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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O PIOR SALÁRIO - GOVERNO AMEAÇA ROMPER DIÁLOGO


PROTESTOS DE PMS. Governo ameaça romper diálogo. Manifestações em estradas podem comprometer reunião marcada para hoje em que deve ser apresentada proposta a policiais - JOSÉ LUÍS COSTA, zero hora 01/09/2011

O cenário bélico em rodovias no Estado tende a se agravar. A série de protestos com queima de pneus, clamando aumento salarial para PMs, cresce a cada madrugada, e o governo do Estado acena com a possibilidade de se afastar da mesa de negociações com a entidade que representa os soldados da Brigada Militar (BM), a Associação Beneficente Antônio Mendes Filho (Abamf).

Dos 19 casos desde o começo de agosto, pelo menos sete tiveram o apoio da Abamf.

– A Abamf só será reconhecida como fonte de negociação se ela tiver uma posição firme contra essas atitudes criminosas e se desvincular completamente delas – afirmou o governador Tarso Genro.

Tarso ressaltou que uma proposta para uma entidade só deve ser feita quando ela tiver uma posição clara sobre o respeito às leis e à Constituição. O governador disse ainda que o Piratini prosseguirá negociando reajuste salarial de PMs, mas não necessariamente com a associação de soldados.

– A negociação não precisa ser com uma fonte, a Abamf. Temos o comandante da BM e o secretário de Segurança com quem podemos discutir questões salarias.

O secretário de Segurança Pública, Airton Michels, foi enfático:

– Se continuar a queima de pneus, a conversa pode acabar.

Reunião hoje no Piratini com policiais deve ser tensa

Ontem à tarde, Michels, o chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, e integrantes das secretarias da Fazenda e da Administração se reuniriam para estudar propostas a serem apresentadas hoje aos PMs. O encontro com a Abamf está marcado para as 10h30min no Palácio Piratini e promete ser tensa.

O presidente da Abamf, Leonel Lucas, garante que desde sexta-feira passada, quando se reuniu com o governo, não ocorreram novos protestos com o apoio da associação.

– Abrimos diálogo com o governo e nos posicionamos contra a queima de pneus – disse Lucas.

Sobre a possibilidade de a entidade ser afastada das tratativas, Lucas dá um recado ao governo:

– Se a Abamf é o empecilho, estamos dispostos a sair da negociação, mas o governo tem de cumprir suas promessas de melhoria salarial.

Ex-chefes dizem que momento é delicado

Quem já enfrentou pressões internas ao ocupar o cargo mais importante da Brigada Militar afirma que o momento é delicado e de desconforto para o atual comandante-geral, coronel Sérgio Roberto de Abreu.

À frente da BM em 2007, o coronel Nilson Nobre Bueno se diz perplexo com a situação.

– Parece que isso não é verdade. É muito ruim quando o PM passar para o outro lado. A instituição é a grande perdedora, está sendo mal vista e perde credibilidade. A situação é gravíssima – afirma.

O coronel João Carlos Trindade, comandante-geral entre 2008 a 2010, lembra que, por imposição do cargo, o comandante tem de fazer o meio-campo entre a tropa e o governo do Estado, precisando manter serenidade e equilíbrio em todas as discussões.

– É uma situação desagradável para qualquer comandante. E o cenário é preocupante porque hoje há uma conscientização, de soldado a coronel, que só com pressão é possível conseguir uma evolução salarial. E eu reconheço isso – lamenta Trindade.

Modelo de cedência de PMs recebe críticas

Antecessor de Trindade, Paulo Roberto Mendes diz que o comandante-geral sofre em dobro porque ele não tem poderes para decidir sobre reajustes, prerrogativa do Palácio Piratini que gerencia o Orçamento do Estado. O coronel Nelson Pafiadache da Rocha, comandante-geral entre 2003 e 2004, tem raciocínio semelhante, mas vai além:

– Sou solidário com o comandante Sérgio. É um homem ponderado, sensível à causa de todos, mas deve estar constrangido, de mãos atadas, porque seu poder de fogo é reduzido e sempre tem alguém perto do poder, pronto para assumir o lugar dele – afirma Pafiadache.

O ex-comandante critica o modelo como PMs – praças e oficiais – são cedidos para associações durante anos, o que os afasta dos princípios de hierarquia e disciplina da BM, e permite, conforme Pafiadache, que se envolvam em protestos que abalam a imagem da corporação:

– Essas pessoas passam mais tempo fora do que na BM. É preciso colocá-los em forma.

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