muito, passar em um concurso concorrido, fazer curso de formação por mais de ano, estudar, tirar plantão, fazer faxina, estudar mais. Para ser preso, basta você roubar, matar, traficar... O Policial trabalha horas, noites, madrugadas, feriados, tem dia que mal consegue comer por causa do número de ocorrências. Já o preso come, dorme, toma banho de sol, não trabalha. O Policial se for pego dormindo em serviço é punido severamente, o preso dorme a hora que quer.

O Policial tem que trabalhar muito para sustentar a família, o preso ganha auxílio reclusão para comer e dormir. Se um Policial entra na casa de alguém é abuso de autoridade, vai ser punido. Se o preso entrou na casa de alguém vai para a audiência de custódia e talvez nem seja preso (punido). Na audiência de custódia ele é questionado se foi bem tratado e se não houve agressão por parte dos Policiais. Se um Policial for agredido por um preso, pode ter certeza que não vai dar em nada. Mãe de Policial não sofre a perda do filho, mãe de preso aparece na TV pedindo justiça. Policial morto em serviço é estatística, preso morto em cadeia é selvageria. Viúva de Policial não recebe indenização quando o Policial é morto cumprindo seu dever. Família de preso recebe flores, um espaço no Jornal Nacional e a indenização que a família de um Policial não recebeu. Policial não pode fazer greve. Preso faz rebelião, queima colchão e ganha um novo. Ser Policial é uma escolha, ser preso também. Servir e proteger a população é uma escolha. Matar, roubar, traficar também. Ser Policial neste país deveria ser sinônimo de heroísmo, mas no Brasil, ser Policial é ser vilão e ser preso é ser coitado e receber proteção. Será que não está faltando o devido valor a quem de direito?

Rogério Ferreira da Silva é cirurgião-dentista

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

EMBOSCADA. 10 DICAS PARA DIMINUIR O RISCO



Aqui estão 10 dicas para se manter em mente com o objetivo de diminuir o risco de sua guarnição ser vítima de uma emboscada.

29 de Novembro de 2009 foi um dia que nenhum policial americano irá esquecer – sempre iremos nos recordar precisamente onde nos encontrávamos quando ouvimos as notícias trágicas vindas de Lakewood, Washington. Desde aquele dia, tivemos alguns casos semelhantes, como a emboscada que vitimou o Sargento Tony Wallace e o Policial Matt Tokuoka em 2010 e, mais recentemente, a morte dos policiais Rafael Ramos e Wenjian Liu, do Departamento do Polícia de Nova York.


Nós recordamos esses eventos, não apenas por que são lembranças trágicas de nossa vulnerabilidade em uma sociedade livre, mas porque eventos de emboscada são raros. Acidentes de trânsito continuam sendo a causa mais comum de mortes no cumprimento do dever e, apesar das mortes envolvendo armas de fogo permanecerem como segundo lugar, um pequeno número delas são classificadas como emboscadas – menor ainda são as emboscadas à viaturas. Apesar disso, devemos tomar as medidas preventivas que estão ao nosso alcance para minimizar os riscos de sofrermos uma emboscada durante nosso serviço.

O Soldado Kirk Hensley de North Carolina dá as melhores aulas que eu já assisti sobre ataques de emboscada, chamadas “Os primeiros três segundos”. Hensley cita dados do Departamento de Justiça que mostram que o tempo médio de resposta de um policial diante de uma ameaça real varia de 5 a 7 segundos. Claramente temos alguns trabalhos a fazer se queremos estar mais preparados para uma emboscada.

Indicadores do Pré-Ataque


Devemos estar cientes do que devemos procurar antes que um ataque ocorra. Praticamente todos os ataques contra policiais são precedidos por uma ação indicativa do que está por vir.

Quer seja o fato das mão de um suspeito se encontrarem dentro do bolso, o não acatamento das ordens ou um pé no freio quando o policial se aproxima, essas são pistas que podem nos ajudar, mas nós devemos estar sempre procurando por elas. Para sobreviver a uma emboscada – e particularmente a uma emboscada à uma viatura policial – o tempo certo de agir começa antes mesmo do ataque ter início.

Emboscada a Viatura

Apesar de raras, emboscadas a viaturas policiais acontecem e o fato de se estar confinado dentro de um veículo torna ainda mais difícil uma preparação por parte dos policiais. Aqui estão dez coisas para se manter em mente a fim de diminuir as chances de sofrer uma emboscada durante o patrulhamento:

O preenchimento de papéis (relatórios, ocorrências, etc) deve ser feito em um local seguro, onde cidadãos não conseguem se aproximar de sua viatura.

Você deve sempre ter e conhecer um plano para escapar. Estacione de forma a permitir uma saída rápida e crie uma barreira com outros carros ao seu redor.

Olhe com frequência nos retrovisores e observe tudo que está acontecendo à sua volta.

Esteja seguro que você não está sendo perseguido. Entrar em algumas ruas irá ajuda-lo a identificar um perigo em potencial.

Tente evitar a mesma rota todos os dias. Essa vigilância precisa permanecer mesmo quando estiver dirigindo para sua casa.

Examine atentamente os locais de estacionamento e interseções enquanto você entra por eles.
Sempre que puder, faça contato visual com outras pessoas. Preste ainda mais atenção naqueles que evitam olhar nos seus olhos.

Seja cauteloso quando outros carros pararem de repente na frente da viatura ou quando eles não param corretamente quando recebem a ordem policial para encostar.

Quando suspeitos saírem de seus veículos, se eles deixarem a(s) porta(s) aberta(s) pode ser um indicativo de que estão planejando um ataque e correrão de volta para dentro dos seus veículos.
Nunca deixe alguma pessoa se aproximar enquanto você está sentado na viatura.

Desmascarando o Mito do Cinto de Segurança

A falta de uso de cintos de segurança por policiais tem sido amplamente documentada. Apesar da taxa de uso do cinto de segurança por civis ser acima de 90%, os policiais possuem uma taxa abaixo da metade desse número, e pagamos isso com o nosso próprio sangue.

Pergunte a um policial por que ele não usa cinto de segurança durante o patrulhamento e a resposta será algo como “segurança do policial”. Se uma emboscada acontecer, eles presumem que necessitam ser hábeis para sair do carro o mais rápido possível, e o cinto de segurança iria dificultar isso.

Eu nunca vi uma emboscada em uma rodovia – e, de qualquer maneira, você não conseguirá sair do veículo a 110 km/h – mas deixamos essa questão de lado por enquanto, nossa profissão equivocadamente presume que a resposta para uma emboscada a um veículo será sair do carro.


Para encontrar a resposta para o que fazer em uma emboscada nós devemos dar uma olhada no que fazem os militares das Forças Armadas. Enquanto emboscadas à veículos policiais são raras nos Estados Unidos, elas são mais comuns nas Forças Armadas em terras estrangeiras. O treinamento dos militares e o equipamento que utilizam aumentaram por conta dos perigos e creio que nós podemos aprender com suas histórias e ensinamentos.

Enquanto você não pode ser dar ao luxo de patrulhar em um veículo blindado, o treinamento para se escapar de uma emboscada é praticamente o mesmo. A última coisa que precisa ser feita é sair da segurança do veículo e se expor a uma emboscada que, por natureza, procura atingi-lo.

Os militares descrevem a ação necessária como “saia da zona x” ou “Dirija através da Zona da Morte” e, apesar de as características do terreno serem diferentes, as premissas permanecem as mesmas. Uma emboscada coloca você em uma severa desvantagem. Se você decidir sair do seu veículo para enfrentar a emboscada, você continuará sob fogo e estará cada vez mais vulnerável. Dirigir para outro lugar ou até mesmo usar o seu veículo como uma arma pode ser uma alternativa muito melhor.

Treinamento é a chave

Preparar-se para uma emboscada a nossa viatura deveria ter um papel central em nosso treinamento. Treinamentos baseados em cenários provaram ser altamente eficientes, como um curso básico que simula uma emboscada, ensinando o policial a como se livrar dela ou minimizar seus riscos e consequências.

Nós não podemos assumir que dirigir através de uma emboscada significa apenas dirigir para a frente, mas ter que, em alguns casos, dar marcha-ré em alta velocidade enquanto usamos nosso telefone para pedir reforço.

Ao invés do treinamento tradicional que nos ensina a parar o veículo para atender ligações devido a alta probabilidade de acidentes, nós deveríamos treinar para isso em situação de não-estresse e em situações de alto-estresse.

Se os policiais lhe disserem que eles não usam cinto de segurança porque eles estão tentando reduzir os riscos e perigos de uma emboscada, eles precisam ser treinados em como minimizar os riscos de uma emboscada em potencial e esse treinamento deverá enfatizar a importância do cinto de segurança, porque dirigir em alta velocidade buscando se livrar de uma emboscada, e às vezes em marcha-ré, é virtualmente impossível no banco do passageiro.




Sobre o Autor

Major Travis Yates é Comandante no Departamento de Polícia de Tulsa (OK). Seu seminário em Gerenciamento de Riscos e Segurança Policial tem sido ministrado por todo os Estados Unidos e Canada. Major Yates possui Mestrado em Justiça Criminal e é graduado pela Academia Nacional do FBI. Ele é o Diretor de Treinamento na SAFETAC Training e o Diretor do Ten-Four Minister, dedicado a prover apoio prático e espiritual para a comunidade de policiais.

Este artigo foi publicado originalmente por PoliceOne, a principal fonte online de informações para policiais, e foi traduzido e adaptado pelo Força e Honra (www.SejaForcaeHonra.com.br) em parceria e com autorização da equipe editorial do PoliceOne. Visite www.PoliceOne.com para acessar notícias, comentários, informações educativas, e material de treinamento que ajudam policiais a protegerem suas comunidades e se manterem seguros nas ruas.

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

AS POLICIAS NORTE-AMERICANAS



Conheça o sistema de Segurança Pública dos Estados Unidos


George Felipe de Lima Dantas



1.INTRODUÇÃO

É bastante significativo o número de instituições e indivíduos atuando em prol da manutenção da lei e da ordem nos Estados Unidos da América (EUA). Em todos os níveis de organização política norte-americana (município, condado, estado e federação), existem organizações de natureza policial, afora os departamentos autônomos e que atuam em áreas específicas da segurança pública (conjuntos residenciais, ferrovias, sistemas metropolitanos, aeroportos, etc…).

Existem nos EUA mais de 17.000 agências policiais, servidas por um contingente de recursos humanos superior a 900 mil indivíduos. A operação total desse "sistema" importa num gasto superior a 44 bilhões de dólares anuais. Nos últimos 20 anos, as despesas com a segurança pública norte-americana, em todos níveis, quadruplicaram.

O fato da segurança pública dos EUA ser provida por múltiplos serviços policiais torna essa atividade extremamente complexa e dispendiosa. Tal modelo difere bastante do praticado em outros países do mundo, em muitos dos quais existe uma única polícia (Dinamarca, Finlândia, Grécia, Japão, Suécia, etc…).

Fora dos EUA muitos acreditam, equivocadamente, que o "Federal Bureau of Investigation" [Bureau Federal de Investigação (FBI)] seja a "polícia única norte-americana". Na verdade, O FBI é apenas uma "agência federal de investigação" com certos poderes policiais e não uma "polícia" propriamente dita.

2. ANTECEDENTES HISTÓRICOS E MODELO ATUAL


Historicamente, o princípio político que dá sustentação à segurança pública norte-americana vem sendo o de "controles locais" (municípios e condados), através do uso formal e informal de mecanismos de prevenção e repressão de desvios de conduta.

A origem do modelo norte-americano de "controles locais" remonta a "infância" do país, época em que a nação norte-americana começou a demonstrar sua peculiar "idiossincrasia" em relação a instituições públicas federais de grande porte e poder centralizador (peculiaridade essa refletida no próprio texto constitucional).

Existem nos EUA 1.600 agências policiais federais e autônomas, 12.300 departamentos de polícia municipal e de condado e 3.100 xerifados.

Os xerifados são um tipo específico de polícia de condado ou município, via de regra prestando serviços de apoio direto ao judiciário local (seus prepostos executam tarefas semelhantes às dos "oficiais de justiça" brasileiros), compartilhando o restante de suas atribuições policiais com as polícias do município e/ou do condado respectivo.

3. AS POLÍCIAS LOCAIS


3.1. Introdução


As polícias locais, aí incluídas as organizações municipais, de condado e xerifados, são a "espinha dorsal" do sistema de segurança pública dos EUA (mais de 15.400 organizações). No entendimento do cidadão comum norte-americano, a expressão "polícia" está identificada com a organização policial que serve o seu município ou condado de residência.

Existem mais polícias locais de pequeno porte (efetivo variando de um até 100 policiais) do que de grande estrutura e efetivo (caso de cidades como Nova Iorque, Houston, Los Angeles,etc…). A maioria absoluta dos departamentos locais de polícia (91% do total deles) possui menos de 50 policiais e 90% dessas instituições servem comunidades de população inferior a 25.000 habitantes.

Em grandes municípios e condados, os efetivos policiais podem variar de 100 até vários milhares de agentes, caso de "polícias grandes" como as de Nova Iorque (36.650 policiais), Chicago (13.282), Filadélfia (6.400) e Houston (5.000).

As polícias locais são o "ponto focal" para aqueles que buscam compreender os diferentes aspectos da organização e operação policial norte-americana. Nos departamentos locais (municipais e de condado) estão visíveis os problemas clássicos da segurança pública dos EUA, materializados em questões com as quais a maioria das polícias norte-americanas, independente do seu tamanho, terão de lidar em maior ou menor grau de intensidade.

Entre os principais problemas enfrentados pelos departamentos de polícia, três grandes áreas temáticas concentram a maioria deles: administração, operações e questões político-sociais.

Entre os problemas administrativos, sobressaem as questões relativas a orçamento e despesa.

Na área de operações é notório o empenho geral das polícias norte-americanas no sentido de realizar um controle efetivo da criminalidade, visando com isso preservar a "qualidade de vida" da população. Isso induz as organizações policiais a engajar num processo permanente de criação e implementação de novos programas de policiamento, buscando assim dar resposta às inovações no modus operandi da delinqüência e atualizar-se em relação ao próprio processo evolutivo da sociedade.

Na área político-social, os departamentos de polícia norte-americanos enfrentam variadas situações de alto impacto na segurança pública: mudanças no perfil demográfico, mendicância ativa e agressiva, desemprego, tráfico e uso de drogas, alcoolismo, abuso de menores e violência familiar, entre outros fenômenos da contemporaneidade, com implicações diretas na segurança pública e defesa social.

Os departamentos sediados em zonas rurais lidam com fenômenos diferenciados da delinqüência norte-americana. A exemplo, enquanto nas grandes metrópoles dos EUA vem ocorrendo uma verdadeira "epidemia de uso de crack", nas zonas rurais predominam as anfetaminas como droga ilegal de maior prevalência. Em 1996 foram fechados mais de 300 laboratórios clandestinos de produção de anfetaminas, numa operação conjunta dirigida pela "Drug Enforcement Agency" [Agencia de Combate as Drogas (DEA)] e contando com a participação de pequenas polícias locais dos estados de Missouri, Kansas, Iowa, Nebraska, South Dakota e Illinois. No mesmo período, entretanto, não foi localizada nenhuma instalação desse tipo na megalópole nova-iorquina.

Como no Brasil, é através do telefone de emergência da polícia que a cidadania norte-americana busca todo tipo de socorro. O "190 gringo", "911", é usado muitas vezes para questões emergenciais da área de competência de outros órgãos. Independente disso, as polícias acionadas terminam tendo que buscar solução para todo tipo de problema trazido ao seu conhecimento através do serviço telefônico de atendimento de emergências.

3.2. Formação Profissional e Condições de Trabalho

Em muitos departamentos de polícia norte-americanos, diferente do Brasil, o acesso à carreira policial está restrito aos residentes daquela unidade política respectiva. Como regra geral, a maioria das polícias municipais e de condado exigem que o futuro policial já venha residindo naquele local por algum tempo, e portanto conheça a área de jurisdição onde irá atuar. Tal princípio administrativo, transgredido nas polícias estaduais, é mais estritamente observado em pequenos municípios e condados, levando em conta, também, a intenção de preservar o mercado de trabalho para os residentes locais.

O salário médio mensal de um policial local varia de US$ 1.600,00 a US$1.800,00. Quase todos os departamentos exigem como nível mínimo de escolaridade o segundo grau completo e, em alguns deles, educação parcial de nível superior (mínimo de 60 créditos) ou mesmo completa. A carga horária média de treinamento do policial local de nível inicial é de 640 horas/aula (16 semanas ou aproximadamente 4 meses em tempo integral).

Na visão norte-americana, a qualidade dos recursos humanos da área policial deve ser tal que o profissional possa executar com efetividade todas as "tarefas gerais" do policiamento ostensivo. A especificidade do serviço, dentro desse entendimento, exige que o candidato a policial possua boa capacidade de comunicação, conhecimento técnico na área de justiça criminal, compreensão em relação ao próximo e forte dose de maturidade.

Existem descrições bastante detalhadas das tarefas ocupacionais do policial local. Elas constam dos "dicionários de atividades ocupacionais" regularmente publicados pelo poder público. As próprias polícias locais possuem descrições exaustivas das tarefas ocupacionais, elaboradas através das "POST Comissions" [Police Officer Standards and Training (Comissões de Padronização e de Treinamento Policial)]. Todos os processos de avaliação institucional e individual começam pela identificação e descrição pormenorizada das tarefas ocupacionais de cada posto ou função policial.

A pistola 9 mm, pela freqüência com que é utilizada, pode ser considerada atualmente como a arma básica do policial norte-americano. É crescente a tendência ao uso obrigatório do colete à prova de bala.

3.3. Emprego do Efetivo Policial

Os efetivos das polícias locais norte-americanas, diferente do Brasil, refletem de maneira bastante mais real o número de policiais empenhados na "atividade fim." Isso tem impacto maior ainda, se for considerado que as "guarnições" policiais nos EUA raramente estão constituídas por mais de dois elementos (caso da "perigosa" Nova Iorque). Aos norte-americanos parece anacrônico e antieconômico privilegiar a quantidade de policiais, em detrimento da qualidade do recurso humano e do equipamento utilizado.

3.4. Estrutura e Organização


Mais de 3 mil unidades políticas locais dos EUA são policiadas por um departamento local de polícia e/ou um "xerifado". A expressão "xerife" ("sheriff") deriva da aglutinação das palavras inglesas "shire" e "reeve", "shire" sendo um tipo unidade política britânica e "reeve" o representante da coroa no local. Os "xerifes" norte-americanos são eleitos pelo voto popular da comunidade. Os policiais que trabalham nos xerifados são chamados de "deputy-sheriffs" (sub-xerifes), atuando como prepostos legais do xerife perante a comunidade.

O papel original do xerife era apoiar os juizes britânicos na administração das atividades judiciais da colônia, bem como fazer cumprir as penas determinadas por aquelas autoridades. Durante a ocupação do oeste norte-americano, e até o estabelecimento dos executivos municipais, competia ao xerife executar a maioria das tarefas daquele Poder, algumas vezes com jurisdição sobre enormes extensões geográficas.

