PRENDE E SOLTA. Dezesseis vezes preso - ZERO HORA 12/07/2011
Por vezes sem trocar nem sequer de vizinhança, Marcelo Felipe coleciona pequenos crimes em Caxias do Sul há pelo menos nove anos, quando pisou em um presídio pela primeira vez. Se somadas todas em vezes em que foi parar em uma delegacia, são 33 passagens pela polícia e 16 prisões, um exemplo da ineficácia tanto em punir quanto em recuperar criminosos
Ao ser preso por PMs após circular com um carro furtado na Serra na madrugada de ontem, um ladrão de 29 anos voltou pela 16ª vez para a cela de uma cadeia na Serra.
Com cinco condenações por furtos e roubos, o caso de Marcelo Felipe é mais um exemplo de como uma legislação branda permite a prática reiterada de crimes. Desde 2000 quando foi detido por porte ilegal de arma (à época, o crime não resultou em prisão), Felipe foi conduzido 33 vezes a delegacias da Polícia Civil em Caxias do Sul e Nova Petrópolis por ocorrências que variam de crimes a fatos como suspeitas sem confirmação ou depoimentos como testemunha. Acabou sendo recolhido para a Penitenciária Industrial de Caxias do Sul (Pics) em 16 oportunidades.
Conhecido por comparsas e policiais como “Bigode”, Felipe foi preso exatamente um mês após fugir do albergue da Penitenciária Industrial de Caxias do Sul (Pics), onde cumpria pena de dois anos e um mês em regime semiaberto. Ele foi capturado depois ser visto no bairro Pio X conduzindo um Celta furtado no centro de Caxias do Sul. O ladrão foi perseguido por policiais que haviam sido alertados pela vítima sobre o crime minutos antes. A caçada se estendeu por cerca de 5 quilômetros até o bairro Sagrada Família. Autuado em flagrante por receptação, ele foi encaminhado novamente para a Pics.
Dos furtos de calças e jaquetas de vitrinas de lojas, Felipe foi gradualmente aumentando a violência de seus ataques. É suspeito de roubos a pedestre e de veículos com lesões.
Em sua rotina de fugas e crimes, Felipe aproveitou a progressão de regime e a concessão de liberdade para voltar a delinquir. Apesar de quatro fugas em seu currículo, o criminoso conquistou por meio de decisões judiciais o direito a voltar para casa 11 vezes (cinco liberdades provisórias, três condicionais e três prisões domiciliares).
Conforme o delegado regional Paulo Roberto Rosa da Silva, o ladrão foi indiciado 12 vezes, sendo que nove vezes foi preso em flagrante por crimes cometidos na região.
– É um retrabalho policial – resumiu o policial.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
terça-feira, 12 de julho de 2011
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