BM identifica pelo menos cinco policiais suspeitos por protesto com explosivo em Porto Alegre. Manifestação não teria ligação com questões salariais, mas seria de cunho político. Cid Martins. Colaborou Jocimar Farina, RADIO GAÚCHA, ZERO HORA 27/09/2011
O setor de investigação da Brigada Militar revelou à Rádio Gaúcha nesta terça-feira que há pelo menos cinco militares envolvidos nos protestos no centro de Porto Alegre. Um com material explosivo, na semana passada, na Rua Fernando Machado em frente a um posto da corporação e outro com uma falsa bomba no viaduto sobre a Avenida Borges de Medeiros. Ambos os casos próximos ao Piratini.
De acordo com os responsáveis pela apuração, são os mesmos suspeitos nos dois fatos. Há imagens de vídeo, testemunhas e informações sobre o motivo destas duas manifestações. Não têm ligação com questões salariais, são de cunho político e visam não só abalar o comando da Brigada Militar, mas interesses relacionados já às próximas eleições, afirma a investigação.
Já foi cumprido pelo menos um mandado judicial de busca e apreensão no final de semana na casa de um servidor da corporação suspeito de articular os protestos com falsas bombas.
O governador Tarso Genro falou nesta terça-feira ao programa Gaúcha Atualidade que estas ações não tem a ver com as demandas ou reivindicações salariais.
— Isso aí certamente é uma relação com o crime organizado. São marginais que estão aproveitando desta relação. Podem até ter alguma relação com alguém da ativa da Brigada Militar, mas isso não está no contexto das negociações salariais.
No entanto, parte da entrevista do governador causou descontentamento na Brigada Militar. Tarso Genro disse que o setor não estava preparado para fornecer este tipo de informação, ou seja, voltado para outro tipo de concepção, a preventiva.
— A aparato de inteligência da Brigada Militar não está preparado para isso. Certamente esteve preparado para vigiar movimentos sociais e para tratar de questões criminais relacionadas com pessoas de fora da corporação. Então, nós vamos ter que fazer sim uma reformulação dos aparatos de inteligência.
Responsáveis por parte das apurações envolvendo protestos de PMs dizem que não se pode anunciar resultados preliminares e que é temerário apontar nomes de suspeitos antes da conclusão dos fatos. Mesmo assim, o governador deixou claro que pode ter até mesmo corporativismo e que será feita uma reformulação posterior neste setor da Brigada Militar.
Tarso Genro destacou ainda que o comandante geral tem o controle de toda a situação e que todos os fatos estão sendo apurados. Já fazem quatro dias que não ocorrem protestos de PMs no Estado.
Em relação ao reajuste de 23% dos soldados que aceitaram a negociação, a deputada Miriam Marroni, líder do governo na Assembleia, vai pedir nesta terça-feira a publicação do projeto. Se houver acordo para a publicação, o mesmo já pode ser votado na semana que vem.
Enquanto isso, tenentes, subtenentes e sargentos estão tentando retirar o projeto da pauta. Na quarta-feira, às 11h, estas categorias vão realizar uma manifestação na praça da Matriz e depois se reunir com uma comissão de deputados estaduais.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
terça-feira, 27 de setembro de 2011
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