Governador do PR pede desculpas por declaração sobre PMs - ESTELITA HASS CARAZZAI, DE CURITIBA - FOLHA.COM, 02/05/2012
O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), pediu desculpas na última segunda-feira (30) por ter afirmado que um policial com curso superior "muitas vezes não aceita cumprir ordens de um oficial ou um superior".
'PM com curso superior não aceita cumprir ordens', diz Beto Richa
"Acho que foi o primeiro grande deslize que cometi na minha vida pública", afirmou Richa, sobre o episódio.
A polêmica declaração foi dada em entrevista à rádio CBN Curitiba, na última quinta-feira (26), em resposta a críticas sobre o fim da exigência de diploma universitário em direito para ingresso na Polícia Militar do Paraná, e provocou reações indignadas entre os policiais.
Richa disse que a exigência do diploma para o ingresso na PM "demonstrou não ser uma boa iniciativa", porque "desestimula os jovens que querem entrar na polícia [...] e não têm curso superior ainda".
Em seguida, o governador declarou: "Outra questão é a de insubordinação, também. Uma pessoa com curso superior muitas vezes não aceita cumprir ordens de um oficial ou um superior, uma patente maior".
Segunda-feira, também em entrevista à CBN, Richa disse que repetiu um argumento que ouviu de um oficial "sem ter feito a reflexão adequada".
"Cometi um ato falho, fiz uma manifestação que não é o que eu defendo e não é o que eu penso. Estou aqui para me redimir e dizer que tenho um forte compromisso com a PM", disse o tucano.
Richa disse que, tão logo haja a permissão legal, a Academia Militar do Estado oferecerá cursos superiores aos ingressantes na PM, de tecnólogo e bacharel em segurança pública, com diploma de universidade estadual.
A lei que exige diploma de nível superior para ingressar na PM foi aprovada pela Assembleia Legislativa em 2010, mas até hoje não foi colocada em prática.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
quarta-feira, 2 de maio de 2012
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