Polícia Civil está investigando o crime, mas ainda não sabe as motivações. Vítima era comerciante e jogador de futebol. Esposa faz trabalho administrativo e social na UPP de São Carlos
ANA CAROLINA TORRES E GIULLIANE VIÊGAS, DO EXTRA
ELENILCE BOTTARI
O GLOBO
Atualizado:29/10/13 - 13h36
O GLOBO
Atualizado:29/10/13 - 13h36
Mochila é deixada na porta da casa de família de policial em Realengo Guilherme Pinto / Agência O Globo
RIO — Uma mochila com a cabeça do marido de uma soldado da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro de São Carlos, na Zona Norte do Rio, foi deixada na porta da casa da família, em Realengo, na Zona Oeste. De acordo com policiais militares do 14º BPM (Bangu), a vítima é o comerciante João Rodrigo Silva Santos, de 35 anos. Equipes da Divisão de Homicídios (DH) foram acionadas pela PM e investigam o crime. A cabeça foi levada para o Instituto Médico-Legal (IML).
A mochila foi encontrada por parentes da vítima quando saíam para trabalhar. A área no entorno da casa foi isolada. As motivações do crime ainda são desconhecidas. Policiais do Batalhão de Bangu fazem buscas na região à procura do corpo de João Rodrigo. Eles não descartam a hipótese de o crime ter sido praticado por traficantes de drogas.
A Divisão de Homicídios investiga o sequestro e execução do comerciante João Rodrigo Silva Santos. A polícia tenta levantar a quem pertenceria o veículo usado para acobertar o crime. Segundo testemunhas, João teria fechado sua loja por volta de 19h30, ido a academia ao lado - como de hábito - e foi rendido na hora que saía por dois homens que o levaram no próprio carro, às 19h45.
Imagens de uma câmera de segurança na Rua Piraquara, em Realengo, já estão sendo analisadas pelos investigadores. Segundo o chefe de investigação da DH, Rafael Rangel, o caso está sendo investigado como execução. A mulher da vítima, a soldado Geísa Silva, ele não sofria nenhum tipo de ameaça. Ela disse que trabalha administrativamente fazendo um trabalho social na comunidade da UPP de São Carlos.
O carro dele, um Hyundai i30, foi levado pelos bandidos e ainda está desaparecido. Ao ver que o marido demorava para chegar em casa e sem conseguir contato com ele, Geísa ligou para o 14º BPM às 21h de segunda-feira. Uma hora depois, procurou a 33ª DP (Realengo) para registrar o desaparecimento de João. Segundo Afonso Silva, irmão da policial, o casal estava junto havia 11 anos.
— Nós agora só queremos saber onde está o corpo do meu cunhado. Não temos ideia do que motivou o assassinato. Queremos Justiça e também que Realengo melhore. A região está muito violenta — disse Afonso.
Vizinhos que moram em frente à casa da PM contaram que ouviram a mulher gritando, por volta das 5h30m: "Meu Deus, é o João! É a cabeça do João!".
— Era um casal feliz, uma família tranquila. Não dá para saber o que pode ter motivado um crime estúpido como esse — disse um vizinho, que pediu para não ser identificado.
Policiais da Corregedoria da PM foram à casa da soldado para conversar com ela. A policial foi levada para a DH para prestar depoimento. De acordo com a perícia, João sofreu decapitação e teve língua e olhos arrancadados. A polícia interpreta que ele pode ter sido testemunha de alguma coisa.
Considerado uma pessoa amiga e divertida, João Rodrigo faria aniversário no próximo dia 8 e era casado há 11 anos com Geísa Silva, de 31 anos. Ele tinha um filho menor de idade de um relacionamento anterior, mas a idade não foi informada.
- Ele era uma excelente pessoa, brincalhona. É difícil acreditar no que aconteceu. Estaria com ele amanhã numa festa de amigos nossos - disse um homem que é amigo do morto há dez anos, mas pediu para não ser identificado.
Jogador de futebol
João Rodrigo era jogador de futebol e vestiu a camisa de Bangu, Madureira e Boavista - times que disputam o Campeonato Carioca -, além de clubes de Honduras e Suécia. Mineiro de Cataguases, João Rodrigo começou sua carreira no futebol nos juvenis do Bangu, quando tinha 16 anos, e foi promovido aos profissionais com 19. Seu último clube foi o Sampaio Corrêa, de Saquarema, que disputa a série B do Estadual.
Em 2000, foi artilheiro do Bangu no Campeonato Brasileiro da 2ª Divisão e ganhou o apelido em "Herói Humilde" em uma partida do Torneio Rio-São Paulo. Em 103 partidas disputadas pelo clube da Teixeira de Castro, marcou 33 gols. Atualmente, ele jogava no time do Sampaio Corrêa, de Saquarema, que disputou a Série B do Campeonato Carioca deste ano, mas também se dedicava ao comércio.
Em nota, o Bangu Atlético Clube disse que a morte está"cortando os corações dos dirigentes, funcionários e da torcida banguense. Neste momento de muita dor, o Bangu se solidariza com a família e pede a Deus que os console".
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