Na atualidade, é variável o número de áreas de atuação do xerifado, podendo atuar predominantemente numa determinada área de atividade ou combinação delas (em coordenação com a polícia municipal e/ou a polícia do condado e/ou a policia estadual). As áreas de atuação referidas incluem os seguintes temas da atividade policial: perícia, orientação e cobrança de impostos, carceragem municipal, tarefas técnico-burocráticas de polícia judiciária (realizando, inclusive, atividades correspondentes às executadas pelos "oficiais de justiça" no Brasil), bem como o policiamento ostensivo propriamente dito (patrulhamento geral).

Via de regra, toda estrutura organizacional de um departamento de polícia está dividida em três (nas polícias pequenas, de até 100 policiais) ou quatro partes (nas polícias grandes, com milhares de agentes).

Nas pequenas polícias, a estrutura organizacional tem e seguinte configuração: (i) operações, (ii) investigações e (iii) comunicações. No caso das organizações ditas "grandes" existe um quarto "braço", a divisão de assuntos administrativos.

Nos grandes departamentos a área de operações está subdividida nas seguintes seções: (i) patrulhamento geral, (ii) patrulhamento de trânsito, (iii) polícia comunitária e (iv) patrulhamento aéreo. A divisão de investigações comporta as seções de (i) homicídios, (ii) roubos e furtos, (iii) narcóticos e (iv) inteligência policial.

A divisão de comunicações engloba seções de (i) despacho de viaturas, (ii) computação e (iii) registros policiais.

O departamento administrativo (quando existe) inclui três seções: (i) pessoal e treinamento, (ii) assuntos internos e (iii) planejamento e desenvolvimento.

Nos departamentos bastante pequenos, toda sua estrutura fica reduzida a três pequenas seções: (i) policiais em patrulhamento, (ii) detetives e (iii) despachantes.

Serviços administrativos tais como saúde e manutenção de material (viaturas, inclusive), via de regra estão terceirizados. As estruturas administrativas rotineiramente são ocupadas por civis, funcionários efetivos dos departamentos. O departamento de polícia da cidade de Nova Iorque (NYPD) por exemplo, conta com mais de 36 mil policiais e 9 mil funcionários civis (relação de 4 para 1).

No Departamento de Policia de "Dade County" (Condado de Dade), cidade de Miami, pode-se observar que todo o serviço de "despacho de viaturas" e atendimento telefônico de emergência é realizado por funcionários civis. É intenso o uso de "tecnologias de ponta" nesta área de atividade. As viaturas, após despachadas, passam a estar sob a responsabilidade exclusiva do patrulheiro chefe da guarnição (se não for ele mesmo o único membro dela...).

Em lugar da aplicação do princípio tático da "massa" em relação ao efetivo por viatura (como geralmente é praticado no Brasil), os departamentos norte-americanos aplicam o princípio da "massa/manobra" em relação ao número de patrulheiros/viaturas. Isso acontece através do uso de múltiplas viaturas (massa de equipamento), guarnecidas com um único patrulheiro cada, sendo deslocadas de várias direções em locais próximos (manobra). Terminada a necessidade de reforço tático, por uma necessidade específica e eventual, todas as viaturas que foram empenhadas retornam ao patrulhamento normal na área de articulação que lhes cabe individualmente.

Considerando o efetivo total das polícias locais norte-americanas, a maior parte dele está distribuído em regiões de pouco densidade populacional (muitas polícias de pequeno efetivo…).

Uma outra parte do efetivo total de policiais norte-americanos (poucas polícias, mas de grande efetivo institucional), serve regiões urbanas de alta densidade populacional, nas chamadas áreas metropolitanas. É nessas regiões que estão localizados os maiores departamentos de polícia dos EUA: Nova Iorque (Estado de Nova Iorque), Los Angeles (Califórnia), Chicago (Illinois), Houston (Texas), Filadélfia (Pensilvânia) e Detroit (Michigan).

Em dois dos estados onde estão “polícias grandes”, Nova Iorque e Texas, coincidentemente também estão localizadas as instituições de ensino superior de maior prestígio na área policial, o "John Jay College of Criminal Justice" da "City University of New York" (bacharelado, mestrado e doutorado em justiça criminal) e o "College of Criminal Justice" da "Sam Houston State University" (bacharelado, mestrado e doutorado). Nos EUA existe um total de 61 grandes universidades oferecendo cursos na área de justiça criminal.

Os seis maiores departamentos metropolitanos de polícia norte-americanos são extremamente demandados, face a desproporção entre o percentual da população geral do pais concentrada nessas áreas--7%, e o respectivo índice nacional de ocorrência de crimes violentos--23%. Nesse índice geral estão "embutidos" 22% de todos os homicídios e 34% de todas as ocorrências nacionais de roubos e furtos.

Várias polícias metropolitanas atuam em suas áreas de jurisdição concorrentemente com outras organizações policiais. Na cidade de Nova Iorque, por exemplo, durante a abertura dos trabalhos da Secretaria Geral da Organizações das Nações Unidas (ONU), é possível observar, atuando conjuntamente no centro de operações do departamento local (NYPD): NYPD, Serviço Secreto dos EUA, FBI, Departamento de Segurança das Nações Unidas, Polícia Estadual de Nova Iorque e Polícia de Parques.

Um outro dado interessante acerca da atuação de várias instituições policiais norte-americanas na mesma área física de jurisdição é a existência de 25 delas na área metropolitana de Washington, D.C.

4. AS POLÍCIAS ESTADUAIS

4.1. Introdução

49 dos 50 estados norte-americanos possuem departamentos de polícia estadual. Dempsey (1999) observa que apenas o Havaí não possui uma polícia estadual, o que pode surpreender os fãs da série de televisão Hawai 5-0, baseada numa polícia estadual havaiana inteiramente fictícia.

As polícias estaduais têm sua origem histórica na necessidade de manutenção da lei e da ordem em localidades surgidas durante a fase mais recente de expansão urbana do país (final do Século XIX). Desse fenômeno resultou um aumento geral nos índices nacionais de criminalidade. A malha rodoviária, estabelecida a partir do início deste século, foi seguida de uma universalização do uso do automóvel. Isso acelerou ainda mais o fenômeno da rápida urbanização norte-americana, na medida em que o automóvel tornou possível um aumento significativo da mobilidade da população.

A criação das organizações policiais estaduais também foi inspirada na tentativa de desvincular a segurança pública da política local dos municípios e condados, o que muitos acreditam resultar em corrupção e falta de efetividade operacional das organizações policiais locais.

4.2. Formação Profissional e Condições de Trabalho

O salário médio mensal de um policial estadual é de cerca de US$ 1.900,00. Aproximadamente 18% dos departamentos estaduais exigem escolaridade mínima de nível superior para admissão no nível inicial da carreira. A carga horária média de treinamento do policial estadual de nível inicial é de 1.000 horas/aula (25 semanas ou aproximadamente 6 meses em regime de tempo integral).

Tal como nas polícias locais, a arma básica do policial estadual é a pistola 9mm. O colete à prova de balas é obrigatório em 12% desses departamentos.

4.3. Emprego do Efetivo Policial

O policial estadual é um "generalista" que faz o policiamento de manutenção da ordem pública (policiamento ostensivo) de "ciclo completo" em toda área de jurisdição do Estado. A polícia estadual coordena sua atuação com as polícias locais, de maneira a complementar as atividades de segurança pública dos municípios e condados, sempre que os recursos locais não sejam suficientes.

As polícias estaduais fazem o patrulhamento das rodovias estaduais, executam atividades de policiamento ostensivo geral em pequenas localidades e funcionam também como polícia judiciária de jurisdição exclusiva nos delitos tipificados na legislação penal estadual. Executam várias atividades em prol das polícias municipais, de condados e xerifados, inclusive apoiando-as nas áreas de formação e treinamento (através das academias estaduais) e serviços de perícia criminal e identificação (laboratórios centrais das policiais estaduais).

4.4. Estrutura e Organização

Algumas polícias estaduais seguem um "modelo organizacional descentralizado", estando constituídas por duas divisões claramente distintas: uma de policiamento ostensivo geral e/ou patrulhamento rodoviário e outra funcionando como "Bureau Estadual de Investigação" (à semelhança do FBI).

No sistema de segurança pública estadual existem as seguintes funções (inclusive constituindo carreiras próprias): (i) policial estadual, (ii) policial rodoviário, (iii) policial escolar (restrito às instituições de ensino superior), (iv) policial ambiental e (v) policial de parques.

5. AS POLÍCIAS FEDERAIS

A constituição norte-americana não estabelece nenhuma polícia nacional, muito embora dê poderes ao governo central para exercer o poder de polícia em relação a determinados delitos. De acordo com a tradição política dos EUA, compete constitucionalmente aos estados realizar a maior parte das atividades de policiamento. Os estados, por sua vez, transferem às comunidades locais (condados e municípios) boa parte do poder de fiscalização policial, o qual termina por ser efetivamente exercido pelas chamadas "polícias locais".

A atividade policial do governo federal aumentou bastante no passado recente, na medida em que cresceu o número de delitos criminais tipificados em legislação federal. Dados atuais dão conta da existência de 75 mil indivíduos empregados nas diferentes agências policiais federais. Só em 1998, 19,3 bilhões de dólares foram alocados nessa área, parte do esforço atual do governo central em expandir a qualidade e quantidade dos recursos policiais, no sentido de conter delitos de natureza federal, especificamente, tráfico de drogas, terrorismo e imigração ilegal.

Vários departamentos do governo federal norte-americano (equivalentes aos ministérios brasileiros) possuem agências policiais, a saber: justiça, tesouro, interior, defesa, administração e transportes.

