BANDEIRA BRANCA.Por trégua em protestos, coronel sugere acordo com PMs insubordinados - HUMBERTO TREZZI, ZERO HORA 07/09/2011
O comando da Brigada Militar está decidido a pôr um fim nos protestos de PMs por melhores salários – nem que, para isso, seja necessário fazer logo uma proposta de reajuste nos soldos. O comandante-geral da corporação, o coronel Sérgio Roberto de Abreu, sugeriu ontem a integrantes do governo estadual que sejam retomadas negociações com associações de classe da BM a fim de se chegar a um índice de recomposição salarial.
Em contrapartida, seria exigido o fim das manifestações com queimas de pneus, que se repetem há mais de um mês em rodovias e diferentes cidades gaúchas.
– Nunca deixamos de desenvolver a proposta. Aconselhei que até o fim de semana seja oferecido um índice, que vai mostrar a boa vontade governamental e mostrar que os PMs sabem cumprir seu dever, independentemente de suas insatisfações salariais – pondera Abreu.
A ideia de Abreu foi exposta ao secretário estadual da Segurança Pública, Airton Michels, ao subsecretário, Juarez Pinheiro, e à secretária da Administração, Stela Farias. O comandante da BM ressaltou que as associações que representam oficiais e sargentos não apoiam os protestos.
Os demais integrantes da mesa que debateram o possível reajuste estão cautelosos. Juarez Pinheiro afirma que não há consenso sobre se este é o momento certo de fazer uma oferta. Uma reunião com as entidades de classe da BM estava marcada para sexta-feira, mas nem isso está certo, diante do prosseguimento da queima de pneus.
– Oferecer uma proposta depende muito da interrupção dos protestos. A associação dos cabos e soldados (Associação Beneficente Antonio Mendes Filho, a Abamf) colocou nota nos jornais assegurando que não quer atuar fora da legalidade. Isso nos parece um bom sinal – opina Pinheiro.
Brigada não avança na identificação de rebeldes
No campo da repressão aos protestos, a BM parece não ter avançado. Abreu disse ter recebido informações sobre a identidade de participantes de protestos, mas sem provas. Ele afirma que muitos atos podem ter sido feitos por parentes e amigos dos PMs. Mas, se a BM consegue localizar bandidos que atuam nas ruas, como não identificou ainda os militares que ateiam fogo nos pneus? O comandante Abreu considera as situações bem diferentes:
– Não estamos lidando com criminosos comuns. Eles não agem às claras, não fizeram greve. Se tivessem agido dessa forma, nossa reação seria diferente. É até provável que não sejam PMs que organizam os atos, mas apenas gente solidária a eles ou interessada em tirar proveito político.
Abreu ressalta que ainda não foi decidida a punição ao único que assumiu ter cometido protestos, um sargento da reserva da BM.
O PLEITO DOS PMs
- O soldo básico dos soldados da BM é R$ 1.246 mensais. A maioria ganha cerca de R$ 1,8 mil, se contadas as horas extras.
- Os PMs querem ver aprovada pelo Congresso a Proposta de Emenda à Constituição de nº 300, a PEC 300, que propõe equiparar salários dos PMs, bombeiros e policiais civis de todo o país aos do Distrito Federal, os mais bem pagos do Brasil. O piso salarial de um soldado da BM, que é de R$ 1,2 mil, passaria para R$ 3,5 mil.
- Oficiais também estão descontentes. Pleiteiam o reconhecimento como integrantes do quadro das carreiras jurídicas do Estado. O salário básico de um capitão da BM, com formação em Direito, é de R$ 4.780, enquanto o ganho inicial de um procurador do Estado, por exemplo, é de R$ 16.119,10.
COMPARANDO
REAJUSTE AOS SERVIDORES. Legislativo, TJ, MP e TCE ganham aumento de 12%
Em sessão realizada ontem, a Assembleia Legislativa aprovou reajustes para servidores de Judiciário, Tribunal de Contas do Estado (TCE), Procuradoria-Geral de Justiça e do próprio Legislativo. Os índices de reajuste são de 5%, retroativos a 1º de julho, 1,59 %, a partir de outubro, e 5%, a partir de fevereiro do ano que vem.
Projetos concedendo aumento para servidores foram aprovados ontem na Assembleia. Veja o impacto:
Poder/órgão: Número de servidores = Impacto financeiro anual
Judiciário: 10,6 mil = R$ 120,3 milhões
Assembleia Legislativa: 2,2 mil = R$ 25 milhões
Ministério Público: 2 mil = R$ 22,3 milhões
Tribunal de Contas: 850 = R$ 7 milhões (jul/dez2011)
- Fontes: AL, TJ, MP e TCE
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
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