ÁUDIO: "Falei o que tinha para falar", diz comandante da PM que ofendeu delegados. Gravação teria ocorrido em reunião da PM em Jaraguá do Sul - DIÁRIO CATARINENSE - 16/08/2011 | 10h22min
O tenente-coronel Rogério Khumlen, comandante do 14º Batalhão da Polícia Militar em Jaraguá do Sul e com 30 anos de corporação, comentou na manhã desta terça-feira a gravação onde supostamente aparece a sua voz ofendendo delegados e promotores da cidade. Rogério afirmou que ainda desconhecida a gravação, mas confirmou as declarações ao ser informado do conteúdo pela reportagem.
— Até hoje, desconhecia essa gravação. Mas se realmente for eu, falei o que tinha para falar — afirmou nesta manhã.
O caso foi divulgado pelo jornalista Rafael Martini, da coluna Visor do Diário Catarinense. O áudio teria sido gravado por meio de celular durante uma reunião na sede do Batalhão. Em tom nervoso, o comandante critica ações de delegados de Polícia Civil, juízes e promotores da cidade. E se recusa a seguir algumas determinações.
— E aquele documetozinho que o delegado mandou para mim, dizendo que eu tenho cinco dias para responder... Primeiro, não tenho nem obrigação de responder... Quer mais informações? Vai investigar. Quer uma cópia da ocorrência? Está aí. Sabe o que eles fazem? Pegam as informações da PM mastigadinhas para iniciar a investigação. Depois, vão na imprensa dizer que o trabalho é deles — disse numa parte da gravação.
Segundo Rogério, pela conteúdo, e se realmente for a sua voz, a indignação registrada no áudio teria ocorrido no início do ano, dias após uma reunião com delegados, juízes e promotores. No encontro, eles teriam determinado modificações nos trabalhos da PM em Jaraguá do Sul. Pediram modificações na forma de atender ocorrências e registrar as informações.
— Eu não admito que me deem ordens. Não sou subordinado à Polícia Civil. Não faço o que o delegado quer. Querem que eu faça o serviço deles. Pegaram o costume de mandar na Polícia Militar. Por isso, nem respondi os documentos enviados pedindo mudanças nos procedimentos. Tenho muitos amigos na Polícia Civil, mas isso é coisa de uma turma nova. Não admito isso (as determinações). Mas deixo bem claro que essa é minha postura, e não a postura de toda a corporação da Polícia Militar — desabafou na entrevista desta manhã.
Na gravação, o tenente-coronel afirma que recebeu o apoio do comando-geral da Polícia Militar sobre a postura adotada. Também citou uma conversa com o Senador Paulo Bauer.
— O comandante-geral me apoiou na minha postura. E o Bauer é meu amigo há anos. Trabalhamos juntos. Ele ficou sabendo do problema e me ligou. Mas em nenhum momento interferiu no assunto ou coisa do tipo — explicou.
Sobre a gravação e a divulgação do conteúdo do áudio, o comandante do 14º Batalhão afirmou que, se realmente aconteceu, ocorreu de forma ilegal e, provavelmente, por alguém descontente dentro do batalhão.
— Eu troco essas informações (como as registradas no áudio) com a tropa para mostrar justamente que delegados não iriam protegê-los. E, como a gente dorme com o inimigo, alguém deve ter gravado. Em vez de lavar a roupa suja em casa, preferiu divulgar. Se ele quis se abraçar com os delegados, fazer o quê? — finalizou.
Para se referir aos delegados e promotores no áudio, Rogério teria usado expressões de baixo calão.
— Se eu disse, deve ter sido um erro do momento. Mas responderei pelos meus atos sem problemas.
Tenente-coronel da PM de Jaraguá do Sul é transferido para Florianópolis. Gravação atribuída a tenente-coronel ofende promotores e delegados - A NOTÍCIA - DIARIO CATARINENSE, 16/08/2011 | 10h47min
O tenente-coronel Luiz Rogério Kumlehn, não é mais comandante do 14º Batalhão da Polícia Militar de Jaraguá do Sul. Ele foi transferido para Florianópolis, cumprindo ordem do comandante geral da Polícia Militar.
O motivo da transferência estaria relacionada com uma gravação anônima feita durante uma reunião entre Kumlehn com policiais militares de Jaraguá do Sul.
O jornalista Rafael Martini, colunista do "Diário Catarinense", veículo do Grupo RBS, teve acesso a uma gravação feita por um celular, em que a suposta voz do oficial admite a impossibilidade de relacionamento entre as duas instituições, ofende delegados e promotores de Justiça da Comarca com termos impublicáveis e afirma ter rasgado um ofício que um delegado encaminhou a ele.
Procurado na manhã desta terça, Kumlehn não quis comentar o motivo da transferência.
— Acabei de ser transferido para Florianópolis. Não é bom sair de um lugar que a gente gosta. Não quero falar sobre o assunto —, reforçou.
O ex-comandante da PM de Jaraguá do Sul disse que gravação da reunião com os policiais militares de Jaraguá do Sul foi feita de forma ilegal. Ele ressaltou que traição não é melhor palavra para classificar essa postura.
— Não posso me pronunciar à respeito do que penso. Mas os delegados ganharam —, disse.
Para os delegados, a declaração mostra a verdadeira "face da PM". A gravação surgiu um dia após que a Associação dos Oficiais publicou no "DC" uma carta em que critica a postura da Polícia Civil.
Os quatro delegados da comarca de Jaraguá do Sul vão entrar com uma representação no Ministério Pública e na corregedoria da PM contra a postura de Kumlehn e pelas ofensas ditas.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
terça-feira, 16 de agosto de 2011
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