ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

RETIRADA DE POLICIAIS CAUSA APREENSÃO NO INTERIOR

OFENSIVA CONTRA O CRIME. De onde vem o reforço da BM. Os 200 PMs que atacarão os altos índices de homicídios na Região Metropolitana sairão de quatro regiões, o que está gerando apreensão em cidades do Interior - CARLOS WAGNER E GUILHERME MAZUI, ZERO HORA 04/05/2012

Os 200 policiais militares remanejados para conter a alta de homicídios na Região Metropolitana devem vir de quatro pontos do Interior: Missões, Centro, Fronteira Oeste e Sul. Responsável por organizar a força-tarefa contra os assassinatos, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) ainda não definiu com a Brigada Militar a quantidade de homens e as cidades exatas que cederão parte do seu efetivo durante os dois meses da mobilização no entorno da Capital.

– A tendência é de que a Metade Sul ofereça a maior parte do pessoal, pois é onde a Brigada tem mais gente – diz o secretário estadual da Segurança Pública, Airton Michels, que ontem, após retornar de Brasília, tratou dos detalhes do trabalho, que também ganhará um plano de ação da Polícia Civil na próxima semana.

Informações extraoficiais indicam que cada região emprestaria 50 homens, dado não confirmado pelo secretário. Segundo ele, a estratégia é fazer remoções cirúrgicas de efetivos de áreas com a taxa de criminalidade baixa e devolver os PMs qualificados pelos cursos de atualização que serão oferecidos em Porto Alegre.

– Não se trata de uma ação de cobertor curto, protegendo a Capital e deixando o Interior desguarnecido. Além disso, quando os policiais voltarem para suas unidades, os municípios ganharão homens mais qualificados – destaca.

A SSP tenta agilizar com a BM e a Secretaria da Fazenda os trâmites para acelerar a movimentação do efetivo. O coronel Altair Cunha, que responde pelo comando interino da BM, espera fechar os números hoje, após consultas aos comandos regionais da BM. A intenção é iniciar os treinamentos no começo da semana para colocar as equipes nas ruas na quarta-feira, plano que ainda pode ser revisto.

A divisão da tropa também tem chances de ter mudanças. Michels entende a necessidade de 75 homens na parte norte e leste de Porto Alegre e outros 125 em Alvorada, Cachoeirinha, Gravataí e Viamão. A ideia inicial indicava cem policiais na Capital e cem nas cidades vizinhas.

O alvo da força-tarefa será o combate ao tráfico de drogas, captura de foragidos e apreensão de armas.

Polícia Civil também entrará no mutirão

A Polícia Civil também fará sua mobilização para ajudar a conter o surto de homicídios no Estado. No entanto, diferentemente da Brigada Militar, a ideia é também atuar no Vale do Sinos, na Serra e no Sul. Em uma semana agentes serão deslocados para reforçar as investigações em sete cidades: Viamão, Alvorada, Gravataí, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Caxias do Sul e Pelotas.

– Serão homens que darão exclusividade para a investigação de homicídios – ressalta o chefe de Polícia, Ranolfo Vieira Júnior, que na segunda-feira apresentará os detalhes do plano de ação para o secretário da Segurança Pública, Airton Michels.

O delegado Ranolfo espera definir até segunda a origem e a quantidade de agentes envolvidos na mobilização. Trabalha com a possibilidade de remanejar policiais do Interior ou de delegacias da própria Região Metropolitana.

– Temos poder de mobilização imediata – afirma o chefe de Polícia.

A decisão de incluir outras áreas do Estado na esforço de investigação é motivada por números preocupantes que também chegaram ao Interior. No primeiro trimestre de 2011, Pelotas registrou seis mortes, soma que saltou para 14 no mesmo período de 2012. Já Novo Hamburgo passou de 21 para 30 homicídios no trimestre, uma alta de 42,8%.

– Teremos a Brigada e a Polícia Civil somando forças nesta ação contra o crime – diz Michels.

A mobilização é uma resposta para uma situação considerada emergencial pela cúpula da segurança gaúcha. Comparando março de 2011 com março de 2012, ocorreram 26 mortes a mais no Rio Grande do Sul, 19 delas na Região Metropolitana. A situação puxou a alta estadual de 19,6% do número de homicídios no primeiro trimestre do ano.

OFENSIVA CONTRA O CRIME. Temor em Santa Maria

A notícia que policiais serão deslocados da Região Central para a força-tarefa que agirá para conter a alta de assassinatos na Capital e em municípios metropolitanos preocupou autoridade locais. Como a Região Metropolitana, Santa Maria teve um aumento considerável no número de homicídios neste ano. Nos quatro primeiros meses de 2012, ocorreram mais da metade de assassinatos do que todo o ano de 2011. São 18 pessoas mortas de janeiro a abril deste ano, contra 29 no ano passado.

– Não sei como isso vai refletir aqui em Santa Maria – avaliou o titular da Delegacia de Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec), Sandro Meinerz, que atua na investigação do tráfico de drogas, uma das principais causas dos homicídios em Santa Maria.

No Comando Regional de Policiamento Ostensivo Central (CRPO/C), sediado em Santa Maria, ainda não há informações de quantos homens devem ser redirecionados para a força-tarefa. Segundo o comandante do CRPO/C, coronel Jaime Machado Garcia, a destinação de policiais da região para a força-tarefa é de seu conhecimento, mas até o final da tarde de ontem nenhuma determinação oficial do Comando-geral da Brigada Militar foi recebida. Mesmo assim, ele pensa em como resolver o problema para não afetar a região.

– Não recebi qualquer ordem. Se isso acontecer, conforme o número de homens pedido, devo retirar uma pequena parcela dos efetivos que atuam nos 29 municípios que pertencem ao nosso comando – disse o coronel, explicando que essa estratégia deve evitar que a segurança em Santa Maria fique comprometida.

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