EDITORIAL
Muitas pessoas se consideram com mais valor do que têm. Outras, pelo contrário, desconhecem quanto valem. Esse parece ser o caso de bandidos e policiais. De fato, temos toda uma geração criada da maneira mais irresponsável possível, sem pai nem mãe, literalmente, sem exemplos, sem boas companhias e sabendo de falcatruas ali no vizinho, na esquina ou, o pior de tudo, em setores governamentais e empresariais. E não é de hoje, nem deste século, que tem apenas 13 anos.
Em São Paulo, como antes no Rio de Janeiro, a corrupção policial estava muito além do que é considerado possível de combater, com um caso aqui ou ali. Mas o trabalho não tem sido fácil quando os agentes da lei, na rua, enfrentam manifestantes e, entre eles, alguns que, abertamente, depredam, jogam pedras, ofendem e fazem pressão física coletiva para romper as barreiras da Brigada e os limites de contenção em prédios. Em Porto Alegre, o Palácio da Justiça em junho e, há pouco, o Museu Júlio de Castilhos e a Catedral Metropolitana foram alvo da sanha de quem pode se chamar de desordeiros travestidos de manifestantes, ainda que com justas reivindicações.
Ora, embaixo da farda está um ser humano com seus problemas, compromissos, família e até mesmo com medo, pois, não raro, ele se vê cercado por mascarados que o ameaçam. Ah, mas o policial tem que estar treinado para essas ocasiões. Treinado ele é, mas tudo tem limite. No caso do Museu Júlio de Castilhos, moradores dos vários edifícios vizinhos foram às janelas incentivar os policiais a agir. O governador Tarso Genro, corretamente, lembrou que a única orientação que dá à segurança pública, Brigada Militar e Polícia Civil, é evitar envolver pessoas que não estão provocando ou depredando, ou seja, inocentes. Essa é uma postura republicana e correta.
De outra parte, agindo com serviços de inteligência, escutas e quebras de sigilos autorizados pela Justiça, a Polícia Civil, a judiciária, tem desbaratado quadrilhas que praticam os mais diversos crimes, como roubo de cargas, contrabando e a distribuição de drogas. Ora, as fronteiras do Brasil são uma peneira por terra e por rios, restando guarnecido o espaço aéreo a mercê do trabalho da Força Aérea, mas que tem limitações de gasto de combustível.
Paradoxalmente, a baixa taxa de desemprego deveria ter correspondência em índices de criminalidade bem menores. No entanto, isso não tem ocorrido.
Além disso, no Brasil as leis se complicam quando se multiplicam. Por isso, é fundamental que tanto a Brigada Militar como a Polícia Civil continuem trabalhando juntas e deixando no passado a rivalidade que antes existia. No entanto, como cabe à Civil fazer inquéritos e remetê-los à Justiça, mesmo quando envolvem policiais militares, isso gera uma certa antipatia entre aqueles que não conseguem entender a missão legal da corporação não fardada. Enfim, usar mais inteligência, fazer as populares “campanas” e trabalhar com investigação e bases de dados fará com que a criminalidade diminua e os fora da lei se sintam intimidados sabendo que a possibilidade de serem presos tem um alto percentual positivo.
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