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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O PIOR SALÁRIO - IMPASSE PARALISA NEGOCIAÇÕES


PROTESTO DE PMS. Impasse paralisa negociações. Em encontro no Piratini ontem, governo se negou a discutir propostas de reajuste enquanto não cessarem manifestações - JOSÉ LUÍS COSTA, 02/09/2011

Organizados para pressionar o governo do Estado a aumentar os salários de policiais militares, os bloqueios em rodovias estão barrando as chances de reajustes imediatos para PMs. Indignado com a série de queima de pneus, o Palácio Piratini decidiu medir forças com os manifestantes, negando-se a discutir propostas enquanto não ocorrer o cessar-fogo ou até que os incendiários sejam presos.

Na madrugada de ontem, as chamas dos protestos chegaram ao centro de Porto Alegre, aumentando o clima de apreensão.

A posição do governo foi selada ontem pela manhã em reunião de 40 minutos no Piratini com líderes da Associação Beneficente Antônio Mendes Filho (Abamf), entidade que representa os soldados, e da Associação dos Subtenentes e Sargentos.

No encontro, ao lado do secretário da Segurança Pública, Airton Michels, da Administração, Stela Farias, e do comandante-geral da BM, coronel Sérgio Roberto de Abreu, o chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, afirmou aos sindicalistas que a discussão estava suspensa por conta dos protestos e propôs um novo encontro no dia 9 para avaliar a situação.

– O governo construiu uma alternativa, mas só vai apresentá-la quando cessarem esses atos ou nós apurarmos quem são os responsáveis. Não vamos aceitar esse tipo de protesto – disse.

Uma hora antes, Pestana tinha se reunido com sindicalistas ligados à Polícia Civil e à Superintendência dos Serviços Penitenciários, propondo reajuste de 7% às duas categorias, a partir de outubro.

Dos 25 protestos ocorridos desde o começo de agosto, sete tiveram apoio da Abamf, e Pestana pediu ao presidente da entidade, Leonel Lucas, que tentasse estancar a queima de pneus.

Visivelmente contrariado, Lucas deixou a reunião pedindo ajuda.

– Faço um apelo para que acabem com isso e peço ao governo que investigue, pois tem mecanismos para isso.

Corporação já tem suspeito identificado

O problema é que a Abamf não tem controle sobre os manifestantes. Lucas suspeita de que os protestos sejam orquestrados por gente de oposição ao Piratini, ou mesmo por aliados, sem cargos no governo e dispostos a tumultuar as negociações.

– Seja quem for, será responsabilizado – afirmou o comandante da BM.

A corporação tem um suspeito identificado, assim como o carro dele. Há indícios sobre outras duas pessoas. O comandante disse que eles podem não ser PMs. Abreu esteve reunido à tarde com o governador Tarso Genro. Na ocasião, pediu que a “construção da política de valorização dos servidores da BM não seja interrompida em função de manifestações isoladas.”

O chefe da Casa Civil acredita que o ultimato do governo não vá fomentar novos protestos. Em nota, Pestana informou que recebeu a direção da Federação das Entidades Independentes dos Servidores Militares Estaduais de Nível Médio da Brigada Militar, que afirmou a disposição de dialogar.

Apesar disso, está previsto para hoje um protesto, nas imediações da Expointer, que terá a visita da presidente Dilma Rousseff.

Manifestação na entrada da Capital

A fumaça negra dos protestos que convulsiona rodovias do Interior desembarcou na madrugada de ontem em Porto Alegre. Às 2h15min, manifestantes atearam fogo em nove pneus no cruzamento da Avenida Mauá com a Rua Chaves Barcelos, na entrada da Capital, e estenderam faixas cobrando melhorias salarias para PMs no muro da Trensurb. Três das quatro faixas da Mauá ficaram bloqueadas por alguns minutos. Bombeiros, lotados em uma estação localizada há duas quadras dali, perceberam o fogo, debelaram as chamas e recolheram os restos dos pneus que não chegaram a queimar por inteiro. PMs do 9º Batalhão de Polícia Militar foram avisados e retiraram as faixas, levadas para o quartel. O local do bloqueio é desprovido de câmeras de vigilância – a mais próxima fica a uma quadra, mas não teria flagrado a presença dos incendiários. O episódio surpreendeu o comandante-geral da BM, coronel Sérgio Roberto de Abreu.

– Era possível que acontecesse em Porto Alegre, em razão da dimensão da cidade, mas não esperava que fosse nesse momento – afirmou o comandante.

Na quarta-feira, o coronel se reuniu com comandantes regionais da BM, determinando reforço do policiamento noturno, inclusive com PMs dos serviços de inteligência, que trabalham à paisana. Ontem, a ordem foi aumentar o patrulhamento das principais avenidas da Capital e das grandes cidades.


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