GOVERNADOR NEGA RECOMENDAÇÕES - ZERO HORA 21/07/2011
Em entrevista coletiva na manhã de ontem, na sede da Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e TV (Agert), o governador Tarso Genro negou ter feito críticas à Operação Cartola ou dado orientações à Polícia Civil.
– Não houve e não há nenhuma recomendação do governador para que mude a natureza das operações. O que há é uma orientação do governador para que se examine a proporcionalidade em cada tipo de operação, seja para que setor for, para usar a força necessária, o número de policiais necessários, o fardamento necessário ou não para que isto seja realizado – disse ele.
O governador disse não ter feito qualquer “corretivo” ao chefe da polícia, Ranolfo Vieira Júnior, em relação a operações realizadas. E completou que o secretário da Segurança, Airton Michels, teve a mesma postura.
– Apenas se transmitiu a eles uma preocupação do uso proporcional da exposição e da força para cumprir os mandados judiciais – disse Tarso.
Como Tarso foi informado da apuração - ADRIANA IRION, ZERO HORA 21/07/2011
Em meados de fevereiro, numa reunião de trabalho com o secretário da Segurança, Airton Michels, o governador Tarso Genro foi comunicado sobre uma investigação envolvendo prefeituras.
– Ele não quis saber quais eram. Só me disse que eu o conhecia do tempo de Ministério da Justiça e que o trabalho devia ser feito independente dos partidos envolvidos, mas sempre com atenção de ser sem exposição de nomes e de pessoas, mesma orientação que dava à PF – lembrou Michels ontem.
Dois dias antes de a Cartola ganhar as ruas, o Piratini foi avisado de que a operação estava pronta. Mais uma vez, segundo Michels, nenhuma ressalva foi feita por Tarso.
– Nosso cuidado foi o de agir dentro da legalidade. Não considero que tenha havido excessos – diz o secretário.
No dia 6 de julho, enquanto a Cartola era desencadeada, em uma reunião com secretários, Tarso citou a ação policial. Falou que entre as marcas que o governo está construindo uma é a de combate à corrupção e deu como exemplo o trabalho que estava em andamento.
As buscas em oito prefeituras engrossaram a reação política: prefeitos e aliados reclamaram. Na quinta-feira, 7 de julho, quando a Famurs convocou entrevista coletiva para criticar a operação, Tarso conversou com o chefe de polícia para saber se ocorrera algum incidente. O delegado Ranolfo Vieira Júnior sustentou o que tem dito até hoje: que nos 43 locais em que policiais fizeram buscas não houve registro de problemas. O governador, Michels e Ranolfo voltaram a falar do tema em outras oportunidades, até que a Famurs fez uma representação pedindo informações sobre a ação, no dia 12.
Na resposta entregue ao governador, a polícia destaca manifestação feita pela juíza de Alvorada, Carla Fernanda De Cesaro: “O feito cuida de verdadeira organização criminosa, cuja empreitada consiste em fraudes a processos de licitações e desvio de verba pública municipal”.
– A juíza se manifestou pela execução simultânea dos mandados de busca e pela necessidade de impedir ocultação ou destruição de provas. Como faríamos busca em prefeituras e secretarias com um ou dois policiais? Usamos o número de agentes necessário para o trabalho determinado pela Justiça – afirmou Ranolfo ontem.
Cada um por si - PÁGINA 10 | LETÍCIA DUARTE (Interina). Colaborou Aline Mendes
Negando que tenha criticado a ação da polícia durante a Operação Cartola, o governador Tarso Genro desautorizou ontem fontes do Piratini a falarem em seu nome. No dia anterior, o chefe de gabinete, Vinicius Wu, disse que na opinião do governador a polícia poderia ter uma atuação mais discreta nas próximas operações.
– Não partiu de mim. Ele responde por ele. Se falou em meu nome, houve algum equívoco. Se alguém disse que eu falei, apreendeu mal o que eu falei na reunião com o chefe da Polícia Civil.
Qual a tradução?
Tarso garantiu não ter feito recomendações à polícia em relação a operações. Mas admitiu “orientações”. Na Agert, ele disse:
– Então, não houve e não há nenhuma recomendação do governador para que mude a natureza das operações. O que há é uma orientação do governador para que se examine a proporcionalidade em cada tipo de operação, seja para que setor for, para usar a força necessária, o número de policiais necessários, o fardamento necessário, ou não, para que isto seja realizado.
Qual a tradução da declaração?
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
quinta-feira, 21 de julho de 2011
INGERÊNCIA POLÍTICA - GOVERNADOR NEGA TER FEITO CRÍTICAS OU DADO ORIENTAÇÕES À PC-RS
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