ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

terça-feira, 15 de maio de 2012

COMO A POLÍCIA TRABALHA NA REDE

ZERO HORA, 15 de maio de 2012
 

INVESTIGAÇÕES VIRTUAIS - CAUE FONSECA


O combate a delitos cometidos na internet no Rio Grande do Sul é centralizado em delegacia que foca em fraudes bancárias.

 

A prisão dos hackers suspeitos de vazamento das fotos de Carolina Dieckmann fez aparecer o trabalho das polícias focadas em crimes digitais. Mas os especialistas gaúchos nesse tipo de investigação alertam: se você não é uma atriz global, ninguém está lá muito interessado nos seus ensaios domésticos. O que esse tipo de criminoso quer é o seu dinheiro.

Vinculado ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), o combate aos delitos virtuais no Estado é centralizado na Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos (DRCI) da Polícia Civil. Titular da delegacia, Marcínio Tavares Neto é taxativo sobre o foco dos trabalhos:

– Cerca de 80% é contra fraudes bancárias. Contra quadrilhas especializadas em furtar senhas, por exemplo.

A demanda por esse tipo de investigação surgiu na metade da década passada, mas apenas no segundo semestre de 2010 a DRCI ganhou a estrutura que tem hoje: com um delegado e sete agentes.

– Mais do que bom conhecimento técnico, é preciso policiais com um perfil “fuçador”. Eu mesmo trabalho nesta área desde 2005 e não tenho nenhuma formação acadêmica em informática – avalia Emerson Wendt, primeiro delegado da DRCI.

Embora enxuta, a equipe gaúcha contabiliza vitórias importantes contra delitos que, justamente por utilizar a rede mundial, pode envolver criminosos de toda parte. Virou referência na delegacia a operação que, no início de 2011, chegou a um hacker baiano que investia contra o Banrisul.

– Após criar uma página falsa do banco para interceptar as senhas, pessoas aqui do Estado eram recrutadas para efetuar os saques, ficar com uma comissão e enviar o restante à quadrilha – relata Edler Gomes dos Santos, um dos agentes da DRCI.

Também há investigações na DRCI sobre outras chagas da internet, como pedofilia e racismo. Como o trabalho requer prisões, depoimentos fora do Estado e quebras de sigilo, por vezes a celeridade fica comprometida.

– Em uma investigação de racismo, eu solicitei autorização à Justiça faz cerca de um ano e só agora recebi os IPs (endereços das conexões de internet) – conta Santos.

Conforme a delegada de Defesa Institucional, Diana Calazans Mann, há casos em que a investigação chega à Polícia Federal. Os mais comuns são quando há dano a instituições federais ou violação de direitos humanos.

Ainda falta no país uma legislação específica

A internet no Brasil ainda é vista apenas como um veículo para outros crimes, sem legislação específica. Os criminosos que violaram a privacidade de Carolina Dieckmann, por exemplo, poderão ser processados pelo dano à imagem da atriz e por extorsão, mas não por terem usado um e-mail spam para violar o computador dela.

– Não é crime enviar correio eletrônico para roubar senhas e dados, ou invadir um sistema de computador. Só quando faz uso da senha em uma transferência bancária, por exemplo, a pessoa pode ser enquadrada por furto qualificado. A internet é o meio, mas não o fim – explica Wendt.




“Sensação de faca no peito”

A atriz Carolina Dieckmann, 33 anos, que teve fotos íntimas publicadas na internet, falou ontem ao Jornal Nacional sobre a extorsão que sofreu:

“Acho que agora eu vou poder voltar a viver. Enquanto não aparecessem essas pessoas (responsáveis pela divulgação das fotos, identificados pela polícia), acho que não seria possível ficar tranquila. Nunca pensei em aceitar a pagar o que era pedido. Fiquei sabendo que as fotos estavam na internet pelo meu empresário. Liguei para a Ana, que trabalha na minha casa, e falei: ‘Desliga a internet’. Davi, meu filho de 13 anos, estava em casa. Tinha muito medo de ele ver aquelas fotos e não estar lá para explicar. Nessa hora em que tudo isso aconteceu, ficava pensando: ‘O que é pior, uma mãe nua ou que aceita chantagem?’. Meu filho foi muito maduro. Ele falou o tempo inteiro que era uma coisa minha, que tinha a ver com o trabalho... Ele meu deu força e acho que ele está orgulhoso de mim.

Não vejo diferença entre o crime digital e um convencional. É uma sensação de faca no peito. Espero justiça.”





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