A terceirização da frota da PM: sinais de tunga nos cofres públicos - Jorge Antonio Barros, O GLOBO, REPÓRTER DE CRIME - 24.7.2011 | 14h47m
Nem todas as soluções mágicas para a segurança pública são boas para o bolso do contribuinte. A terceirização da manutenção da frota da Polícia Militar pode ter colocado mais policiais nas ruas - que antes trabalhavam como mecânicos nas oficinas dentro dos batalhões - mas em compensação os gastos com isso podem estar sendo muito altos. O Ministério Público estadual investiga a suspeita de superfaturamento no contrato de manutenção da frota da PM, assinado pelo governo do estado em 2007 com a empressa Júlio Simões, a mesma que na Bahia responde a um processo por corrupção num negócio semelhante ao do Rio. As informações estão em reportagem publicada hoje no GLOBO, de autoria de Fábio Vasconcellos, um repórter que admiro muito por se dedicar a seguir o rastro do dinheiro público com raro talento, nas redações de hoje em dia. Fábio não fica esperando a matéria cair do colo do Ministério Públco. Ele corre na frente.
Leitores assíduos deste blog sabem que não é de hoje que se fala na caixa de comentários sobre as suspeitas de irregularidades neste contrato milionário de terceirização da manutenção da frota. A medida, com certeza, foi positiva. Não há nem como medir o tamanho da roubalheira que acontecia nas oficinas mecânicas nos batalhões. Mas isso também acontecia com o rancho - a comida do quartel - e nem por isso se acabou com a cozinha dos batalhões. Se a terceirização da manutenção da frota foi uma exigência dos novos tempos de gestão mais enxuta, é preciso que o poder público ponha os olhos nos bois porque o dono é o contribuinte que lhe paga os impostos.
Bastava uma máquina de calcular e um olhar atento na administração para chegar à conclusão que chegou o repórter do GLOBO. Com o dinheiro gasto na manutenção da frota, apenas no primeiro ano de implantada - R$ 47 milhões - daria para se triplicar o número de veículos. De fato há algo de podre no reino da Dinamarca. O título da matéria no impresso, por acaso, foi um achado: manutenção de VW ao custo de BMW.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
segunda-feira, 25 de julho de 2011
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