A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
A POLÍTICA ANALGÉSICA
WANDERLEY SOARES, REDE PAMPA, O SUL
Porto Alegre, Sexta-feira, 30 de Dezembro de 2011.
O governo, sem dúvida, confia na paciência e também na coragem de cada cidadão. Há a promessa de preencher vagas no policiamento ostensivo em 2013.
Não obstante algumas interpretações de conteúdo analgésico por parte de alguns especialistas da pasta da Segurança Pública, afinal, quem está no governo tem que fazer isso mesmo, a violência e a criminalidade estão em níveis que assustam a cada cidadão, especialmente porque não são plenamente visíveis as estratégias de policiamento preventivo-ostensivo em nosso Estado.
Tal visibilidade ocorre durante algumas horas do dia e em algumas áreas da cidade e é apelidada de "operação presença". Outras operações de maiores dimensões são desenvolvidas de forma episódica e algumas até flagrantemente midiáticas.
O resultado final tem como exemplo maior a ocorrência de 1.499 homicídios no Estado em 2011. Ocorre que o governo opera com seus órgãos de segurança no entorno de oscilações não sendo notável nisso quedas realmente significativas em delitos de maior gravidade.
E dentro desta moldura, ainda sob os acordes da política analgésica, o governo anuncia concurso na Brigada Militar que, no papel, corresponde a abertura de 2,1 mil vagas.
Discretamente, tal anúncio se completa com a informação de que os candidatos aprovados e que passarem por todo o processo de formação, entrarão em ação em 2013.
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
A PROSTITUTA DE TODAS AS PROVAS
BEATRIZ FAGUNDES, REDE PAMPA, O SUL
Porto Alegre, Quinta-feira, 29 de Dezembro de 2011.
Dois casos nos últimos dias nos fazem refletir sobre o ditado que de antemão coloca em dúvida a prova testemunhal: o assassinato do sargento Ariel da Silva e a prova testemunhal do atirador e de seus colegas do Paraná.
Há um dito no meio que diz que a prova testemunhal é a prostituta de todas as provas. Basta qualquer pessoa falar, confessar ou acusar sem apresentar provas. A palavra fica ainda mais poderosa quando a testemunha é um preso, indiciado, e a outra parte já deixou o mundo dos vivos. Dois casos nos últimos dias nos fazem refletir sobre o ditado que de antemão coloca em dúvida a prova testemunhal: o assassinato do sargento Ariel da Silva e a prova testemunhal do atirador e de seus colegas do Paraná.
O policial que usou uma metralhadora para executar o sargento afirmou, em depoimento na Corregedoria da Polícia do Rio Grande do Sul, que agiu em legítima defesa. O agente do grupo de elite "Tigre" da Polícia Civil do Paraná afirmou que fazia um levantamento do local em uma viatura discreta - o grupo de três agentes investigava um sequestro de empresários do Paraná -, quando perceberam que eram seguidos por um homem em uma motocicleta. É preciso deixar claro que os três policiais agiam em território gaúcho sem conhecimento de qualquer autoridade local, estavam, portanto, em uma ação clandestina.
Pois, conforme o agente, o sargento Ariel da Silva, que não estava de serviço, parou atrás do carro e, sem se identificar, sacou uma arma e atirou. No exato momento, segundo o policial, ele revidou. Ariel teria atirado duas vezes e o agente paranaense, quatro. Dá para qualquer pessoa com dois neurônios funcionando - os últimos - acreditar que a paisana, pilotando uma motocicleta, em uma estrada escura em plena madrugada, um policial com mais de 20 anos de experiência bancaria o Robocop, enfrentando os tripulantes de um automóvel escondidos por películas que impedem saber quem está no veículo?
Claro que ainda temos pela frente o resultado da reconstituição com dados técnicos da perícia. Mas, com todo o respeito à credibilidade dos policiais paranaenses, a versão garantida pelo testemunho de todos não é minimamente plausível. Ninguém, salvo seus colegas e parentes, irá aceitar a versão de que enfrentou com perícia técnica e em condições de igualdade um homem só, tripulando uma moto em uma estrada em meio ao deserto de testemunhas civis, um policial experiente que teria decidido em meio a um suposto delírio enfrentar sozinho ocupantes de um automóvel claramente suspeito com placas de outro Estado sem solicitar apoio de seus colegas. É demais! Porém, provavelmente vão nos obrigar a "engolir" a versão considerando que os mortos não falam!
O outro episódio que segue o mesmo raciocínio com complementos visceralmente diferentes é a admissão da mocinha baleada dentro da BMW de 400 mil reais do jogador Adriano, denominado pela mídia histérica futebolística de "Imperador", de que foi ela que atirou na própria mão! Mais um desfecho de episódio no qual a testemunha pode ser considerada da tal maneira: "Prostituta de todas as provas". Ainda sob o efeito da forte emoção de ver sua mão estraçalhada pelo tiro, a "mocinha", que segundo consta é uma bem sucedida atriz de filmes pornô, afirmou ao ser atendida na emergência que a arma estaria nas mãos do astro do futebol e que ele teria disparado o tiro que a vitimou. Internada no hospital, a vítima teve "tempo" de "lembrar" melhor a circunstância e daí acabou revelando que sua primeira versão - que incriminava o milionário jogador fora fruta de violenta emoção.
Acreditemos ou não, a "mocinha lembrou" que ela mesma havia tirado a arma do sargento aposentado da PM, amigo do jogador, e que ao brincar de forma inocente com a arma acabou, pasmem, dando um tiro em sua mão. Desastrada, e pessoa de péssima memória, pois após ter se autobaleado "delirou" imaginando que a arma estaria nas mãos de outra pessoa. Pois, é, e nós teremos que conviver com essas duas versões. Mesmo que elas não tenham nenhuma lógica e apresentem fortíssimos indícios de que os fatos foram absolutamente diversos dos garantidos pelas "testemunhas". Por isso não vou aceitar nenhum testemunhal sobre 2011. Cada um vai apresentar uma versão diferente!
Porto Alegre, Quinta-feira, 29 de Dezembro de 2011.
Dois casos nos últimos dias nos fazem refletir sobre o ditado que de antemão coloca em dúvida a prova testemunhal: o assassinato do sargento Ariel da Silva e a prova testemunhal do atirador e de seus colegas do Paraná.
Há um dito no meio que diz que a prova testemunhal é a prostituta de todas as provas. Basta qualquer pessoa falar, confessar ou acusar sem apresentar provas. A palavra fica ainda mais poderosa quando a testemunha é um preso, indiciado, e a outra parte já deixou o mundo dos vivos. Dois casos nos últimos dias nos fazem refletir sobre o ditado que de antemão coloca em dúvida a prova testemunhal: o assassinato do sargento Ariel da Silva e a prova testemunhal do atirador e de seus colegas do Paraná.
O policial que usou uma metralhadora para executar o sargento afirmou, em depoimento na Corregedoria da Polícia do Rio Grande do Sul, que agiu em legítima defesa. O agente do grupo de elite "Tigre" da Polícia Civil do Paraná afirmou que fazia um levantamento do local em uma viatura discreta - o grupo de três agentes investigava um sequestro de empresários do Paraná -, quando perceberam que eram seguidos por um homem em uma motocicleta. É preciso deixar claro que os três policiais agiam em território gaúcho sem conhecimento de qualquer autoridade local, estavam, portanto, em uma ação clandestina.
Pois, conforme o agente, o sargento Ariel da Silva, que não estava de serviço, parou atrás do carro e, sem se identificar, sacou uma arma e atirou. No exato momento, segundo o policial, ele revidou. Ariel teria atirado duas vezes e o agente paranaense, quatro. Dá para qualquer pessoa com dois neurônios funcionando - os últimos - acreditar que a paisana, pilotando uma motocicleta, em uma estrada escura em plena madrugada, um policial com mais de 20 anos de experiência bancaria o Robocop, enfrentando os tripulantes de um automóvel escondidos por películas que impedem saber quem está no veículo?
Claro que ainda temos pela frente o resultado da reconstituição com dados técnicos da perícia. Mas, com todo o respeito à credibilidade dos policiais paranaenses, a versão garantida pelo testemunho de todos não é minimamente plausível. Ninguém, salvo seus colegas e parentes, irá aceitar a versão de que enfrentou com perícia técnica e em condições de igualdade um homem só, tripulando uma moto em uma estrada em meio ao deserto de testemunhas civis, um policial experiente que teria decidido em meio a um suposto delírio enfrentar sozinho ocupantes de um automóvel claramente suspeito com placas de outro Estado sem solicitar apoio de seus colegas. É demais! Porém, provavelmente vão nos obrigar a "engolir" a versão considerando que os mortos não falam!
O outro episódio que segue o mesmo raciocínio com complementos visceralmente diferentes é a admissão da mocinha baleada dentro da BMW de 400 mil reais do jogador Adriano, denominado pela mídia histérica futebolística de "Imperador", de que foi ela que atirou na própria mão! Mais um desfecho de episódio no qual a testemunha pode ser considerada da tal maneira: "Prostituta de todas as provas". Ainda sob o efeito da forte emoção de ver sua mão estraçalhada pelo tiro, a "mocinha", que segundo consta é uma bem sucedida atriz de filmes pornô, afirmou ao ser atendida na emergência que a arma estaria nas mãos do astro do futebol e que ele teria disparado o tiro que a vitimou. Internada no hospital, a vítima teve "tempo" de "lembrar" melhor a circunstância e daí acabou revelando que sua primeira versão - que incriminava o milionário jogador fora fruta de violenta emoção.
Acreditemos ou não, a "mocinha lembrou" que ela mesma havia tirado a arma do sargento aposentado da PM, amigo do jogador, e que ao brincar de forma inocente com a arma acabou, pasmem, dando um tiro em sua mão. Desastrada, e pessoa de péssima memória, pois após ter se autobaleado "delirou" imaginando que a arma estaria nas mãos de outra pessoa. Pois, é, e nós teremos que conviver com essas duas versões. Mesmo que elas não tenham nenhuma lógica e apresentem fortíssimos indícios de que os fatos foram absolutamente diversos dos garantidos pelas "testemunhas". Por isso não vou aceitar nenhum testemunhal sobre 2011. Cada um vai apresentar uma versão diferente!
A ESTRANHA PRISÃO DO CORONEL DJALMA BELTRAMI
JORGE DA SILVA, JorgeDaSilva.blog.br. 21 de dezembro de 2011
Qualquer policial recruta, civil ou militar, sabe que, na barganha com bandidos, os policiais corruptos quase sempre alegam, com o objetivo de aumentar o butim, que precisam levar a parte dos de cima. Na maioria dos casos, não é verdade, como já se comprovou em outras ocasiões. O tenente-coronel Djalma Beltrami foi acusado e preso porque, numa escuta telefônica, um dos policiais envolvidos pede aumento da propina para si, os colegas de equipe e para o “Zero 1”, insistindo, ante a incredulidade do bandido, que era intermediário daquele.
O delegado encarregado da apuração afirma à imprensa que a escuta é suficiente para incriminar o tenente-coronel; que ele não tem dúvida do seu envolvimento, porém não apresenta nada mais do que a referida escuta. Bem, não vou entrar no mérito, mas se o delegado não possui outros elementos, além dos que foram repassados à mídia (…); se baseou a sua convicção apenas na gravação, estamos diante, no mínimo, de uma precipitação, dele e de quem ordenou a prisão, o que, na hipótese, seria uma temeridade.
Independentemente de se discutir a culpa ou não do coronel Beltrami, no entanto, convido os leitores do blog a discutirem outros aspectos da questão:
1 – Por que, por mera suspeita, prender o coronel? Para quê?
2 – Por que prendê-lo na chegada ao batalhão que comandava, e não ao sair de casa, antes de ir para o quartel?
3 – Como foi que a mídia adivinhou que ele seria preso ao chegar ao quartel?
4 – A quem interessa a execração pública, por mera suspeita, de um comandante de batalhão da PM e da instituição Polícia Militar?
Muito estranho…
(Cont…). 24 de dezembro de 2011
A discussão sobre a prisão do coronel Beltrami tem-se concentrado num aspecto técnico-jurídico de relevância duvidosa, ou seja, se havia ou não, nas escutas, elementos que justificassem o convencimento do delegado, e o do juiz para decretar a prisão. Ora, trata-se de uma questão subjetiva, não sendo esta a questão central. Imaginemos, no entanto, que o convencimento tivesse decorrido de provas materialmente cabais, cristalinas e irrefutáveis. O que deveriam fazer?
Não é o caso de trazer à discussão o fato de o RJ contar com uma organização administrativo-judiciária bem estruturada. Mas não custa perguntar o seguinte, já que se concluía que um comandante de batalhão PM, no exercício do comando, teria cometido um crime relacionado com a atividade policial-militar: E o papel do juiz auditor da Auditoria da Justiça Militar do RJ? E o do MP junto à Auditoria? E se, na escuta, aparecesse um oficial alegando que precisava de mais dinheiro para o “Zero 1” da PM? Pela lógica do delegado e do juiz de São Pedro D’Aldeia (…), seria o caso de concluir que o comandante-geral da PM deveria ser preso no seu gabinete, no Quartel-General da Rua Evaristo da Veiga, em paralelo à entrevista do investigador à TV?
São perguntas que acrescento às formuladas na postagem anterior, adiante, e que aqui repito:
1 – Por que, por mera suspeita, prender o coronel? Para quê?
2 – Por que prendê-lo na chegada ao batalhão que comandava, e não ao sair de casa, antes de ir para o quartel?
3 – Como foi que a mídia adivinhou que ele seria preso ao chegar ao quartel?
4 – A quem interessa a execração pública, por mera suspeita, de um comandante de batalhão da PM e da instituição Polícia Militar?
Bem, estas é que são as questões cruciais, e não ficar discutindo quem era o “zero um” e se o “zero um”, fosse quem fosse, sabia do que se passava; e se os dados da investigação eram suficientes ou não. Ficar preso a essa pendenga é clara tentativa de desviar o foco do real problema.
Arremato: por que e para quê a entrevista do delegado à TV? Quem ganha com tudo isso? Resposta: os bandidos, de fora e de dentro.
PS. Só temo que o coronel Beltrami, com culpa ou sem culpa, tenha o mesmo fim do Cordeiro da fábula de La Fontaine.
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
POLICIAIS DO PR CONFUNDIRAM SGT PM COM SEQUESTRADOR
CONFUSÃO POLICIAL. Paranaenses confundiram sargento com sequestrador - HUMBERTO TREZZI E JOSÉ LUÍS COSTA, ZERO HORA 28/12/2011
Reconstituição da cena que deixou um PM gaúcho morto será realizada na semana que vem
Legítima defesa. Essa é a tese apresentada pelos três policiais civis paranaenses que mataram o sargento da Brigada Militar Ariel da Silva, dia 21, em uma desastrada operação em Gravataí. O trio envolvido na morte do militar prestou depoimento à Corregedoria da Polícia Civil do Rio Grande do Sul na tarde de ontem.
Ariel estava à paisana quando foi morto com tiros de submetralhadora ao abordar os policiais civis do Tigre (unidade de elite da Polícia Civil paranaense), próximo à estrada Gravataí-Taquara (ERS-020). O grupo estava no Rio Grande do Sul para investigar sequestros envolvendo uma quadrilha formada por bandidos dos dois Estados.
