Governo não vai reprimir protestos de PMs no Estado. Tarso Genro nega crise na Brigada Militar e diz que existe interesse em atingir o PT - CORREIO DO POVO, 05/09/2011 07:04
A queima de pneus em rodovias gaúchas como forma de protesto de policiais militares que reivindicam maiores salários levou o Palácio Piratini a se manifestar nesse domingo. Em entrevista ao Correio do Povo, o governador Tarso Genro afirmou que manterá a suspensão das negociações, mas assegurou que em hipótese alguma ordenará o início de ações violentas de repressão. Ele criticou de forma veemente "setores da mídia" que estariam tentando levar o episódio para o campo político, com a imputação de responsabilidades a partidos como o PT de Tarso. Ele condena as afirmações de que petistas estariam envolvidos com os protestos criminosos, caracterizando o chamado fogo amigo. Veja abaixo os principais trechos da entrevista:
Correio do Povo - O senhor pretende tomar alguma medida enérgica para coibir os atos atribuídos a policiais militares gaúchos?
Tarso Genro - O que estamos vendo é que uma parte da mídia reproduz informações marcadamente de interesse político. Está se tentando, como eu tinha previsto em reuniões internas do governo, colocar em primeiro plano essa questão como se fosse algo do nosso partido, o Partido dos Trabalhadores. Eu disse que estava sendo preparado algo que acabaria culpando o PT. Nós sabíamos, já tínhamos levantado os nomes das pessoas envolvidas, e agora acabou vazando. Isso é normal. Mas colocam indicando que é fogo amigo, inclusive envolvendo de maneira malévola o nome do governador Olívio Dutra.
CP - E quais seriam os objetivos?
Tarso - Isso é o mesmo esquema de montagem política que elegeu o governador (Germano) Rigotto. Depois, não satisfeitos com o Rigotto, porque ele não cumpriu tarefas que pretendiam dar a ele, e daí elegeram Yeda (Crusius). Esse bloco de pensamento político tem muita força dentro da mídia e é esse mesmo bloco que passa informação para a mídia. Só que em vez de informação, se tenta incriminar o PT ao dizer que é fogo amigo. Isso de partidos não tem nenhuma fundamentação. Esses delitos são cometidos por indivíduos. A tentativa de incriminar partido é reproduzir preconceito contra partido, especialmente contra o PT, como se os partidos estivessem fazendo conspiração. Trata-se de pessoas que estão cometendo ilegalidades.
CP - Como o governo do Estado irá conduzir essa situação de conflito?
Tarso - Não vamos tomar nenhuma atitude arbitrária, não vamos desqualificar o movimento e não vamos colar esse tipo de coisa na Brigada Militar ou nas suas representações. Nós suspendemos as negociações com a Abamf não porque ela está fazendo isso, mas porque ela manifestou apoio a essas manifestações. Isso não nos impede de retomar as negociações mais tarde. Não estamos culpando as entidades, não achamos que haja crise na BM. São apenas pessoas que estão tomando atitudes radicais e cometendo delitos comuns. E assim serão tratados. O nosso serviço de inteligência está tomando medidas para que essas pessoas sejam responsabilizadas judicialmente. Não vamos misturar isso com as negociações.
CP - Na sexta-feira o senhor viajou a Brasília com a presidente Dilma Rousseff. O que trataram?
Tarso - Despachamos sobre temas de interesse do Estado. A presidenta me pediu uma análise para saber se efetivamente mudou a relação federativa entre o Estado e a União. Ela quer cumprir de maneira plena esse compromisso. Eu mostrei cinco pontos que comprovam que as coisas mudaram. E agradeci. A União colocou R$ 1 bilhão para regular o preço do arroz no RS. Houve remessa de R$ 103 milhões para financiar a pesquisa. Temos a nova rede de institutos federais tecnológicos, cuja localização foi determinada por ela. Outro ponto foi a presença na Expointer e o compromisso que ela assumiu de trabalhar com o governo estadual pela reestruturação material da Expointer nos próximos anos. E também a renegociação da dívida dos estados com a União através dos swaps.
Porto Alegre registra segundo protesto de PMs
O segundo protesto de policiais militares (PMs) em Porto Alegre foi registrado na madrugada desta segunda-feira. Uma barreira com cinco pneus queimados foi montada na estrada João Antonio da Silveira, bairro Restinga, zona Sul da Capital. Uma faixa com os dizerers "Socorro povo gaúcho. Não sou corrupto. Só quero salário digno", foi deixada no local.
Entidades representativas de PMs aguardam retomada de negociações com o Estado. Corregedoria da BM já identificou dois policiais militares envolvidos nos protestos com queima de pneus - CORREIO DO POVO, 04/09/2011 19:25
A onda de protestos com queima de pneus, registrados há mais de um mês no Estado, foi avaliada pelas entidades representativas dos policiais militares. De acordo com o vice-presidente da Associação dos Sargentos, Subtenentes e Tenentes da Brigada Militar (ASSTBM), Olivo Moura, a entidade sempre foi contrária a qualquer manifestação que prejudique o direito de ir e vir das pessoas. “Nós não podemos ser prejudicados por ações individuais e ideológicas”, ressaltou.
A expectativa de Moura é que agora o governo estadual volte a negociar com a categoria. “Nós estamos aguardando para sexta-feira a chamada do governo para a abertura do diálogo e que a proposta venha ao encontro das nossas reivindicações”.
Para o presidente da Associação dos Oficiais da BM (AsofBM), tenente-coronel José Carlos Ricardi, o movimento não é político-partidário e sim pela dignidade da categoria. “Nós não aprovamos. Isso é uma forma de chamar a atenção para que o governo perceba o quanto está irada a família brigadiana”, afirmou.
O tenente-coronel Ricardi ainda cobrou uma posição do Comando Geral da Brigada Militar. “Esperamos também que o nosso comandante, um homem escolhido pelo governo, apresente projetos que contemplem os seus comandados. Até agora, não vimos nenhum projeto palpável”, prosseguiu o presidente da AsofBM.
A Corregedoria da Brigada Militar já identificou a participação de dois policiais militares nos protestos registrados no Estado. Um deles trabalhou na Casa Militar e outro no governo Olívio Dutra.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
O PIOR SALÁRIO - GOVERNO NEGA CRISE, MANTÉM NEGOCIAÇÕES SUSPENSAS E NÃO VAI REPRIMIR
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário