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Greve de PMs. Cardozo diz que policiais que cometerem crimes na Bahia vão para presídios federais. Departamento Penitenciário Nacional já reservou vagas em cadeias para encaminhar policiais - AGÊNCIA BRASIL, ZERO HORA ONLINE, 05/02/2012 | 01h17
Ao visitar a Bahia neste sábado, no quarto dia da paralisação da Polícia Militar (PM), o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que, por solicitação do governo do estado, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) já reservou vagas em presídios federais para encaminhar, se necessário, policiais que tenham cometido algum tipo de crime durante o movimento grevista.
Cardozo se reuniu com o governador da Bahia, Jaques Wagner, e disse que todos as ocorrências criminosas serão tratadas como crimes federais.
— Todos os crimes cometidos nesse período são qualificados como crimes federais e serão tratados como tais. Seremos muito firmes no cumprimento do nosso dever — disse Cardozo em entrevista na Base Aérea de Salvador.
O ministro viajou à Bahia acompanhado do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general José Carlos de Nardi, e da secretária nacional da Segurança Pública (Senasp), Regina Miki.
Cardozo considerou "inaceitável" a forma como os policiais estão conduzindo a greve.
— O Estado de Direito não permite o abuso do próprio direito. Isso (a greve), da forma como está sendo tratado, é inaceitável.
Pelo menos 12 mandados de prisão já foram expedidos contra militares grevistas. Neste sábado, o governador Jaques Wagner descartou a possibilidade de concessão de anistia militar para todos os envolvidos no movimento grevista, uma reivindicação feita pelo conjunto das associações que representam PMs na Bahia.
— Sou um democrata convicto e a única regra que faz a democracia funcionar é o respeito à lei — disse o governador, que fez questão de ressaltar que não se trata de uma ato de "arrogância ou de intolerância" do governo — Se alguém depreda ônibus, depreda o carro da polícia, se alguém sai na rua atirando para cima, isso tudo é crime — concluiu.
A Secretaria de Segurança Pública da Bahia estima que um terço da Polícia Militar do estado esteja parada. O efetivo conta com 31 mil policiais.
Na Bahia, PMs grevistas reduzem lista de reivindicações. Lista de seis ítens caiu para apenas dois - AGÊNCIA ESTADO
O comando do movimento grevista da Polícia Militar da Bahia admitiu, na tarde deste sábado, ter diminuído a lista de exigências para que a paralisação seja concluída e que a Assembleia Legislativa, ocupada por manifestantes desde a terça-feira, seja liberada.
Segundo o presidente da Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra), entidade que deflagrou o movimento, Marco Prisco, a pauta de reivindicações, que inicialmente listava seis itens, como incorporação de gratificações aos salários e regulamentação para o pagamento de adicionais, como de periculosidade e acidente, foi reduzida a dois: anistia dos grevistas e o pagamento da gratificação por atividade de polícia.
— Veja que são pedidos simples, um é relativo ao retorno ao trabalho dos colegas e o outro é apenas cumprir o que já determina a lei — disse Prisco.
Ele acrescentou que também abriu mão de participar das negociações com o governo do Estado — a associação que dirige não é reconhecida pelo comando da PM no Estado como entidade de classe.
— O que falta ao governo é apenas dialogar com seriedade, porque já diminuímos bastante a pauta para colaborar com a sociedade, que está clamando por segurança — destacou.
Quando informado de que o governador não negociaria a anistia aos grevistas e que ainda havia acusado os participantes do movimento de crimes, incluindo homicídios, Prisco disse concordar que a anistia não se aplique nesses casos, se comprovados.
— Se o governador diz ter certeza de que há policiais praticando crimes pelo Estado, esses crimes devem ser investigados e punidos como determina a lei, sem dúvida.Não é o nosso caso, aqui, e nenhuma prática criminosa partiu ou foi pedida pela gente. Estamos em um movimento pacífico na Assembleia e o pedido de anistia é apenas para os integrantes desse movimento — afirmou.
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