CARLOS WAGNER E CAROLINA ROCHA
REFORÇO TECNOLÓGICO
Tornozeleira eletrônica torna-se aliada da polícia. Preso do semiaberto, que usava equipamento de monitoramento, é suspeito de comandar grupo
Utilizada para monitorar presos do regime semiaberto e esvaziar prisões, tornozeleiras eletrônicas tornaram-se aliadas da Polícia Civil nas investigações. Cruzando as informações armazenadas pelo equipamento, como os deslocamentos do usuário, com dados vindos de outras fontes – monitoramento telefônico, depoimentos e perícias – é possível verificar se determinado suspeito esteve na cena de um crime.
Ontem, a tornozeleira ajudou policiais a prenderem o suspeito de liderar uma quadrilha especializada em roubos e assassinatos na Região Metropolitana.
As investigações da Delegacia de Homicídios de Viamão se iniciaram há cinco meses, quando Carlos Renato dos Santos Bandeira da Silva, 31 anos, foi morto a tiros em uma revenda de veículos na Avenida Salgado Filho.
A morte dele, segundo a polícia, seria uma vingança. Além de Silva, suspeito de integrar uma quadrilha, dois homens pertenceriam ao mesmo grupo: João Alfredo Padilha Macagnan, 22 anos, e Anderson Martoffel Pereira, 23 anos.
Padilha foi preso na semana passada pela Brigada Militar de Viamão. Já Pereira, detento do regime semiaberto, teve uma tornozeleira eletrônica presa à perna esquerda na quinta-feira passada – quando a polícia já o investigava.
Ontem, ele foi preso. Contra Pereira, havia dois mandados de prisão preventiva – por tráfico e homicídios.
Ao todo, a Operação Mors prendeu 11 pessoas. Durante as buscas de ontem, foram encontrados um fuzil 556, uma pistola 9 milímetros com silenciador, drogas e pés de maconha.
Em outubro, investigadores encontraram, enterrado no pátio de uma residência, uma submetralhadora 9 milímetros, com silenciador, três carregadores municiados e, ainda, R$ 16 mil.
Um dos crimes pelos quais a quadrilha é investigada é um assassinato ocorrido em frente ao fórum de Viamão, em 25 de setembro. Luís Filipi Souza Barcelos, o Lipi, 19 anos, tinha se apresentado no local e, ao sair, por volta das 14h, foi baleado diversas vezes.
O uso de informações das tornozeleiras dos presos na investigação policial é recente.
As tornozeleiras foram implantadas no Estado no primeiro semestre deste ano. Hoje, 725 apenados do sistema semiaberto são monitorados pela Divisão de Monitoramento Eletrônico (DME) da Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe).
O equipamento não tem um dispositivo que impeça o usuário de cometer crimes. Porém, cruzando informações armazenadas pelo equipamento como os deslocamentos do usuário, é possível reforçar indícios contra suspeitos.
– As informações precisam ser cruzadas para se ter a precisão necessária na investigação. Lembro que, no mês passado, prendi um detento do semiaberto (Alexsandro Soares Rodrigues) envolvido com extorsão que usava tornozeleira – descreve o delegado Juliano Ferreira, titular da Delegacia de Roubo de Veículos (DRV), um dos braços do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
O delegado Juliano acredita que as informações fornecidas pelas tornozeleiras irão se incorporar ao cotidiano da polícia, como é o caso das escutas telefônicas.
Os dados fornecidos são importantes para reforçar as provas nos inquéritos policiais, complementa o delegado Heliomar Franco, diretor da Divisão de Investigações do Narcotráfico do Departamento de Investigação do Narcotráfico (Denarc).
– São informações que contribuem nos indiciamentos – diz Franco.
SUA SEGURANÇA | Humberto Trezzi
Não culpem o aparelho
A tornozeleira até tem ajudado a polícia a monitorar e comprovar que alguns detentos continuam a praticar crimes no semiaberto. Mas essa não é a função primordial dessa aparelhagem. A função principal, acredite, é propiciar que o preso tenha uma vida mais digna. Isso significa ficar fora de pocilgas e trabalhar de fato, sob vigilância eletrônica do Estado.
É fato que alguns presos com tornozeleiras têm sido surpreendidos no cometimento de delitos. E isso deve ter deixado muitos cidadãos descrentes da capacidade de vigilância do aparelho. Em primeiro lugar, um apelo: não culpem o aparelho. Ele não é feito para impedir crimes, mas para verificar se o detento está no lugar que deveria estar. Acreditem: a maioria dos apenados que usa tornozeleira não foi flagrado em irregularidades. Até porque, para receber o aparelho, eles devem provar que têm vontade de se recuperar e isso inclui não ter prontuário de muitas fugas. É uma oportunidade de trazer de volta à sociedade gente que poderia virar bandido de vez. Não deixem que alguns galhos tortos comprometam todo uma floresta de bons exemplos.