5.1. Departamento de Justiça

A autoridade máxima deste órgão é o "U.S. Attorney General", a quem compete as seguintes funções básicas: promotoria federal de delitos previstos na legislação da União, representação dos interesses do Executivo diante do Judiciário e conduzir investigações através de seus serviços policiais próprios (FBI, DEA, U.S. Marshalls,etc…). O departamento possui diferentes divisões para cada área de interesse específico: direitos civis, tributação e delitos comuns.

A divisão de direitos civis atua em casos envolvendo a violação de direitos civis previstos na legislação federal, incluindo questões relativas a discriminação quanto a moradia, educação e trabalho, raça, religião, origem étnica ou preferência sexual. A divisão criminal trata de casos relativos a assaltos à banco, seqüestro, fraude postal, transporte interestadual de veículos furtados e tráfico de drogas.

O Departamento de Justiça possui uma área específica de pesquisa, o Instituto Nacional de Justiça. O Instituto possui serviços básicos de referência na área de justiça criminal, com subdivisões para justiça e prevenção da delinqüência juvenil, estatística judiciária, assistência judiciária e vitimização.

O Departamento de Justiça detém o controle administrativo das seguintes organizações policiais federais: "Federal Bureau of Investigation" (FBI), U.S. Marshalls (USM), "Drug Enforcement Administration" (DEA) e "Immigration and Naturalization Service" (INS).

5.1.1. O "Federal Bureau of Investigation" (FBI)

O FBI é a maior e mais famosa das agências policiais norte-americanas da área federal, tendo sido criado pelo presidente Theodore Roosevelt em 1908. Compete ao FBI fazer valer a legislação federal, exclusive em matérias da competência de outros departamentos do governo federal. Ele possui mais de 9 mil agentes especiais e 11 mil funcionários civis nas atividades administrativas e de apoio forense, distribuídos entre a sede da organização, em Washington D.C. e os escritórios regionais localizados em outras grandes cidades norte-americanas. O diretor da organização é escolhido pelo presidente da república, estando sujeita sua confirmação pelo senado federal.

A formação do agente especial é realizada na academia nacional do FBI, localizada em Quântico, Virgínia. É necessário formação de nível superior em direito ou contabilidade para admissão como "agente especial". O Brasil recebe vagas para treinamento de agentes federais em Quântico.

Entre as atividades de rotina do FBI estão incluídas as investigações acerca do crime organizado, corrupção, pornografia, assaltos a banco e crimes do colarinho branco, incluindo falsificações e fraudes comerciais envolvendo ativos financeiros.

Afora as atividades de investigação, que por sua natureza sejam de atribuição federal, a organização também dá suporte às polícias estaduais e locais. O FBI presta importantes serviços ao restante da comunidade policial norte-americana nas áreas de identificação, criminalística e informações sobre criminalidade nacional.

5.1.2. A "Drug Enforcement Administration" (DEA)

A Administração de Fiscalização de Drogas (DEA), hoje pertencente ao "Justice Department", até 1973 fazia parte do Departamento do Tesouro ["Bureau of Narcotics" (Bureau de Narcóticos)]. Entre suas atribuições estão incluídas a interceptação do tráfico de drogas, operações de vigilância com essa finalidade, bem como a infiltração de seus agentes nas organizações envolvidas. Adicionalmente, a DEA mantém registros de indústrias e fornecedores de substâncias controladas e precursoras, atuando também como instituição focal do programa nacional de erradicação da cannabis sativa.

5.1.3. O "U.S. Marshals" (USM)

A expressão "marshall" corresponde à figura do funcionário administrativo de um distrito judiciário federal norte-americano, ao qual competem tarefas similares às do xerife no nível local. Os funcionários do USM têm a responsabilidade básica de transportar presos federais entre as várias organizações penitenciárias norte-americanas, bem como prover a segurança de instalações do judiciário federal (existem 94 distritos judiciários federais, com um “marshall” e seus vários auxiliares lotados em cada um deles). Adicionalmente, também é da esfera de competência do marshall a proteção de indivíduos que prestam testemunho em tribunais federais, prisão de fugitivos federais, cumprimento de mandados de prisão expedidos por tribunais federais e apreensão de bens e propriedades resultantes de atividades ilegais tipificadas na legislação federal. Os 94 marshalls são nomeados pelo presidente da república, sujeita sua nomeação à confirmação pelo senado federal.

Um dado interessante da realidade atual é a participação do USM nas investigações recentemente reabertas acerca da correção das ações tomadas pelo FBI durante a crise em Waco, Texas, da qual resultaram mais de 80 mortos pertencentes à seita dos "dravidianos". Uma organização polícia federal investigando outra, ambas sob a autoridade do mesmo Departamento de Justiça…

5.1.4. O "Immigration and Naturalization Service" (INS)

Compete ao Serviço de Imigração e Naturalização (INS) as atividades de policiamento ostensivo das fronteiras terrestres, utilizando para tanto sua "Border Patrol" (Patrulha de Fronteira). Sua responsabilidade básica é impedir a entrada de imigrantes ilegais nos EUA. Para tanto, o INS investiga quadrilhas operando com essa finalidade, principalmente na fronteira dos EUA com o México. Também compete ao INS as atividades administrativas relacionadas à concessão de vistos permanentes e cidadania norte-americana.

5.2. U.S. Treasury Department (Departmento do Tesouro)

O Departamento do Tesouro detém o controle administrativo de quatro importantes agências policiais federais norte-americanas: o "Bureau of Alcohol, Tobacco, and Fire Arms (ATF) (Bureau de Álcool, Tabaco e Armas de Fogo), o "Internal Revenue Service" (IRS) (Serviço de Rendas Internas), o "U.S. Customs Service" (USCS) (Serviço Aduaneiro dos EUA) e o "U.S. Secret Service" (SS) (Serviço Secreto dos EUA).

5.2.1. "Bureau of Alcohol, Tobacco, and Fire Arms (ATF)

Compete ao Bureau de Álcool, Tabaco e Armas de Fogo (ATF) fazer valer a legislação federal no que tange aqueles produtos. No tocante às armas, compete ao ATF fiscalizar a observância da legislação federal com respeito a manufatura, venda e posse de armas e explosivos. Com respeito às bebidas alcóolicas e tabaco, cabe ao ATF suprimir seu comércio ilegal e evasão fiscal disso resultante.

5.2.2. "Internal Revenue Service" (IRS)

O Serviço de Rendas Internas dos EUA corresponde à "Receita Federal" do Brasil e tem seu "braço policial" na "Criminal Investigation Division" [Divisão de Investigações Criminais CID)]. Cabe à CID as atividades de investigação de fraudes fiscais, inclusive omissões nas declarações de renda e de bens. A organização participa ativamente das atividades policiais federais articuladas contra o tráfico de drogas e demais manifestações do crime organizado, atuando especificamente no que diz respeito aos ganhos financeiros com atividades criminosas.

5.2.3. O "U.S. Customs Service" (USCS)

Os agentes do Serviço Aduaneiro dos EUA (USCS) realizam inspeções e coletam impostos de importação nos mais de trezentos portos de entrada em território norte-americano. Paralelamente, os agentes do USCS interceptam e apreendem drogas, mercadorias falsificadas e contrabandeadas por viajantes internacionais. De capital importância é a missão específica do USCS de impedir a saída do país de materiais relacionados às tecnologias estratégicas. Ele também é o depositário legal dos meios de transporte (barcos, aviões e veículos em geral) apreendidos por terem sido utilizados para o transporte ilegal de drogas para os EUA.

5.2.4. O "U.S. Secret Service" (USSS)

Ainda que existam vários "serviços de natureza secreta", em diversos níveis do governo federal norte-americano, apenas um tem esse nome como título institucional. Cabe ao USSS a segurança pessoal do presidente da república, vice-presidente, outros membros do governo federal, dignitários estrangeiros em visita ao país, bem como ex-presidentes, presidentes eleitos ainda não empossados e respectivas famílias. O USSS, de maneira bastante peculiar, tem uma "Divisão Uniformizada", a qual realiza atividades de policiamento ostensivo fardado na "Casa Branca" e representações diplomáticas estrangeiras com sede na capital norte-americana.

Dada a sua subordinação direta ao Departamento do Tesouro (desde 1865), as atribuições mais antigas do USSS dizem respeito à manutenção da integridade do estoque de papel moeda (inclusive repressão de falsificações) e dos outros produtos do equivalente à "casa da moeda dos EUA", aí incluídos títulos do tesouro, selos, moedas, etc…

5.3. O "Department of Interior" (DI)

O Departamento do Interior (DI) tem responsabilidades de natureza policial nas áreas territoriais de jurisdição da União, contando para isso com o "Fish and Wildlife Service" (Serviço de Peixes e Vida Silvestre) e o "National Park Service" (Serviço Nacional de Parques). O primeiro deles tem uma finalidade mais restrita, basicamente investigando e reprimindo o comércio ilegal das espécies protegidas que habitam as áreas silvestres da União. Já os agentes policiais do Serviço Nacional de Parques (popularmente conhecidos como "Rangers"), fazem todas as atividades de policiamento ostensivo fardado nos parques federais, incluindo policiamento de trânsito, controle de incêndios e operações de busca e salvamento. Os “rangers” cobrem uma área física total de 12 milhões de hectares, espalhada por todo o território norte-americano.

5.4. O "Department of Defense" (DoD)


Cada uma das Forças Armadas norte-americanas [pertencentes ao Departamento de Defesa (DoD)] tem sua própria agência policial militar, organizada à semelhança de suas homologas civis, mas com a finalidade exclusiva de realizar o policiamento ostensivo de instalações militares, procedendo as investigações criminais correspondentes. O Exército possui sua "Criminal Investigation Division" (Divisão de Investigação Criminal), os Fuzileiros Navais e a Marinha o "Naval Criminal investigative Service" (Serviço Naval de Investigações Criminais) e a Força Aérea o "U.S. Air Force Office of Special Investigations" (Escritório de Investigações Especiais da Força Aérea dos Estados Unidos).

