ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

domingo, 2 de outubro de 2011

PC-SC - O QUE AINDA ATRAPALHA E O QUE DEVE MELHORAR

POLÍCIA CIVIL EM SC. Falta crônica de pessoal e até de espaço para trabalhar contrastam com o novo disque-denúncia e as delegacias especializadas - DIOGO VARGAS, DIÁRIO CATARINENSE, 02/10/2011

Tão revoltante quanto ser vítima da criminalidade é procurar uma delegacia de polícia e saber que a sua queixa ou a sua denúncia servirão apenas para estatísticas. Atingida por defasagem salarial, número insuficiente de policiais e falta de viaturas, a Polícia Civil de Santa Catarina exige atenção prioritária do governo para recuperar o fôlego e dar ao cidadão o tão esperado combate ao crime.

O salário base de um agente de polícia é R$ 781,81. Na maioria das delegacias, falta espaço físico, os computadores são ultrapassados, o colete pode estar vencido, a viatura tem quase 200 mil quilômetros, a equipe de colegas é reduzida, desmotivada, sequer há sistema de rádio para se comunicar com colegas e pedir apoio em caso de emergência na rua.

Essa realidade ainda ameaça a Polícia Civil. Assim como a Polícia Militar, o principal problema está na quantidade de servidores. São 3,2 mil policiais civis, enquanto o ideal seria o dobro. A inclusão de mais policiais depende de aprovação do governador Raimundo Colombo.

A atual cúpula da polícia afirma que tem inovado com projetos e buscado a melhoria das condições com ações para os policiais e investimentos na área de inteligência. Acredita que, com a aprovação política de contratações e para reajustes salariais, as melhorias se tornarão significativas.

Enquanto elas não acontecem, o Sindicato dos Policiais Civis de SC marcou assembleia geral para o dia 27 deste mês, onde cobrará as reivindicações da categoria, entre elas o aumento salarial.

Ação dá fôlego, mas não resolve problema

– A nomeação de mais policiais dará fôlego, mas ainda não resolverá o velho problema de pessoal, a nossa principal dificuldade. Temos ainda a política de sair dos alugueis das delegacias, que é outro problema – avalia o delegado geral da PC, Aldo Pinheiro D’Ávila.

Ele destaca como pontos positivos a compra de 170 viaturas, 1,5 mil coletes, 500 pistolas e o investimento em internet. Para o delegado Alexandre Kale, diretor de Inteligência da PC, o recém criado site do disque-denúncia é uma aposta na busca por informações para desvendar crimes.

Kale garantiu que o sistema de rádios está sendo reinstalado e, futuramente, será todo digitalizado.

Ele não estabeleceu prazo, mas informou que os rádios voltaram a ser usados, por enquanto, em seis cidades: Lages, Itajaí, Concórdia, Joinville, Tubarão e Caçador.

Dificuldades e projetos

O NOVO DISQUE-DENÚNCIA - A diretoria de inteligência da PC criou um novo sistema de denúncia, pelo site http://disquedenuncia181.org. Há fotos e informações atualizadas sobre identificação de suspeitos, bandidos procurados e pessoas desaparecidas. Uma ferramenta desse tipo existia na PC, mas era precária, deatualizada e pouco utilizada. Agora, consta também no Facebook (é preciso fazer a busca por Disque Denúncia SC e, então, curtir a página). Um dos recentes crimes divulgados é o assalto a uma joalheria em Palhoça, em que bandidos levaram R$ 400 mil em joias.

A DELEGACIA DE CAPTURAS - Comum em estados como São Paulo e Rio de Janeiro, não existia em Santa Catarina até este ano. Foi criada recentemente em Florianópolis pela Delegacia-Geral da Polícia Civil. Está funcionando na antiga Polinter, no aterro da Baía Sul. A equipe é a da Central de Operações Policiais (COP), com cerca de 20 policiais. O ideal seria o dobro. O desafio do grupo é amenizar o vazio que existe em SC do não cumprimento dos cerca de 13 mil mandados de prisão expedidos pela Justiça.

O EFETIVO DEFASADO - O quadro de policiais civis praticamente não aumentou nas últimas décadas em razão de aposentadorias. A delegacia geral espera a nomeação, em breve, de 425 novos policiais, sendo 351 agentes, 41 delegados e 33 psicólogos. Esse pedido depende de aprovação do grupo gestor do governo e de autorização do governador Raimundo Colombo. Quando forem convocados, esses policiais passarão pela academia antes de começarem a trabalhar. A SSP informou que 202 policiais civis foram nomeados este ano

O FIM E A VOLTA DOS RÁDIOS NAS VIATURAS - Nos últimos cinco anos, os rádios de comunicação das viaturas da PC caíram em desuso. Na Capital, o sistema não é mais utilizado em praticamente nenhuma delegacias. A Diretoria Estadual de Investigações
Criminais (Deic), por exemplo, considerada a elite da PC, não tem mais os aparelhos nos seus 60 carros. Os policiais utilizam os telefones celulares, cuja cota é de R$ 100 por policial ao mês. A exceção até agora é a Central de Operações Policiais (COP) e delegacia de Capturas, que recebeu rádios HTs novos e os policiais comunicam-se entre si.

A FALTA DE ESPAÇO NAS DELEGACIAS - Atinge boa parte das delegacias no Estado. Em Florianópolis as mais problemáticas são a 7ª DP (Canasvieiras) e a 2ª DP (Saco
dos Limões). A delegacia geral informou que será construída uma nova DP em Canasvieiras, que passará a abrigar também a Delegacia de Proteção ao Turista, hoje funcionando no Terminal Rodoviário Rita Maria. O projeto arquitetônico está pronto. Falta a liberação dos recursos para o começo da obra. Segundo a SSP, 37 delegacias do Estado estão em reforma.

A DELEGACIA DE CAPTURAS - Comum em estados como São Paulo e Rio de Janeiro, não existia em Santa Catarina até este ano. Foi criada recentemente em Florianópolis
pela Delegacia-Geral da Polícia Civil. Está funcionando na antiga Polinter, no aterro da Baía Sul. A equipe é a da Central de Operações Policiais (COP), com cerca de 20 policiais. O ideal seria o dobro. O desafio do grupo é amenizar o vazio que existe em SC do não cumprimento dos cerca de 13 mil mandados de prisão expedidos pela Justiça.

DELEGACIA DE COMBATE A ROUBOS - Em 2011 houve um aumento significativo do número de assaltos na Grande Florianópolis. Só na Capital foram quase mil roubos nos oito primeiros meses. Em agosto ocorreram 106 casos, média de 4,4 assaltos ao dia. A delegacia geral buscou policiais de outras delegacias e está finalizando a formação da equipe. A delegacia ficará sediada numa casa na avenida Mauro Ramos e concentrará a investigação dos assaltos na Capital. O objetivo é alcançar índice alto de resolutividade como a Delegacia de Homicídios, que este ano chega a 90% dos assassinatos registrados.

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