ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

TORNOZELEIRA ALIADA DA POLÍCIA?


ZERO HORA 25 de outubro de 2013 | N° 17594

CARLOS WAGNER E CAROLINA ROCHA

REFORÇO TECNOLÓGICO

Tornozeleira eletrônica torna-se aliada da polícia. Preso do semiaberto, que usava equipamento de monitoramento, é suspeito de comandar grupo



Utilizada para monitorar presos do regime semiaberto e esvaziar prisões, tornozeleiras eletrônicas tornaram-se aliadas da Polícia Civil nas investigações. Cruzando as informações armazenadas pelo equipamento, como os deslocamentos do usuário, com dados vindos de outras fontes – monitoramento telefônico, depoimentos e perícias – é possível verificar se determinado suspeito esteve na cena de um crime.

Ontem, a tornozeleira ajudou policiais a prenderem o suspeito de liderar uma quadrilha especializada em roubos e assassinatos na Região Metropolitana.

As investigações da Delegacia de Homicídios de Viamão se iniciaram há cinco meses, quando Carlos Renato dos Santos Bandeira da Silva, 31 anos, foi morto a tiros em uma revenda de veículos na Avenida Salgado Filho.

A morte dele, segundo a polícia, seria uma vingança. Além de Silva, suspeito de integrar uma quadrilha, dois homens pertenceriam ao mesmo grupo: João Alfredo Padilha Macagnan, 22 anos, e Anderson Martoffel Pereira, 23 anos.

Padilha foi preso na semana passada pela Brigada Militar de Viamão. Já Pereira, detento do regime semiaberto, teve uma tornozeleira eletrônica presa à perna esquerda na quinta-feira passada – quando a polícia já o investigava.

Ontem, ele foi preso. Contra Pereira, havia dois mandados de prisão preventiva – por tráfico e homicídios.

Ao todo, a Operação Mors prendeu 11 pessoas. Durante as buscas de ontem, foram encontrados um fuzil 556, uma pistola 9 milímetros com silenciador, drogas e pés de maconha.

Em outubro, investigadores encontraram, enterrado no pátio de uma residência, uma submetralhadora 9 milímetros, com silenciador, três carregadores municiados e, ainda, R$ 16 mil.

Um dos crimes pelos quais a quadrilha é investigada é um assassinato ocorrido em frente ao fórum de Viamão, em 25 de setembro. Luís Filipi Souza Barcelos, o Lipi, 19 anos, tinha se apresentado no local e, ao sair, por volta das 14h, foi baleado diversas vezes.




Método recente de investigar

O uso de informações das tornozeleiras dos presos na investigação policial é recente.

As tornozeleiras foram implantadas no Estado no primeiro semestre deste ano. Hoje, 725 apenados do sistema semiaberto são monitorados pela Divisão de Monitoramento Eletrônico (DME) da Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe).

O equipamento não tem um dispositivo que impeça o usuário de cometer crimes. Porém, cruzando informações armazenadas pelo equipamento como os deslocamentos do usuário, é possível reforçar indícios contra suspeitos.

– As informações precisam ser cruzadas para se ter a precisão necessária na investigação. Lembro que, no mês passado, prendi um detento do semiaberto (Alexsandro Soares Rodrigues) envolvido com extorsão que usava tornozeleira – descreve o delegado Juliano Ferreira, titular da Delegacia de Roubo de Veículos (DRV), um dos braços do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).

O delegado Juliano acredita que as informações fornecidas pelas tornozeleiras irão se incorporar ao cotidiano da polícia, como é o caso das escutas telefônicas.

Os dados fornecidos são importantes para reforçar as provas nos inquéritos policiais, complementa o delegado Heliomar Franco, diretor da Divisão de Investigações do Narcotráfico do Departamento de Investigação do Narcotráfico (Denarc).

– São informações que contribuem nos indiciamentos – diz Franco.


SUA SEGURANÇA | Humberto Trezzi

Não culpem o aparelho

A tornozeleira até tem ajudado a polícia a monitorar e comprovar que alguns detentos continuam a praticar crimes no semiaberto. Mas essa não é a função primordial dessa aparelhagem. A função principal, acredite, é propiciar que o preso tenha uma vida mais digna. Isso significa ficar fora de pocilgas e trabalhar de fato, sob vigilância eletrônica do Estado.

É fato que alguns presos com tornozeleiras têm sido surpreendidos no cometimento de delitos. E isso deve ter deixado muitos cidadãos descrentes da capacidade de vigilância do aparelho. Em primeiro lugar, um apelo: não culpem o aparelho. Ele não é feito para impedir crimes, mas para verificar se o detento está no lugar que deveria estar. Acreditem: a maioria dos apenados que usa tornozeleira não foi flagrado em irregularidades. Até porque, para receber o aparelho, eles devem provar que têm vontade de se recuperar e isso inclui não ter prontuário de muitas fugas. É uma oportunidade de trazer de volta à sociedade gente que poderia virar bandido de vez. Não deixem que alguns galhos tortos comprometam todo uma floresta de bons exemplos.

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