O policial que admitiu ter disparado contra o sargento se chama Alex (o nome todo não foi divulgado) e tem 11 anos de experiência. Ele disse que veio, com os colegas, investigar o paradeiro de uma quadrilha de sequestradores.
Durante duas horas, na noite de 21, os agentes tentaram cruzar dados que mostravam a possível localização do QG da quadrilha, em Gravataí. Estavam quase desistindo, até por desconhecerem a cidade, quando perceberam que estariam sendo seguidos por uma motocicleta. A moto ultrapassou o Logan tripulado pelos agentes, fez meia volta e cruzou de novo pelo veículo, segundo os agentes. Os policiais civis decidiram parar o carro e esperar. Conforme Alex, o motociclista parou atrás e sacou uma pistola – possivelmente para abordá-los e checar quem eram.
Alex, que estava no banco de trás, disse que engatilhou a submetralhadora e diz que, ao ver o motoqueiro sacar a pistola e disparar, disparou também.
– Os disparos foram simultâneos. Pensamos que ele era um criminoso, talvez um segurança dos sequestradores – descreveu Alex.
Até a reconstituição do crime, policiais permanecerão presos
Quatro tiros acertaram o sargento Ariel, no peito e na cabeça. Ele caiu disparando: deu quatro tiros, um dos quais acertou o Logan dos colegas paranaenses.
O delegado Paulo Rogério Grillo, que conduziu o interrogatório, acredita que houve desconfiança mútua entre os policiais e que os paranaenses, até pelo adestramento intenso como tropa de elite, dispararam quando foram pressionados pela presença do estranho. Os agentes não informaram colegas gaúchos de que estavam no Estado em investigação e dizem que fariam isso apenas no dia seguinte.
Uma reconstituição do crime, com presença dos policiais paranaenses, será realizada na semana que vem. Até lá, os policiais aguardarão presos – ainda não se sabe se ficarão no Rio Grande do Sul ou no Paraná.
Depoimentos ocorreram em sigilo
A pressão do governo do Paraná, exigindo do Palácio Piratini garantias de integridade física e moral aos três policiais paranaenses envolvidos na morte do sargento gaúcho, fez efeito.
Presos temporariamente pela morte, os agentes paranaenses foram interrogados ontem à tarde a portas fechadas no Palácio da Polícia Civil, em Porto Alegre, livres de eventuais hostilidades, constrangimentos e sem contato com a imprensa.
Para evitar deslocamentos e a exposição dos agentes, os depoimentos foram colhidos dentro da Casa de Custódia Policial, no Grupamento de Operações Especiais (GOE), onde eles estão recolhidos desde as 23h de segunda-feira, quando chegaram de Curitiba escoltados por uma delegada e quatro agentes, que também evitaram entrevistas.
Viaturas do GOE chegaram a fechar um dos acessos ao Palácio da Polícia. Um a um, os policiais do Paraná eram retirados da carceragem, caminhavam alguns passos e já estavam na sala para depor. Do lado de fora, um policial permitia a passagem apenas de pessoas autorizadas.
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
BENEVOLÊNCIAS E LIMITAÇÃO DA REPRESSÃO
Projeto de lei põe em risco investigações da Polícia Federal. Só com anuência de juiz nomes e endereços em cadastros chegarão à Polícia Federal e ao Ministério Público. Maria Clara Prates - CORREIO BRAZILIENSE, 26/12/2011 09:44
Um projeto de lei que cria mecanismos para investigação e punição do crime de lavagem de dinheiro retira da Polícia Federal e do Ministério Público, tanto na esfera federal como na estadual, o acesso a dados cadastrais, como nome, filiação e endereço. Essas informações, mesmo se estiverem em poder de órgãos públicos, como a Previdência Social, só serão acessíveis mediante autorização judicial. O projeto, apresentado em 2006 pelo senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), teve essa restrição introduzida ao tramitar da Câmara, onde foi aprovado há dois meses. Agora, está de volta ao Senado.
A alteração causou forte reação de entidades de classe e até mesmo do Ministério da Justiça, preocupados quanto ao sucesso das investigações caso o projeto venha a se tornar lei. A Câmara também reduziu a pena prevista para crimes de lavagem de dinheiro, de 12 a 18 anos de prisão para três a 10 anos, e a previsão de aumento de pena em casos de financiamento do terrorismo. Foi alterada, ainda, a possibilidade de os bens apreendidos com os recursos do crime serem revertidos exclusivamente para o trabalho de investigação policial.
O delegado Marcos Leôncio, diretor da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, explica que as organizações criminosas especializadas em lavagem de dinheiro têm grande agilidade de atuação, o que torna mais preocupante qualquer regra que resulte em trabalho de investigação mais lento e burocrático. “A organização pode facilmente se desfazer e ganhar nova conformação”, explica o delegado.
Para tentar mudar a situação, o Ministério da Justiça e a Associação dos Delegados Federais se sentaram à mesa de negociação com senadores em busca de um acordo. Das alterações feitas pela Câmara, todos concordam que deverá ser revisto o veto de acesso aos dados não sigilosos. Nas demais, de acordo com o delegado Leôncio, o projeto será mantido com as alterações sugeridas pelo Ministério da Justiça, incluindo a redução da pena.
Segundo o secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Marivaldo Pereira, o crime de lavagem de dinheiro sempre vem acompanhado de outro crime, como corrupção ou tráfico de drogas, portanto, com pena mínima de 12 anos, o total poderia causar grande desproporção no sistema penal do país. A proposta terminou sendo aceita pela Associação dos Delegados Federais, que concordou também com a mudança relativa ao aumento de pena para lavagem de dinheiro do terrorismo.
O projeto de lei original previa um acréscimo da pena quando os recursos movimentados financiassem o terror, mas o Ministério da Justiça se comprometeu a acompanhar os inúmeros projetos de lei que tratam do crime já em tramitação no Congresso, para que essa previsão legal constasse em um deles. “Nós acreditamos que a inclusão do tema terrorismo dentro da legislação sobre lavagem de dinheiro iria atravancar a votação”, justifica o secretário.
Um projeto de lei que cria mecanismos para investigação e punição do crime de lavagem de dinheiro retira da Polícia Federal e do Ministério Público, tanto na esfera federal como na estadual, o acesso a dados cadastrais, como nome, filiação e endereço. Essas informações, mesmo se estiverem em poder de órgãos públicos, como a Previdência Social, só serão acessíveis mediante autorização judicial. O projeto, apresentado em 2006 pelo senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), teve essa restrição introduzida ao tramitar da Câmara, onde foi aprovado há dois meses. Agora, está de volta ao Senado.
A alteração causou forte reação de entidades de classe e até mesmo do Ministério da Justiça, preocupados quanto ao sucesso das investigações caso o projeto venha a se tornar lei. A Câmara também reduziu a pena prevista para crimes de lavagem de dinheiro, de 12 a 18 anos de prisão para três a 10 anos, e a previsão de aumento de pena em casos de financiamento do terrorismo. Foi alterada, ainda, a possibilidade de os bens apreendidos com os recursos do crime serem revertidos exclusivamente para o trabalho de investigação policial.
O delegado Marcos Leôncio, diretor da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, explica que as organizações criminosas especializadas em lavagem de dinheiro têm grande agilidade de atuação, o que torna mais preocupante qualquer regra que resulte em trabalho de investigação mais lento e burocrático. “A organização pode facilmente se desfazer e ganhar nova conformação”, explica o delegado.
Para tentar mudar a situação, o Ministério da Justiça e a Associação dos Delegados Federais se sentaram à mesa de negociação com senadores em busca de um acordo. Das alterações feitas pela Câmara, todos concordam que deverá ser revisto o veto de acesso aos dados não sigilosos. Nas demais, de acordo com o delegado Leôncio, o projeto será mantido com as alterações sugeridas pelo Ministério da Justiça, incluindo a redução da pena.
Segundo o secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Marivaldo Pereira, o crime de lavagem de dinheiro sempre vem acompanhado de outro crime, como corrupção ou tráfico de drogas, portanto, com pena mínima de 12 anos, o total poderia causar grande desproporção no sistema penal do país. A proposta terminou sendo aceita pela Associação dos Delegados Federais, que concordou também com a mudança relativa ao aumento de pena para lavagem de dinheiro do terrorismo.
O projeto de lei original previa um acréscimo da pena quando os recursos movimentados financiassem o terror, mas o Ministério da Justiça se comprometeu a acompanhar os inúmeros projetos de lei que tratam do crime já em tramitação no Congresso, para que essa previsão legal constasse em um deles. “Nós acreditamos que a inclusão do tema terrorismo dentro da legislação sobre lavagem de dinheiro iria atravancar a votação”, justifica o secretário.
sábado, 24 de dezembro de 2011
TRAPALHADA POLICIAL
A GÊNESE DE UMA TRAGÉDIA - FRANCISCO AMORIM | ENVIADO ESPECIAL/CURITIBA, ZERO HORA 24/12/2011
Uma investigação iniciada em Curitiba para apanhar uma quadrilha especializada em sequestros acabou em tragédia em Gravataí, a 700 quilômetros, na quarta-feira. ZH foi à capital paranaense reconstituir a operação fracassada, que resultou em duas mortes e em um estremecimento da relação entre os governos do Rio Grande do Sul e do Paraná.
O produtor rural Osmar Finkler e seu amigo Lírio Persch recebem a chave da F-1000 e os documentos do veículo. É a prova que esperavam de que o drama do cativeiro chegara ao fim, depois de 28 horas. Em instantes, estarão salvos. Para não reconhecer o local, recebem capuzes e são embarcados no Corsa que os conduzirá à liberdade. Os sequestradores abrem a porta da garagem e dão a partida no motor.
Nesse momento, três disparos espocam na garagem. Finkler grita por socorro. Persch mal consegue grunhir e, então, emudece. Quando a situação se acalma e o capuz do agricultor é retirado, ele descobre a razão do silêncio. Seu amigo está morto.
Terminou assim, com uma morte estúpida e desnecessária, às 14h de quarta-feira, no centro de Gravataí, uma operação policial desastrada que teve início no Paraná, envolveu as polícias Civil e Militar gaúchas em uma teia de trapalhadas e resultou na perda de duas vidas inocentes.
ZH teve acesso, ao longo desta semana, em Curitiba (PR), a relatórios e informações que permitem reconstituir os antecedentes da missão mal-executada que surpreendeu os gaúchos. É uma história que começa no dia 5 de setembro, quando um fazendeiro de Ivaiporã (PR) é atraído até um posto de combustíveis de Sapucaia do Sul, na Grande Porto Alegre. Ele vem para comprar uma colheitadeira a preço de ocasião. Quando chega, não encontra um vendedor, mas sequestradores. Encapuzado e colocado em cativeiro, só ganha a liberdade depois de pagar R$ 140 mil ao bando.
Um mês depois, no começo de outubro, o telefone toca no gabinete de Renato Figueiroa, chefe do Tático Integrado Grupo de Repressão Especial (Tigre), unidade antissequestro da polícia paranaense. Do outro lado da linha está um gerente de banco de Ivaiporã. Ele conta que um de seus clientes havia sido vítima de extorsão mediante sequestro.
Convidado a visitar a sede do Tigre, um prédio sem identificação na Vila Izabel, zona nobre de Curitiba, o agricultor lesado em R$ 140 mil confirma o sequestro e revela que fora atraído a Sapucaia do Sul por causa da máquina oferecida de barbada na internet.
– Eles me mandavam e-mail, e havia um site com fotos – contou a vítima.
Os agentes do Tigre descobrem que o site ainda está no ar, com imagens da colheitadeira. Também localizam outras duas vítimas do golpe, produtores rurais de Arapongas (PR) e Terra Roxa (PR). A partir desses elementos, os policiais levantam os números de telefone usados pelos bandidos e obtêm autorização judicial para monitorá-los.
A escuta é feita durante 24 horas por dia e comprova que a quadrilha tem sua base na Região Metropolitana de Porto Alegre, é formada por gaúchos e paranaenses e tem como líder Vladimir Aparecido Carvalho Grade, o Magrão, 45 anos. Apresentando-se como Edson de Oliveira Louzada, ele demonstra uma lábia de mestre ao convencer os agricultores paranaenses a viajar ao Rio Grande do Sul para fechar negócio.
– A gente não devia dizer isso, mas o cara é bom no que faz – comenta um policial do Tigre.
É dada a ordem para a viagem
A informação mais alarmante obtida com as interceptações é que pelo menos 10 fazendeiros estão em tratativas com os falsos negociantes para adquirir a colheitadeira fajuta. Como a quadrilha utiliza vários telefones e nem todos estão grampeados, o Tigre não dispõe de um retrato completo da situação.
Desconhece, por exemplo, que as conversas com o produtor Osmar Finkler, de Quatro Pontes (PR), estão avançadas. Nos dias 17 e 18 deste mês, ele recebe vários telefonemas de Magrão e decide viajar ao Rio Grande do Sul para ver a máquina. Como em outros casos apurados durante as escutas, Finkler é orientado a comparecer a um posto de combustíveis localizado na rodovia Gravataí-Sapucaia do Sul (ERS-118), em Gravataí. Ali, encontraria enviados do vendedor e seria levado até o maquinário.
Finkler e os policiais paranaenses não sabem, mas planejam ao mesmo tempo a viagem a Gravataí. No dia 16, Figueiroa, o chefe do Tigre, havia assinado uma ordem de serviço autorizando o envio de uma equipe. O ofício determina que três agentes, cujos nomes não foram revelados, se desloquem ao Rio Grande do Sul para “qualificar dois suspeitos”.
Esse é o jargão policial para uma operação de identificação de investigados, localização de esconderijos e descrição de rotinas. Além de Magrão, o Tigre estava atrás de seu braço direito, Claudemir Correa dos Santos, o Miro.
– Eles (os policiais) fariam o trabalho durante o tempo necessário. Não estavam engessados. Não tinham hotel reservado ou coisa assim – conta um dos policiais.
Enquanto isso, na última segunda-feira, o produtor rural Finkler telefona para Magrão e confirma o encontro para o dia seguinte, em Gravataí. Ele deixa Quatro Pontes naquela tarde, em sua F-1000. Está acompanhado do amigo Persch, que convidara a “descer pro Sul”. Naquele mesmo dia, os três agentes paranaenses reúnem-se com o chefe para receber instruções. São municiados com fotos dos suspeitos e descrições sobre os veículos da quadrilha.
Depois de pernoitar na estrada, Finkler e Persch chegam às 10h de terça-feira ao Posto Perdigão, de Gravataí, o mesmo indicado repetidas vezes como ponto de encontro nos telefonemas interceptados. Enquanto isso, em Curitiba, o trio de policiais enche o porta-malas da viatura discreta com mochilas e armamento de grosso calibre, incluindo uma submetralhadora Famae, de calibre .40.
No posto de combustíveis de Gravataí, a dupla de Quatro Pontes é abordada por Miro e mais dois comparsas, que se apresentam como os vendedores da colheitadeira. A farsa dura pouco. Os paranaenses são rendidos e colocados dentro de um Corsa com placas de Campo Largo (PR). A picape segue junto.
