Alberto Afonso Landa Camargo
Definitivamente, o ser humano insiste em viver suas contradições. Um exemplo desta certeza está dentro da Brigada Militar. Explico:
No Centauro, que é um grupo fechado e congrega apenas oficiais de nível superior da Corporação, vemos todos os dias inúmeras manifestações veementes contra as esquerdas e contra os governos desta ideologia e partidos que a seguem, muitas e não raras vezes atribuindo as mazelas por que passam as polícias militares e as forças armadas a uma orquestração, a um plano maquiavélico, a interesses não muito dignificantes destas ideologias e agremiações partidárias afins.
Estes manifestos descontentamentos, porém, praticamente ficam restritos ao grupo Centauro, a nós mesmos e não saem deste nosso mundinho fechado.
É como se esta discussão restrita fosse suficiente para mudar o mundo, o que nos coloca numa situação de megalomania tal, que interpreta que basta nos reunirmos, emitirmos opiniões que ficam só entre nós para que a realidade seja alterada.
Temos um episódio recente que nos leva a estas considerações que faço sobre as nossas contradições.
Um vereador de Porto Alegre, que pertence às esquerdas e partido afim, publicou artigo acusando generalizadamente as polícias militares pelo episódio do desaparecimento de um pedreiro no Rio de Janeiro. Para ele é como se a polícia militar daquele Estado seja exemplo às demais e, pior, como se os possíveis culpados tivessem feito o que é comum a policial de qualquer polícia militar, que, segundo ele, faz isto todos os dias independente do Estado a que pertença.
Disse textualmente o vereador: "Os 10 sádicos não são uma exceção como se vai querer dizer. Eles não fugiram à cultura e tradição de sua instituição e não fizeram menos do que são estimulados a fazer, cotidianamente...", ou seja, cada um de nós é culpado e estava lá no Rio de Janeiro a brandir os instrumentos que esquartejaram o infeliz.
Pois este vereador tem uma página no facebook, que é aberta a quem queira publicar nela e lá está o seu artigo atribuindo a todas as polícias militares e a cada policial em geral a responsabilidade pelo suposto esquartejamento e desaparecimento do dito pedreiro. Porém, lê-se na página do vereador a veemência de apenas não mais que quatro policiais militares, dos sete comentários publicados contra a sua postura discriminatória e injusta. E aí reside a contradição!
Não estão lá presentes aqueles que costumam veementemente bater nas esquerdas neste grupo fechado e restrito e a página do vereador esquerdista e de partido afim que acaba de publicar um artigo ofendendo e injustiçando cada um dos policiais militares que existem no Brasil se ressente da veemência daqueles que, no Centauro e todos os dias, não cansam de dizer dos planos maquiavélicos e das orquestrações das esquerdas contra as polícias militares e as forças armadas.
E isto que a página dele está lá, aberta a quem queira publicar. Mas está aí um mundo fechado e só nosso e é o que deve bastar...
via facebook/grupocentauro
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