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'Não há território intocável para a Polícia Civil', diz Martha Rocha. Durante a 'Operação Alçapão', foram presos seis policiais civis e um agente penitenciário - O DIA, 01/06/2011
Rio - A chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, deu detalhes no início da tarde sobre os resultados da Operação Alçapão deflagrada nesta quarta-feira. De acordo com ela, o objetivo sempre foi combater a "permissividade dos policiais civis da área de Niterói com o jogo do bicho". As afirmações foram feitas durante uma coletiva de imprensa.
Foram presos um delegado, cinco policiais civis e um agente do Departamento do Sistema Penitenciário (Desipe). Entre os oficiais capturados, está o ex-delegado da 76ª DP (Niterói) e atualmente na 104ª DP (São José do Vale do Rio Preto), Henrique Faro dos Reis.
"Quando eu assumi o comando, disse para o Gilson (Emiliano) que não há território intocável para a Polícia Civil. Não desejo saber os alvos, quero apenas saber dos resultados. Não tenho dúvidas de que eu conto com um grupo de bons, dedicados e competentes profissionais", afirmou a delegada.
O objetivo dos 170 agentes envolvidos era cumprir total de 10 mandados de prisão, sete deles para policiais civis. Eles também estiveram nas ruas para cumprir 29 mandados de busca e apreensão. Foram apreendidos muitos documentos e duas motocicletas de uma empresa de segurança. A ação contou com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público do Estado do Rio.
As investigações para a Operação Alçapão, que começaram há seis meses, mostram que os procurados recebiam propinas mensais de contraventores - os valores chegavam a até R$ 10 mil para cada policial. O grupo foi denunciado por crimes como formação de quadrilha, corrupção passiva, contravenção, lavagem de dinheiro. A denúncia foi recebida pela 3ª Vara Criminal da Comarca de São Gonçalo.
"Demos início à investigação após informações do Disque-Denúncia e de informantes nas ruas", disse Gilson Emiliano Soares, corregedor da Polícia Civil.
A Polícia Civil informou que o delegado preso está na Delegacia Anti-Sequestro (DAS) e, na quinta-feira, será transferido para o Presídio Pedrolino Werling de Oliveira, o Bangu 8. Os outros presos na operação foram levados e ouvidos na sede da Coinpol, na Zona Portuária.
Investigado, ex-presidente da Viradouro não é localizado
Os agentes estiveram na casa do ex-presidente da Viradouro e policial civil, Marcos Lira, em Camboinhas, Niterói. Funcionários do condomínio informaram que Lira não mora mais no local há três meses e teria vendido a casa. Dentro do imóvel, que teria valor de mercado de R$ 1 milhão, os policiais encontraram uma máquina caça-níquel, farta documentação relacionada à Viradouro, canhotos de cheques de valores elevadíssimos e comprovantes de recebimento de aluguel em nome do policial civil.
O teto do banheiro quebrado intrigou os policiais. Há suspeita de que o compartimento teria sido usado para esconder documentos. Toda a documentação será analisada. Marcos Lira não foi encontrado até o momento para falar sobre as suspeitas levantadas na operação.
Para evitar o vazamento de informações, fuga de procurados, destruição de documentos e provas, a Polícia Civil só distribuiu os envelopes com o destino dos agentes uma hora antes do começo da operação.
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