Quando os policiais partem de Curitiba, Finkler e Persch já são reféns em um sobrado de dois pisos no centro de Gravataí, perto da Câmara de Vereadores. A quadrilha os mantém em uma sala com janelas fechadas. A mando dos bandidos, o produtor telefona para a mulher e pede um depósito bancário de R$ 50 mil. Horas depois, é obrigado a ligar de novo, pedindo mais R$ 5 mil. No final da tarde, envia um torpedo solicitando confirmação do segundo depósito.
Essa movimentação repercute na sala de escutas do Tigre. São interceptadas conversas curtas entre membros da quadrilha que dão a entender que um sequestro está em andamento. À meia-noite, quando chegam a Gravataí, os três agentes recebem uma missão adicional. Além do levantamento do possível esconderijo na periferia da cidade, devem fazer buscas em outros pontos da cidade, onde antenas de celular apontam a presença de suspeitos.
Dois desfechos fatais em uma mesma quarta-feira
Classificada de “ilegal e irresponsável” pelo governador Tarso Genro, a operação clandestina dos policiais paranaenses em solo gaúcho produz seu primeiro desfecho trágico quando o trio de agentes do Tigre chega a Gravataí e recebe uma nova missão de seus superiores.
O veículo discreto com os três homens, que percorre as ruas da cidade metropolitana durante a madrugada de quarta-feira, desperta a atenção do sargento Ariel da Silva, da Brigada Militar. À paisana e de capacete, ele segue o carro com uma moto. Em um semáforo, os dois veículos param. Disparos da submetralhadora Famae atravessam o vidro traseiro do automóvel e atingem mortalmente o sargento. O automóvel é alvejado pela arma do PM. Ainda não está esclarecido o que aconteceu e quem atirou primeiro.
Os paranaenses chamam a Brigada Militar. Com a chegada de colegas de farda de Silva, descobrem que mataram um PM. Encaminhados à Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento, entregam as armas e acionam os superiores em Curitiba. Figueiroa, o chefe do grupo de elite Tigre, é acordado durante a madrugada. Só então, informa o Departamento Estadual de Investigações Criminais gaúcho e o delegado regional de Gravataí Leonel Carivali sobre o possível sequestro em solo gaúcho. O policial paranaense envia de avião um delegado a Porto Alegre, com mais dois agentes.
No final da manhã de quarta-feira, o reforço paranaense está em Gravataí para ajudar a polícia gaúcha nas buscas.
– Vamos à região onde o cativeiro pode estar, para fazer o levantamento – diz Carivali.
Agentes civis dos dois Estados deixam a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento e seguem para a região central de Gravataí. Apesar do desastre da madrugada, o problema da falta de comunicação entre as polícias ocorreria outras duas vezes, com novo desfecho trágico e fatal.
Às14h, a 10 quarteirões do cativeiro, um grupo de policiais civis é abordado por viaturas da Brigada Militar.
– Quem são vocês? O que fazem circulando por aqui? – questiona um PM.
Nesse momento, o restante do grupo, com os delegados gaúchos Leonel Carivali e Roland Short, estacionam na região suspeita. Por incrível que pareça, são abordados por outra guarnição da BM. Enquanto os policiais se identificam, os criminosos, que haviam instalado o cativeiro a poucos metros dali, abrem a porta da garagem. Percebem a presença da polícia. Os delegados, por sua vez, identificam a quadrilha
– Polícia! Polícia! Arma! Arma! – grita o delegado Carivali antes dos tiros fatais.
Três tiros acertam a garagem e o Corsa dos criminosos. Momentos antes de ser libertado, Persch é atingido. Os bandidos fecham a garagem. Segue-se uma negociação breve e a rendição. É então que Finkler, capuz removido, descobre que o amigo está morto.
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
PMDF - SUSPENSÃO DE PROMOÇÕES SURPREENDE MILITARES ESTADUAIS
Polícia Militar suspende 2,3 mil promoções previstas para ocorrer hoje - Adriana Bernardes e Roberta Abreu - 23/12/2011 10:16
A Polícia Militar suspendeu a promoção de 2,1 mil praças prevista para ocorrer hoje. O reconhecimento por tempo de serviço e merecimento era esperado há mais de 20 anos por alguns policiais. A suspensão, que teria atingido também 200 oficiais, surpreendeu os militares, que não esperavam ser atingidos pela decisão do governo de congelar as promoções em função de supostas irregularidades na ascensão de oficiais que, em dezembro do ano passado, assumiram cargos de confiança na estrutura de governo.
Na ocasião, as promoções efetivadas pelo então governador Rogério Rosso foram contestadas pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal. O órgão de fiscalização determinou que o Executivo e a Polícia Militar deixassem de efetivar novas promoções até “a apuração dos fatos e ulterior manifestação do Tribunal”. A Procuradoria do DF entrou com um mandado de segurança para anular os efeitos da decisão, argumentando que o Estado poderia apurar “com cautela e sem pôr em risco direitos de terceiros, como investigados, e, na hipótese, dos servidores militares que serão promovidos”.
O desembargador Dácio Vieira chegou a acatar os argumentos do GDF, mas, em 8 de novembro último, o Conselho Especial do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) revogou a liminar que amparava a ascensão dos militares (leia entenda o caso). Um cabo que preferiu não se identificar diz estar surpreso com as suspensões. “Não falaram nada. Foi um banho de água fria. Pela lei, com 20 anos de trabalho eu teria que ser segundo sargento”, afirma. Com 21 anos de farda, o PM, que ganha hoje cerca de R$ 4,5 mil, teria mais R$ 1 mil no salário bruto. Ele lamenta a decisão e se diz desmotivado. “Eu adoro ser policial, mas na hora do êxito profissional, isso acontece. Eu vou precisar de um psicólogo para não ir para a rua e fazer uma besteira.”
Um outro policial, que também preferiu o anonimato, afirma que essa decisão beneficia uma minoria. “A liminar que foi cassada não falava da suspensão dos praças. A nossa promoção depende só do Comando-Geral. Se eles quiserem, podem nos promover. Não tem impedimento jurídico nenhum”, afirma. “Íamos comemorar o Natal e as promoções e, agora, nada.”
Nova disputa
O Correio apurou que 821 cabos seriam promovidos a sargento; 682 terceiros-sargentos subiram ao posto de segundos-sargentos; 586 segundos-sargentos para primeiros-sargentos e 12 primeiros-sargentos passariam a subtenentes. Além dos praças, cerca de 200 oficiais também seriam recompensados, nenhum deles por agregação. Presidente da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros do DF (Aspra), o sargento João de Deus disse que a medida é um prejuízo para a carreira do policial e um desestímulo ao servidor.
“A decisão judicial em vigor refere-se aos casos dos oficiais, mas respingou nos praças, que são pessoas da atividade fim que realmente trabalham na segurança pública”, critica. A entidade não descarta entrar com ação na Justiça para garantir os direitos dos policiais. Mas, antes, vai tentar o diálogo com o governo e, se não avançar, convocará uma assembleia geral extraordinária em janeiro para que a categoria decida o que fazer.
Procurado, o Comando-Geral da Polícia Militar informou que o pedido de entrevista seria repassado para análise da assessoria jurídica, mas que só iria se pronunciar hoje. Também não confirmou quantos militares seriam promovidos. Por meio da assessoria de imprensa, o secretário-chefe da Casa Militar do DF, coronel Rogério Leão, confirmou que a decisão tem relação direta com o imbróglio envolvendo as supostas promoções abusivas de oficiais, ocorridas no fim de 2010.
Na última sexta-feira, o governador Agnelo Queiroz já havia declarado que cumpriria a decisão judicial de 8 de novembro. O jurídico do governo passou a estudar a melhor forma de isso ocorrer. Em audiência com a presidente do Tribunal de Contas do DF, Marli Vinhadeli, na tarde da última sexta-feira, ficou acordado que as promoções na PM seriam suspensas até que se chegue a um consenso sobre o que será feito em relação aos processos sob suspeita.
No encontro, ficou acertado que, ainda esta semana, a PM entregaria ao TCDF a lista dos militares promovidos e as circunstâncias da agregação deles. O assunto só voltará a ser discutido no tribunal após 15 de janeiro, quando os servidores voltam do recesso.
Em entrevista ao Correio na última sexta-feira, o coronel Leão explicou que, até o momento, há dois caminhos possíveis: despromover os policiais agregados somente para ter o benefício ou rebaixar todos os que subiram de patente nos atos do então governador. Leão disse ainda que o Tribunal de Contas pode entender que causará menos prejuízos se mantiver o grupo e congelar as promoções até que eles se aposentem. Mas, por enquanto, a decisão não foi tomada.
MILÍCIAS - NOVE PMs E UM PC SÃO ACUSADOS DE INTEGRAR GRUPOS
Nove PMs e um policial civil são presos acusados de integrar milícias. Três quadrilhas de Brás de Pina e de Cordovil foram alvo da operação. DUILO VICTOR. ANA CLAUDIA COSTA - O GLOBO, 23/12/2011
RIO - Dezenove pessoas, entre elas um policial civil e nove PMs, foram presas nesta quinta-feira numa operação desencadeada pela Corregedoria Geral Unificada e pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), para desarticular três grupos de milicianos que agiam em Brás de Pina e Cordovil. Entre os PMs presos, cinco são do 16 BPM (Olaria). De acordo com o delegado Marcelo Ferreira, da corregedoria, os três grupos exploravam serviços como "gatonet" (TV clandestina por assinatura), venda ilegal de sinal de internet, distribuição de gás e transporte alternativo, atendendo mais de 20 mil pessoas. As quadrilhas, disse o delegado, arrecadavam milhões de reais por mês.
Para o operação, foram mobilizados 250 policiais civis e militares. Foram expedidos 30 mandados de prisão e 67 de busca de apreensão. As investigações, segundo a polícia, começaram há cinco meses, a partir de uma briga entre dois grupos e de uma tentativa de homicídio. Uma das milícias, chefiada por dois irmãos que são sargentos da PM, tentou matar o cabeça de outra quadrilha, o também sargento da PM Márcio Gabriel Simão. Ele foi preso na quinta-feira.
Ainda estão foragidas 11 pessoas. Na ação, foi fechada uma central de "gatonet", e agentes apreenderam computadores, uma escopeta calibre 12, munição, carregadores, documentos, planilhas de pagamento de funcionários e de cobrança de serviços.
Após a operação, o corregedor da Corregedoria Geral Unificada, Giuseppe Vitagliano, disse que, desde a posse do comandante da PM, coronel Erir Costa Filho, em 29 de setembro, 48 policiais já foram expulsos da corporação por desvio de conduta.
— Desde o início do governo Sérgio Cabral, já foram presos 600 milicianos. A sociedade não tolera mais desvio de conduta. Não aceita mais isso. É tolerância zero — concluiu.
RIO - Dezenove pessoas, entre elas um policial civil e nove PMs, foram presas nesta quinta-feira numa operação desencadeada pela Corregedoria Geral Unificada e pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), para desarticular três grupos de milicianos que agiam em Brás de Pina e Cordovil. Entre os PMs presos, cinco são do 16 BPM (Olaria). De acordo com o delegado Marcelo Ferreira, da corregedoria, os três grupos exploravam serviços como "gatonet" (TV clandestina por assinatura), venda ilegal de sinal de internet, distribuição de gás e transporte alternativo, atendendo mais de 20 mil pessoas. As quadrilhas, disse o delegado, arrecadavam milhões de reais por mês.
Para o operação, foram mobilizados 250 policiais civis e militares. Foram expedidos 30 mandados de prisão e 67 de busca de apreensão. As investigações, segundo a polícia, começaram há cinco meses, a partir de uma briga entre dois grupos e de uma tentativa de homicídio. Uma das milícias, chefiada por dois irmãos que são sargentos da PM, tentou matar o cabeça de outra quadrilha, o também sargento da PM Márcio Gabriel Simão. Ele foi preso na quinta-feira.
Ainda estão foragidas 11 pessoas. Na ação, foi fechada uma central de "gatonet", e agentes apreenderam computadores, uma escopeta calibre 12, munição, carregadores, documentos, planilhas de pagamento de funcionários e de cobrança de serviços.
Após a operação, o corregedor da Corregedoria Geral Unificada, Giuseppe Vitagliano, disse que, desde a posse do comandante da PM, coronel Erir Costa Filho, em 29 de setembro, 48 policiais já foram expulsos da corporação por desvio de conduta.
— Desde o início do governo Sérgio Cabral, já foram presos 600 milicianos. A sociedade não tolera mais desvio de conduta. Não aceita mais isso. É tolerância zero — concluiu.
AÇÃO DESASTRADA - DOIS DELEGADOS SÃO AFASTADOS E GOVERNADOR DO PR É CRITICADO
MORTE DE REFÉM. Dois delegados são afastados do caso. Policiais gaúchos participaram da ação em que foi morta vítima de sequestro - HUMBERTO TREZZI E JOSÉ LUÍS COSTA, ZERO HORA 23/12/2011
Os policiais civis que participaram do tiroteio que resultou na morte de um refém de sequestro em Gravataí foram afastados. Deixam de investigar o caso os delegados Roland Short e Leonel Carivali, que darão explicações à Corregedoria da Polícia Civil.
A medida foi anunciada após reunião do governador Tarso Genro com o chefe da Polícia Civil gaúcha, delegado Ranolfo Vieira Junior. E antecipa o pedido que seria feito pelo Ministério Público (MP).
Orefém morto é Lírio Persch, 50 anos. Ele e um amigo, Osmar Finkler – ambos empresários da cidade de Quatro Pontes (PR) – foram atraídos pelo anúncio de venda de uma colheitadeira em Gravataí e acabaram sequestrados. A polícia paranaense descobriu onde estava a quadrilha e avisou os colegas gaúchos sobre o local do cativeiro. O tiroteio aconteceu num sobrado atrás da Câmara de Vereadores de Gravataí, no Centro. Persch foi atingido quando os policiais tentavam impedir a fuga dos bandidos. Três sequestradores (dois gaúchos e um paranaense) acabaram presos, com armas e toucas.
O cerco aos sequestradores foi feito pelos delegados Carivali (da 1ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana, com sede em Gravataí) e Short (da 2ª DP). Carivali assumiu ter efetuado dois disparos.
O subprocurador-geral de Justiça para assuntos institucionais do MP, Marcelo Dornelles, que pretendia pedir o afastamento dos delegados, disse:
– O delegado que participou do tiroteio não pode investigar a si mesmo.
O tiroteio que resultou na morte de Persch começou quando PMs foram checar quem eram homens armados que cercavam o cativeiro (na realidade, eram policiais civis). Os bandidos tentaram sair, e os policiais civis atiraram contra o carro de sequestradores. O refém acabou morrendo. Promotores querem saber porque os policiais civis se isolaram na operação, sem avisar a Brigada Militar.
Serão quatro os inquéritos abertos pela Corregedoria da Polícia: um sobre o sequestro, um sobre a morte do refém e outros dois relacionados à morte do sargento Ariel da Silva, 40 anos, morto por engano por policiais civis paranaenses que investigavam o sequestro na madrugada anterior. À paisana, o sargento foi baleado ao se aproximar dos policiais – possivelmente, também pensando que eram bandidos.
