ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O QUE PENSAM OS POLICIAIS DAS UPP'S

ABAMFBM, Abordagem Policial, CESeC, 30/05/2011

Os policiais dificilmente são ouvidos, seja porque geralmente não falam, por proibições legais, seja porque a estrutura hierárquica das corporações fornecem apenas às instâncias superiores o papel de retratar, ao seu modo, a realidade vigente. O Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), da Universidade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro, acaba de contribuir para a inversão desta tendência, numa pesquisa intitulada “Unidades de Polícia Pacificadora: o que pensam os policiais?”, uma avaliação das condições de trabalho e expectativas dos policiais cariocas que trabalham nas badaladas UPP’s.

Além de analisar o perfil dos policiais, a pesquisa avaliou a formação profissional, as atribuições e atividades dos policiais nas UPP’s, a percepção sobre a receptividade dos moradores, as condições de segurança, dos equipamentos e das condições de trabalho. Por fim, o estudo observou a satisfação e sugestões dos policiais lotados nas Unidades de Polícia Pacificadora.

Alguns dados apontam para a necessidade de reformulação de políticas, como o fato de que 70% dos policiais militares entrevistados dizem preferir estar em outras unidades policiais que não as UPP’s, trabalhando em batalhões “tradicionais”.

Este e outros resultados não surpreendem quando se sabe que os policiais empregados nas UPP’s não desfrutam das melhores condições de trabalho, e culturalmente são segregados da tradição policial, que tem como símbolo as incursões, as armas de guerra, a “caveira”, o uniforme camuflado. Com a exaltação midiática e popular do Batalhão de Operações Especiais, o BOPE, como se a regra do policiamento fosse ou devesse ser esta modalidade de unidade, é natural que policiais empregados numa filosofia pouco agressiva e reativa se sintam desprestigiados.

Outros elementos que indicam este impasse são observados na pesquisa, como a o fato de que “quase todos os policiais (94%) acham necessário portar fuzil no dia-a-dia da UPP”, não obstante 99,7% admitir que os homicídios são ocorrências pouco frequentes ou inexistentes nas áreas de UPP, bem como o porte ilegal de armas, que são pouco frequentes ou inexistentes para 98,9% dos policiais.

Como está disposto na introdução da pesquisa:

O que se destaca, finalmente, dessa primeira etapa do levantamento, é a importância de que a formação dos policiais valorize os princípios do policiamento de proximidade, enfatizando os elementos capazes de reforçar a identificação dos agentes com o projeto, de ressaltar a novidade do modelo e a importância do trabalho realizado por cada um. Embora, até o momento, as UPPs estejam colhendo muito mais sucessos do que fracassos, há diversos desafios a serem enfrentados para que elas se tornem efetivamente sustentáveis. Um deles é fazer com que os policiais de ponta sintam-se também beneficiários do projeto e responsáveis diretos pela mudança das relações entre população e polícia.

Ler o resultado da pesquisa é fundamental para entender as contradições e sucessos vigentes no projeto das UPP’s, que acabam por trazer à tona necessidades de reforma na Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, que é uma espécie de laboratório para a realidade das diversas corporações policiais brasileiras.

Clique aqui e baixe a pesquisa do CESeC completa.
http://www.4shared.com/document/Y6XmDpqU/policiaisupps.html

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Infelizmente, no Brasil, a segurança pública é tratada com tanto amadorismo e desprezo que as boas idéias naufragam na falta de estrutura, no desamparo jurídico e no abandono governamental. Elas só sobrevivem graças às iniciativas, esforço, dedicação, superação, idealismo, coragem e boa vontade dos gestores e executores da segurança pública. É só ler sobre as dificuldades enfrentadas pela Força Nacional de Segurança nas suas operações e intervenções, pela forças policiais que são desviadas para os presídios e agora pela forças policiais encarregadas das UPPs.

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