SUA SEGURANÇA | Humberto Trezzi
A mais antiga e poderosa facção dos presídios do Rio, o Comando Vermelho, também sempre teve fama de ser a mais avessa a arreglos (acertos) com policiais.
O CV nasceu nas cadeias com a intenção de proteger os detentos da violência de seus inimigos ou dos agentes penitenciários. Com o tempo, a organização ultrapassou os muros dos presídios, ganhou as favelas e dominou o varejo do crime no Rio de Janeiro. Não só com tráfico, mas também assaltos de todo o tipo.
Os cariocas, sempre brincalhões, dizem que, além das três facções de criminosos mais conhecidas – o CV, o Amigos dos Amigos (ADA) e o Terceiro Comando (TC) – eles convivem com uma quarta, o Comando Azul. Na realidade, apelido que dão para a “banda podre” da PM daquele Estado, que usa uniformes azuis. É provável que seja uma fama injusta, já que muitos policiais não compactuam com o crime.
Mas ontem a população fluminense teve mostras de que o CV e o chamado Comando Azul formado por policiais agiu unido na Baixada Fluminense. Investigações apontam que o valor da propina variava de R$ 1,5 mil a R$ 2,5 mil por semana, para alguns policiais – quase o salário do mês.
Ou seja, no Rio o pior dos pesadelos para o administrador da segurança pública se concretizou: policiais recebendo fixo para NÃO reprimir o crime. E que crime: o CV patrocina há décadas barbarismos que incluem degola e incineração de suspeitos vivos, entre eles o jornalista da Rede Globo Tim Lopes. É por fatos como esse que essa parceria da farda com o crime não pode ficar impune.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Quanto maior e mais intensa a desvalorização, a discriminação e o descaso da profissão policial e das pessoas dos policiais, mais fácil será o aliciamento do crime organizado que precisa de uma mão do Estado para assegurar seus negócios. Começa nos baixos e injustos salários que obrigam ao policial procurar um bico em locais não apropriados e com pessoas de idoneidade suspeita. A polícia é o elo mais fraco e mais barato do sistema.
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