A Justiça decretou a prisão temporária dos agentes paranaenses, por 30 dias, para esclarecer por que eles agiram em solo gaúcho de forma clandestina. Os policiais estão presos em Curitiba. O derradeiro inquérito é para investigar por que esses policiais foram liberados para seguir viagem ao Paraná. A liberação foi dada pela delegada Sandra Louzada, de plantão na noite da morte do PM.
MORTE DE REFÉM. Governador do Paraná responde a críticas
Ontem, em visita a Cascavel (PR), o governador do Paraná, Beto Richa, foi questionado sobre a operação em Gravataí. Até então, autoridades paranaenses haviam evitado declarações.
– Foi um fato lamentável, um fatalidade com duas vítimas inocentes. Pelo que eu sei, houve falhas nas duas polícias (do Paraná e do Rio Grande do Sul).
A fala do paranaense teve um alvo especial. O governador Tarso Genro, que, na quarta-feira, classificou a ação dos policiais do Paraná de “profundamente ilegal e irresponsável”.
Pela manhã, no sepultamento do sargento Ariel Silva, Tarso voltou à carga:
– Vamos fazer o mais profundo e completo esclarecimento para que isso não se repita. Aqui não é terra de ninguém. Porque esses policiais estavam aqui, irregularmente, fazendo operações, e a partir daí toda cadeia de movimentações que ocorreram na nossa polícia, até culminar com erro trágico que determinou a morte de uma vítima. Se essa operação foi benfeita ou malfeita eu ainda não tenho condições de avaliar. Sei que a primeira foi mal feita e que, dali, decorreu o resto.
Mais incisivo, o secretário da Segurança Pública, Airton Michels, acredita que a Polícia Civil gaúcha deveria ter autuado em flagrante os paranaenses.
TRAPALHADA POLICIAL
EDITORIAL ZERO HORA 23/12/2011
É assustador o conjunto de erros técnicos e de conduta que fizeram com que grupos de policiais paranaenses e gaúchos cometessem duas das mais trágicas ações da área da segurança dos últimos anos no Estado. A morte de um sargento da Brigada e, logo depois, de um refém, em operações repletas de falhas, compromete a imagem das duas polícias e exige respostas imediatas das autoridades. O que houve, nos dois episódios, foi essencialmente uma demonstração de como os profissionais não devem agir, a começar pelas atividades clandestinas de agentes paranaenses em território gaúcho. O governador Tarso Genro definiu a presença dos policiais do outro Estado como irresponsável. O desfecho da operação demonstra que o que houve, na verdade, foi uma invasão ilegal do Rio Grande do Sul, configurando uma iniciativa desrespeitosa com as forças de segurança e as autoridades gaúchas.
Quem determinou que policiais, pertencentes a um grupo de elite, agissem na penumbra em Gravataí, em atitude ofensiva e em desacordo com as normas mais elementares de compartilhamento de informações com as forças locais? Como três policiais considerados de um segmento especial da polícia paranaense se atrevem a atuar numa cidade que desconhecem, sem a ajuda de colegas do município? As interrogações conduzem para a conclusão de que a inépcia foi apenas a consequência de um atrevimento inexplicável. O sargento Ariel da Silva, com carreira considerada exemplar na Brigada Militar, foi morto por colegas civis despreparados. Essa é outra conclusão inevitável, independentemente de quem tenha disparado os tiros que tiraram a vida do PM. Os três ocupantes do carro secreto desencadearam as infelizes trapalhadas que depois resultaram na morte do refém de um sequestro.
Os dois episódios, com duas mortes de inocentes, são exemplares em suas consequências e significados, por combinarem tudo o que a polícia deveria evitar. Policiais gaúchos, sob suspeita de envolvimento na morte do empresário do Paraná, num momento em que este, pelos indícios, estava sendo posto em liberdade, devem igualmente se submeter a investigações. Mas é óbvio que as sindicâncias não podem ser conduzidas apenas pela corregedoria da própria polícia. A tarefa é também do Ministério Público e não pode, sob nenhuma hipótese, enfrentar constrangimentos ou restrições.
Em momentos como este, em que competências são questionadas, é natural que comandos da segurança se preocupem em dizer que estamos diante de fatos de exceção, mesmo que esses se repitam com elevada frequência. Nada disso pode significar que as autoridades estejam contemporizando diante da gravidade do ocorrido. Faz bem o governador Tarso Genro em determinar rigor na apuração das circunstâncias e responsabilidades pelas mortes. E agirão corretamente as polícias, tanto a gaúcha quanto a paranaense, se não incorrerem, por impulso corporativo, no erro de ser indulgentes com os investigados.
As sindicâncias da Corregedoria da Polícia e do Ministério Público não podem enfrentar quaisquer constrangimentos, para que os episódios, com dois inocentes mortos, sejam totalmente esclarecidos.
ENTRE O RIDÍCULO E O TRÁGICO
WANDERLEY SOARES, O SUL
Porto Alegre, Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2011.
A incompetência, o despreparo, a síndrome de super-herói são fenômenos contidos nas ações de policiais parananeses e gaúchos que resultaram em duas mortes em menos de 12 horas na Grande Porto Alegre. Ainda sob espanto, apenas divago sobre o tema.
"Havia os senhores que guerreavam entre si; havia o rei que fazia guerra ao cardeal; havia o espanhol que fazia guerra ao rei. Depois, além dessas guerras surdas ou públicas, secretas ou patentes, havia ainda os ladrões, os mendigos, os huguenotes, os lobos e os lacaios que faziam guerra a todo mundo." Trato aqui de Alexandre Dumas, pai, em Os Três Mosqueteiros, ao descrever Paris de 1625. Claro que isso tudo era consequência de diferenças econômicas, sociais, raciais, religiosas. De lá para cá houve alguns avanços de comportamento entre os terráqueos, mas nem tanto. Ao mudar alguma coisa na terminologia, substituindo-se alguns personagens, é possível entender que essas guerras na Paris de 1625 fazem parte do curso da história em nosso País, em nosso Rio Grande de 2011. E um dos sintomas mais fortes desta moléstia atávica é esse enfrentamento destemperado entre policiais, alguns fardados, alguns paisanos. Sigam-me
Duelo
Tais modernas e bárbaras liças, resultado de um despreparo e de uma rivalidade que se não fosse tragicamente ridícula poderia ser considerada cômica, acorda em mim, alojado e atemorizado no alto da minha torre, as aventuras dos mosqueteiros do rei contra os guardas do cardeal. E quem não leu Dumas, pai, pelo menos deve ter assistido alguns desenhos animados em que D'Artagnan aparece como o super-herói. A cada duelo entre os dois grupos, o rei e o cardeal fingiam uma sindicância que, se valia para casos isolados, nunca tinha a pretensão de tornar menos viva a intolerância ou menor o ódio entre os mosqueteiros e os guardas que, afinal, escudavam os poderes da majestade, o rei, e do preposto de Deus, o cardeal.
Escudeiros
Entre a história e a ficção, os episódios de lutas entre as criaturas inteligentes vão se desenvolvendo e se repetindo através dos séculos passando sobre os cadáveres dos vencidos. Naturalmente que, na França, a partir de 1625, as coisas mudaram bastante. Mas no planeta, inclusive aqui na nossa província, em nossas ruas, estão vivos os fantasmas de D'Artagnan e de seus manos mosqueteiros. Não estão em ação os mosquetes do rei nem a cavalaria do cardeal no congestionamento das avenidas. Agora são carros, motos, pistolas, coletes balísticos e coisas outras a serem acionadas. É possível que isso signifique uma fase da infância de uma civilização, mas, sem querer que alguém mude e queime etapas no curso da história, algumas leituras poderiam, pelo menos, evitar essa guerra entre o cardeal e o rei. E, afinal, se os escudeiros da sociedade lutam entre si, nunca poderão criticar nem evitar que os lobos, os ladrões e os miseráveis lutem contra todo mundo.
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
CORONEL PM DIZ QUE É INOCENTE E COBRA PROVAS DA PC-RJ
Solto, coronel diz que é inocente e cobra provas da Polícia Civil. Desembargador que soltou Beltrami disse que ‘estão brincando de investigar’ - Flávia Milhorance, Herculano Barreto Filho, Sérgio Ramalho e Ana Claudia Costa - O GLOBO, 21/12/11 - 21h03
RIO - Horas depois de ser solto por determinação do Tribunal de Justiça do Rio, o coronel Djalma Beltrami, comandante do 7º BPM (São Gonçalo), disse que nunca recebeu propina e cobrou que a Polícia Civil apresente as provas de seu envolvimento com o tráfico de drogas. O coronel disse que seu patrimônio é compatível com seu salário, que mora de aluguel na Baixada Fluminense e que ele e sua mulher têm apenas dois carros.
- Eu nunca recebi propina na minha vida. Eu nunca participaria de nenhum esquema dessa natureza (...) Eu nunca mandei ninguém falar por mim e nem nunca iria mandar alguém falar por mim. Eu não tenho essa informação. O meu trabalho sempre foi especificamente a nível operacional. Se chegar ou se tivesse chegado uma informação específica dessa natureza, todos os procedimentos seriam tomados (...) Eu não tenho nada a esconder. Estou muito convicto disso. Por isso, eu consigo botar a minha cabeça no travesseiro e dormir tranquilo - disse o coronel em entrevista ao ‘RJTV’.
Preso na segunda-feira pela Polícia Civil sob a acusação de receber propina do tráfico do Morro da Coruja, em São Gonçalo, Beltrami foi solto por volta das 3h desta quarta-feira com base em habeas corpus concedido pelo desembargador Paulo Rangel, do plantão judiciário do Tribunal de Justiça. Na decisão, o magistrado escreveu que "estão brincando de investigar" e criticou o trabalho da Delegacia de Homicídios (DH) de Niterói, responsável pela prisão do oficial. O juiz também determinou que o nome de Beltrami seja retirado da investigação até que novos elementos apareçam.
Rangel afirmou que o juiz da 2ª Vara Criminal de São Pedro da Aldeia, que expediu o mandado de prisão contra Beltrami, deixou-se levar "pela maldade da autoridade policial, que entendeu que ‘zero um’ só pode ser o comandante do 7º batalhão". A expressão "zero um" é usada numa conversa gravada entre um PM e um traficante e, segundo a investigação da Polícia Civil, seria uma referência a Beltrami. Ainda em sua decisão, o desembargador diz: "A versão da autoridade policial colocou, até então, um inocente na cadeia". O magistrado completa: "Investigação policial não é brinquedo de polícia".
Quando recebeu a notícia de que o habeas corpus havia sido concedido, Beltrami estava preso em uma sala do quartel general da corporação, no Centro, e chorou. O habeas corpus foi impetrado pela defensora Cláudia Valéria Taranto. Sua prisão, temporária, poderia durar um mês.
Beltrami vive com a família num prédio de classe média , numa rua simples em São João de Meriti. Os moradores do edifício evitaram comentar a prisão do vizinho. O comandante-geral da PM, coronel Erir da Costa Filho, disse que não vai se pronunciar sobre a decisão do desembargador Paulo Rangel, que concedeu o habeas corpus. De acordo com o relações públicas da PM, a corporação aguarda o envio do inquérito, com escutas telefônicas que acusam Beltrami de receber propina do tráfico. O pedido da documentação foi feito por meio de ofício ao delegado Alan Luxardo, titular da Divisão de Homicídios de Niterói. Ele está à frente das investigações.
Antes da decisão do TJ, a Associação de Oficiais Militares Estaduais do Rio (AME-Rio) defendeu Beltrami. A entidade repudiou a ação do titular da DH, delegado Alan Luxardo, responsável pela Operação Dezembro Negro, na qual o oficial foi preso.
Presidente da associação, o coronel Fernando Belo questionou a principal prova apresentada pela polícia para prender o oficial: a escuta telefônica em que há referência ao "zero um":
— Não há prova alguma que possa colocar Beltrami na situação em que está. Esta é uma prisão criminosa.
Os coronéis Belo e Ubiratan Ângelo, ex-comandante-geral da PM, visitaram Beltrami pela manhã no QG da PM. Ubiratan também criticou a prisão:
— O sigilo da investigação já foi quebrado, ele (Beltrami) foi exposto, então que se apresentem todas as provas.
O corregedor da PM, Waldyr Soares Filho, foi ontem à DH de Niterói para pedir formalmente as cópias do inquérito:
— Não tive acesso ao inquérito. O delegado prometeu que, em breve, enviará o inquérito à corregedoria. Só não disse quando. Só sei das informações pela imprensa.
Os coronéis Belo e Ângelo mostraram um documento do Disque-Denúncia, do dia 6 deste mês, segundo o qual traficantes do Morro da Coruja planejariam assassinar o coronel Beltrami.
Procurados ontem pelo GLOBO, a Secretaria de Segurança, o comando da Polícia Militar e a Chefia da Polícia Civil não quiseram se pronunciar sobre o assunto. Veja a íntegra da decisão do Tribunal de Justiça.
Delegado afirma que há outras evidências
O delegado Alan Luxardo lembrou que a investigação durou sete meses e disse que o inquérito ainda está em fase de conclusão — o que deverá ocorrer em até 20 dias.
— O que foi divulgado é apenas uma parte das investigações, há outras evidências do envolvimento dele (coronel Beltrami). Nos próximos dias, isso virá a público — afirmou o delegado, que ainda criticou a postura dos coronéis. — Não estou fazendo isso sozinho, há promotores e juízes envolvidos nesse caso. Quem não tem conhecimento de toda a investigação não tem como palpitar.
Segundo o Ministério Público, que participou da operação, a investigação da DH de Niterói não se resume ao conteúdo das escutas telefônicas divulgado. Policiais teriam filmado o encontro de um PM ligado ao comandante Beltrami com um dos chefes do tráfico em São Gonçalo. O encontro teria acontecido após a gravação da conversa (divulgada anteontem) entre um PM e um traficante, na qual o bandido diz estar disposto a pagar R$ 10 mil para o "zero um". Esse PM, segundo o Ministério Público, foi transferido para o 7º BPM a pedido de Beltrami, que já o levara para dois outros batalhões. Durante a investigação, foram feitas ainda outras escutas telefônicas.
RIO - Horas depois de ser solto por determinação do Tribunal de Justiça do Rio, o coronel Djalma Beltrami, comandante do 7º BPM (São Gonçalo), disse que nunca recebeu propina e cobrou que a Polícia Civil apresente as provas de seu envolvimento com o tráfico de drogas. O coronel disse que seu patrimônio é compatível com seu salário, que mora de aluguel na Baixada Fluminense e que ele e sua mulher têm apenas dois carros.
- Eu nunca recebi propina na minha vida. Eu nunca participaria de nenhum esquema dessa natureza (...) Eu nunca mandei ninguém falar por mim e nem nunca iria mandar alguém falar por mim. Eu não tenho essa informação. O meu trabalho sempre foi especificamente a nível operacional. Se chegar ou se tivesse chegado uma informação específica dessa natureza, todos os procedimentos seriam tomados (...) Eu não tenho nada a esconder. Estou muito convicto disso. Por isso, eu consigo botar a minha cabeça no travesseiro e dormir tranquilo - disse o coronel em entrevista ao ‘RJTV’.
