RS URGENTE - outubro 6, 2013
Política, Economia & Cultura – Marco Aurélio Weissheimer
Os 10 sádicos não são uma exceção como se vai querer dizer. Eles não fugiram à cultura e tradição de sua instituição e não fizeram menos do que são estimulados a fazer, cotidianamente apoiados pelos discursos e pensamentos da sociedade brasileira. A sociedade brasileira legitima e aplaude a Guerra, afinal são pobres e negros a maioria dos 60 mil mortos por ano, a maioria inclusive com ficha policial, como é o costume dizer para se provar de que não se matou nenhum inocente.
Por Alberto Kopttike (*)
Nesse momento dez 10 policiais militares do Rio de Janeiro estão sendo injustamente punidos por torturarem e matarem Amarildo. Não que faltem provas para imputar cada um deles, um nexo concreto com os acontecimentos, afinal inclusive uma testemunha presenciou a sessão de tortura (e por isso teve que se mudar com toda a sua família para outro estado, protegida pela Polícia Federal). A injustiça reside no fato de que eles não poderiam ser punidos por fazerem aquilo para o que foram treinados e por terem executado exatamente o que a sociedade esperava que eles fizessem.
Ao invés de punidos, expulsos da PM e talvez até presos, deveria se erguer estátuas em homenagem aos 10 policiais que se expuseram ao risco de enfrentar os traficantes. Notícias deveriam estar sendo publicadas em suas defesas, discursos enfáticos deveria estar sendo proclamados nos Parlamentos país a fora, e alguns programas de TV, especializados no assunto, deveriam dedicar um programa especial para homenageá-los, com seus performáticos apresentadores descendo lágrimas em sua memória. Ruas e praças, ou melhor, Avenidas e Parques, deveriam receber os seus nomes e bustos, exatamente como se fez com os seus predecessores, os ditadores militares.
Como pode alguém ser punido por executar a sua missão?! Afinal no que pensavam enquanto faziam o corpo daquele negro se destroçar? Obviamente excluindo qualquer possibilidade de interesses escusos (o que seria por demais fantasioso) e pressupondo a boa fé dos policiais, pensavam eles que estavam cumprindo sua missão em nome da sociedade carioca e brasileira, de que estavam fazendo o que deles se esperava que fizessem, um teste de fogo para os mais novos demonstrarem que estavam aptos a vestirem aquela farda.
Os 10 sádicos não são uma exceção como se vai querer dizer. Eles não fugiram à cultura e tradição de sua instituição e não fizeram menos do que são estimulados a fazer, cotidianamente apoiados pelos discursos e pensamentos da sociedade brasileira. A sociedade brasileira legitima e aplaude a Guerra, afinal são pobres e negros a maioria dos 60 mil mortos por ano, a maioria inclusive com ficha policial, como é o costume dizer para se provar de que não se matou nenhum inocente.
O caso Amarildo, como tantos outros, não mudará em nada a hipócrita Guerra contra as Drogas. Seguirá a idéia de que se enchermos os cemitérios e presídios com os “vagabundos” vamos diminuir o número de pessoas que consomem às substâncias proibidas. Vamos continuar educando os jovens da periferia com safanões, tapas, coronhadas ou, quando necessário, choques, pauladas e tiros, para que eles saibam qual é o caminho certo a seguir.
Amarildo foi simplesmente mais um das dezenas que somem nas madrugadas das favelas do Brasil, torturados e mortos pelos seus desafetos com ou sem farda. O azar dos 10 policiais é que fizeram isso num raro momento de consciência da sociedade brasileira, em que o humanismo até pareceu se tornar uma realidade naquelas ruas cheias de jovens em junho.
Todos se mostrarão comovidíssimos com o bárbaro crime perpetrado pelos 10 policiais e exigirão a mais dura punição, mas continuarão defendendo a Guerra, na qual os algozes de Amarildo continuarão se considerando heróis, e não são?!
(*) Vereador (PT) em Porto Alegre
Os 10 sádicos não são uma exceção como se vai querer dizer. Eles não fugiram à cultura e tradição de sua instituição e não fizeram menos do que são estimulados a fazer, cotidianamente apoiados pelos discursos e pensamentos da sociedade brasileira. A sociedade brasileira legitima e aplaude a Guerra, afinal são pobres e negros a maioria dos 60 mil mortos por ano, a maioria inclusive com ficha policial, como é o costume dizer para se provar de que não se matou nenhum inocente.
