WANDERLEY SOARES, O SUL
Porto Alegre, Sexta-feira, 04 de Maio de 2012.
Em sessenta dias uma força-tarefa deverá mudar o quadro da criminalidade em Porto Alegre e na Região Metropolitana.
Em minha torre, diante de meus conselheiros, começava eu a expor uma crítica à iniciativa da Secretaria da Segurança Pública, que será catapultada através da Brigada Militar, materializada numa força-tarefa constituída por duzentos PMs altamente especializados, é de se supor, para conter o tráfico de armas, a ação de foragidos e os homicídios em Porto Alegre e na Região Metropolitana. No início da exposição, chegou-me às mãos um pronunciamento do presidente da AsofBM (Associação dos Oficiais da Brigada Militar), José Carlos Riccardi Guimarães, que me levou a alterar a minha pauta. Antes de colocar o libelo de Riccardi, para que o tema fique claro, aponto que a atividade dessa força-tarefa brigadiana deverá ser desenvolvida, segundo os arautos da Segurança, nas Zonas Norte e Leste da Capital e em bairros de Cachoeirinha, Alvorada, Viamão e Gravataí. Acredito que os quadrilheiros que atuam nessas áreas não estão sabendo disso. O importante é que, em sessenta dias, duzentos PMs deslocados de Santa Maria, Região das Missões e Fronteira Oeste, segundo o projeto da pasta da Segurança com o assessoramento técnico do comando da Brigada Militar, deverão conter os planos dos criminosos e, em seguida, retornarão aos seus rincões. Neste projeto se torna evidente que a bandidagem não tomou conhecimento ou não dará maior importância para a redução de policiamento em Santa Maria, Região das Missões e Fronteira Oeste. Sem saírem desta moldura, peço que sigam-me.
Uma de galo
Ao colocar de lado a minha crítica sobre uma nova e improvisada iniciativa da pasta da Segurança para conter a criminalidade, preferi veicular, hoje, a manifestação do presidente da AsofBM, tenente-coronel da reserva Riccardi. Atentem: "Referente à notícia de que mais de 200 policiais militares, que atuarão na Região Metropolitana, virão do interior do Estado, agora teremos mais tipos de PMs. Serão eles os que ganham diárias para trabalhar na grande Porto Alegre; os que vivem de qualquer jeito como em canteiro de obras, sob absoluta desorganização pessoal e familiar; os que deverão se virar em vários para suprir o claro dos que foram remanejados e os que já, com dificuldades, perderão seus bicos e o relacionamento, às vezes, agonizante familiar. Enfim, tudo resultado de uma estratégia para piorar e degenerar o que já está ruim. ?O gado a gente marca, tange, ferra, engorda e matamos, com gente é diferente...' Isto é leviano, não se faz. Ressarçam emergencialmente a hora extra, paguem melhor os que aí estão e parem de maltratar o nosso pessoal e esculhambar a Brigada. Tá demais. Vergonha, conselho de mãe e caldo de galinha nunca vi fazer mal... Ah! estes secretários amadores, faz de conta... Comandante Geral! O senhor está perto de ir pra casa. Dê uma de galo!!! Não deixe que façam isso com a Brigada Militar."
Família
Quando li o manifesto de Riccardi, quase que protestei por estar ele se imiscuindo em minha área, o que significa uma ameaça para me desempregar. No entanto, abri espaço para ele que fala como membro nato da família brigadiana, bem acima deste humilde. E, devo dizer, o tema não se esgota aqui.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
sexta-feira, 4 de maio de 2012
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