Preso na segunda-feira pela Polícia Civil sob a acusação de receber propina do tráfico do Morro da Coruja, em São Gonçalo, Beltrami foi solto por volta das 3h desta quarta-feira com base em habeas corpus concedido pelo desembargador Paulo Rangel, do plantão judiciário do Tribunal de Justiça. Na decisão, o magistrado escreveu que "estão brincando de investigar" e criticou o trabalho da Delegacia de Homicídios (DH) de Niterói, responsável pela prisão do oficial. O juiz também determinou que o nome de Beltrami seja retirado da investigação até que novos elementos apareçam.
Rangel afirmou que o juiz da 2ª Vara Criminal de São Pedro da Aldeia, que expediu o mandado de prisão contra Beltrami, deixou-se levar "pela maldade da autoridade policial, que entendeu que ‘zero um’ só pode ser o comandante do 7º batalhão". A expressão "zero um" é usada numa conversa gravada entre um PM e um traficante e, segundo a investigação da Polícia Civil, seria uma referência a Beltrami. Ainda em sua decisão, o desembargador diz: "A versão da autoridade policial colocou, até então, um inocente na cadeia". O magistrado completa: "Investigação policial não é brinquedo de polícia".
Quando recebeu a notícia de que o habeas corpus havia sido concedido, Beltrami estava preso em uma sala do quartel general da corporação, no Centro, e chorou. O habeas corpus foi impetrado pela defensora Cláudia Valéria Taranto. Sua prisão, temporária, poderia durar um mês.
Beltrami vive com a família num prédio de classe média , numa rua simples em São João de Meriti. Os moradores do edifício evitaram comentar a prisão do vizinho. O comandante-geral da PM, coronel Erir da Costa Filho, disse que não vai se pronunciar sobre a decisão do desembargador Paulo Rangel, que concedeu o habeas corpus. De acordo com o relações públicas da PM, a corporação aguarda o envio do inquérito, com escutas telefônicas que acusam Beltrami de receber propina do tráfico. O pedido da documentação foi feito por meio de ofício ao delegado Alan Luxardo, titular da Divisão de Homicídios de Niterói. Ele está à frente das investigações.
Antes da decisão do TJ, a Associação de Oficiais Militares Estaduais do Rio (AME-Rio) defendeu Beltrami. A entidade repudiou a ação do titular da DH, delegado Alan Luxardo, responsável pela Operação Dezembro Negro, na qual o oficial foi preso.
Presidente da associação, o coronel Fernando Belo questionou a principal prova apresentada pela polícia para prender o oficial: a escuta telefônica em que há referência ao "zero um":
— Não há prova alguma que possa colocar Beltrami na situação em que está. Esta é uma prisão criminosa.
Os coronéis Belo e Ubiratan Ângelo, ex-comandante-geral da PM, visitaram Beltrami pela manhã no QG da PM. Ubiratan também criticou a prisão:
— O sigilo da investigação já foi quebrado, ele (Beltrami) foi exposto, então que se apresentem todas as provas.
O corregedor da PM, Waldyr Soares Filho, foi ontem à DH de Niterói para pedir formalmente as cópias do inquérito:
— Não tive acesso ao inquérito. O delegado prometeu que, em breve, enviará o inquérito à corregedoria. Só não disse quando. Só sei das informações pela imprensa.
Os coronéis Belo e Ângelo mostraram um documento do Disque-Denúncia, do dia 6 deste mês, segundo o qual traficantes do Morro da Coruja planejariam assassinar o coronel Beltrami.
Procurados ontem pelo GLOBO, a Secretaria de Segurança, o comando da Polícia Militar e a Chefia da Polícia Civil não quiseram se pronunciar sobre o assunto. Veja a íntegra da decisão do Tribunal de Justiça.
Delegado afirma que há outras evidências
O delegado Alan Luxardo lembrou que a investigação durou sete meses e disse que o inquérito ainda está em fase de conclusão — o que deverá ocorrer em até 20 dias.
— O que foi divulgado é apenas uma parte das investigações, há outras evidências do envolvimento dele (coronel Beltrami). Nos próximos dias, isso virá a público — afirmou o delegado, que ainda criticou a postura dos coronéis. — Não estou fazendo isso sozinho, há promotores e juízes envolvidos nesse caso. Quem não tem conhecimento de toda a investigação não tem como palpitar.
Segundo o Ministério Público, que participou da operação, a investigação da DH de Niterói não se resume ao conteúdo das escutas telefônicas divulgado. Policiais teriam filmado o encontro de um PM ligado ao comandante Beltrami com um dos chefes do tráfico em São Gonçalo. O encontro teria acontecido após a gravação da conversa (divulgada anteontem) entre um PM e um traficante, na qual o bandido diz estar disposto a pagar R$ 10 mil para o "zero um". Esse PM, segundo o Ministério Público, foi transferido para o 7º BPM a pedido de Beltrami, que já o levara para dois outros batalhões. Durante a investigação, foram feitas ainda outras escutas telefônicas.
CORREGEDORA DO CNJ QUIS DEVASA EM 231 MIL PESSOAS, INCLUINDO PARENTES DE JUÍZES
Eliana Calmon, do CNJ, quis devassa em 231 mil pessoas. Ministro do STF suspendeu a investigação, que incluía até parentes de juízes - Carolina Brígido, Francisco Leali e Jailton de Carvalho - O GLOBO, 21/12/11 - 23h32
BRASÍLIA - Dirigentes da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) e da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) denunciaram nesta quarta-feira que a corregedora-geral do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Eliana Calmon, tenta promover uma devassa na vida de 231 mil pessoas, entre juízes, familiares e servidores de 22 tribunais. A investigação foi paralisada por liminar do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal. As entidades defenderam a decisão do ministro.
Em ofício assinado em 1º de dezembro, Eliana Calmon determinou que as investigações começassem pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. E pediu que fossem analisadas as declarações de bens e rendimentos apresentados por magistrados e servidores, principalmente nos casos com movimentação acima de R$ 500 mil no período de 2006 a 2010. A investigação deveria abranger cônjuges e filhos. Calmon pediu ainda que fosse dada prioridade para outros tribunais como o de Justiça da Bahia (TJ-BA), o Militar de São Paulo e o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e o Tribunal Regional do Trabalho do estado do Rio de Janeiro (TRT-RJ).
Para embasar sua decisão, ela citou material que recebeu do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Segundo o documento, foi detectado o volume de R$ 173,6 milhões em movimentações em espécie. O Coaf informou que, desse total, 34,9% estão concentrados na justiça paulista, no Tribunal de Justiça do DF e no TJ-BA.
O mesmo documento informa que, em 2008, três pessoas, duas do Tribunal Militar de São Paulo e uma do TJ-BA, estão na lista de comunicação de movimentação atípica. Essas três pessoas teriam movimentado no ano R$ 116,5 milhões. O documento do Coaf informa ainda que, em 2002, foram registradas 16 comunicações de movimentação atípica, no total de R$ 282,9 milhões, envolvendo uma pessoa ligada ao TRT do Rio.
Nesta quarta-feira, em nota, as três entidades criticaram a iniciativa do CNJ de investigar juízes a partir de dados do Coaf. "O ministro Lewandowski nada mais fez do que restabelecer a verdade jurídica violada e a normalidade institucional, ao suspender a medida adotada pela Corregedoria Nacional de Justiça, que, sem qualquer justa causa, submeteu os magistrados ao constrangimento ilegal de quebra de sigilo bancário e fiscal. O ministro nada mais fez que cumprir a Constituição", diz o texto.
Segundo as entidades, autoras da ação que resultou na decisão de Lewandowski, o CNJ obteve dados sigilosos de 231 mil pessoas sem autorização judicial. O presidente da AMB, Nelson Calandra, comparou o fato ao caso do jardineiro Francenildo dos Santos, que teve informações sigilosas violadas indevidamente em 2006, provocando a demissão do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci.
- No passado, um jardineiro teve o sigilo quebrado e caiu um ministro. Aqui, se viola o sigilo bancário e fiscal de 231 mil pessoas e não acontece nada! - reclamou Calandra.
Também nesta quarta-feira, o presidente do STF, Cezar Peluso, e o próprio Lewandowski divulgaram nota defendendo a decisão que interrompeu as investigações. Calandra e a própria corregedoria do CNJ garantiram que Lewandowski não está na lista dos investigados, ao contrário do que noticiou a "Folha de S.Paulo".
"O presidente do STF, ministro Cezar Peluso, repudia insinuações irresponsáveis de que o ministro Ricardo Lewandowski teria beneficiado a si próprio ao conceder liminar", diz o texto. "O ministro Lewandowski agiu no estrito cumprimento de seu dever legal e no exercício de suas competências constitucionais."
No texto, Peluso lembra que a Constituição não dá ao CNJ poderes para investigar ministros do STF. Ele concluiu a nota dizendo que, se o conselho investigou o colega, houve "flagrante abuso de poder em desrespeito a mandamentos constitucionais, passível de punição na forma da lei a título de crimes".
Em outra nota, Lewandowski afirmou: "a decisão de minha autoria não me beneficia em nenhum aspecto, pois as providências determinadas pela Corregedoria do CNJ, objeto do referido mandado de segurança, à míngua de competência legal e por expressa ressalva desta, não abrangem a minha pessoa ou a de qualquer outro ministro deste Tribunal". Segundo o ministro, ele cumpriu "indeclinável dever de prestar jurisdição".
A Advocacia Geral da União (AGU) pediu nesta quarta-feira que o STF suspenda a liminar do ministro Marco Aurélio Mello que esvazia o CNJ. Na segunda feira, Marco Aurélio atendeu um pedido da AMB e restringiu os poderes do CNJ. Pela decisão do ministro, o conselho só pode iniciar uma investigação sobre irregularidades de tribunais e magistrados depois da conclusão das apurações das corregedorias locais.
No mandado de segurança em que pede a derrubada da liminar de Marco Aurelio, a AGU argumenta que a decisão do ministro "viola a Lei nº 9.868/99 e o Regimento Interno do Supremo Tribunal, bem como os princípios do colegiado e do devido processo legal".
Para a AGU, a decisão de Marco Aurélio pode provocar "uma série de prejuízos às investigações promovidas pelo Conselho". A Corregedoria Nacional de Justiça analisa um total de 503 processos sobre irregularidades e corrupção relacionadas a magistrados.
PRISÃO DE OFICIAL PROVOCA MAL-ESTAR ENTRE POLÍCIAS NO RIO
Prisão de oficial provoca mal-estar entre polícias. Martha Rocha não quis comentar críticas que desembargador fez a delegado - Ana Cláudia Costa e Herculano Barreto Filho - O GLOBO, 22/12/11 - 0h04
RIO - A prisão do comandante do 7º BPM (São Gonçalo), coronel Djalma Beltrami, acusado de receber propina do tráfico, causou mal-estar entre as polícias Civil e Militar. Nenhuma autoridade quis comentar na quarta-feira a decisão do desembargador Paulo Rangel, do plantão do Tribunal de Justiça, que na véspera determinou a libertação do oficial e criticou duramente a investigação policial. Betrami, que deixou às 4h de quarta-feira o Quartel-General da PM, no Centro, onde estava preso havia 44 horas, disse que nunca recebeu propina:
— Pela primeira vez na minha vida, perdi o direito de ir e vir. Em 27 anos na corporação, nunca respondi a um processo. Levo uma vida humilde e presto contas de tudo o que tenho. Só posso responder pelos meus atos. Não posso responder por outros policiais só porque serviram no meu batalhão. Estou falando como cidadão, não como policial.
Sobre sua transferência em setembro para o batalhão de São Gonçalo, logo após a prisão de seu antecessor, o tenente-coronel Cláudio Luiz de Oliveira, acusado de ser o mentor da morte da juíza Patrícia Acioli, Beltrami disse que tinha certeza de que poderia mudar a imagem daquela unidade:
— Queria mostrar para aqueles policiais que não tinham feito nada de errado que era possível fazer um bom trabalho lá.
Na quarta-feira, o comandante da PM, coronel Erir Ribeiro Costa Filho, disse que não se pronunciaria sobre a decisão da Justiça. A assessoria da chefe de Polícia Civil, delegada Martha Rocha, disse que ela também não ia se pronunciar sobre as críticas do desembargador. Procurado, o delegado Alan Luxardo, da Delegacia de Homicídios de Niterói, responsável pela investigação, também não atendeu as ligações.
O presidente da Associação dos Delegados de Polícia (Adepol), Wladimir Reale, divulgou na quarta-feira um comunicado contestando a opinião de Paulo Rangel — ao conceder o habeas corpus a Beltrami, o desembargador escreveu que "estão brincando de investigar". Na nota, Reale diz serem inaceitáveis as ofensas contra o delegado Alan Luxardo. Segundo a Adepol, o policial é um profissional "sério e responsável". O Sindicato dos Delegados de Polícia do Rio também defendeu Luxardo e criticou a decisão do desembargador.
Prisão teria feito oficial sofrer de hipertensão
Na terça-feira, a Associação dos Oficiais Militares Estaduais do Rio (AME-Rio) divulgou uma nota tratando a prisão do coronel como "um erro doloso com o claro objetivo de atingir os oficiais da PM". Na quarta-feira, o presidente da entidade, Fernando Belo, afirmou que, "pelo bem da sociedade", não deve haver crise entre as instituições.
Beltrami passou a manhã em sua casa em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Na rua onde o coronel mora num prédio de três andares, vizinhos evitavam comentar a prisão do oficial. Alguns, porém, disseram que ele sempre teve uma vida simples e que, com a prisão, passou a sofrer de hipertensão.
— O coronel sempre quis passar para o filho o exemplo de honestidade. Mas o rapaz está sendo alvo de chacota. O coronel Beltrami está arrasado. É um trauma que dificilmente ele vai superar — disse um amigo, sem se identificar.
Na decisão em que concedeu o habeas corpus a Beltrami, o desembargador Paulo Rangel citou as escutas telefônicas usadas como prova contra o coronel. Nelas, aparece um policial pedindo dinheiro a um traficante, dizendo que era para o "zero um" — que a polícia identificou como o comandante do 7º BPM. O desembargador afirmou então, em tom irônico, que ele próprio poderia vir a ser preso, caso alguém mencionasse que "o homem da capa preta queria dinheiro".
Integrantes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, que também participaram da operação na qual Beltrami foi preso, disseram, por meio de sua assessoria, que agora não cabe discutir questões relacionadas a provas fora dos autos e que vão esperar o relatório final de Alan Luxardo para se pronunciar.
RIO - A prisão do comandante do 7º BPM (São Gonçalo), coronel Djalma Beltrami, acusado de receber propina do tráfico, causou mal-estar entre as polícias Civil e Militar. Nenhuma autoridade quis comentar na quarta-feira a decisão do desembargador Paulo Rangel, do plantão do Tribunal de Justiça, que na véspera determinou a libertação do oficial e criticou duramente a investigação policial. Betrami, que deixou às 4h de quarta-feira o Quartel-General da PM, no Centro, onde estava preso havia 44 horas, disse que nunca recebeu propina:
— Pela primeira vez na minha vida, perdi o direito de ir e vir. Em 27 anos na corporação, nunca respondi a um processo. Levo uma vida humilde e presto contas de tudo o que tenho. Só posso responder pelos meus atos. Não posso responder por outros policiais só porque serviram no meu batalhão. Estou falando como cidadão, não como policial.
