JORNAL DO COMÉRCIO 28/07/2017
João Gomes Mariante
O
mundo das ocorrências catastróficas em que vivemos traz-nos a cada dia
mais temores e perplexidades. As ocorrências criminais, em qualidade e
quantidade, são de tal dimensão que nos levam a pensar que o ser humano
excluiu o uso da defesa e que o instinto de conservação pertence apenas
aos irracionais. Os episódios criminais de cepa hedionda dominam e
paralelamente deslumbram uma civilização arquitetada no ódio e amoldada
ao prazer de matar. Mata-se um ser humano como se fora um exemplar
amebiano.
Estamos
em mãos de ferro, empenhadas em esmagar a esperança de salvaguardar a
perenidade da espécie humana. A insegurança revelou-se de tal forma que
sugere medidas de emergência, projetos ou decisões urgentes. A temática
da violência e do crime, do desrespeito às normas do direito à proteção
da cidadania, questiona a contestação de que maneira atuar para
solucionar o problema. No entanto, no espaço restrito de um artigo de
jornal, não seria possível elaborar tal questionamento. Assim é que
também eu vou inserir o que visa atingir especialmente os maus
policiais. O plano, que poderá ser convertido em projeto e até em
decreto, visa atingir os detestáveis portadores de personalidades
psicopáticas, aos alunos da "Faculdade do Crime", incrustada na
"Universidade da Delinquência", e aos policiais, pela ação do mecanismo
de "Formação Reativa". A Formação Reativa é o que traduz "ipsis
litteris" o entrechoque de forças contrárias, que deságuam em condutas
opostas, encobridoras de desejos reprimidos.
Como
exemplo, um candidato à profissão policial, que encerre tendências
incendiárias e, por várias razões, sinta-se impedido de executá-las,
sentaria praça no corpo de bombeiros - como recurso, uma inibitória e
preventiva execução do propósito doentio de executá-lo. Aí então, a
Formação Reativa funcionaria como impedimento. A esses exemplares
pertencem os honestos policiais, aqueles que, por meio da sublimação,
contornam as fantasias e os propósitos patológicos ao se tornarem úteis à
sociedade, prestando seus serviços a obras benemerentes ou mesmo à
Polícia, com zelo, honestidade e eficácia.
Psicanalista e jornalista
- Jornal do Comércio (http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2017/07/opiniao/576203-o-mundo-das-ocorrencias.html)
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