ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

DELEGACIAS FECHADAS E DESAMPARO NO FIM DE SEMANA

POLICIAMENTO ATÉ SEXTA. Litoral sofre com delegacias fechadas - CAROLINA ROCHA, ZERO HORA 24/06/2011

Frequentadores ficam desamparados se crimes ocorrerem no fim de semana
Ao encontrarem residências arrombadas, frequentadores de três praias do Litoral Norte podem enfrentar um transtorno extra se o crime tiver de ser registrado no final de semana. Se forem às delegacias de Quintão, Balneário Pinhal ou Cidreira nesta época do ano, as vítimas darão com a cara na porta.

Em dias úteis, as delegacias fecham as portas por falta de policiais às 18h e só reabrem na manhã seguinte. Se for sábado, domingo ou feriado, nem adianta esperar. A DP só reabre no próximo dia útil. A saída é pegar a estrada e ir à Tramandaí.

Em Cidreira, cinco policiais trabalham na delegacia. Um atende no plantão, onde são registradas as ocorrências. Um atua no cartório, outro na secretaria e outros dois na investigação. Conforme o delegado Sávio Azambuja Espíndola, outros dois policiais estão de licença. Assim, com a equipe pequena, o atendimento na delegacia ficou comprometido. Ou seja, registrar ocorrência em Cidreira só das 8h30min às 12h e das 13h30min às 18h durante a semana. Em finais de semana e feriados, a DP fecha as portas.

– Algumas pessoas registram com a Brigada ou esperam para registrar em suas cidades de origem – explica o delegado.

Os boletins feitos pelos PMs vão entrar no sistema da Polícia Civil em no máximo três dias, virando registros de ocorrência.

Mas quem tiver pressa e ou preferir optar por registrar a ocorrência na Polícia Civil, levando uma cópia do documento na mesma hora, terá que ir até a DP de Tramandaí, que funciona 24 horas nos sete dias da semana, ou registrar a ocorrência em sua cidade quando voltar para casa.

Quatro residências no mesmo dia

Há 17 dias, uma moradora de Cidreira precisou de socorro ao perceber quatro casas das vizinhança arrombadas.

– Primeiro eu chamei a Brigada. Eles disseram que não poderiam vir se os ladrões não estavam mais aqui. Depois liguei para a delegacia, mas o policial disse que estava sozinho e que os donos teriam de ir até lá registrar ocorrência – conta a dona de casa, de 62 anos.

Em Balneário Pinhal e Quintão a situação não é diferente. Em Pinhal, trabalham quatro policiais e uma delegada, e em Quintão, apenas um agente atende no plantão.

Cansados dos arrombamentos, os moradores decidiram contratar empresas de vigilância para cuidar das residências.

– Em média, temos instalado cinco alarmes por semana – conta o supervisor de uma empresa, que pediu para não ser identificado.

Conforme Espíndola, da DP de Cidreira, em abril duas quadrilhas que faziam a receptação dos produtos furtados foram presas. Assim, a média de quatro registros de arrombamentos por dia caiu para dois ou três registros diários.

– É algo bem cíclico. Nessa época, as pessoas deixam as casas muito desguarnecidas, com grama alta. Isso chama a atenção – declara o delegado de Cidreira.

No veraneio, a situação é diferente. Com o reforço da Operação Verão, as delegacias recebem policiais de delegacias do Interior e da Capital. Em Cidreira, por exemplo, o contingente de cinco policiais passa até 25, o que ajuda também a colocar os inquéritos em dia.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Analise bem este depoimento e veja como é a política de segurança pública no RS:

- "Primeiro eu chamei a Brigada. Eles disseram que não poderiam vir se os ladrões não estavam mais aqui. Depois liguei para a delegacia, mas o policial disse que estava sozinho e que os donos teriam de ir até lá registrar ocorrência."

É reflexo de um aparato policial em que cada polícia faz uma parte do ciclo, fracionado, segmentado, sucateado, desmotivado, inoperante e incapaz de prover segurança ao cidadão. E não é culpa dos policiais, pois eles apenas disseram atributos pertinentes aos seus deveres. Ao policial militar não incumbe a investigação em casos de arrombamentos. O polícia civil, para investigar casos de arrombamentos, precisa de um agente do Instituto Geral de Perícia, a polícia pericial do RS para fazer a perícia no local arrombado para levantar vestígios e identificar indícios que podem levar aos autores do crime. E, quanto à perícia, não acredito que estas cidades em questão tenham órgãos do IGP. Em países desenvolvidos em questões de ordem pública, o cidadão chama uma polícia e esta cumpre todas estas tarefas com gestão única, técnica, inteligência e dando a pronta resposta do Estado.


Pois é, assim é difícil tanto para os policiais quanto para o cidadão pagador de impostos. O cidadão se vê relegado pelo Estado que trata com descaso o dever constitucional de garantir o patrimônio, a vida e a convivência em paz social do seu povo.

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