Sobre sua transferência em setembro para o batalhão de São Gonçalo, logo após a prisão de seu antecessor, o tenente-coronel Cláudio Luiz de Oliveira, acusado de ser o mentor da morte da juíza Patrícia Acioli, Beltrami disse que tinha certeza de que poderia mudar a imagem daquela unidade:
— Queria mostrar para aqueles policiais que não tinham feito nada de errado que era possível fazer um bom trabalho lá.
Na quarta-feira, o comandante da PM, coronel Erir Ribeiro Costa Filho, disse que não se pronunciaria sobre a decisão da Justiça. A assessoria da chefe de Polícia Civil, delegada Martha Rocha, disse que ela também não ia se pronunciar sobre as críticas do desembargador. Procurado, o delegado Alan Luxardo, da Delegacia de Homicídios de Niterói, responsável pela investigação, também não atendeu as ligações.
O presidente da Associação dos Delegados de Polícia (Adepol), Wladimir Reale, divulgou na quarta-feira um comunicado contestando a opinião de Paulo Rangel — ao conceder o habeas corpus a Beltrami, o desembargador escreveu que "estão brincando de investigar". Na nota, Reale diz serem inaceitáveis as ofensas contra o delegado Alan Luxardo. Segundo a Adepol, o policial é um profissional "sério e responsável". O Sindicato dos Delegados de Polícia do Rio também defendeu Luxardo e criticou a decisão do desembargador.
Prisão teria feito oficial sofrer de hipertensão
Na terça-feira, a Associação dos Oficiais Militares Estaduais do Rio (AME-Rio) divulgou uma nota tratando a prisão do coronel como "um erro doloso com o claro objetivo de atingir os oficiais da PM". Na quarta-feira, o presidente da entidade, Fernando Belo, afirmou que, "pelo bem da sociedade", não deve haver crise entre as instituições.
Beltrami passou a manhã em sua casa em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Na rua onde o coronel mora num prédio de três andares, vizinhos evitavam comentar a prisão do oficial. Alguns, porém, disseram que ele sempre teve uma vida simples e que, com a prisão, passou a sofrer de hipertensão.
— O coronel sempre quis passar para o filho o exemplo de honestidade. Mas o rapaz está sendo alvo de chacota. O coronel Beltrami está arrasado. É um trauma que dificilmente ele vai superar — disse um amigo, sem se identificar.
Na decisão em que concedeu o habeas corpus a Beltrami, o desembargador Paulo Rangel citou as escutas telefônicas usadas como prova contra o coronel. Nelas, aparece um policial pedindo dinheiro a um traficante, dizendo que era para o "zero um" — que a polícia identificou como o comandante do 7º BPM. O desembargador afirmou então, em tom irônico, que ele próprio poderia vir a ser preso, caso alguém mencionasse que "o homem da capa preta queria dinheiro".
Integrantes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, que também participaram da operação na qual Beltrami foi preso, disseram, por meio de sua assessoria, que agora não cabe discutir questões relacionadas a provas fora dos autos e que vão esperar o relatório final de Alan Luxardo para se pronunciar.
DESINTEGRAÇÃO POLICIAL
PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA - ZERO HORA 22/12/2011
Dois mortos em menos de 12 horas, na mesma desastrada operação que trouxe policiais do Paraná ao Rio Grande do Sul para desvendar um caso de sequestro. Parece resumo de filme B, mas é a síntese de um impressionante incidente ocorrido ontem em Gravataí e que escancarou a falta de integração entre as polícias dos dois Estados.
Pela reação do governador Tarso Genro, está deflagrada uma crise diplomática com o governo do vizinho Paraná, comandado pelo tucano Beto Richa. Tarso classificou como ilegal e irresponsável a operação dos policiais paranaenses e ressaltou que eles não respeitaram os procedimentos formais de comunicar à polícia gaúcha que estavam tentando localizar duas vítimas de sequestro. A presença em solo gaúcho só se tornou pública porque os policiais civis do Paraná mataram um brigadiano em circunstâncias ainda obscuras. O sargento Ariel da Silva, de 40 anos, foi atingido por quatro disparos de metralhadora. Na falta de testemunhas, sobrou a versão dos três policiais paranaenses, de que ele teria disparado contra o trio. A perícia e o inquérito policial deverão esclarecer os detalhes da morte do brigadiano, que estava de folga.
Como se o enredo já não fosse suficientemente intrincado, à tarde outra equipe de policiais paranaenses, trabalhando em conjunto com a Polícia Civil gaúcha, estourou o cativeiro em que estavam dois empresários sequestrados. Na troca de tiros, Lírio Persch, 50 anos, foi morto.
Admitindo-se que seja verdadeira a versão de que o brigadiano atirou no carro em que estavam os policiais paranaenses, resta a pergunta: por que a Polícia Civil gaúcha não foi comunicada da operação? Os policiais paranaenses integram um grupo de elite, o Tigre, mas executaram um brigadiano em território gaúcho. Na operação conjunta com a polícia gaúcha, um empresário acabou morto. São incontáveis as lacunas que precisam ser preenchidas até que gaúchos e paranaenses conheçam a história inteira e a Justiça julgue os que apertaram o gatilho.
Dois mortos em menos de 12 horas, na mesma desastrada operação que trouxe policiais do Paraná ao Rio Grande do Sul para desvendar um caso de sequestro. Parece resumo de filme B, mas é a síntese de um impressionante incidente ocorrido ontem em Gravataí e que escancarou a falta de integração entre as polícias dos dois Estados.
Pela reação do governador Tarso Genro, está deflagrada uma crise diplomática com o governo do vizinho Paraná, comandado pelo tucano Beto Richa. Tarso classificou como ilegal e irresponsável a operação dos policiais paranaenses e ressaltou que eles não respeitaram os procedimentos formais de comunicar à polícia gaúcha que estavam tentando localizar duas vítimas de sequestro. A presença em solo gaúcho só se tornou pública porque os policiais civis do Paraná mataram um brigadiano em circunstâncias ainda obscuras. O sargento Ariel da Silva, de 40 anos, foi atingido por quatro disparos de metralhadora. Na falta de testemunhas, sobrou a versão dos três policiais paranaenses, de que ele teria disparado contra o trio. A perícia e o inquérito policial deverão esclarecer os detalhes da morte do brigadiano, que estava de folga.
Como se o enredo já não fosse suficientemente intrincado, à tarde outra equipe de policiais paranaenses, trabalhando em conjunto com a Polícia Civil gaúcha, estourou o cativeiro em que estavam dois empresários sequestrados. Na troca de tiros, Lírio Persch, 50 anos, foi morto.
Admitindo-se que seja verdadeira a versão de que o brigadiano atirou no carro em que estavam os policiais paranaenses, resta a pergunta: por que a Polícia Civil gaúcha não foi comunicada da operação? Os policiais paranaenses integram um grupo de elite, o Tigre, mas executaram um brigadiano em território gaúcho. Na operação conjunta com a polícia gaúcha, um empresário acabou morto. São incontáveis as lacunas que precisam ser preenchidas até que gaúchos e paranaenses conheçam a história inteira e a Justiça julgue os que apertaram o gatilho.
OPERAÇÃO DESASTRE: DUAS REGRAS BÁSICAS QUEBRADAS
Participaram desta cobertura Carlos Wagner, Eduardo Torres, Francisco Amorim, Humberto Trezzi e Pedro Moreira - ZERO HORA 22/12/2011
É para evitar mal-entendidos que podem resultar em tragédias como a de Gravataí que agentes de todo o Brasil têm uma regra: avisar os policiais de outros Estados, quando a investigação acontece na região deles. Isso não foi feito ontem e acabou na morte do sargento Ariel da Silva. Para completar a tragédia, partiu dos policiais gaúchos a quebra de uma segunda regra em casos de sequestros: não atirar contra os sequestradores, se esse ato representar algum risco aos reféns.
Comunicar os colegas de investigações nas suas áreas de atuação é procedimento ensinado em todas as academias de polícia. Mesmo quando isso implica probabilidade de vazamento da informação, ensina o delegado Renato Hendges, que há 27 anos atua na equipe antissequestro da Polícia Civil de Santa Catarina.
– Avisamos no mínimo a Chefia da Polícia do Estado onde vamos atuar. Quando já nos conhecemos e existe algum grau de confiança, nos reunimos com representantes de todas as polícias locais, montamos um QG, pedimos que a PM faça cerco. Colaboração total – afirma Hendges, que atuou em mais de 40 sequestros.
O delegado ressalta que não conhece o caso específico de Gravataí, mas acredita que possa ter ocorrido duplo erro: dos policiais civis, ao não informarem a presença. E do PM, ao abordar três desconhecidos sozinho.
O coronel Altair Cunha, subcomandante da Brigada Militar e experiente em casos com reféns, resume com uma frase sua opinião sobre a ação dos policiais civis paranaenses:
– Eles atuaram de forma clandestina e temerária num Estado sem avisar as autoridades competentes.
O delegado Cleber Ferreira, que tem mais de 30 anos na Polícia Civil gaúcha e lecionou Técnica de Investigação na Academia, diz que a ação dos colegas paranaenses é chamada, na gíria, de “pirataria”:
– A primeira coisa que deveriam fazer era avisar a polícia local. Até porque, em caso de prisão, eles têm de apresentar os presos aqui.
Expert em negociar a libertação de reféns, com 22 casos resolvidos, o coronel da BM Rodolfo Pacheco é enfático:
– A primeira preocupação tem de ser com a vítima. Saber onde está o refém, antes de atirar.
Sargento dedicou 21 anos à BM
Nascido em Porto Alegre, Ariel da Silva dedicou 21 dos seus 40 anos à BM e ao 17º BPM de Gravataí.
– Era tranquilo. Mesmo como policial, ele era um apaziguador. Por isso a gente não ficava com medo de algum tiro ou confronto – conta a cunhada, Sônia Aires, 27 anos.
Nas folgas, o pai de uma adolescente de 16 anos e marido de Adriana era dedicado à família. Nos últimos dois anos, quando foi promovido a sargento, Ariel passou a atuar no serviço de inteligência e já planejava a aposentadoria. O enterro será hoje no Memorial da Colina, em Cachoeirinha.
Refém era natural de Novo Hamburgo
Nascido em Novo Hamburgo, Lírio Persch foi com a família para o Paraná ainda criança, com pouco mais de um ano. Casado, o agricultor não tinha filhos. Definido pelo irmão mais velho, Sérgio Persch, como uma pessoa tranquila, Lírio era proprietário de uma faixa de terra em Quatro Pontes (PR) e no Paraguai, onde plantava soja, milho e trigo. Também era dono de poucas cabeças de gado. Segundo Sérgio, o irmão acompanhou o amigo Osmar na viagem em que comprariam uma máquina agrícola oferecida por um bom preço em um site.
– Entraram em uma emboscada. Vão ter de pagar por isso – lamenta.
A vítima tinha parentes no Estado, que ontem à noite tentavam obter informações sobre a desastrada ação policial.
ENTREVISTA. “Eles iriam nos libertar”. Osmar José Finkler, refém libertado
Resgatado na desastrada ação policial, o proprietário de uma empresa de transportes e fazendeiro paranaense Osmar Finkler, 36 anos, falou com ZH por telefone à noite:
ZH – Como foi o encontro com os supostos vendedores?
Osmar Finkler – Foi no posto. Logo ele (um dos criminosos) se apresentou como policial, nos rendeu e nos levou embora.
ZH – Vocês foram agredidos?
Finkler – Só nos amarraram.
ZH – Vocês estavam sendo libertados quando ocorreu a ação da polícia?
Finkler – Sim. Já tinham deixado em algum lugar a caminhonete tomada de nós. Já tinham me dado a chave e a documentação dela.
ZH – Como foi a ação policial?
Finkler – Estávamos dentro do carro, já com o resgate pago, e eles iriam nos libertar. Quando abriu o portão, o cara deu ré e um dos caras ali disse “volta que tem viatura”. Quando o carro voltou, foi aí que deu o pipoco (tiroteio).
ZH – O que aconteceu, então?
Finkler – Foi aí que a polícia atirou. Eu escutei a polícia atirando. Foi aí que acertaram o meu amigo Lírio.
ZH – Os sequestradores atiraram?
Finkler – Não ouvi. Nós estávamos de olhos vendados. Eu não vi ninguém atirando, só ouvi que os tiros vinham de trás. Mas os bandidos estavam armados.
OPERAÇÃO DESASTRE - PM E REFÉM MORTOS
Ao investigar um sequestro de dois moradores do Paraná mantidos reféns no Rio Grande do Sul, a polícia paranaense deflagrou um episódio trágico que resultou na morte de dois inocentes e em um mal-estar entre os governos dos dois Estados - Participaram desta cobertura Carlos Wagner, Eduardo Torres, Francisco Amorim, Humberto Trezzi e Pedro Moreira - ZERO HORA 22//11/2011
Ações confusas e desintegradas das polícias civis paranaense e gaúcha terminaram ontem em dupla tragédia, em Gravataí. Os agentes tentavam acabar com o sequestro de dois empresários do Paraná, mantidos em cativeiro no Estado. Ao investigar o caso, os policiais mataram dois inocentes. Um sargento da BM, confundido com bandido, foi morto por agentes paranaenses. Em outro ato, policiais civis gaúchos tentaram impedir a fuga dos sequestradores, e um dos reféns acabou morto.
A falta de comunicação entre as polícias abriu uma crise entre os dois Estados. O governador Tarso Genro não economizou críticas aos policiais paranaenses, mas silenciou sobre a ação dos agentes gaúchos.
– Foi uma ação profundamente ilegal e irresponsável da polícia do Paraná aqui no Estado do Rio Grande do Sul. E como foi ilegal e foi irresponsável, eu quero dizer que ela está sob suspeição. O que esses policiais vieram fazer aqui? – questiona o governador.
Ainda sem saber das declarações de Tarso, o governo do Paraná minimizou o episódio. O governador Beto Richa deixou para o Departamento da Polícia Civil paranaense lançar nota oficial. O documento ressalta o fato de o sargento gaúcho não ter se identificado como policial e, após a morte dele, os agentes paranaenses terem agido “com a postura mais adequada possível”, solicitando socorro à vítima e se apresentando às autoridades.
Policiais tiveram prisão decretada
O primeiro incidente aconteceu à 1h30min de quarta-feira, quando o sargento da BM Ariel da Silva, 40 anos, foi atingido por quatro disparos na Avenida Sílvio de Freitas, em Gravataí. Os tiros foram dados por policiais civis do Grupo Tigre, unidade de elite da polícia paranaense. Sem se identificar, eles procuravam o cativeiro dos reféns. Conforme os agentes, o militar pilotava uma moto e os abordou, armado. Ele teria feito pelo menos quatro disparos e atingido o carro que eles ocupavam. Um dos agentes disparou uma rajada de submetralhadora calibre .40, matando o PM.
Os policiais tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça gaúcha.
– Há sérios indícios de que os policiais civis do Paraná não possuíam autorização para estar na cidade, não apresentaram argumentos convincentes sobre o episódio e, possivelmente, tenham deturpado a seu favor os acontecimentos – ressalta o pedido feito pelo promotor de Justiça André Luís Dal Molin Flores, de Gravataí.
Os agentes envolvidos nesse primeiro tiroteio estão detidos em Curitiba (PR), para onde tinham voltado após prestar depoimento em Gravataí.
