Com menor salário do Brasil, PMs ameaçam revolta no RS. MAURICIO TONETTO. Direto de Porto Alegre - Portal Terra, 31/08/2011
De um lado, policiais da Brigada Militar (BM) queimam pneus, bloqueiam rodovias e pressionam por aumento salarial no Rio Grande do Sul. De outro, o governador do Estado, Tarso Genro (PT), afirma que a proposta não será apresentada enquanto houver protestos. Na próxima quinta-feira, às 10h30, uma reunião entre governo e manifestantes tentará solucionar um impasse incômodo à cúpula da segurança gaúcha. Conforme o presidente da Associação de Cabos e Soldados da BM, Leonel Lucas, se o aumento pretendido pela categoria não for assegurado, os protestos fugirão do controle.
"Estamos preocupados com a situação. Caso o governador não garanta o aumento, poderá acontecer uma revolta maior. Espero que ele venha com uma boa proposta, pois durante a campanha eleitoral nos foi prometido um salário de R$ 3,2 mil até 2014", disse Lucas. Um PM gaúcho recebe hoje R$ 1.170, o menor piso do País. A categoria quer reajuste escalonado, mas até o momento recebeu a oferta de apenas 4%. "Isso nós não aceitamos", afirmou o presidente da associação.
O chefe da Casa Civil gaúcha, Carlos Pestana, garantiu que haverá negociação mas ressaltou que definir uma proposta em meuio a protestos poderia representar "um incentivo a prática". "Não queremos passar a ideia de que esse tipo de protesto serve de elemento para definir o reajuste salarial. Do ponto de vista do governo, esse tipo de ação não ajuda. Acaba tirando legitimidade", avaliou.
Na madrugada desta quarta-feira, um grupo de policiais levou cartazes e queimou pneus nas BRs 386 (Canoas), 471 (Santa Vitória do Palmar) e 290 (Alegrete), exigindo o aumento. Na segunda-feira, os manifestantes já haviam queimado pneus em outros atos. Eles descumpriram um acordo feito com o governo na semana passada, em que ficou definida a suspensão dos protestos por cinco dias, começando pela última sexta-feira.
A associação não soube dizer quem foram os responsáveis pelas novas manifestações.
Desde o início do mês, protestos semelhantes têm sido registrados em várias rodovias gaúchas, como as BRs 153 (Concórdia), 116 (Novo Hamburgo) e ERS-344 (Santa Rosa-Giruá). O governador Tarso Genro afirmou que, enquanto as manifestações continuarem, não há negociação. "Elas são justas, mas viemos alertando para que os policiais não percam o controle. A nossa proposta está pronta, só que enquanto continuar a queima de pneus, não vamos apresentá-la", ressaltou o governador, através de sua assessoria.
"Proposta beira o rídiculo"
O deputado Edson Brum (PMDB), que defendeu os PMs ontem na tribuna da Assembleia Legislativa, criticou Tarso Genro, dizendo que ele foi o responsável por criar uma crise de segurança ao oferecer uma proposta que "beira o ridículo". "Ele cometeu um estelionato eleitoral ao prometer salários acima de R$ 3 mil para a categoria. Oferecer 4% chega a beirar o ridículo. O governador deveria economizar em algumas pontas e ser mais justo, transferindo os aumentos dos cargos em comissão (CCs) para os policiais", disse o deputado.
"Os policiais já receberem quase 7% neste ano e deverão ser contemplados por mais duas parcelas até o fim do ano. Uma delas seria esta de 4% neste momento. Desconheço um governo que neste período tenha dado um percentual deste nível. O deputado (Brum) já participou de outros governos e sabemos que as reividincações não foram atendidas", argumentou Pestana.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário