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CAVEIRAS NO ESCURO. Gaúcho ministra curso para o Bope. Sargento da BM ensinará tropa de elite carioca a agir em ambientes sem luz - VANESSA BELTRAME, ZERO HORA 06/07/2011
Para enfrentar uma média de 60% de ocorrências em “ambientes de baixa luminosidade”, é preciso que um policial saiba driblar o medo e calcular os passos que serão dados, literalmente, no escuro. Trata-se da da especialidade do sargento Marcio Brum Torbes, 46 anos, que embarca hoje com um convite para treinar policiais da tropa de elite mais famosa do país, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) do Rio de Janeiro.
Por três dias, os caveiras, como são conhecidos, aprenderão a intervir em locais escuros e confinados durante situações de risco, limitação que ocorre na maioria das ações, segundo dados da Secretaria Nacional de Segurança Pública. Para isso, contarão com o auxílio de lanternas e equipamentos de visão noturna. Os alunos de Torbes são do Grupo de Resgate e Retomada (GRR), equipe tática do Bope que trabalha com situações envolvendo reféns.
– Não é comum o Bope trabalhar com lanternas e achamos bom que os operadores do batalhão aprendessem. O sargento Torbes é uma referência no assunto no país e é muito útil agregar esse tipo de informação – explica o sargento Carlos Melos, coordenador do GRR.
Oficial prepara livro sobre o tema
De experiências próprias e uma pesquisa intensa, surgiu a ideia de escrever um livro sobre as situações enfrentadas pelos policias em ambientes de baixa luminosidade. A partir de conversas com médicos e psiquiatras, o sargento sabe, antes de enfrentar o risco, como se dilata a pupila e o que passa na mente de um indivíduo acuado em local escuro. E, então, cria a tática para reagir de maneira correta.
– Se o suspeito estiver há mais de 15 minutos em um ambiente escuro e tiver os olhos ofuscados, não vai enxergar. É o tempo de eu me posicionar – conta Torbes.
Policial há mais de 25 anos, o sargento trabalha atualmente na 2ª Companhia do Batalhão de Operações Especiais (BOE) da Brigada Militar em Porto Alegre. O interesse pelas intervenções em baixa luminosidade começou há cerca de 12 anos, ao participar de um treinamento da equipe texana da Swat, o esquadrão de elite da polícia americana. Frente a uma técnica americana limitada para as necessidades tupiniquins, o sargento começou a estudar para avançar em uma tática própria:
– O que eu fiz foi adaptar os ensinamentos para a realidade do Brasil.
Torbes já ministrou este tipo de treinamento em outros Estados do país e em Portugal, onde ensinou suas técnicas à Guarda Nacional Republicana.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - É mais um exemplo da capacidade operativa e da vontade individual que tem o brigadiano de se especializar. Vários integrantes da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul colocaram férias, licenças especiais e dinheiro do bolso para fazerem cursos no Exterior e depois aplicarem na prestação de serviços ao povo gaúcho. O único prêmio que conseguem, além da segurança que as técnicas promove, é o reconhecimento dos cidadão que salvam, dos companheiros que ensinam e das instituições que os convidam para instruir seus policiais.
Este exemplo do sargento Marcio Brum Torbes e de outros policiais que fizeram cursos no exterior com seus próprios recursos deveriam estimular o Estado a investir em cursos no Exterior para trazer de lá estratégias e técnicas que já passaram por experiências de sucesso e com resultados práticos nas questões de ordem pública.
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