Planalto dá demonstração de força contra PMs grevistas. Segundo interlocutores, Dilma afirmou que é preciso esvaziar o movimento - Gerson Camarotti - O GLOBO, 6/02/12 - 23h54
BRASÍLIA - O Palácio do Planalto decidiu dar uma demonstração de força contra a greve dos policiais militares na Bahia. O objetivo é enfraquecer o movimento e evitar que essas mobilizações se alastrem por outros estados. A presidente Dilma Rousseff ofereceu ao governador Jaques Wagner (PT-BA) tudo o que foi pedido: soldados do Exército, a Força de Segurança Nacional e até um grupo de elite da Polícia Federal. A ordem é fortalecer a parceria das forças nacionais com o governo baiano no enfrentamento com os grevistas.- A intenção é mostrar que há Estado no Brasil - resumiu um ministro próximo de Dilma.
No Palácio do Planalto, há grande preocupação com as consequências da greve na Bahia e com a situação nas ruas de Salvador. A decisão de mandar ao estado o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, teve como objetivo mostrar força do governo federal na Bahia. Segundo interlocutores, Dilma afirmou que é preciso esvaziar o movimento grevista.
O Planalto identificou que há um movimento nacional por trás das greves, que já ocorreram no Ceará e no Maranhão. O objetivo, segundo essa avaliação, é forçar a aprovação da PEC 300, que estabelece um piso nacional para policias militares e bombeiros. Mas a determinação no Palácio do Planalto é barrar a votação da PEC no Congresso. Nesta segunda-feira, um interlocutor de Dilma lembrou que, se a PEC for aprovada, quebrará metade dos estados brasileiros.
Dilma tem acompanhado a greve na Bahia desde o princípio, já que Jaques Wagner estava com ela na viagem a Cuba e ao Haiti, na semana passada, quando começou o movimento. A reação palaciana ganhou apoio até de governadores de oposição.
- É preciso estancar esse movimento grevista na Bahia. O governo não pode negociar sob pressão, com desmandos em série e atos que não são recomendáveis. Porque o que acontecer na Bahia será sinalização para o país - disse o governador de Alagoas, Teotônio Vilela (PSDB).
Especialistas defendem mediação na greve dos PMs da Bahia. Até mesmo o arcebispo de Salvador já se ofereceu para tentar mediar o conflito. O Globo. 6/02/12 - 23h55
SÃO PAULO - Especialistas ouvidos pelo GLOBO defenderam uma mediação rápida para resolver o impasse causado pela greve da PM na Bahia, que aterroriza a população.O sociólogo José Vicente Tavares dos Santos, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, destaca que já foram registradas mais de 300 greves de agentes de segurança pública no país desde 1997, o que mostraria um mal-estar nas corporações:
- O que está faltando é uma habilidade política para negociar - disse ele.
Na opinião do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, diretor de Pesquisa do Instituto Sangari, autor do Mapa da Violência, a Bahia se tornou, nos últimos anos, um dos estados mais violentos do país.
- No momento há o risco de chegarmos a níveis incontroláveis de violência, como ocorreu com Alagoas, quando a greve da PM desencadeou uma onda de violência. Tem que haver disposição para negociar, principalmente na parte política.
O arcebispo de Salvador já se ofereceu para tentar mediar o conflito.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
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