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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

NÃO MUDAREMOS A NOSSA POSTURA, DIZ CMT AGREDIDO

O Estado de S. Paulo 28 de outubro de 2013 | 10h 04

'Não mudaremos a nossa postura', diz coronel agredido sobre diálogo com manifestantes. O oficial Reynaldo Simões Rossi, atacado durante o protesto de sexta-feira em São Paulo, defendeu a negociação com organizadores dos atos, mas pregou endurecimento com radicais

SÃO PAULO - O coronel Reynaldo Simões Rossi, agredido durante a manifestação do Movimento Passe Livre na sexta-feira, 25, afirmou à Rádio Estadão nesta segunda-feira, 28, que não mudará a prática de dialogar com os organizadores dos atos. Ele defendeu a estratégia de tentar afastar a minoria de 'criminosos e vândalos', nas suas palavras, do restante da massa que participa dos protestos. "Nós não mudaremos a nossa postura", disse. "Há um conjunto de procedimentos operacionais que são adotados. Se, infelizmente, esses episódios de depredação e agressão acontecem, é justamente porque esses grupos se apropriam das manifestações legítimas".


Alex Silva/Estadão
Coronel Rossi: fratura na escápula após espancamento

Em meio à invasão do Terminal Parque D. Pedro II na sexta à noite, o coronel Rossi, chefe do Comando de Policiamento de Área Metropolitana 1 (CPAM1), foi cercado, espancado e acabou perdendo a arma e o rádio. Atingido por uma placa de ferro por manifestantes mascarados, o oficial sofreu fratura na escápula e submetido a uma tomografia no Hospital das Clínicas, de onde saiu no sábado após receber alta.

Integrantes da Polícia Militar chegaram a chamar os agressores de "bando de criminosos". O governador Geraldo Alckmin e a presidente Dilma Rousseff também repudiaram as agressões e os atos de vandalismo. Após a entrada a invasão, o Terminal Parque D. Pedro II ficou completamente destruído: ônibus, lojas, caixas eletrônicos e catracas foram depredados.

Sobre a responsabilidade de manter a tropa sob controle após ataques a PMs, o coronel Rossi disse que apenas seguiu normas da corporação. "Em todas as manifestações, independente do tema, os nosso pressupostos são garantir o livre direito de manifestação, tentar impedir ou minimizar o dano ao patrimônio e agressões a pessoas."

Recuperação. O coronel disse que seu diagnóstico 'foi favorável' e que deve se recuperar antes de alguns policiais que foram feridos em outros atos. "Quero frisar que quem foi ferido na sexta-feira não era um coronel, e sim mais um policial militar que estava representando o Estado".

Um dos acusados de agredi-lo, Paulo Henrique Santiago dos Santos, de 24 anos, foi identificado nas imagens feitas durante a agressão. Ele foi autuado e enviado ao Centro de Detenção Provisória (CDP) do Belém. A ação causou revolta na cúpula da PM, que prometeu uma "resposta dura" aos black blocs.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou deste domingo, 27, que a lei deveria ser mais rígida com quem agride policiais. "Precisamos aperfeiçoar a legislação. Quem agride policial, que é um agente do Estado e está ali para trabalhar e defender a sociedade, deve ter a pena agravada. É inadmissível isso."

O coronel Rossi também defendeu o endurecimento das pena contra agressores de policiais. Ele propôs que os flagrados cometendo atos de vandalismo ou agressões sejam impedidos de participar de novos atos enquanto não são julgados. "Acho que temos que aperfeiçoar o conjunto legislativo atual. As agressões a policial militar, representante do Estado, bem como os episódios de depredação, têm uma punição extremamente branda, que poderia ser cumulada com algumas medidas restritivas."


26 de outubro de 2013 | 21h 53

‘Este ano, 70 colegas já foram feridos’, diz coronel da PM agredido. Com a escápula quebrada, Reynaldo Rossi diz que fim da violência nas manifestações depende da ajuda dos próprios manifestantes

Bruno Ribeiro - O Estado de S. Paulo



O coronel da Polícia Militar Reynaldo Simões Rossi disse ao Estado que o vandalismo é o maior inimigo dos protestos. “As pessoas que participam de manifestações devem entender que a polícia sempre estará presente. E elas devem ver a polícia como parceira.”

O que houve de errado? O que deve mudar?

O direito de se manifestar será sempre garantido pela polícia. Mas permitir que as manifestações ocorram de forma livre não depende apenas da polícia. Os manifestantes precisam ter responsabilidade e se separarem dos criminosos. E nos ajudar a identificá-los. O silêncio dos bons é muito pior do que o ruído dos ruins. Neste ano, já atuamos em 200 manifestações. Tenho certeza de que é a minoria de pessoas que está disposta ao vandalismo. Há os que não querem negociação. Atacam a PM porque é o Estado ali. É o Big Brother deles, a hora de aparecer.

As punições precisam ser diferentes?

É a sociedade que tem de discutir isso. Quem é preso sistematicamente nesses atos poderia ter de se apresentar na delegacia nos dias de protesto (como ocorre com integrantes de torcidas organizadas).

Por que o senhor estava naquele ponto onde foi agredido?

O comando da operação não era meu, mas costumo acompanhar os atos a distância para fazer a análise crítica depois (para corrigir erros de planejamento). Segui o ato todo. Estava na Praça da Sé, onde ele deveria terminar, mas o MPL achou por bem terminar no Parque D. Pedro. Seguia para lá quando eu e meu motorista, que foi um herói, vimos um grupo destruindo pontos de ônibus e os detivemos. Nisso, os criminosos que já fugiam do terminal nos cercaram. Mas é importante dizer que não foi um coronel que foi agredido. Foi um policial fardado. Fui só mais um policial ferido. Neste ano, só na minha região, 70 policiais já ficaram feridos trabalhando em manifestações. Alguns deles ainda estão convalescendo.

O senhor viu o vídeo com as cenas da sua agressão?

Vi algumas partes, mas penso que o que passou, passou. Ser policial é sempre correr riscos.

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