ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A POLÍCIA NO CAMINHO CERTO



O ESTADO DE S.PAULO 17 de outubro de 2013 | 2h 14

OPINIÃO

As duas maiores cidades do País viveram na terça-feira mais um dia de violência e depredações, provocadas por baderneiros infiltradas em manifestações, mas desta vez a polícia, tanto em São Paulo como no Rio, deu mostras de que finalmente está disposta a tratar esses grupos com o rigor necessário. É bom que assim seja, porque tanto a destruição do patrimônio público e privado como o próprio enfrentamento direto entre os vândalos e a polícia vêm crescendo de tal forma que hoje qualquer sinal de fraqueza pode fazer a situação escapar ao controle das forças encarregadas de garantir a paz e a segurança da população.

Em São Paulo, cerca de 300 estudantes - de acordo com cálculos da Polícia Militar (PM) - aproveitaram a comemoração do Dia do Professor para pedir maior participação na administração da Universidade de São Paulo, numa passeata que começou no Largo da Batata, em Pinheiros, e pretendia chegar ao Palácio dos Bandeirantes. Como sempre, a violência começou quando mascarados do grupo Black Bloc se misturaram aos estudantes. Quatro agências bancárias e uma concessionária de veículos foram depredadas e a Estação Butantã do Metrô foi pichada.

Quando se sentiu acuado, um grupo que tinha tanto estudantes como baderneiros se refugiou na loja de móveis Tok & Stok situada perto da Ponte Eusébio Matoso. A presença desse grupo numa grande loja, sempre cheia naquele horário, poderia ter provocado uma tragédia, como chegaram a temer os clientes amedrontados. A polícia agiu com energia, fez um bloqueio naquela ponte, enfrentou os mascarados e prendeu 61 pessoas. Com a mesma energia, a polícia conseguiu conter, em outro ponto da cidade, militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto que tentaram invadir o prédio da Câmara Municipal.

No Rio, o cenário não foi diferente. Mascarados, misturados a 7 mil professores que promoveram manifestação no centro da cidade, em especial na Cinelândia e nas imediações da Câmara Municipal, mais uma vez deixaram um rastro de destruição - agências bancárias e lojas depredadas, ônibus e viaturas queimados e policiais atacados com coquetéis molotov. E também barricadas e sacos de lixo queimados perto da Biblioteca Nacional, que tem o maior e mais valioso acervo de livros do País. Mas lá, tal como em São Paulo, a PM conteve os grupos mais violentos e fez dezenas de prisões.

A situação chegou a um ponto em que bastam algumas dezenas de pretensos anarquistas, aos quais cada vez mais se juntam criminosos comuns, para tumultuar a vida das grandes cidades, bloqueando vias importantes e semeando destruição e medo ao menor pretexto. Um estrangeiro que aqui desembarcasse num desses dias, vindo de qualquer país razoavelmente organizado e onde por isso existe o saudável hábito de respeitar a lei, imaginaria que o Brasil está em pé de guerra, ou quase.

Isto não pode continuar. É preciso, antes de mais nada, separar os manifestantes dos baderneiros de todo tipo. Quem primeiro tem de fazer isso é, evidentemente, a polícia. A rigor, já deveria ter feito, pois certamente seu serviço de inteligência tem condições de identificar e ficar atento a esse grupo, que não é numeroso. E os manifestantes, já que se pretendem pacíficos, tem o dever de se distanciar deles. Do contrário, queiram ou não, serão seus cúmplices, como tem acontecido muitas vezes.

E já está na hora também de todos que, entre nós, pretendem exercer seu direito de se manifestar e reivindicar se convencerem de que esse direito não é absoluto. Aí está o exemplo das velhas e sólidas democracias - países europeus e Estados Unidos -, onde as manifestações têm de seguir regras como avisar com antecedência as autoridades sobre o dia, a hora e o trajeto em que serão feitas, e que dependem de aprovação. Fora desse padrão, elas atentam contra o direito de ir e vir dos outros.

É animador ouvir do governador Geraldo Alckmin, depois da baderna de terça-feira, que o vandalismo é inaceitável e a polícia não pode se omitir. Que desta vez seja para valer.

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