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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

AÇÃO DESASTRADA - DOIS DELEGADOS SÃO AFASTADOS E GOVERNADOR DO PR É CRITICADO


MORTE DE REFÉM. Dois delegados são afastados do caso. Policiais gaúchos participaram da ação em que foi morta vítima de sequestro - HUMBERTO TREZZI E JOSÉ LUÍS COSTA, ZERO HORA 23/12/2011

Os policiais civis que participaram do tiroteio que resultou na morte de um refém de sequestro em Gravataí foram afastados. Deixam de investigar o caso os delegados Roland Short e Leonel Carivali, que darão explicações à Corregedoria da Polícia Civil.

A medida foi anunciada após reunião do governador Tarso Genro com o chefe da Polícia Civil gaúcha, delegado Ranolfo Vieira Junior. E antecipa o pedido que seria feito pelo Ministério Público (MP).

Orefém morto é Lírio Persch, 50 anos. Ele e um amigo, Osmar Finkler – ambos empresários da cidade de Quatro Pontes (PR) – foram atraídos pelo anúncio de venda de uma colheitadeira em Gravataí e acabaram sequestrados. A polícia paranaense descobriu onde estava a quadrilha e avisou os colegas gaúchos sobre o local do cativeiro. O tiroteio aconteceu num sobrado atrás da Câmara de Vereadores de Gravataí, no Centro. Persch foi atingido quando os policiais tentavam impedir a fuga dos bandidos. Três sequestradores (dois gaúchos e um paranaense) acabaram presos, com armas e toucas.

O cerco aos sequestradores foi feito pelos delegados Carivali (da 1ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana, com sede em Gravataí) e Short (da 2ª DP). Carivali assumiu ter efetuado dois disparos.

O subprocurador-geral de Justiça para assuntos institucionais do MP, Marcelo Dornelles, que pretendia pedir o afastamento dos delegados, disse:

– O delegado que participou do tiroteio não pode investigar a si mesmo.

O tiroteio que resultou na morte de Persch começou quando PMs foram checar quem eram homens armados que cercavam o cativeiro (na realidade, eram policiais civis). Os bandidos tentaram sair, e os policiais civis atiraram contra o carro de sequestradores. O refém acabou morrendo. Promotores querem saber porque os policiais civis se isolaram na operação, sem avisar a Brigada Militar.

Serão quatro os inquéritos abertos pela Corregedoria da Polícia: um sobre o sequestro, um sobre a morte do refém e outros dois relacionados à morte do sargento Ariel da Silva, 40 anos, morto por engano por policiais civis paranaenses que investigavam o sequestro na madrugada anterior. À paisana, o sargento foi baleado ao se aproximar dos policiais – possivelmente, também pensando que eram bandidos.

A Justiça decretou a prisão temporária dos agentes paranaenses, por 30 dias, para esclarecer por que eles agiram em solo gaúcho de forma clandestina. Os policiais estão presos em Curitiba. O derradeiro inquérito é para investigar por que esses policiais foram liberados para seguir viagem ao Paraná. A liberação foi dada pela delegada Sandra Louzada, de plantão na noite da morte do PM.

MORTE DE REFÉM. Governador do Paraná responde a críticas

Ontem, em visita a Cascavel (PR), o governador do Paraná, Beto Richa, foi questionado sobre a operação em Gravataí. Até então, autoridades paranaenses haviam evitado declarações.

– Foi um fato lamentável, um fatalidade com duas vítimas inocentes. Pelo que eu sei, houve falhas nas duas polícias (do Paraná e do Rio Grande do Sul).

A fala do paranaense teve um alvo especial. O governador Tarso Genro, que, na quarta-feira, classificou a ação dos policiais do Paraná de “profundamente ilegal e irresponsável”.

Pela manhã, no sepultamento do sargento Ariel Silva, Tarso voltou à carga:

– Vamos fazer o mais profundo e completo esclarecimento para que isso não se repita. Aqui não é terra de ninguém. Porque esses policiais estavam aqui, irregularmente, fazendo operações, e a partir daí toda cadeia de movimentações que ocorreram na nossa polícia, até culminar com erro trágico que determinou a morte de uma vítima. Se essa operação foi benfeita ou malfeita eu ainda não tenho condições de avaliar. Sei que a primeira foi mal feita e que, dali, decorreu o resto.

Mais incisivo, o secretário da Segurança Pública, Airton Michels, acredita que a Polícia Civil gaúcha deveria ter autuado em flagrante os paranaenses.

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