Um policial militar gaúcho e uma vítima de sequestro morreram nesta quarta-feira. Correio do Povo e Rádio Guaíba, 21/12/2011 20:34
O governador Tarso Genro deu declarações duras a respeito do caso policial ocorrido nesta quarta-feira, em Gravataí. Na madrugada, o sargento da Brigada Militar Ariel da Silva foi morto após troca de tiros com agentes paranaenses em Gravataí. À tarde, um homem que havia sido sequestrado morreu em ação conjunta da Polícia Civil do Paraná e polícias Civil e Militar do Estado na mesma cidade.
"Esta cadeia de acontecimentos foi detonada por uma ação profundamente ilegal e irresponsável da polícia do Paraná no Estado do Rio Grande do Sul. Como foi ilegal e irresponsável, quero dizer que ela está sob suspeição".
Segundo o governador, a simples entrada dos policiais no território gaúcho foi clandestina. "Os erros que aconteceram depois disso aí nós vamos verificar, já falei com o delegado Ranolfo. Mas o ponto de partida, na minha opinião, na opinião do governo, foram ações ilegais e suspeitas de policiais paranaenses que entraram clandestinamente no Estado".
Tarso Genro informou que vai encaminhar à Corregedoria um pedido de investigação para saber por que não houve a prisão dos policias paranaenses após o ocorrido. "Tem que ser examinado com profundidade o que estes policiais vieram fazer aqui, por que não tomaram as ações regulamentares de fazer contato com a nossa polícia. Em vez disso, tomaram ações que causaram a infelicidade de um brigadiano, que segundo informações que eu tenho, é uma pessoa insuspeita, e também causaram a morte de uma vítima".
Entenda o caso
Tudo começou quando, segundo nota oficial da Polícia Civil do Paraná, uma equipe do Grupo Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial (Tigre) foi deslocada ao Rio Grande do Sul para investigar uma quadrilha que praticaria extorsão mediante sequestro. Um homem, sequestrado no Paraná, era mantido cativeiro em Gravataí. Durante a madrugada, eles trocaram tiros com o sargento da BM Ariel da Silva, que morreu no local.
Os policiais paranaenses suspeitos de matar o sargento teriam garantido que o policial gaúcho disparou primeiro contra a viatura dos agentes. Segundo o comandante do Policiamento Metropolitano, Silanus Mello, o policial visitava o pai, que mora na região. No entanto, o posicionamento da viatura da Polícia Civil do Paraná durante a troca de tiros em Gravataí contraria o depoimento dos agentes, conforme o comandante do 17º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Dirceu Lopes. “Pelas evidências que eu vi, não é lógico que o policial tenha feito a abordagem”, declarou.
À tarde, ação conjunta da Polícia Civil do Paraná e polícias Civil e Militar do RS invadiu o cativeiro onde eram mantidos reféns dois homens. Informações preliminares indicam que um deles, identificado como Lírio Poerjio, de 50 anos, morreu. Três ou quatro pessoas que estavam no cativeiro teriam fugido num Clio preto com placas do Paraná, em direção ao Litoral Norte.
O Ministério Público (MP) acatou o pedido da Promotoria de Justiça Criminal de Gravataí, cuja 1ª Vara Criminal da Comarca de Gravataí determinava a prisão temporária de três agentes. O promotor de Justiça André Luís Dal Molin Flores sustenta que “pelo histórico da ocorrência policial e gravidade do fato, há sérios indícios de que os policiais civis do Paraná não possuíam autorização para estar na cidade, não apresentaram argumentos convincentes sobre o episódio, e, possivelmente, tenham deturpado a seu favor os acontecimentos”.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
GOVERNADOR: TARSO CONDENA AÇÃO "ILEGAL" DA POLÍCIA PARANAENSE NO RS
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