ZERO HORA 30 de outubro de 2013 | N° 17599
EDITORIAIS
Fatos ocorridos em São Paulo são representativos da violência exacerbada nas ruas do país. Os assassinatos de dois jovens por policiais militares, em bairros da capital paulista, devem ser repudiados, assim como a agressão covarde sofrida por um oficial da corporação, durante protestos na mesma cidade. As mortes, domingo e ontem, podem ter ocorrido em abordagens desastradas, expondo o despreparo combinado com a prepotência de setores das forças de segurança, que tem exemplos também em outros Estados. O primeiro episódio mereceu o repúdio público da presidente da República. Disse textualmente a senhora Dilma Rousseff, em postagem no Twitter, que a violência contra a periferia é a manifestação mais forte da desigualdade social no Brasil.
É elogiável que a presidente procure reforçar um sentimento de todos, mas isso certamente não basta, ou todos ficaremos apenas lamentando casos como esses. A indignação é tanta, que moradores do Jaçanã e do Parque Novo Mundo, bairros em que os rapazes residiam, também reagiram com violência, queimando ônibus, bloqueando rodovias e depredando bens públicos. São atos igualmente condenáveis, mas que devem ser compreendidos em seu contexto, ou as autoridades e a sociedade estarão ignorando o fato de que expressam desesperança. Há na reação dos moradores a repetição de outras ações articuladas emocionalmente com o mesmo objetivo de dizer à polícia, aos governos, à Justiça e a todas as instituições que o sentimento generalizado, em especial entre as camadas mais pobres da população, é de que fracassarão todas as tentativas de punição e de reparação.
Por dia, morrem no Brasil mais de 20 crianças e adolescentes, nas mais variadas formas de violência, entre as quais as operações policiais. E a grande maioria das vítimas são moradores das periferias. As autoridades têm a missão de oferecer respostas a esse e a tantos outros episódios semelhantes, para que a violência não continue gerando mais violência.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - NÃO É A POLÍCIA QUE MATA!. De um lado, policiais se defendem no enfrentamento do crime e matam para não morreram num combate mortal. Do outro lado, em menor proporção há os que matam por despreparo técnico (caso do jovem em SP), pelo perfil não adequado à polícia (caso do tenista), por estresse, pelo embrutecimento e por alto grau de intolerância no enfrentamento do crime (caso Amarildo). No primeiro caso, os policiais são heróis da sociedade e no segundo caso são criminosos que devem ser punidos individualmente e excluídos do serviço público. Não se pode generalizar a punição à Instituição Policial e à grande maioria dos policiais onde estão os qualificados tecnicamente, os preparados e os solidários e todos que arriscam a vida para defender a população contra bandidos organizados, bem armados, com potencial financeiro e motivações determinadas pelos interesses de sobrevivência e das facções a que pertencem.
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