REFORÇO TECNOLÓGICO
Tornozeleira eletrônica torna-se aliada da polícia. Preso do semiaberto, que usava equipamento de monitoramento, é suspeito de comandar grupo
Utilizada para monitorar presos do regime semiaberto e esvaziar prisões, tornozeleiras eletrônicas tornaram-se aliadas da Polícia Civil nas investigações. Cruzando as informações armazenadas pelo equipamento, como os deslocamentos do usuário, com dados vindos de outras fontes – monitoramento telefônico, depoimentos e perícias – é possível verificar se determinado suspeito esteve na cena de um crime.
Ontem, a tornozeleira ajudou policiais a prenderem o suspeito de liderar uma quadrilha especializada em roubos e assassinatos na Região Metropolitana.
As investigações da Delegacia de Homicídios de Viamão se iniciaram há cinco meses, quando Carlos Renato dos Santos Bandeira da Silva, 31 anos, foi morto a tiros em uma revenda de veículos na Avenida Salgado Filho.
A morte dele, segundo a polícia, seria uma vingança. Além de Silva, suspeito de integrar uma quadrilha, dois homens pertenceriam ao mesmo grupo: João Alfredo Padilha Macagnan, 22 anos, e Anderson Martoffel Pereira, 23 anos.
Padilha foi preso na semana passada pela Brigada Militar de Viamão. Já Pereira, detento do regime semiaberto, teve uma tornozeleira eletrônica presa à perna esquerda na quinta-feira passada – quando a polícia já o investigava.
Ontem, ele foi preso. Contra Pereira, havia dois mandados de prisão preventiva – por tráfico e homicídios.
Ao todo, a Operação Mors prendeu 11 pessoas. Durante as buscas de ontem, foram encontrados um fuzil 556, uma pistola 9 milímetros com silenciador, drogas e pés de maconha.
Em outubro, investigadores encontraram, enterrado no pátio de uma residência, uma submetralhadora 9 milímetros, com silenciador, três carregadores municiados e, ainda, R$ 16 mil.
Um dos crimes pelos quais a quadrilha é investigada é um assassinato ocorrido em frente ao fórum de Viamão, em 25 de setembro. Luís Filipi Souza Barcelos, o Lipi, 19 anos, tinha se apresentado no local e, ao sair, por volta das 14h, foi baleado diversas vezes.
Método recente de investigar
O uso de informações das tornozeleiras dos presos na investigação policial é recente.
As tornozeleiras foram implantadas no Estado no primeiro semestre deste ano. Hoje, 725 apenados do sistema semiaberto são monitorados pela Divisão de Monitoramento Eletrônico (DME) da Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe).
O equipamento não tem um dispositivo que impeça o usuário de cometer crimes. Porém, cruzando informações armazenadas pelo equipamento como os deslocamentos do usuário, é possível reforçar indícios contra suspeitos.
– As informações precisam ser cruzadas para se ter a precisão necessária na investigação. Lembro que, no mês passado, prendi um detento do semiaberto (Alexsandro Soares Rodrigues) envolvido com extorsão que usava tornozeleira – descreve o delegado Juliano Ferreira, titular da Delegacia de Roubo de Veículos (DRV), um dos braços do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
O delegado Juliano acredita que as informações fornecidas pelas tornozeleiras irão se incorporar ao cotidiano da polícia, como é o caso das escutas telefônicas.
Os dados fornecidos são importantes para reforçar as provas nos inquéritos policiais, complementa o delegado Heliomar Franco, diretor da Divisão de Investigações do Narcotráfico do Departamento de Investigação do Narcotráfico (Denarc).
– São informações que contribuem nos indiciamentos – diz Franco.
SUA SEGURANÇA | Humberto Trezzi
Não culpem o aparelho
A tornozeleira até tem ajudado a polícia a monitorar e comprovar que alguns detentos continuam a praticar crimes no semiaberto. Mas essa não é a função primordial dessa aparelhagem. A função principal, acredite, é propiciar que o preso tenha uma vida mais digna. Isso significa ficar fora de pocilgas e trabalhar de fato, sob vigilância eletrônica do Estado.
É fato que alguns presos com tornozeleiras têm sido surpreendidos no cometimento de delitos. E isso deve ter deixado muitos cidadãos descrentes da capacidade de vigilância do aparelho. Em primeiro lugar, um apelo: não culpem o aparelho. Ele não é feito para impedir crimes, mas para verificar se o detento está no lugar que deveria estar. Acreditem: a maioria dos apenados que usa tornozeleira não foi flagrado em irregularidades. Até porque, para receber o aparelho, eles devem provar que têm vontade de se recuperar e isso inclui não ter prontuário de muitas fugas. É uma oportunidade de trazer de volta à sociedade gente que poderia virar bandido de vez. Não deixem que alguns galhos tortos comprometam todo uma floresta de bons exemplos.
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