A segunda morte aconteceu 12 horas depois da primeira. Uma segunda equipe de policiais civis paranaenses prosseguiu na investigação do sequestro e avisou policiais gaúchos sobre o possível local de cativeiro. Na tentativa de libertar os reféns, dois delegados gaúchos tirotearam com os sequestradores. Um dos empresários, Lírio Persch – natural de Novo Hamburgo, mas residente no Paraná – morreu e o outro, Osmar José Finkler, foi ferido por mordidas de cães da BM.
O delegado Ranolfo Vieira Junior, chefe da Polícia Civil gaúcha, considera que não ocorreram falhas na ação:
– Não se tratou de estourar cativeiro. Eles depararam com os bandidos saindo, armados.
O tiroteio aconteceu num sobrado da Rua Doutor Luiz Bastos do Prado, atrás da Câmara de Vereadores de Gravataí, no Centro. Três sequestradores (dois gaúchos e um paranaense) acabaram presos, com armas e toucas.
GOVERNADOR: TARSO CONDENA AÇÃO "ILEGAL" DA POLÍCIA PARANAENSE NO RS
Um policial militar gaúcho e uma vítima de sequestro morreram nesta quarta-feira. Correio do Povo e Rádio Guaíba, 21/12/2011 20:34
O governador Tarso Genro deu declarações duras a respeito do caso policial ocorrido nesta quarta-feira, em Gravataí. Na madrugada, o sargento da Brigada Militar Ariel da Silva foi morto após troca de tiros com agentes paranaenses em Gravataí. À tarde, um homem que havia sido sequestrado morreu em ação conjunta da Polícia Civil do Paraná e polícias Civil e Militar do Estado na mesma cidade.
"Esta cadeia de acontecimentos foi detonada por uma ação profundamente ilegal e irresponsável da polícia do Paraná no Estado do Rio Grande do Sul. Como foi ilegal e irresponsável, quero dizer que ela está sob suspeição".
Segundo o governador, a simples entrada dos policiais no território gaúcho foi clandestina. "Os erros que aconteceram depois disso aí nós vamos verificar, já falei com o delegado Ranolfo. Mas o ponto de partida, na minha opinião, na opinião do governo, foram ações ilegais e suspeitas de policiais paranaenses que entraram clandestinamente no Estado".
Tarso Genro informou que vai encaminhar à Corregedoria um pedido de investigação para saber por que não houve a prisão dos policias paranaenses após o ocorrido. "Tem que ser examinado com profundidade o que estes policiais vieram fazer aqui, por que não tomaram as ações regulamentares de fazer contato com a nossa polícia. Em vez disso, tomaram ações que causaram a infelicidade de um brigadiano, que segundo informações que eu tenho, é uma pessoa insuspeita, e também causaram a morte de uma vítima".
Entenda o caso
Tudo começou quando, segundo nota oficial da Polícia Civil do Paraná, uma equipe do Grupo Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial (Tigre) foi deslocada ao Rio Grande do Sul para investigar uma quadrilha que praticaria extorsão mediante sequestro. Um homem, sequestrado no Paraná, era mantido cativeiro em Gravataí. Durante a madrugada, eles trocaram tiros com o sargento da BM Ariel da Silva, que morreu no local.
Os policiais paranaenses suspeitos de matar o sargento teriam garantido que o policial gaúcho disparou primeiro contra a viatura dos agentes. Segundo o comandante do Policiamento Metropolitano, Silanus Mello, o policial visitava o pai, que mora na região. No entanto, o posicionamento da viatura da Polícia Civil do Paraná durante a troca de tiros em Gravataí contraria o depoimento dos agentes, conforme o comandante do 17º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Dirceu Lopes. “Pelas evidências que eu vi, não é lógico que o policial tenha feito a abordagem”, declarou.
À tarde, ação conjunta da Polícia Civil do Paraná e polícias Civil e Militar do RS invadiu o cativeiro onde eram mantidos reféns dois homens. Informações preliminares indicam que um deles, identificado como Lírio Poerjio, de 50 anos, morreu. Três ou quatro pessoas que estavam no cativeiro teriam fugido num Clio preto com placas do Paraná, em direção ao Litoral Norte.
O Ministério Público (MP) acatou o pedido da Promotoria de Justiça Criminal de Gravataí, cuja 1ª Vara Criminal da Comarca de Gravataí determinava a prisão temporária de três agentes. O promotor de Justiça André Luís Dal Molin Flores sustenta que “pelo histórico da ocorrência policial e gravidade do fato, há sérios indícios de que os policiais civis do Paraná não possuíam autorização para estar na cidade, não apresentaram argumentos convincentes sobre o episódio, e, possivelmente, tenham deturpado a seu favor os acontecimentos”.
O governador Tarso Genro deu declarações duras a respeito do caso policial ocorrido nesta quarta-feira, em Gravataí. Na madrugada, o sargento da Brigada Militar Ariel da Silva foi morto após troca de tiros com agentes paranaenses em Gravataí. À tarde, um homem que havia sido sequestrado morreu em ação conjunta da Polícia Civil do Paraná e polícias Civil e Militar do Estado na mesma cidade.
"Esta cadeia de acontecimentos foi detonada por uma ação profundamente ilegal e irresponsável da polícia do Paraná no Estado do Rio Grande do Sul. Como foi ilegal e irresponsável, quero dizer que ela está sob suspeição".
Segundo o governador, a simples entrada dos policiais no território gaúcho foi clandestina. "Os erros que aconteceram depois disso aí nós vamos verificar, já falei com o delegado Ranolfo. Mas o ponto de partida, na minha opinião, na opinião do governo, foram ações ilegais e suspeitas de policiais paranaenses que entraram clandestinamente no Estado".
Tarso Genro informou que vai encaminhar à Corregedoria um pedido de investigação para saber por que não houve a prisão dos policias paranaenses após o ocorrido. "Tem que ser examinado com profundidade o que estes policiais vieram fazer aqui, por que não tomaram as ações regulamentares de fazer contato com a nossa polícia. Em vez disso, tomaram ações que causaram a infelicidade de um brigadiano, que segundo informações que eu tenho, é uma pessoa insuspeita, e também causaram a morte de uma vítima".
Entenda o caso
Tudo começou quando, segundo nota oficial da Polícia Civil do Paraná, uma equipe do Grupo Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial (Tigre) foi deslocada ao Rio Grande do Sul para investigar uma quadrilha que praticaria extorsão mediante sequestro. Um homem, sequestrado no Paraná, era mantido cativeiro em Gravataí. Durante a madrugada, eles trocaram tiros com o sargento da BM Ariel da Silva, que morreu no local.
Os policiais paranaenses suspeitos de matar o sargento teriam garantido que o policial gaúcho disparou primeiro contra a viatura dos agentes. Segundo o comandante do Policiamento Metropolitano, Silanus Mello, o policial visitava o pai, que mora na região. No entanto, o posicionamento da viatura da Polícia Civil do Paraná durante a troca de tiros em Gravataí contraria o depoimento dos agentes, conforme o comandante do 17º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Dirceu Lopes. “Pelas evidências que eu vi, não é lógico que o policial tenha feito a abordagem”, declarou.
À tarde, ação conjunta da Polícia Civil do Paraná e polícias Civil e Militar do RS invadiu o cativeiro onde eram mantidos reféns dois homens. Informações preliminares indicam que um deles, identificado como Lírio Poerjio, de 50 anos, morreu. Três ou quatro pessoas que estavam no cativeiro teriam fugido num Clio preto com placas do Paraná, em direção ao Litoral Norte.
O Ministério Público (MP) acatou o pedido da Promotoria de Justiça Criminal de Gravataí, cuja 1ª Vara Criminal da Comarca de Gravataí determinava a prisão temporária de três agentes. O promotor de Justiça André Luís Dal Molin Flores sustenta que “pelo histórico da ocorrência policial e gravidade do fato, há sérios indícios de que os policiais civis do Paraná não possuíam autorização para estar na cidade, não apresentaram argumentos convincentes sobre o episódio, e, possivelmente, tenham deturpado a seu favor os acontecimentos”.
SOLDADESCA INDIGNADA
WANDERLEY SOARES, REDE PAMPA, O SUL
Porto Alegre, Quinta-feira, 22 de Dezembro de 2011.
Os profissionais de nível médio da Brigada Militar já pensam em montar manifestações logo depois das festas de fim de ano.
Não obstante a euforia do Piratini com o sucesso provisório na negociação salarial com os oficiais de nível superior da Brigada Militar (de capitão a coronel) apontei, ontem, que tal euforia não era generalizada no âmbito da soldadesca brigadiana assim como não é diferente nos diversos segmentos da Polícia Civil. Ontem, os brigadianos de nível médio (de soldado a tenente) ao realizarem um balanço do que ocorreu em 2011, concluíram que o governo Tarso Genro vem atendendo os interesses dos oficiais superiores inclusive com o apoio, chamado de corporativista, do comandante geral da corporação, coronel, professor e intelectual Sérgio Roberto de Abreu. Lideranças da família brigadiana exigem uma política salarial para os profissionais de nível médio sem iniciativas unilaterais como, segundo eles, foram tomadas na última semana ao privilegiar os oficiais de nível superior com um abono de R$ 400,00 reais para capitães e um aumento de 10% para todos, tudo de uma vez, de soco, sem chá-de-banco, enquanto os praças só terão um aumento chinfrim a partir de abril próximo. Um documento de protesto será encaminhado ao Piratini e, nas discussões iniciadas ontem, não estão descartados os movimentos reivindicatórios já no início de 2012, depois das festas e antes do carnaval.
Elite
Os chamados grupos de elite que são criados nas organizações policiais no Brasil e em quase todos os países do planeta, se não tiverem critérios de ação com definição plena e um comando técnico rigoroso e legalista, a maionese pode desandar de múltiplas formas e sempre com gravidade. Em alguns Estados brasileiros, principalmente no Rio e em São Paulo, grupos de elite se transformaram em esquadrões da morte. Isso depois de usufruírem de todo o tipo de mordomias de governos e de políticos profissionais. Cito isso para registrar aqui a desastrada ação, para dizer o mínimo, dos policiais de elite da Polícia Civil do Paraná que, no espaço de 12 horas, se envolveram em duas mortes. Mais do que a elaboração de inquéritos, esse absurdo merece ser levado para discussão nas academias de polícia.
Flanelinhas
Os parlamentos, em todos os níveis, são pródigos em discussões ocas e leis inúteis. Depois do debate da Câmara Municipal para mudar o nome da avenida Castelo Branco para avenida da Legalidade, os edis de Novo Hamburgo aprovaram uma lei que proíbe a atuação de guardadores de carros, os populares flanelinhas, na cidade. Aliás, pode haver guardadores desde que não pratiquem extorsão contra motoristas, mas será permitida a mordidinha pura e simples. Tanto quanto eu sei, extorsão já está no Código Penal e, de outra banda, não é o valor que define a extorsão. Aqui em Porto Alegre, o Sindicato dos Guardadores de carro cobra de seus membros um aluguel pelo espaço em que trabalham nas ruas e nossos vereadores nada falam sobre isso. Em Novo Hamburgo, uma cobrança mais elevada cobrada para quem cuida um carro de luxo pode dar cadeia.
Colunas
O Ano Novo provoca o clima da dança das cadeiras. Citei aqui que, no caso de acontecer troca no comando-geral da Brigada Militar, dois nomes despontam para assumir a honraria, que são os dos coronéis Rodolfo Pacheco e Uilson Miranda do Amaral. Na realidade, já há uma lista tríplice. O terceiro nome é o do coronel Júlio César Marobin. Difícil apontar qual dos três está entre as colunas mais poderosas.
Porto Alegre, Quinta-feira, 22 de Dezembro de 2011.
Os profissionais de nível médio da Brigada Militar já pensam em montar manifestações logo depois das festas de fim de ano.
Não obstante a euforia do Piratini com o sucesso provisório na negociação salarial com os oficiais de nível superior da Brigada Militar (de capitão a coronel) apontei, ontem, que tal euforia não era generalizada no âmbito da soldadesca brigadiana assim como não é diferente nos diversos segmentos da Polícia Civil. Ontem, os brigadianos de nível médio (de soldado a tenente) ao realizarem um balanço do que ocorreu em 2011, concluíram que o governo Tarso Genro vem atendendo os interesses dos oficiais superiores inclusive com o apoio, chamado de corporativista, do comandante geral da corporação, coronel, professor e intelectual Sérgio Roberto de Abreu. Lideranças da família brigadiana exigem uma política salarial para os profissionais de nível médio sem iniciativas unilaterais como, segundo eles, foram tomadas na última semana ao privilegiar os oficiais de nível superior com um abono de R$ 400,00 reais para capitães e um aumento de 10% para todos, tudo de uma vez, de soco, sem chá-de-banco, enquanto os praças só terão um aumento chinfrim a partir de abril próximo. Um documento de protesto será encaminhado ao Piratini e, nas discussões iniciadas ontem, não estão descartados os movimentos reivindicatórios já no início de 2012, depois das festas e antes do carnaval.
Elite
Os chamados grupos de elite que são criados nas organizações policiais no Brasil e em quase todos os países do planeta, se não tiverem critérios de ação com definição plena e um comando técnico rigoroso e legalista, a maionese pode desandar de múltiplas formas e sempre com gravidade. Em alguns Estados brasileiros, principalmente no Rio e em São Paulo, grupos de elite se transformaram em esquadrões da morte. Isso depois de usufruírem de todo o tipo de mordomias de governos e de políticos profissionais. Cito isso para registrar aqui a desastrada ação, para dizer o mínimo, dos policiais de elite da Polícia Civil do Paraná que, no espaço de 12 horas, se envolveram em duas mortes. Mais do que a elaboração de inquéritos, esse absurdo merece ser levado para discussão nas academias de polícia.
Flanelinhas
Os parlamentos, em todos os níveis, são pródigos em discussões ocas e leis inúteis. Depois do debate da Câmara Municipal para mudar o nome da avenida Castelo Branco para avenida da Legalidade, os edis de Novo Hamburgo aprovaram uma lei que proíbe a atuação de guardadores de carros, os populares flanelinhas, na cidade. Aliás, pode haver guardadores desde que não pratiquem extorsão contra motoristas, mas será permitida a mordidinha pura e simples. Tanto quanto eu sei, extorsão já está no Código Penal e, de outra banda, não é o valor que define a extorsão. Aqui em Porto Alegre, o Sindicato dos Guardadores de carro cobra de seus membros um aluguel pelo espaço em que trabalham nas ruas e nossos vereadores nada falam sobre isso. Em Novo Hamburgo, uma cobrança mais elevada cobrada para quem cuida um carro de luxo pode dar cadeia.
Colunas
O Ano Novo provoca o clima da dança das cadeiras. Citei aqui que, no caso de acontecer troca no comando-geral da Brigada Militar, dois nomes despontam para assumir a honraria, que são os dos coronéis Rodolfo Pacheco e Uilson Miranda do Amaral. Na realidade, já há uma lista tríplice. O terceiro nome é o do coronel Júlio César Marobin. Difícil apontar qual dos três está entre as colunas mais poderosas.