5.5. O "General Services Administration" (GSA)


A Administração de Serviços Gerais (GSA) é a agência de governo que trata do gerenciamento dos bens imóveis do governo federal e da aquisição e distribuição de suprimentos para seu funcionamento. Ela possui agentes federais de vigilância que realizam atividades de patrulhamento e policiamento dos imóveis e demais instalações do governo federal.

5.6. O "U.S. Postal Service" (USPS)

A Divisão de Inspeção Postal (PID) do Serviço Postal dos Estados Unidos (USPS) é uma das agências policiais mais antigas do governo federal, tendo sido criada em 1836. Seus agentes investigam ilícitos cometidos contra o USPS, incluindo aqueles ocorridos em suas instalações físicas e/ou envolvendo funcionários no exercício da atividade profissional. Suas atribuições incluem investigar e reprimir o uso dos correios para o transporte ilícito de explosivos, drogas e armas de fogo.

5.7. O "Department of Transportation" (DT)

O Departamento de Transportes (DT) tem sua polícia na "U.S. Coast Guard" [Guarda Costeira dos EUA USCG)]. A Guarda Costeira está subordinada administrativamente ao DT e compete a ela as atividades de policiamento ostensivo na região da costa norte-americana, inclusive patrulhamento marítimo, fluvial e lacustre das águas territoriais do país. Ela tem um papel importantíssimo na "guerra contra as drogas", realizando buscas e apreensões em embarcações.

Também de capital importância é a participação da USCG em operações de busca e salvamento, fiscalização das normas de segurança marítima e repressão da poluição e pesca predatória ilegais.

6. CONCLUSÃO

Uma visão geral da estrutura nacional de segurança pública dos EUA, tanto em suas partes quanto no todo sistêmico, produz fortes impressões no observador brasileiro. Tais impressões se tornam ainda mais marcantes para aqueles que conhecem o estado atual da segurança pública no Brasil, país onde nos últimos anos o poder público fez todo tipo de "malabarismo conjuntural" na área da lei e da ordem, mas preservou a feição estrutural dos organismos policiais, a despeito de sua efetividade historicamente questionável. A visão do modelo norte-americano serve o propósito de ampliar e aprofundar o questionamento da estrutura e funcionamento dos órgãos policiais brasileiros.

Vários são os aspectos marcantes para aquele que contempla a estrutura e funcionamento dos organismos policiais norte-americanos com uma visão crítica voltada para o modelo brasileiro: a formulação da política de segurança pública norte-americana em seus fundamentos jurídico-constitucionais, a inserção e funcionamento de suas polícias nas diversas unidades políticas e áreas temáticas de aplicação, a definição precisa dos "espaços institucionais" e modus operandi das diferentes organizações policiais existentes, a ênfase na qualidade dos recursos humanos utilizados e, por último, nas próprias condições de execução do serviço policial nos EUA.

A política de segurança pública norte-americana está fundamentada em postulados jurídico-constitucionais que fazem com que a federação de fato funcione plenamente em sua expressão minimalista -- a comunidade local. O corolário disso é a existência de bem poucas áreas de jurisdição criminal da União, algumas de competência da unidade federativa estadual e milhares do âmbito local. Esse "modelo federativo" refletido na segurança pública, é replicado nacionalmente pelos sistemas locais de manutenção da lei e da ordem, extremamente solidários e efetivos na relação judiciário, promotoria pública, polícia e comunidade. A eleição das autoridades judiciárias e policiais locais pelo voto popular serve para revigorar ainda mais a legitimidade desse sistema.

O permanente contencioso interinstitucional que ocorre no Brasil (em detrimento da Nação) entre as polícias ostensivas de manutenção da ordem pública (polícias militares) e as polícias judiciárias (polícias civis estaduais) não existe nos EUA. Todas as polícias norte-americanas fazem o chamado "ciclo completo". As forças armadas estão vinculadas às guardas nacionais de cada estado, e não às polícias, com tal poder cedido a militares apenas quando é grave a perturbação da ordem ou sua ameaça.

Nos EUA também não existe estabelecida uma relação de pertinência exclusiva entre a carreira policial e uma necessária formação acadêmica em direito. A especificidade conceitual do serviço policial está lastrada no referencial teórico da "justiça criminal", com os 50 estados norte-americanos possuindo cursos de nível superior nessa área (curta duração, bacharelado, mestrado e doutorado). Tais currículos combinam fundamentação jurídica, disciplinas específicas, matérias tecnológicas e das ciências sociais (incluindo computação, psicologia, antropologia e sociologia), produzindo profissionais de formação acadêmica peculiar para as atividades operacionais, de gerenciamento, política de segurança pública e ensino e pesquisa.

Nas instituições policiais o desenvolvimento dos recursos humanos se atêm às atividades de treinamento (com cargas horárias similares às praticadas no Brasil) e não às de ensino (domínio da "academia" da sociedade civil). Com "feição própria" e livre da influência do setores militar e do estamento de profissionais do direito (que possuem sua própria "agenda corporativa"…), o universo policial norte-americano produz profissionais e conhecimento técnico com a legitimidade necessária para dar suporte à formulação e implementação de políticas democráticas e efetivas na área de Segurança pública.

A eficiência institucional é uma tônica da segurança pública norte-americana. Milhares de departamentos municipais e de condado, com efetivos inferiores a três dígitos, buscam maximizar a eficiência institucional dando primazia à qualidade (recursos humanos e aplicação técnica) em detrimento de aspectos quantitativos (número de agentes). A formulação tática básica da projeção da força policial é "um único policial por viatura"/"grande número de viaturas em patrulhamento".

Uma outra evidência forte da busca da eficiência como objetivo maior, é a atual tendência ao recrutamento de indivíduos com escolaridade de nível superior, preferencialmente portadores de titulação em justiça criminal. O tradicional pré-requisito de residência prévia no município ou condado de jurisdição do departamento policial (evidência de um conhecimento aprofundado acerca da área de atuação) também contribui para isso. É universal o uso intensivo de tecnologias de ponta nos aspectos técnicos da atividade (comunicações e automação de registros policiais), bem como a utilização de armamentos e equipamentos compatíveis com a realidade atual (pistola 9 mm e colete). Um outro dado importante, relativo à eficiência institucional na atividade fim, é a concentração dos policiais nas questões essencialmente operacionais, com participação e valorização da presença de técnicos civis (muitas vezes 20% do total de pessoal) em importantes áreas de apoio.

A missão institucional de cada uma das policias norte-americanas está precisamente definida. Às organizações policiais federais compete prevenir e reprimir atividades criminais de articulação e ocorrência tipicamente em nível nacional (crime organizado, contrabando, descaminho, etc.), ou cuja natureza tenha impacto no país como um todo (tráfico de drogas, terrorismo, etc.). Vis-à-vis o modelo norte-americano, certamente que no Brasil o Ministério do Interior teria uma instituição policial com jurisdição sobre a imensa Amazônia, o Ministério dos Transportes possuiria uma guarda costeira patrulhando nossos milhares de quilômetros de águas territoriais e o Ministério da Justiça uma polícia federal de jurisdição específica no combate à epidemia de drogas que atualmente assola o país.

As organizações policiais estaduais preenchem as áreas de transição entre os diferentes condados e municípios (principalmente nas rodovias) e exercem o policiamento ostensivo de rotina, suplementarmente às organizações locais, sempre que os recursos destas últimas não são suficientes.

Ao contrário do Brasil, as instalações físicas das polícias norte-americanas são "invisíveis" em termos práticos (não existem "quartéis") e a presença policial está materializada na figura do patrulheiro/veículo de acionamento virtual (911). É dentro desse quadro extremamente distinto da estrutura e funcionamento dos órgãos de segurança pública norte-americanos e brasileiros que soam falsas e demagógicas as iniciativas "conjunturais" praticadas no Brasil de copiar programas como o "Tolerância Zero" do NYPD, desde que, absolutamente, não estão postas no Brasil as mesmas condições "estruturais" verificadas nos EUA.

É emblemática a situação da existência do "Secret Service" fazendo a segurança e patrulhamento ostensivo do interesse da segurança do presidente da república dos EUA, enquanto exercendo funções correspondentes no Brasil existem militares de carreira das Forças Armadas. Talvez isso ocorra no Brasil numa tentativa de valorizar tal função pela importância política histórica da organização de origem de quem a desempenha, e não pelo conhecimento e experiência específicos do executante. Afinal, no Brasil a segurança pública não é tida como uma atividade técnico-profissional própria.

Em suas instâncias de formulação de políticas públicas, chefia, comando e direção, usualmente são empregados leigos, não-policiais. Os verdadeiros profissionais, asfixiados por diferentes estamentos corporativistas, não têm a estrutura e função institucional de suas organizações devidamente legitimadas pelos paradigmas do conhecimento e da experiência. Até onde esse posicionamento do Estado brasileiro é da conveniência da Nação, é tema ainda por ser devidamente explorado.


http://www.dpi.policiacivil.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=2335

terça-feira, 12 de setembro de 2017

POLÍCIAS DO RS PEDEM SOCORRO



ZERO HORA 12 de Setembro de 2017


CRIS LOPES VITOR ROSA


SEGURANÇA. Polícias pedem auxílio após onda de homicídios 


JOVEM SEQUESTRADO é a nona vítima executada a tiros em Gravataí em três dias. Outras nove pessoas sobreviveram após serem baleadas em ataques. A localização do corpo de Airton Pereira de Andrade, 23 anos, na madrugada de ontem, marcou a nona execução em Gravataí desde as 21h de sexta-feira. Outras nove pessoas sobreviveram aos ferimentos de tiros. Conforme a Brigada Militar (BM), Andrade foi sequestrado por bandidos e levado até a Estrada Municipal, atrás de um condomínio de luxo no bairro Neópolis, onde foi morto com dois tiros.

