REBELDIA NA TROPA. BM investiga celulares de PMs insubordinados. Comando da corporação está pedindo à Justiça a quebra de sigilo telefônico- JOSÉ LUÍS COSTA - ZERO HORA 06/09/2011
Uma das principais estratégias da Brigada Militar (BM) para identificar PMs envolvidos na queima de pneus é a quebra do sigilo telefônico. Os pedidos estão sendo encaminhados à Justiça e, caso sejam autorizados, as operadoras terão de informar os números dos telefones celulares que estavam nas imediações dos locais e nos horários dos incêndios.
O rastreamento dos celulares é possível a partir dos registros feitos por Estações Radiobase. Espalhadas por diferentes pontos das cidades, essas antenas captam os sinais de todos os números de telefones em uso durante as 24 horas. A BM suspeita de que parte dos PMs rebeldes pode ter feito algum tipo de contato telefônico no momento dos protestos.
Há, pelo menos, duas formas de descobrir quais seriam esses telefones. A primeira é mais simples. É questionar as companhias telefônicas para saber se determinado celular esteve ativo na área dos protestos. E já existem nomes de suspeitos, policiais da ativa e aposentados. Um deles é o segundo-sargento da reserva João Carlos dos Santos, o Lilica, 47 anos. Ele foi flagrado em imagens de câmera de segurança de rua entre manifestantes queimando pneus, semana passada, em Alvorada. Em entrevista a ZH, ele admitiu ter participado do protesto.
– Eu apareci nas imagens porque vi gente de touca ninja queimando pneus e fui até lá. Não tenho motivo para esconder o rosto. Reconheci alguns colegas, mas não sou alcaguete. – reafirmou Santos.
Dois novos protestos ontem na Região Metropolitana
Outra maneira de investigar é solicitar a listagem completa das operadoras e confrontar todos os números, um por um. A BM não deve ter dificuldades de identificar os donos dos celulares ligados à tropa porque tem o cadastro dos telefones de todos os servidores, e, em alguns casos, inclusive, de parentes mais próximos. Isso é de praxe para eventuais convocações de emergência de PMs.
A investigação dos protestos no Interior é considerada tarefa menos complicada. Isso porque as queimas de pneus ocorreram em estradas, em áreas descampadas, com pouco fluxo de chamadas telefônicas. O fato de os protestos ocorrerem na madrugada é um aliado das investigações porque o número de ligações é bem inferior.
O Palácio Piratini segue irredutível em só discutir questões salariais quando for interrompida a queima de pneus e também não fala mais sobre o assunto. As manifestações estão a cargo do Comando-geral da BM, que também evita divulgar detalhes das investigações. É mantido em sigilo o número de suspeitos e quantos inquéritos foram instaurados.
Ontem, a série de protestos por melhores salários, que começou em 4 de agosto, alcançou 37 casos, com novas manifestações em Porto Alegre e outro em Alvorada. Na Capital, a barricada com pneus queimados começou por volta da 1h na Estrada João Antônio Silveira, no bairro Restinga. Meia hora mais tarde, o Corpo de Bombeiros controlou o incêndio na via, que chegou a ser interrompida pela ação.
De acordo com o 21º Batalhão de Polícia Militar (BPM), ao lado da trincheira foi colocada uma faixa de cerca de três metros, onde estava escrito: “Socorro povo gaúcho. Não sou corrupto. Só quero salário digno”.
Esta foi a segunda ocorrência registrada em Porto Alegre. A primeira havia ocorrido na quinta-feira, na Avenida Mauá. Em Alvorada, a manifestação ocorreu às 2h30min, na Avenida Getúlio Vargas, a principal via da cidade. Os bombeiros controlaram as chamas e liberaram o trânsito na região em menos de 30 minutos.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
terça-feira, 6 de setembro de 2011
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