FALHA DE COMUNICAÇÃO ENTRE AS POLÍCIAS
BEATRIZ FAGUNDES, REDE PAMPA, O SUL
Porto Alegre, Quinta-feira, 22 de Dezembro de 2011.
Ficou claro que as relações de intercâmbio entre as polícias é zero, o que deve causar certo furor ancestral nos cabeças dos grupos criminosos organizados
"Não contavam com minha astúcia!"; "Meus movimentos são friamente calculados!"; "Suspeitei desde o princípio!"; "Sigam-me os bons!". Ah! Doces refrões do personagem Chapolin, a mais extraordinária sátira mexicana já feita do personagem da superioridade norte-americana, o Super-Homem. Lembrei-me de todas essas pérolas de um personagem da ficção para tentar compreender a sucessão de erros protagonizados por policiais paranaenses em território gaúcho.
O governador Tarso Genro fez duras críticas à atuação da Polícia Civil do Paraná no Estado, ao classificar como ilegal e irresponsável a operação dos policiais, ressaltando que eles não respeitaram os procedimentos formais de comunicar à polícia gaúcha: "Uma ação profundamente ilegal e irresponsável aqui no Estado do Rio Grande do Sul. E como foi ilegal e irresponsável, ela está sob suspensão. Tem de ser examinado o que eles vieram fazer aqui e porque não tomaram as atitudes de entrar em contato com a nossa polícia". Vamos aos fatos: dois empresários, Lírio Poersch e Osmar José Finkler, deixaram Quatro Pontes, município próximo a Marechal Cândido Rondon, no Paraná, para comprar um implemento agrícola que estaria sendo vendido com preço abaixo do mercado no Estado gaúcho. Ao chegarem ao local, os dois foram surpreendidos pelos bandidos, que sequestraram a dupla com objetivo de pedir dinheiro à família em troca da liberação dos sequestrados. Ao que tudo indica, o sequestro foi comunicado à polícia paranaense, que decidiu ?ignorar solenemente' uma possível ?ajuda' da polícia gaúcha! Até ai tudo normal! O que nós, meros mortais, sabemos sobre essas ações cruzadas sem visibilidade! O que não estava nos planos, aparentemente, era o tal grupo especial antissequestro paranaense, denominado "Tigre", executar, com diversos tiros de metralhadora, um sargento da Brigada Militar.
A Justiça gaúcha decretou a prisão temporária dos agentes, porém, é bom esclarecer que eles já estão no Paraná. Agora outra curiosidade: de acordo com a imprensa paranaense, a invasão do cativeiro, que resultou na morte de um dos sequestrados, de um sequestrador e de ferimentos na segunda vítima, foi de única e exclusiva responsabilidade dos policiais gaúchos. De acordo com nossas informações, policiais paranaenses estavam presentes na ação. Resumindo: ficou claro que as relações de intercâmbio entre as polícias é zero, o que deve causar certo furor ancestral nos cabeças dos grupos criminosos organizados.
Vamos assistir cenas de pugilato moral entre as polícias, desmoralizando lá e cá os homens que integram as instituições que nos defendem. Por que a polícia paranaense não trocou informações com a nossa muito bem treinada equipe antissequestro? Por que o secretário de Segurança Pública de lá não comunicou, pelo menos informalmente, o responsável pelo território gaúcho? O rescaldo das trapalhadas: três mortos; o policial militar, que de forma ingênua, pensou interceptar um bando de criminosos, sendo executado por colegas e sua metralhadora.
Inacreditável! Um dos empresários pivô da ação clandestina em território gaúcho restou executado em meio ao entrevero de trapalhadas. Podemos dizer que "graças a Deus" um dos sequestradores também morreu? Com todo respeito à situação, lembra o velho Chacrinha: "Quem não se comunica, se trumbica!". Quem vai responder a família do sargento executado, ao que tudo indica, de forma covarde, por parceiros de atividade? Como fica a família? Triste Natal!
GRUPO TIGRE DA PC-PR - EFICIÊNCIA FEZ DA UNIDADE UMA REFERÊNCIA
Eficiência fez da unidade uma referência - GAZETA DO POVO, 22/12/2011
Unidade de elite antissequestro da Polícia Civil do Paraná, o grupo Tigre sempre foi conhecido no país pelas ações eficientes, libertando reféns vivos e prendendo os criminosos. O grupo foi criado em 1990, depois de uma sequência de sequestros registrados no estado. A partir de então, a unidade passou a ser referência nacional.
O sucesso da equipe decorredo intenso treinamento específico e do planejamento na hora de agir. A identidade das vítimas sempre foi mantida em sigilo e quase nunca as informações do crime apareciam antes de o caso ser resolvido. Até agora, o trabalho foi exaltado em razão dos números excepcionais: 100% de solução dos casos de sequestro.
Para integrar o Tigre é preciso ter a ficha policial ilibada e passar por um curso rigoroso de operações especiais. O policial tem a vida investigada com rigor. O curso é a última fase e determinante para o policial ser aceito no grupo.
O delegado chefe do Tigre, Renato Bastos Figueiroa, assumiu o Tigre em janeiro, após transferência do delegado Riad Farhat para a Divisão de Narcóticos. Farhat comandou o Tigre por cerca de sete anos.
Um amigo de todos da cidade
Dono de uma pequena propriedade rural, Lírio Persch, 50 anos, também prestava serviços para outros agricultores no período de plantio e colheita. Casado, pai de um filho e morador do centro do município de 3,8 mil habitantes, era uma pessoa reservada. “São trabalhadores, de famílias tradicionais aqui na cidade”, diz o radialista Afonso Francener. O prefeito Rudi Kuns relata que os moradores estão abalados. “Era amigo de todo mundo”, diz. Finkler também é bastante conhecido. Além de uma transportadora, é agricultor e mora em Quatro Pontes há muito tempo.
Nota da Sesp defende policiais
“A Polícia Civil ressalta que agentes paranaenses envolvidos no caso mantiveram a postura mais adequada possível”, afirma nota divulgada ontem pela Secretaria de Segurança Pública do Paraná. “Os policiais retornaram para Curitiba, se apresentaram à Corregedoria Geral da Polícia Civil e estão à disposição da Justiça”. Segundo a nota, as autoridades gaúchas seriam informadas sobre a presença da polícia paranaense na manhã de ontem.
Vítima acusa polícia gaúcha de matar amigo
Para o empresário que foi do Paraná ao Rio do Grande do Sul comprar uma máquina agrícola e acabou sendo sequestrado, a morte do amigo e companheiro de viagem foi consequência de uma ação policial mal-planejada. “Não precisava ter acontecido isso”, lamenta Osmar José Finkler, em entrevista à Gazeta do Povo. Ele relata que o tiro que matou o agricultor Lírio Persch partiu da polícia gaúcha e que ambos os sequestrados estavam dentro do carro a caminho da libertação.
CONHEÇA O GRUPO TIGRE DA POLÍCIA CIVIL DO PARANÁ.
http://policiaoperante.blogspot.com/2011/12/grupo-tigre-da-pc-do-parana.html
DOIS MORREM EM AÇÃO DO GRUPO TIGRE NO RS
OPERAÇÃO FRUSTRADA. Dois morrem em ação do grupo Tigre no RS. Policiais do Paraná foram ao Rio Grande do Sul resgatar sequestrados e mataram sargento. Vítima do sequestro foi morta pela polícia gaúcha - DIEGO RIBEIRO, VÍTOR GERON, KÁTIA BREMBATTI E MAURI KÖNIG, GAZETA DO POVO, 22/12/2011
Uma operação repleta de equívocos do Grupo Tigre (Tático Integrado Grupo de Repressão Especial), a unidade de elite antissequestro da Polícia Civil do Paraná, acabou de forma trágica ontem em Gravataí, no Rio Grande do Sul. Os policiais paranaenses foram ao estado gaúcho resgatar duas vítimas de sequestro sem avisar as autoridades locais, como determina o Código de Processo Penal, e mataram um sargento da Brigada Militar numa suposta troca de tiros. Ao saber dos motivos da investida da polícia paranaense, dois delegados gaúchos estouraram o cativeiro e acabaram matando uma das vítimas, o agricultor paranaense Lírio Persch.
A operação pode ter iniciado um problema no relacionamento entre os dois estados. O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, chamou a ação de irresponsável e ilegal, segundo o jornal Zero Hora. O comandante do 17.º Batalhão da Brigada Militar, tenente-coronel Dirceu Lopes, considerou a ação paranaense desastrosa. O chefe da Polícia Civil gaúcha, Ranolfo Vieira Junior, deve pedir esclarecimentos ao delegado geral do Paraná, Marcus Vinicius Michelotto. “Foi uma ação clandestina”, afirmou. Este foi o primeiro sequestro investigado pelo Tigre que resultou na morte da vítima.
Ontem, no começo da tarde, a Justiça gaúcha decretou a prisão temporária dos três policiais do grupo Tigre que participaram da ação que resultou na morte do sargento Ariel da Silva, de 40 anos.
Os três se apresentaram ontem à tarde na Corregedoria da Polícia Civil em Curitiba. Michelotto lamentou a prisão e considerou precipitada a decisão da Justiça gaúcha.
Prisão e morte
O sargento Ariel estava de moto e teria sido atingido por cinco disparos, quatro no estômago e um no pescoço, na Avenida Planaltina, por volta de 1h30 da manhã de ontem. De acordo com o comandante da Brigada Militar, a viatura do grupo Tigre estava parada de modo transversal na via, o que levou à abordagem do sargento. Lopes acredita que os disparos efetuados pelo sargento teriam sido feitos após ele ter sido atingido. Segundo ele, os locais onde ficaram as marcas dos tiros apontam que ele já estaria deitado quando revidou.
Já para a Polícia Civil do Paraná, os policiais do Tigre relataram que estavam sendo seguidos por um homem em uma motocicleta. Em um semáforo, ele abordou o veículo dos policiais. Houve troca de tiros e o homem morreu no confronto. A troca de tiros ocorreu no bairro Morada do Vale, bem longe da casa onde ocorria o sequestro, no centro de Gravataí.
No pedido de prisão, o promotor de Justiça André Luís Dal Molin Flores critica a ação do grupo Tigre. “Pelo histórico da ocorrência policial e gravidade do fato, há sérios indícios de que os policiais civis do Paraná não possuíam autorização para estar na cidade, não apresentaram argumentos convincentes sobre o episódio, e, possivelmente, tenham deturpado a seu favor os acontecimentos”, justifica.
Sequestrados
O fazendeiro e empresário Osmar José Finkler e Lírio Persch estavam sob o poder dos sequestradores desde terça-feira. Após o incidente com o sargento, os policiais gaúchos começaram a trabalhar no caso de sequestro também. Dois delegados de Gravataí foram ao local após receber a informação dos policiais paranaenses.
Quando chegaram na casa, que fica atrás da Câmara de Vereadores da cidade, um Corsa branco saía da garagem com os sequestradores e as vítimas. O delegado Leonel Carivali disse, em coletiva no Rio Grande do Sul, segundo o jornal Zero Hora, que gritou se identificando como policial. Naquele momentos, os criminosos saíram do carro disparando contra os policiais. No revide, os policiais gaúchos acertaram as costas de Lírio.
Os sequestradores João Rodrigues Ferreira, Claudemir dos Santos e Márcio Lourival foram presos após a troca de tiros. Lourival é paranaense. Os três tem passagens ela polícia. O Corsa tinha placa de Campo Largo.
Uma operação repleta de equívocos do Grupo Tigre (Tático Integrado Grupo de Repressão Especial), a unidade de elite antissequestro da Polícia Civil do Paraná, acabou de forma trágica ontem em Gravataí, no Rio Grande do Sul. Os policiais paranaenses foram ao estado gaúcho resgatar duas vítimas de sequestro sem avisar as autoridades locais, como determina o Código de Processo Penal, e mataram um sargento da Brigada Militar numa suposta troca de tiros. Ao saber dos motivos da investida da polícia paranaense, dois delegados gaúchos estouraram o cativeiro e acabaram matando uma das vítimas, o agricultor paranaense Lírio Persch.
A operação pode ter iniciado um problema no relacionamento entre os dois estados. O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, chamou a ação de irresponsável e ilegal, segundo o jornal Zero Hora. O comandante do 17.º Batalhão da Brigada Militar, tenente-coronel Dirceu Lopes, considerou a ação paranaense desastrosa. O chefe da Polícia Civil gaúcha, Ranolfo Vieira Junior, deve pedir esclarecimentos ao delegado geral do Paraná, Marcus Vinicius Michelotto. “Foi uma ação clandestina”, afirmou. Este foi o primeiro sequestro investigado pelo Tigre que resultou na morte da vítima.
Ontem, no começo da tarde, a Justiça gaúcha decretou a prisão temporária dos três policiais do grupo Tigre que participaram da ação que resultou na morte do sargento Ariel da Silva, de 40 anos.
Os três se apresentaram ontem à tarde na Corregedoria da Polícia Civil em Curitiba. Michelotto lamentou a prisão e considerou precipitada a decisão da Justiça gaúcha.
Prisão e morte
O sargento Ariel estava de moto e teria sido atingido por cinco disparos, quatro no estômago e um no pescoço, na Avenida Planaltina, por volta de 1h30 da manhã de ontem. De acordo com o comandante da Brigada Militar, a viatura do grupo Tigre estava parada de modo transversal na via, o que levou à abordagem do sargento. Lopes acredita que os disparos efetuados pelo sargento teriam sido feitos após ele ter sido atingido. Segundo ele, os locais onde ficaram as marcas dos tiros apontam que ele já estaria deitado quando revidou.
Já para a Polícia Civil do Paraná, os policiais do Tigre relataram que estavam sendo seguidos por um homem em uma motocicleta. Em um semáforo, ele abordou o veículo dos policiais. Houve troca de tiros e o homem morreu no confronto. A troca de tiros ocorreu no bairro Morada do Vale, bem longe da casa onde ocorria o sequestro, no centro de Gravataí.
No pedido de prisão, o promotor de Justiça André Luís Dal Molin Flores critica a ação do grupo Tigre. “Pelo histórico da ocorrência policial e gravidade do fato, há sérios indícios de que os policiais civis do Paraná não possuíam autorização para estar na cidade, não apresentaram argumentos convincentes sobre o episódio, e, possivelmente, tenham deturpado a seu favor os acontecimentos”, justifica.
Sequestrados
O fazendeiro e empresário Osmar José Finkler e Lírio Persch estavam sob o poder dos sequestradores desde terça-feira. Após o incidente com o sargento, os policiais gaúchos começaram a trabalhar no caso de sequestro também. Dois delegados de Gravataí foram ao local após receber a informação dos policiais paranaenses.
Quando chegaram na casa, que fica atrás da Câmara de Vereadores da cidade, um Corsa branco saía da garagem com os sequestradores e as vítimas. O delegado Leonel Carivali disse, em coletiva no Rio Grande do Sul, segundo o jornal Zero Hora, que gritou se identificando como policial. Naquele momentos, os criminosos saíram do carro disparando contra os policiais. No revide, os policiais gaúchos acertaram as costas de Lírio.
Os sequestradores João Rodrigues Ferreira, Claudemir dos Santos e Márcio Lourival foram presos após a troca de tiros. Lourival é paranaense. Os três tem passagens ela polícia. O Corsa tinha placa de Campo Largo.
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