Os criminosos agiram de forma brutal. De acordo com a BM, a vítima estava com as mãos amarradas, apresentava sinais de tortura, e foi empurrada para um barranco antes de ser atingida pelos tiros de escopeta calibre 12 na cabeça. Segundo o relato de testemunhas à BM, os criminosos estavam em dois carros. Um Clio, usado para levar a vítima até o local e para a fuga instantes depois, e um Doblô, que foi abandonado na cena do crime. Uma perícia deve ser realizada para verificar vestígios do crime. Também na madrugada de ontem, outro ataque alertou policiais no município. Três pessoas que chegavam em casa na Rua Nestor Jardim, na altura da parada 68, foram atacadas por criminosos que se aproximaram em um Corsa. Segundo a BM, dois homens e uma mulher foram baleados - um deles ficou internado no Hospital Dom João Becker.

JÁ SÃO 120 ASSASSINATOS CONTRA 117 DE TODO O 2016

Sem conseguir conter a explosão da criminalidade, a Polícia Civil e a Brigada Militar de Gravataí solicitaram reforço de agentes aos comandos das corporações. No fim de semana, nove pessoas foram assassinadas. O número de vítimas já chega a 120 em um município de 275 mil habitantes - em 2016, foram 117 no ano todo.

O chefe de Polícia, Emerson Wendt, confirmou que estuda o reforço de agentes na Delegacia de Homicídios de Gravataí. É cogitado até o envio de agentes da Força Nacional de Segurança, que atualmente estão no Departamento de Homicídios de Porto Alegre.

- A necessidade de reforço está clara. A gente não consegue lidar com essa quantidade de delitos com a estrutura de anos atrás - lamenta o delegado Felipe Borba.

O número de policiais civis que será enviado e quando isso ocorrerá ainda não foi definido.

Na Brigada Militar, o pedido de socorro já foi aceito. De acordo com o comandante do 17º Batalhão de Polícia Militar, coronel Vanderlei Padilha, policiais dos pelotões de Operações Especiais dos demais municípios da região serão enviados à cidade.

- Estão chegando hoje (ontem). Atuarão nos pontos mais problemáticos, sem muita ostensividade, e sim com objetivo de efetuar prisões - afirma o oficial.

 

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

ASSOCIAÇÃO DE DELEGADOS CRITICA ATRASO SALARIAL E CAOS PRISIONAL QUE TRANSFORMA POLICIAIS EM CARCEREIROS


Resultado de imagem para CLEITON FREITAS ASSUME associação de delegados e critica caos prisional
ZERO HORA 09 de Agosto de 2017
 

RENATO DORNELLES


SEGURANÇA. Ex-vereador assume associação de delegados e critica caos prisional . CLEITON FREITAS DIZ que terá ainda como bandeira luta por salários em dia




Em meio à crise do sistema penitenciário, que provoca graves reflexos no trabalho das forças de segurança pública, e ao sucessivo parcelamento dos salários dos servidores, uma nova diretoria assume a Associação dos Delegados de Polícia do Estado (Asdep) na próxima segunda-feira. À frente, está o ex-vereador de Porto Alegre delegado Cleiton Freitas, 25 anos de profissão.

? A Polícia Civil está sendo tratada de forma muito desrespeitosa. Delegacias lotadas de presos são uma bomba anunciada, prestes a explodir ? afirma o futuro presidente da entidade, ao comentar o problema que atinge as carceragens das Delegacias de Polícia de Pronto Atendimento (DPPAs) da Região Metropolitana.

Freitas lembra que há dois anos o Rio Grande do Sul se orgulhava de ser um dos poucos Estados a não manter presos nessas condições. Constantes interdições da Cadeia Pública, conhecida como Presídio Central, devido à superlotação, alteraram essa realidade.

ESPAÇO NA DEFINIÇÃO DE POLÍTICAS DE GOVERNO

? Foi um verdadeiro retrocesso pelo qual passamos. Há pouco tempo, tínhamos algumas celas usadas como depósitos. Elas não têm condições de abrigar presos por mais de 24 horas ? diz Freitas.

Diante desse e de outros problemas que atingem a polícia, o delegado tem entre suas metas fazer com que a Asdep seja ouvida para ações da segurança pública:

? Precisamos ter voz nesse processo, como especialistas de fato e de direito que somos nessa área.

Entre as bandeiras diretamente relacionadas à categoria, Freitas aponta a luta contra o parcelamento de salários como um dos principais focos de sua gestão.

? Estamos perdendo direitos e os servidores vêm enfrentando muitos transtornos ? reclama.

Cleiton é o 19º presidente da Asdep, e o primeiro negro a ocupar o cargo. Assume na sucessão da primeira mulher a liderar a entidade, delegada Nadine Anflor. Como vice, ele terá outra mulher, Viviane Viegas, diretora de ensino da Academia de Polícia.

Entre 2013 e 2016, Freitas ocupou cadeira na Câmara de Vereadores da Capital pelo PDT. Em passagens como delegado em Encruzilhada do Sul e Viamão, foi agraciado com o título de cidadão honorário nos dois municípios.


quarta-feira, 2 de agosto de 2017

O MUNDO DAS OCORRÊNCIAS



JORNAL DO COMÉRCIO 28/07/2017
 
 
 
João Gomes Mariante 
 
 
O mundo das ocorrências catastróficas em que vivemos traz-nos a cada dia mais temores e perplexidades. As ocorrências criminais, em qualidade e quantidade, são de tal dimensão que nos levam a pensar que o ser humano excluiu o uso da defesa e que o instinto de conservação pertence apenas aos irracionais. Os episódios criminais de cepa hedionda dominam e paralelamente deslumbram uma civilização arquitetada no ódio e amoldada ao prazer de matar. Mata-se um ser humano como se fora um exemplar amebiano. 
 
Estamos em mãos de ferro, empenhadas em esmagar a esperança de salvaguardar a perenidade da espécie humana. A insegurança revelou-se de tal forma que sugere medidas de emergência, projetos ou decisões urgentes. A temática da violência e do crime, do desrespeito às normas do direito à proteção da cidadania, questiona a contestação de que maneira atuar para solucionar o problema. No entanto, no espaço restrito de um artigo de jornal, não seria possível elaborar tal questionamento. Assim é que também eu vou inserir o que visa atingir especialmente os maus policiais. O plano, que poderá ser convertido em projeto e até em decreto, visa atingir os detestáveis portadores de personalidades psicopáticas, aos alunos da "Faculdade do Crime", incrustada na "Universidade da Delinquência", e aos policiais, pela ação do mecanismo de "Formação Reativa". A Formação Reativa é o que traduz "ipsis litteris" o entrechoque de forças contrárias, que deságuam em condutas opostas, encobridoras de desejos reprimidos. 
 
Como exemplo, um candidato à profissão policial, que encerre tendências incendiárias e, por várias razões, sinta-se impedido de executá-las, sentaria praça no corpo de bombeiros - como recurso, uma inibitória e preventiva execução do propósito doentio de executá-lo. Aí então, a Formação Reativa funcionaria como impedimento. A esses exemplares pertencem os honestos policiais, aqueles que, por meio da sublimação, contornam as fantasias e os propósitos patológicos ao se tornarem úteis à sociedade, prestando seus serviços a obras benemerentes ou mesmo à Polícia, com zelo, honestidade e eficácia. 
 
 
Psicanalista e jornalista

- Jornal do Comércio (http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2017/07/opiniao/576203-o-mundo-das-ocorrencias.html)

quarta-feira, 5 de julho de 2017

ESFORÇO POR MAIS SEGURANÇA

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ZERO HORA 05 de julho de 2017 | N° 18889


OPINIÃO DA RBS



É difícil imaginar como o governo gaúcho, que já não consegue pagar em dia a totalidade dos salários do atual quadro de servidores, vai arcar com os custos das 6,1 mil novas vagas para a área de segurança pública anunciadas ontem. Ainda assim, a decisão sobre o maior concurso das últimas décadas só pode ser vista como um alento para os gaúchos, que clamam pela recuperação do direito de voltar a circular sem medo pelas ruas.

Segurança não depende apenas de policiamento ostensivo, que é parte essencial de qualquer ação contra a criminalidade. E, como a convocação dos novos servidores deve ocorrer só no próximo ano, é preciso que, até lá, sejam colocadas em práticas providências adicionais, incluindo a intensificação de medidas preventivas com ênfase em informação.

Mesmo diante da falta de clareza sobre como será custeado o reforço no quadro funcional, é promissor para a sociedade supor que, até lá, o Piratini já espera contar com dias melhores sob o ponto de vista financeiro. E é positivo que a ênfase na área de segurança pública tenha sido confirmada uma semana depois de a Assembleia aprovar projeto retardando a aposentadoria dos policiais militares. Com a mudança, esses servidores precisarão contar com 25 anos de tempo efetivo de serviço como forma de garantir o direito de passar para a reserva.

A decisão do Piratini de aguardar pela alteração nas regras de aposentadoria dos servidores da Brigada Militar é um indicativo do quanto a adequação do poder público à sua real situação financeira tende a favorecer os contribuintes de maneira geral. No caso, ganham todos os gaúchos, com a perspectiva de mais atenção a uma área hoje em situação crítica, como segurança pública.



COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - 6 MIL VAGAS PARA AS FORÇAS DA SEGURANÇA PÚBLICA. Não há limites para o crime nas leis, na justiça e na punição, como não há barreiras para o crime nas forças de contenção pelo enorme déficit dos efetivos, fruto da irresponsabilidade dos governantes que sucatearam, desvalorizaram, atrasaram salários, discriminaram, fomentaram a evasão, negligenciaram direitos e desviaram de finalidade para privilegiar e atender interesse partidário. Seis mil é importante, mas não é suficiente diante da elevada demanda e continuidade das evasões e desvios, fatores que continuam incapacitando as instituições policiais e de bombeiros. Na BM, o efetivo atual gira em torno de 20 mil para 37 mil o efetivo previsto, que é utópico, já que a necessidade gira em torno de 50 mil policiais para atender com policiamento ostensivo preventivo nas 24 horas do dia, todos os municípios do RS.

SEGURANÇA NO RS. AS DEFICIÊNCIAS DE CADA CORPORAÇÃO




ZERO HORA - 05 de julho de 2017 | N° 18889

REPORTAGEM ESPECIAL - EDUARDO TORRES


As deficiências de cada corporação



Se todos os 6,1 mil aprovados forem chamados no próximo ano, o atual déficit das forças de segurança do RS seria reduzido em nove pontos percentuais. Hoje, o Estado tem metade do considerado ideal. Caso o número de aposentadorias em 2018 repita os 1,5 mil previstos para este ano entre a Polícia Civil, Brigada Militar e Corpo de Bombeiros, o déficit se reduziria de 53,6% para 44,5% – o que representaria os nove pontos. O Estado deveria ter 50.651 agentes de segurança pública, e hoje conta com 23.472. Se seguisse o ritmo atual, em dezembro de 2018, seriam 28.072 agentes da segurança atuando no RS.

Ainda assim, em caso de conclusão do concurso ainda durante este governo, o secretário da Segurança, Cezar Schirmer, cumprirá a meta de zerar as perdas por aposentadorias do período. Nos últimos três anos, foram 5.531 que foram para a reserva. Já ingressaram até hoje, desde o começo do governo Sartori, entre as três corporações, 2.051 agentes. O maior problema de efetivo está na BM. Conforme o departamento administrativo da corporação, o atual efetivo da corporação é de 15,8 mil PMs. Está 57,3% abaixo dos 37.050 considerados necessários por lei no Estado. Neste ano, 1.480 PMs do último concurso, de 2014, foram convocados – os 124 restantes, sendo 49 PMs e 75 bombeiros serão chamados em breve. Assim, não haverá concursado sem ser chamado, garante o Piratini.

A perspectiva, com o anúncio de ontem, é de que outros 4,1 mil soldados sejam incorporados, além de 200 oficiais. O acréscimo de policiais militares graduados, no entanto, não representará necessariamente aumento de agentes na Brigada Militar. No último concurso público, 60% dos candidatos a oficiais eram praças que cursaram Direito e tentavam novos postos.

Já os bombeiros ainda vivem a expectativa de aprovação na Assembleia Legislativa, nos próximos dias, do projeto que regulamentará o seu efetivo separado da Brigada Militar. Atualmente, são 2,6 mil bombeiros no Estado. Um déficit de 36,6% em relação aos 4.101 apontados como quadro ideal no projeto de lei. O concurso abriria 450 vagas para soldados e outras 50 para oficiais da corporação.

REFORÇO DE OFICIAIS DESAFOGARIA PLANOS DE PREVENÇÃO A INCÊNDIOS ATRASADOS

A perspectiva de 50 vagas para oficiais do Corpo de Bombeiros, representa uma esperança de desafogar uma das mais problemáticas questões enfrentadas pela corporação: a análise dos Planos de Prevenção e Combate a Incêndios (PPCI) e a concessão de alvarás. Só em Porto Alegre, o tempo de espera, segundo o Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon), chega a seis meses.

Em todo o Rio Grande do Sul, a corporação conta com 128 quartéis. Destes, 112 são responsáveis por este serviço. O problema está na falta de pessoal habilitado para comandar estes processos. São somente 44 capitães em todo o RS, que se desdobram para cumprir a demanda.

– Somente capitães ou tenentes com curso específico podem assinar alvarás. Atualmente, temos oficiais viajando por diversas cidades para cobrir falta de pessoal. Isso atrasa os processos – diz o comandante-geral da corporação, coronel Adriano Krukoski Ferreira.

Se o concurso for efetivado, com mais 50 oficiais, o número quase duplicará. Essa perspectiva, no entanto, considerando a projeção do governo estadual e o tempo de curso de formação dos aprovados, não será realidade antes da metade de 2018.




GOVERNADOR SARTORI PROMETE MAIS DE 6 MIL POLICIAIS NA SEGURANÇA



ZERO HORA 05 de julho de 2017 | N° 18889


REPORTAGEM ESPECIAL - JOCIMAR FARINA E JULIANA BUBLITZ

O IMPACTO DE 6,1 MIL POLICIAIS NA SEGURANÇA

O ATUAL DÉFICIT da pasta seria reduzido de 53,6% para 44,5% com o possível ingresso de policiais civis, militares e bombeiros. Sartori anunciou criação de vagas ontem



O governador José Ivo Sartori anunciou ontem, em Porto Alegre, a decisão de abrir 6,1 mil vagas para Brigada Militar (BM), Polícia Civil e Corpo de Bombeiros. A intenção é realizar o maior concurso público das últimas décadas até o fim do ano e ampliar gradativamente os efetivos. Mas o cumprimento da promessa dependerá dos rumos das finanças do Estado e reduzirá em nove pontos percentuais o déficit das forças de segurança no RS.

Ao todo, serão 4.550 vagas para soldados, 250 para oficiais, 1,2 mil para agentes da Polícia Civil e 100 para delegados. Sartori não informou qual será o custo da medida nem de onde sairá o dinheiro para garantir o pagamento dos salários dos novatos. Segundo cálculos de ZH, com base em dados do Portal da Transparência, o impacto pode chegar a pelo menos R$ 471 milhões por ano se todos os concursados forem nomeados.

Quanto às despesas com o certame em si, a cúpula do Palácio Piratini estima que será preciso desembolsar cerca de R$ 11 milhões, mas avalia que o valor das inscrições – ainda não divulgado – cobrirá parte dos custos. Somente para a seleção da BM, são esperados cerca de 60 mil inscritos.

– A segurança é uma prioridade, tanto que o orçamento de 2017 foi aprovado com aumento de custeio para essa área, com incremento de 19%. Conseguimos, também, com muito esforço, pagar os reajustes salariais definidos no final de 2014 – disse Sartori, destacando a preocupação do governo em atender a demanda do Interior por mais brigadianos e policiais civis.

Em seu discurso, o governador afirmou que o anúncio só foi possível graças ao apoio da Assembleia. Na semana passada, após meses de tentativas frustradas, Sartori finalmente conseguiu aprovar o Projeto de Lei Complementar 243, que integrava o pacote de ajuste fiscal e se arrastava na Casa desde 2016.

Com a aprovação, o governo garantiu que o tempo de serviço dos novos PMs aumente em pelo menos três anos. Eles não poderão mais abrir mão de licenças obtidas ao longo da carreira para poder se aposentar mais cedo, como ocorre atualmente.

– O que está acontecendo hoje (ontem) é fruto do que aconteceu na semana que passou – destacou Sartori, embora as medidas de contenção continuem enfrentando resistências na Assembleia.

Observado por aliados, o governador encerrou o discurso afirmando que 4 mil servidores deverão ingressar em órgãos de segurança até o final de 2017 e citou outros dois concursos em andamento: um para a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), com 720 vagas, e outro para o Instituto-Geral de Perícias (IGP), com 106 vagas.

SEGUNDO SCHIRMER, EDITAIS EM ATÉ 30 DIAS

Depois, o secretário da Segurança Pública, Cezar Schirmer, disse que os editais para o novo certame devem ser lançados em até 30 dias. A expectativa é de que a seleção ocorra ainda em 2017, mas o chamamento dos selecionados ficará apenas para 2018 – e, até ontem, não havia cronograma predefinido. Vale lembrar que o concurso terá validade por quatro anos.

A ideia, segundo Schirmer, é começar a suprir as vagas abertas por aposentadorias aos poucos e, no futuro, garantir a “reposição automática” para reduzir o déficit, que, só na BM, passa de 21 mil PMs.

– Vamos repor as aposentadorias de forma gradativa. Quem sabe, 10%, 20% a mais (de servidores), de forma que, ao cargo de alguns anos, possamos suprir a carência brutal de efetivos – declarou Schirmer.

A projeção, contudo, não convence entidades como a Associação dos Servidores de Nível Médio da BM. Para o presidente em exercício do órgão, Solis Antônio Paim, o anúncio foi “paliativo e meramente político”.

– Infelizmente, não vai resolver os problemas da segurança pública nem de longe – conclui Paim.



Sem prazo para lançar editais


LEANDRO RODRIGUES

O Estado Maior da Brigada Militar adota cautela ao falar de quanto tempo levará para se colocar na rua o edital do concurso para soldados e oficiais da BM e dos bombeiros.

O chefe do Estado Maior da corporação, coronel Júlio Cesar Rocha Lopes, não repete a estimativa do secretário da Segurança Pública, Cezar Schirmer, que deu 30 dias para que os editais dos concurso sejam lançados.

– Evitamos falar em prazos. Agora, com a autorização do governador, iniciamos um grupo de trabalho. A primeira etapa é contratar a empresa ou fundação que vai realizar o concurso. Estamos estudando a possibilidade de dispensa de licitação para acelerar o processo, tudo dentro da forma legal. Por isso, não temos como dar prazos – afirma o coronel.

