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segunda-feira, 20 de junho de 2011

CÁRCERE - ESPECIALISTA DIVERGE DA AÇÃO DO GATE. BM DISCORDA E DIZ QUE TODOS OS PROTOCOLOS FORAM SEGUIDOS.

Gate deveria ter invadido casa nas primeiras horas, defende especialista sobre cárcere em Guaíba. Depois de 16 horas, homem matou a mulher com dois tiros e se suicidou em seguida - ZERO HORA ONLINE, 20/06/2011 | 19h49min

Ao permitir que o sequestrador mantivesse a ex-mulher em cárcere privado por mais de 16 horas em Guaíba, na Região Metropolitana, o Grupo de Ações Táticas Especiais da Brigada Militar (Gate) falhou, na avaliação do especialista Carlos Alberto Portolan.

Autor do artigo "O Negociador nas Ocorrências com Reféns", publicação em que lista dicas dos principais grupos de resgate do mundo, e com cursos sobre o assunto na Alemanha e nos Estados Unidos, o ex-chefe de segurança da presidência do Tribunal de Justiça defende uma intervenção das autoridades de segurança em até quatro horas quando o motivo do crime é passional.

A BM, contudo, discorda da falha apontada pelo especialista. Para o subcomandante-geral da BM, coronel Altair de Freitas Cunha, todos os protocolos foram seguidos.

— Não houve demora. Fizemos o mesmo que em fevereiro de 2010, em Canoas, quando levamos 72 horas e o ex-marido se entregou, sem que morresse ninguém. A tática é conversar, conversar. Não poderíamos invadir à noite. Fizemos certo, mas o final foi trágico.

"Alí não tinha como tentar negociar"

Ao analisar o desfecho trágico na manhã desta segunda-feira, quando sequestrador e refém terminaram mortos, Portolan faz uma ressalva: o pior tipo de cárcere privado é aquele que não faz exigências, como dinheiro ou bem material. O único desejo é a vingança — no caso de Guaíba, a morte da ex-mulher.

— Cárcere privado por motivo passional é horrível. Quanto mais rápido o Estado agir, melhor. Alí não tinha como tentar negociar. Não tinha barganha. Foi traído e queria matá-la — afirma.

Experts no tema apontam o prazo de até quatro horas como máximo para os policiais agirem e invadirem o local quando o motivo é passional. O tempo superior a 16 horas no caso de Guaíba foi o inimigo dos negociadores em Guaíba, na opinião do especialista.

— O Gate tentou cansar o sequestrador e todo mundo cansou junto. Nesta situação, sabe-se o que ele quer. Não é uma negociação para ver o que ele pode pedir em troca.

Portolan defende uma invasão nas primeiras horas. Com o perfil do criminoso traçado — o de um homem traído em busca de vingança —, o Gate deveria ter realizado um plenejamento de como entrar na residência, tentado distrair o sequestrador e invadido, com o auxílio de armas não-letais.

— Esta é a única ressalva que eu faço. Taticamente, o Gate agiu corretamente, mas errou no tempo. A função do Estado é salvar a vida do refém. Neste episódio, os dois acabaram mortos. Os policiais do grupo tem habilidade e instrumentos para este procedimento — conclui o especialista, com treinamentos no GSG9 (órgão da polícia alemã) e SWAT, da polícia américana.

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