COMANDO ADMITE “QI” POLÍTICO - VANESSA CAMPOS, DIÁRIO CATARINENSE, 23/10/2011
Enquanto 281 policiais fazem a segurança de órgãos públicos na Capital, o comandante-geral da Polícia Militar, Coronel Nazareno Marcineiro, tenta impedir novos pedidos de transferência. Ele garante que “premiação” é indicação política.
– Tenho uma planilha com quase 200 pedidos de movimentação. Desde que assumi o comando, esse documento está arquivado. Se depender de mim, ninguém vai – enfatiza.
Marcineiro destaca que seu plano de comando é justamente colocar mais policiais nas ruas. Quem bate o martelo é justamente o comandante. Porém, como há respaldo legal para proteção por parte da Polícia Militar, haveria conflito institucional se todos fossem retirados dos poderes.
Segundo o tenente-coronel Fernando da Silva Cajueiro, do Centro de Comunicação Social, o critério para um policial sair das ruas para um órgão público é “apadrinhamento político”:
– Não é promoção. Podemos considerar como prêmio, pois os policiais recebem remuneração extra, que é paga pelo próprio órgão.
A explicação é simples. A corporação paga o salário básico do policial e o órgão (AL, TJSC, Governo ou TCE), a gratificação, que pode chegar ao dobro, segundo o sargento Amauri Soares, da Associação de Praças de SC (Aprasc). Embora os poderes se neguem a passar o valor pago aos indicados, há informação de que a Assembleia Legislativa, por exemplo, paga o dobro para cada PM lotado.
De acordo com o presidente da Aprasc, o Estado precisaria de mais 9 mil policiais militares nas ruas. Na Capital, pelo menos mais 500.
– O governo tem que manter essa intensidade de concursos e contratações por 10 anos seguidos.
Ele explica, ainda, que as autoridades não querem abrir mão dos policiais que fazem a segurança dos órgãos públicos.
– Mesmo que o policial esteja na função de motorista para um juiz, por exemplo, a autoridade sabe que ele entende de arma, de documentação. Quem tem poder quer proteção, e a legislação permite.
Soares salienta que também é preciso mais estímulo, como bons salários e planos de carreira:
– Com isso, os que já estão em exercício também teriam mais entusiasmo e não precisariam fazer bico na hora de folga.
Desde a semana passada, o Estado formou mais 444 soldados, sendo que 73 ficarão nas ruas da Grande Florianópolis. Até o fim do primeiro semestre de 2012, SC deverá ter cerca de 1,3 mil novos PMs, segundo a assessoria do comando-geral.
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