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Com greve da PM, Salvador vive madrugada de mortes e saques. FÁBIO GUIBU, ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR e GRACILIANO ROCHA DE SALVADOR - FOLHA.COM 03/02/2012 - 13h32
Com a greve da Polícia Militar, Salvador viveu uma madrugada de forte crescimento no número de assassinatos e de ataques ao comércio, nesta sexta-feira. O governador Jaques Wagner (PT) fará um pronunciamento, às 20h de hoje, em emissoras de rádio e TV.
Entre a 1h e as 6h45, 17 pessoas foram assassinadas, de acordo com a estatística divulgada pela Secretaria de Segurança Pública. No mesmo dia da semana passada, houve 13 homicídios ao longo de 24 horas.
Ontem à noite, o músico da banda afro Olodum Denilton Souza Cerqueira, 34, voltava para casa em sua moto quando foi baleado por dois assaltantes no bairro da Mata Escura, onde vivia. O músico foi levado ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos.
Ao menos cinco lojas tiveram os estoques saqueados no bairro da Liberdade, de acordo com relatos de comerciantes e moradores a rádios e televisão. A Polícia Civil diz que os donos das lojas ainda não haviam registrado as ocorrências até as 12h de hoje.
Em um deles, bandidos usaram um carro para invadir uma joalheria e roubar joias em menos de um minuto. Oito pessoas participaram da ação, quebraram os balcões e limparam o mostruário. O roubo durou menos de 40 segundos, conforme o registro das câmeras de segurança exibido nos telejornais da Bahia.
Sindicato dos trabalhadores no transporte coletivo ameaçam paralisar as atividades a partir das 18h de hoje. Os empresários do setor se opõem a paralisação.
Ontem, motoristas foram rendidos por grevistas armados e obrigados a entregar os ônibus para fazer barricadas no acesso ao Centro Administrativo da Bahia, conjunto que reúne os edifícios das cúpulas do Executivo, Legislativo e Judiciário do Estado. O centro fica na avenida Paralela, no caminho entre o aeroporto e o centro de Salvador.
NEGOCIAÇÃO
A cúpula da segurança pública reuniu-se na manhã de hoje com representantes de quatro associações de policiais para negociar a volta ao trabalho.
A Aspra (Associação de Policiais e Bombeiros da Bahia), que deflagrou o movimento na terça-feira, não foi chamada para a mesa de negociações. O governo não a reconhece e tenta isolar a entidade.
Os manifestantes ligados à Aspra continuam acampados em frente à Assembleia Legislativa. O presidente da Casa, Marcelo Nilo (PDT), disse que o clima é de tranquilidade no local.
Para tentar retomar o controle da situação, agentes da Força Nacional de Segurança e militares das Forças Armadas começaram a patrulhar as ruas de Salvador na manhã de hoje.
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Com greve da PM, tropas do Exército patrulham ruas de Salvador
Tropas do Exército começaram a fazer o patrulhamento nas ruas de Salvador no início da tarde desta sexta-feira. Eles fazem parte do efetivo que está sendo enviado ao Estado para reforçar o policiamento durante a greve dos policiais militares, que teve início na terça-feira (31).
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, também já estão em Salvador 150 homens da Força Nacional e outros 500 deverão chegar até o fim do dia de amanhã (4). O Exército também deverá encaminhar, ao todo, 2.000 homens até o próximo domingo.
Desde o início da greve, foram registrados alguns casos de saques e arrastões. A secretaria informou, no entanto, que eles aconteceram de forma pontual. A pasta afirma ainda que muito boato tem contribuído para deixar a população com medo. Ontem, shopping centers, restaurantes e postos de combustível fecharam mais cedo.
A Justiça da Bahia decretou, na quinta-feira, a ilegalidade da greve e determinou que que os policiais voltem ao trabalho imediatamente. Em caso de descumprimento, a multa diária é de R$ 80 mil.
Os policiais querem a incorporação da gratificação por atividade policial aos salários. Segundo a Associação dos Policiais e Bombeiros da Bahia, o soldo básico de um soldado é de R$ 580 e a gratificação eleva a remuneração para R$ 2.300 mensais.
Se fosse incorporada a gratificação, segundo a entidade, os policiais receberiam cerca de R$ 1.000 a mais por mês porque outros adicionais incidiriam sobre uma base maior.
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