Cinco agentes da elite da Polícia Civil gaúcha são indiciados e suspensos. Três teriam recebido propina e dois ficaram com um carro alegando problemas na documentação - Giovani Grizotti - Diário Gaúcho, 19/08/2011 20h39min
Em poucas semanas, cinco agentes da elite da Polícia Civil gaúcha foram indiciados e suspensos. Três são suspeitos de receber propina para não frechar uma clínica de aborto. Outros dois teriam ficado com o carro de um homem para não prendê-lo, alegando problemas na documentação do veículo. Todos foram afastados pelo Conselho Superior de Polícia.
Esta semana, o Ministério Público denunciou os agentes Vinícius Borges e Rodrigo Pompermaier. Lotados na Delegacia de Roubos e Extorsões do Deic, eles haviam sido indiciados pela Corregedoria Geral de Polícia. Conforme o delegado Paulo Grillo, a principal prova contra os suspeitos são imagens feitas pela câmera de segurança de uma empresa na Avenida Assis Brasil, Zona Norte de Porto Alegre. Foi neste local, segundo Grillo, que a dupla subtraiu o carro de um homem. A vítima teria sido atraída por um informante da delegacia, Marcio Bastos de Oliveira, que também foi indiciado.
- Atraíram a vítima, que tinha em seu poder um veículo adquirido de forma irregular, através de um financiamento em nome de um fantasma. E sob ameaça de prendê-la, acabaram retomando à força esse carro - declarou Grillo.
Outra suspeita de corrupção também envolve agentes do Deic. Segundo a investigação, Paulo Vladimir Quintana e Walter Boehl, chefes de investigação das 1ª e 2ª DPs de Homicídios, e Pedro Diniz, ex-chefe de investigação até o ano passado e agora na Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Patrimônio de Serviços Delegado (DRCP), teriam cobrado propina para não fechar uma clínica de aborto na Rua Otávio Rocha, Centro da Capital. A investigação começou em fevereiro, quando uma jovem de 25 anos, filha de um casal do Interior, morreu após um aborto na clínica.
- Como justiça, eles falharam bastante. Porque se eles sabiam como nós sabemos que isso é ilegal, deixaram o dinheiro falar mais alto - desabafou a mãe da jovem, em entrevista à RBS TV.
O inquérito está sendo examinado pelo Ministério Público na primeira Vara do Juri da Capital. Em depoimento à corregedoria, os cinco policiais negaram as acusações. O Conselho Superior de Polícia afastou todos, determinou recolhimento de suas armas, carteira funcional e algemas e ainda cancelou as senhas de acesso aos computadores da corporação.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
sábado, 20 de agosto de 2011
PROPINA - CINCO AGENTES DE ELITE DA POLÍCIA SÃO INDICADOS E SUSPENSOS
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