Delegado não pagava pelas compras em supermercado. Filmagem mostra Henrique Faro saindo com carrinho cheio sem passar no caixa - POR LESLIE LEITÃO
Rio - A denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime (Gaeco) do Ministério Público (MP) faz um relato detalhado de um flagrante que complicou o delegado Henrique Faro, na época titular da 76ª DP (Niterói). Imagens do circuito interno de um supermercado mostram quando ele entra no estabelecimento, a poucos metros da delegacia, e depois sai com o carrinho de compras cheio, sem pagar nada.
A fita foi apreendida pela Corregedoria da Polícia Civil. O que os investigadores queriam era comprovar o que os diálogos gravados, com autorização judicial, já deixavam claro. Para receber ‘tratamento privilegiado’ em inquéritos envolvendo supostos crimes, encarregados do supermercado são acusados de pagar a pagar propina ‘in natura’, como descreveram os promotores.
Além do delegado, os policiais civis Jorge Barreira e Carlos Alberto dos Santos Anjos, também lotados na 76ªDP, teriam levado vantagem na hora das compras de mês. Entre fevereiro a abril, eles chegaram a fazer encomendas, ligando para o gerente do supermercado e entregando listas de produtos que queriam. Barreira, aliás, preferia fazer as compras em outra loja da mesma rede, na filial de Santa Cruz, próxima à sua casa.
Mas a relação da polícia com o supermercado nem sempre foi boa. Em 11 de março, um agente que trabalhava no gabinete do Departamento de Polícia do Interior (DPI), no prédio da Chefia de Polícia, no Centro do Rio, pediu para Jorge Barreira conseguir três camisas para o camarote do mercado para o Desfile das Campeãs. Segundo o agente, os convites iriam para um delegado, mas o supermercado não enviou o presente. O agente teria mandado que, a partir de então, o mercado fosse tratado como ‘todo mundo’ com ‘mordomia zero’.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
quinta-feira, 2 de junho de 2011
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