ESTIMATIVA NA BRIGADA É DE 60 MIL INSCRITOS

Depois de contratada, com ou sem licitação, cabe a essa empresa gerenciar o processo seletivo de acordo com as determinações da BM. Ela vai lançar o editar do concurso, com as regras e os prazos, e aplicar as provas teóricas, físicas e psicológicas. Após a seleção, caberá à BM distribuí-los nos cursos preparatórios da corporação para oficiais e soldados.

– A empresa ou fundação precisará de um prazo para lançar esse edital, vamos dizer o que queremos dos selecionados. Ela vai necessitar de uma certa estrutura, prevemos de 50 mil a 60 mil inscritos – diz o chefe do Estado Maior da BM.

A Polícia Civil foi procurada ao longo de todo o dia para falar sobre a seleção de policiais e delegados. Por meio de nota enviada pela assessoria de comunicação, limitou-se a informar que será aberto, nos próximos dias, o processo administrativo para viabilizar o concurso, que seguirá os requisitos legais.



Custo chegaria a meio bilhão anual



A convocação dos 6,1 mil aprovados no concurso anunciado ontem dependerá das condições financeiras do Estado. Se todos os concursados fossem contratados hoje, o impacto anual aproximado seria de R$ 471,1 milhões aos cofres estaduais - sem contar os próximos reajustes previstos para os servidores da Segurança Pública, aprovados na gestão passada.

A título de comparação, a cifra equivale a cerca de 3% da despesa com pessoal do Poder Executivo, em 2016. Embora o percentual não seja alto e o governo admita que não será possível nomear todos os selecionados de uma vez, Darcy Carvalho dos Santos, especialista em finanças públicas, avalia o cenário com preocupação. Ele lembra que os contracheques do funcionalismo já vêm sendo parcelados há 17 meses consecutivos e que, por enquanto, não há perspectiva de melhora.

– Não há dúvidas de que aumentar o efetivo policial é uma necessidade, mas, diante da situação do Estado, se não sair o socorro federal e se a economia não deslanchar, o governo não terá como pagar. Pode até fazer o concurso, mas não vai conseguir nomear todo mundo. Se nomear, vai atrasar ainda mais a folha – alerta Santos.

ESSA CRISE NÃO É ETERNA, DIZ SECRETÁRIO SCHIRMER


Tanto Sartori quanto o secretário da Segurança Pública, Cezar Schirmer, evitaram falar em valores durante o anúncio oficial. O governo nem sequer divulgou estimativa do impacto financeiro, calculada por ZH a partir de dados do Portal da Transparência.

Por falta de recursos, conforme Schirmer, os concursados serão chamados gradativamente. A ideia é que, aos poucos, o governo consiga garantir a reposição automática aos servidores que se aposentarem. Apesar disso, o governo não apresentou um cronograma detalhado.

– O que estamos anunciando neste momento é um concurso, que fique bem claro. Quando esse concurso for concluído, imaginamos que em dezembro, vamos ver quantos brigadianos, policiais civis e bombeiros vamos chamar, à luz da realidade financeira daquele momento. A expectativa que se tem é que o país, o Estado, possa começar a recompor a sua realidade financeira. Essa crise não é eterna – declarou o secretário, em entrevista à Rádio Gaúcha.



sábado, 24 de junho de 2017

HERÓIS DO COTIDIANO

ZERO HORA 23/06/2017 


OPINIÃO RBS


A morte em serviço do servidor Rodrigo Wilsen da Silveira não pode ter sido em vão





Foto: Edu Oliveira / Arte ZH / Arte ZH


A trágica morte do escrivão Rodrigo Wilsen da Silveira, chefe de investigação da 2ª Delegacia de Polícia de Gravataí, na Região Metropolitana, é um daqueles momentos em que, além de se unir em solidariedade a seus familiares, amigos e colegas, a sociedade deve prestar homenagens a esses heróis do nosso cotidiano. Civis ou fardados, os policiais gaúchos que estão na linha de frente do combate ao crime convivem diariamente com o espectro da morte. Mas, quando ela surge traiçoeiramente em plena atividade na rua, é como se toda a população sofresse um golpe. Além de solidariedade e luto, o assassinato de um policial no mais nobre exercício do seu dever — a defesa da sociedade — deve ser sempre recebido com indignação e repúdio.


A morte desses heróis anônimos, assassinados por vezes friamente enquanto a população ainda dorme, como foi o caso de Rodrigo, não pode nunca ser encarada com naturalidade. É preciso que a sociedade apoie a polícia, denunciando criminosos e rejeitando atividades ilegais, como o tráfico e a receptação de objetos furtados ou roubados. É preciso que a sociedade tenha sempre em mente que a leniência com o crime mancha aqueles que de alguma forma colaboram com os bandidos — seja pela corrupção ou pelo estímulo ao tráfico de drogas — e contribui para que episódios trágicos como esse não tenham um fim.

A morte em serviço do servidor Rodrigo Wilsen da Silveira não pode ter sido em vão. É preciso que sirva de alerta para a necessidade do quanto os policiais devem ser bem equipados e valorizados pela comunidade. É preciso que sejam fortalecidos e respeitados pelos criminosos, e não que venham mais a sucumbir nas mãos deles.


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - A TRÁGICA MORTE DE UM POLICIAL PELAS MÃOS DA IMPUNIDADE. Se equivoca o Editorial ao apontar a solução na sociedade, pedindo que ela colabore denunciando atividades iligais. Como colaborar sabendo que os bandidos logo estarão na ruas para retaliar, beneficiados por leis permissivas aprovada no Congresso, por uma justiça leniente que lava as mãos para as questões de ordem pública, por um sistema de execução penal que atua com omissão e irresponsabilidade e pelo sucateamento e ausência das forças policiais para proteger as pessoas, comunidades e cidades? 

Um exemplo real. Na ativa, ao aplicar a filosofia de policiamento comunitário, participava das reuniões comunitárias promovidas pelos grupos policiais espalhados pelos bairros da cidade para tratar sobre a situação da segurança e a efetividade do policiamento. Nas primeiras reuniões, as pessoas da comunidade prometiam "apoiar a polícia, denunciar os criminosos e rejeitar atividade ilegais", colaborando com o policiamento. Nas outras reuniões, não havia mais esta motivação e o argumento era sempre o medo de retaliação, pois os bandidos denunciados pela população e tirados de circulação pelos policiais, retornavam com ameaças contra a vida das pessoas e familiares. Resultado, a integração e a confiança exigida nesta filosofia de policiamento se perderam. É assim que funciona na prática. Por isto, a opinião da RBS é equivocada. 

O Estado Democrático exige leis e justiça fortes e respeitadas, onde a sociedade delega aos poderes de Estado a responsabilidade de legislar, governar e aplicar a lei. Quem têm o poder da solução são os poderes constituídos. A sociedade pode exigir, reclamar, protestar, criticar a justiça e eleger políticos intolerantes contra o crime.

terça-feira, 7 de março de 2017

PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DA BM É AMEAÇADO



ZERO HORA 07 de março de 2017 | N° 18786


HUMBERTO TREZZI



CRIME ORGANIZADO


Leonel Lucas, presidente da maior entidade de classe da Brigada Militar (a Associação Beneficente Antonio Mendes Filho, Abamf, que congrega servidores de nível médio), está ameaçado de morte. Isso foi confirmado a Zero Hora por ele e também por dois oficiais graduados da BM, um deles ligado ao comando. Recados de que a execução de Lucas foi tramada foram recebidos pelo serviço reservado da corporação. O atentado aconteceria no fim de semana.

A suposta motivação seria a suspeita, por parte de uma facção criminal, de que Lucas teria avisado policiais sobre a existência do túnel que foi construído para dar fuga a centenas de criminosos enclausurados no Presídio Central de Porto Alegre. O presidente da Abamf nega qualquer envolvimento na informação que abortou a escapada dos presidiários, mas a organização criminosa teria premeditado mesmo assim o assassinato dele.

— Não tem qualquer fundamento essa história de que eu sabia do túnel. Sempre morei nas proximidades de onde há conflitos com criminosos – inclusive duas facções diferentes – e nunca me envolvi. Sou dedicado às melhores condições aos brigadianos, essa é minha causa — disse ele a Zero Hora.

Após ser avisado das ameaças, Lucas está sob proteção policial. Nas redes sociais, foi divulgado um áudio em que ele, emocionado, refuta qualquer envolvimento na dica sobre a localização do túnel, escavado na zona leste de Porto Alegre.

— Eu tô num local não sabido aí, enquanto a Brigada tenta checar o que houve. A coisa é séria. Peço que orem por mim e meus familiares — diz Lucas, no áudio, cuja autenticidade foi confirmada a ZH por ele e por oficiais da BM.

A Polícia Civil diz que não recebeu informações sobre a ameaça. A BM investiga a situação, para averiguar se a razão das ameaças é o túnel.

Lucas, que também preside uma entidade nacional de nível médio das PMs, diz estranhar as ameaças e prefere não se alongar nos comentários. Mas afirma confiar que o caso será esclarecido pelas polícias.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Que situação. Sem limites nas leis e na justiça, a bandidagem não se intimida e ameaça policiais, promotores e juízes apontando o alvo da morte também para os familiares, sem pestanejar. É o crime se organizando se estruturando e pensando como máfia. A impunidade é tamanha que rezam a oração de que "matar não dá nada e se der é pouco". É triste. O Lucas é um líder dos praças, reconhecido por todos, e agora tem que viver entocado com sua família. Espero que o Estado, a BM, a sociedade organizada, e os colegas da Polícia Civil e demais polícias do Brasil o ajudem a sair desta.