ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A CHAVE DA FELICIDADE E A SAÚDE MENTAL

A CHAVE DA FELICIDADE - WANDERLEY SOARES, REDE PAMPA, O SUL, Porto Alegre, Quinta-feira, 06 de Outubro de 2011.

Algumas autoridades, de plano, consideraram, com terna e máxima frieza, a morte da jovem soldado como simples caso isolado

No final dos anos 1960, quando a Brigada Militar não tinha a missão do policiamento ostensivo, tarefa que era exercida pela Guarda Civil (Polícia Civil fardada), os salários e a assistência médica e psicológica desses profissionais da segurança pública, como acontece até hoje, eram vexaminosos. Nesse período, ainda muito verde na missão de repórter policial do jornal Última Hora, me coube cobrir alguns casos de policiais com diferentes desvios de comportamento, que iam desde uma impensada ou desesperada tentativa de extorsão até o homicídio ou ao suicídio. Tais episódios me ficaram na memória, pois sempre cultivei o hábito de, sem pressa, mas com máxima atenção, ler livros e pessoas. Recordo aqui de um episódio ocorrido naquela época. Sigam-me

Felicidade

A Polícia do Choque, hoje chamada de GOE (Grupo de Operações Especiais) na Polícia Civil e de BOE (Batalhão de Operações Especiais) na Brigada Militar, foi chamada para atender o caso de um guarda civil que, dentro de casa, havia disparado seis tiros, o que espantou a vizinhança e levou ao pânico a sua família. Os homens do Choque não tiveram problemas em dominar o colega, que foi conduzido ao Hospício São Pedro. Os tiros trespassaram um livro de auto-ajuda, com cerca de 500 páginas, que tinha por título a "Chave da Felicidade". O fato causou a queda do comandante da Guarda Civil por ter ele declarado que a maioria dos guardas era de loucos, mas não demorou em ser esquecido, interpretado que foi como fato isolado. Ninguém mais falou sobre o assunto.

Pequeno diploma

Sobre o caso da jovem soldado da Brigada Militar Luane Chaves Lemes, 23 anos, desaparecida desde o dia 19 de setembro último, cujo corpo foi encontrado na noite de terça-feira no município de Fontoura Xavier, num quadro que apresenta todas as características de suicídio, falei com o professor Romeu Karnikowski, profundo conhecedor de todo o sistema de segurança gaúcho e do nível de tratamento que é dispensado aos profissionais dessa área pelos governos.

Para Karnikowski, a morte de Luane levanta o gravíssimo caso da saúde mental dos servidores da segurança pública. Quando ele, o professor, estava na coordenação da assessoria jurídica da então SJS (Secretaria da Justiça e da Segurança), no governo Olívio Dutra, participou por vários meses das discussões com grupos de especialistas da saúde mental - psicanalistas, psicólogos e outros - no que resultou no Decreto n 41.519, de 2 de abril de 2002 - Programa de Saúde Mental dos Servidores da Segurança Pública.

Trata-se de um pequeno diploma legal de seis artigos, mas com grande significação, que foi relegado para o quinto plano no governo Germano Rigotto e esquecido por seus sucessores. É possível que, se o pequeno diploma legal fosse levado a sério, Luane ainda estivesse entre nós. No entanto, algumas autoridades, de plano, consideraram, com terna e máxima frieza, a morte da jovem soldado como simples caso isolado

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