Por Alberto Kopttike (*)
Nesse momento dez 10 policiais militares do Rio de Janeiro estão sendo injustamente punidos por torturarem e matarem Amarildo. Não que faltem provas para imputar cada um deles, um nexo concreto com os acontecimentos, afinal inclusive uma testemunha presenciou a sessão de tortura (e por isso teve que se mudar com toda a sua família para outro estado, protegida pela Polícia Federal). A injustiça reside no fato de que eles não poderiam ser punidos por fazerem aquilo para o que foram treinados e por terem executado exatamente o que a sociedade esperava que eles fizessem.
Ao invés de punidos, expulsos da PM e talvez até presos, deveria se erguer estátuas em homenagem aos 10 policiais que se expuseram ao risco de enfrentar os traficantes. Notícias deveriam estar sendo publicadas em suas defesas, discursos enfáticos deveria estar sendo proclamados nos Parlamentos país a fora, e alguns programas de TV, especializados no assunto, deveriam dedicar um programa especial para homenageá-los, com seus performáticos apresentadores descendo lágrimas em sua memória. Ruas e praças, ou melhor, Avenidas e Parques, deveriam receber os seus nomes e bustos, exatamente como se fez com os seus predecessores, os ditadores militares.
Como pode alguém ser punido por executar a sua missão?! Afinal no que pensavam enquanto faziam o corpo daquele negro se destroçar? Obviamente excluindo qualquer possibilidade de interesses escusos (o que seria por demais fantasioso) e pressupondo a boa fé dos policiais, pensavam eles que estavam cumprindo sua missão em nome da sociedade carioca e brasileira, de que estavam fazendo o que deles se esperava que fizessem, um teste de fogo para os mais novos demonstrarem que estavam aptos a vestirem aquela farda.
Os 10 sádicos não são uma exceção como se vai querer dizer. Eles não fugiram à cultura e tradição de sua instituição e não fizeram menos do que são estimulados a fazer, cotidianamente apoiados pelos discursos e pensamentos da sociedade brasileira. A sociedade brasileira legitima e aplaude a Guerra, afinal são pobres e negros a maioria dos 60 mil mortos por ano, a maioria inclusive com ficha policial, como é o costume dizer para se provar de que não se matou nenhum inocente.
O caso Amarildo, como tantos outros, não mudará em nada a hipócrita Guerra contra as Drogas. Seguirá a idéia de que se enchermos os cemitérios e presídios com os “vagabundos” vamos diminuir o número de pessoas que consomem às substâncias proibidas. Vamos continuar educando os jovens da periferia com safanões, tapas, coronhadas ou, quando necessário, choques, pauladas e tiros, para que eles saibam qual é o caminho certo a seguir.
Amarildo foi simplesmente mais um das dezenas que somem nas madrugadas das favelas do Brasil, torturados e mortos pelos seus desafetos com ou sem farda. O azar dos 10 policiais é que fizeram isso num raro momento de consciência da sociedade brasileira, em que o humanismo até pareceu se tornar uma realidade naquelas ruas cheias de jovens em junho.
Todos se mostrarão comovidíssimos com o bárbaro crime perpetrado pelos 10 policiais e exigirão a mais dura punição, mas continuarão defendendo a Guerra, na qual os algozes de Amarildo continuarão se considerando heróis, e não são?!
(*) Vereador (PT) em Porto Alegre
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Se os policiais militares indicados são realmente culpados devem ser expulsos e cumprirem uma pena longa pelo crime que bárbaro que cometeram. Mas não se pode enquadrar a maioria dos policiais militares que dão a vida para proteger o cidadão e as comunidades onde atuam, recebendo salários miseráveis, condições de trabalho perigosas, pouco valor, desamparo da lei e quase nenhum estímulo para permanecer na carreira. Os algozes de Amarildo deveriam cumprir prisão perpétua, especialmente por serem policiais que afrontaram o juramento, mataram um cidadão covardemente e traíram os honestos e dedicados colegas de profissão. Aos policiais dedicados e corajosos que todos os dias arriscam a vida no enfrentamento de bandidos poderosos, com arsenais de guerra, abastados pelo tráfico, ocultados no meio das comunidades reféns e protegidos por uma justiça morosa e leis condescendentes, resta a admiração da sociedade e das pessoas que confiam na polícia militar como escudo presente e aproximado do bem-estar e da segurança pública.
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