ENTREVISTA. “Já ultrapassou os limites”. Sérgio Roberto de Abreu, comandante-geral da Brigada Militar - ZERO HORA 01/09/2011
Sob o fogo cerrado de manifestantes que queimam pneus em rodovias reivindicando melhores salários a PMs, o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Sérgio Roberto de Abreu, afirma que acabar com os protestos e identificar os autores são prioridades. Apesar de estar à frente do comando em um momento de turbulência, Sérgio refuta a existência de uma onda de insurgência, garante que a BM presta seus serviços normalmente e diz que pressões fazem parte do cotidiano. A seguir trechos da entrevista concedida a ZH durante o Seminário Nacional de Polícia Comunitária, na Capital.
Zero Hora – Os protestos por melhores salários de PMs nas estradas não param. Não há registro na história recente da BM de situação semelhante. A hierarquia foi quebrada na BM?
Sérgio Roberto de Abreu – Não. Até acho exagero a abordagem de algumas reportagens, falando em insubordinação. Pelo contrário, as atividades dos quartéis funcionam normalmente. Os termos insubordinação e revolta são exagerados, que não refletem o cotidiano da BM. As atividades da BM não sofrem prejuízo. Por isso, eu entendo que quem está fazendo isso não seja os PMs que estão trabalhando no dia a dia.
ZH – Quem são essas pessoas?
Sérgio – Não sabemos porque ainda não temos a identificação clara. Não podemos aceitar medidas radicais e dessa magnitude. Agora, já ultrapassou os limites. Se houve uma organização desse movimento, hoje ela não se mostra tão organizada assim e não atende a um comando.
ZH – O que o senhor tem feito para cessar essas manifestações que partem de pessoas ligadas à tropa, que tem como alicerce a disciplina?
Sérgio – Tomamos uma série de providências para prevenir essas ocorrências e identificar os autores. Esse tipo de atitude tem ocorrido em estradas federais, provocando dano, incêndio. Queimar pneu é crime ambiental. E nas estradas federais é um delito de combate imediato da Polícia Rodoviária Federal.
ZH – Mas mesmo que seja em rodovia federal, a BM não deveria atuar...
Sérgio – A BM não tem competência para atuar em rodovia federal. Está havendo uma confusão e colocando toda a responsabilidade na BM.
ZH – Nos sete protestos que a Abamf admite ter apoiado, a entidade será responsabilizada?
Sérgio – Estamos analisando qual a repercussão dessa declaração, se ela realmente assumiu. Estamos avaliando em que medida isso caracteriza infração.
ZH – Mas se ficar caracterizado, será punida?
Sérgio – Se tiver de responsabilizar A ou B por esse fato, na esfera de competência do comandante-geral da BM, será responsabilizado.
ZH – A dificuldade para solucionar a questão salarial é grande?
Sérgio – O governo está fazendo estudos. É um tema complexo. Entendemos que é necessário a recuperação salarial dos PMs.
ZH – A situação parece que tende a piorar. A Associação dos Oficiais (Asof) promete fazer protestos. Diz que vai impedir de rodar viatura com imposto atrasado ou sinaleira queimada, interditar estradas em mau estado de conservação, os bombeiros vão interditar prédio públicos em desacordo com a legislação. Como lidar com isso?
Sérgio – Não tenho conhecimento dessas afirmações. É preciso cautela nesse momento. A Asof tem de apresentar uma proposta para o governo, porque até agora não apresentou nada.
ZH – Os protestos desestabilizam o seu trabalho no dia a dia, causam desconforto?
Sérgio – Não. Estamos muito maduros. Temos toda uma estrutura interna que dá sustentação ao comando. São protestos localizados, não são generalizados.
ZH – Os protestos seriam um boicote ao governo e ao comando da BM?
Sérgio – Não entendo dessa forma, pois seria uma atitude muito leviana.
ZH – A pressão é muito grande?
Sérgio – Não me sinto pressionado.
Chama nas rodovias. Protestos nas estradas começaram em agosto: - As manifestações por melhores salários para os policais militares foram realizadas, desde o começo de agosto, em 19 municípios. Na madrugada de ontem, pneus queimados (foto acima) bloquearam trecho da estrada Rosário do Sul-Santana do Livramento (BR-158), em Rosário do Sul, município localizado na região da Campanha.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
O PIOR SALÁRIO - COMANDANTE DIZ QUE PROTESTO "JÁ ULTRAPASSOU OS LIMITES"
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Realmente acredito que não sejam manifestações de policiais militares,porque não são nada inteligentes. Atear fogo em pneus em estradas é retroagir no tempo, vai de contra a todo o trabalho que os policiais da Brigada Militar realizam no seu dia-a-a dia. Não sou contra a protestar por melhores salários,mas que se faça com inteligência, realizem blitz a cada esquina, palestras nas escolas, mostrem o quanto vocês realmente são necessários aos cidadãos de bem e que não é justo em troca de arricar suas vidas receberem esmolas ao invés de um salário justo e digno.
ResponderExcluirRealmente nao dá para acreditar que essas manisfestações estejam sendo feitas por policiais, porque não são nenhum pouco inteligentes, atear fogo em pneus é retroagir no tempo, vai de contra a tudo que a Brigada Militar combate no seu dia-a-a dia.Que se coloque cartaz reinvindicando salários, ´faça uma blitz a cada esquina, palestras nas escolas valorizando a profissão isso sim cria uma imagem de o quanto os policiais militares se fazem necessários e que realmente mostre a sociedade que o que vcs recebem não é salário mas sim esmola. Não sou contra manifestação, sou contra a falta de inteligência para reivindicar aumento de salário, nao se deve punir ao cidadão e sim se mostrar necessário.
ResponderExcluirÉ Joice. Este abuso pode causar uma tragédia uma hora desta. Imagine este tipo de protesto causar um acidente. A imagem gloriosa de 200 anos da BM seria destruída por um protesto burro. É claro que isto não apaga a responsabilidade do Governo que usa os brigadianos para tudo o que é esforço, mas paga o pior salário policial do Brasil. Esta situação de abandono obriga o policial a ir atrás de bico vendendo a segurança, a saúde, a folga e o convívio familiar. Acenando com vantagens para alguns, o Governo coloca o brigadiano a trabalhar em presídios em função que é dos agentes prisionais, na Assembléia para ficar a disposição de deputados, e em órgãos da justiça e do MP. E por aí vai. Depois reclamamos da BM a ausência do policiamento ostensivo preventivo nas ruas. É preciso que a sociedade exija do Governo e dos parlamentares uma revisão desta conduta discriminatória, ilegal e de estímulo à ausência de policiais preventivos nas ruas. Caso contrário continuaremos a calamidade social evoluirá, aumentando o número de inocentes mortos e patrimônio perdido nas mãos da bandidagemo. Esta negligência dos governantes gaúchos para com os policiais que afeta a paz social tem que acabar. Enquanto setores do Executivo são bem pagos, os agentes de segurança do RS são pagos com salários miseráveis que avilta a dignidade e uma profissão que exige risco de vida, dedicação 24 horas e enfrentamento de uma bandidagem impune, salvaguarda por leis benevolentes e justiça morosa, portando arsenais de guerra, construindo poderes paralelo e adotando ações de crueldade e ousadia. Este tipo de protesto deve parar, o que é devido deve ser pago, a lei deve ser cumprida por todos e a paz social se torne uma prioridade na prática e no direito para os governantes do RS. De oratória e promessas, o saco está cheio.
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