ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

DESINTEGRAÇÃO POLICIAL

PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA - ZERO HORA 22/12/2011

Dois mortos em menos de 12 horas, na mesma desastrada operação que trouxe policiais do Paraná ao Rio Grande do Sul para desvendar um caso de sequestro. Parece resumo de filme B, mas é a síntese de um impressionante incidente ocorrido ontem em Gravataí e que escancarou a falta de integração entre as polícias dos dois Estados.

Pela reação do governador Tarso Genro, está deflagrada uma crise diplomática com o governo do vizinho Paraná, comandado pelo tucano Beto Richa. Tarso classificou como ilegal e irresponsável a operação dos policiais paranaenses e ressaltou que eles não respeitaram os procedimentos formais de comunicar à polícia gaúcha que estavam tentando localizar duas vítimas de sequestro. A presença em solo gaúcho só se tornou pública porque os policiais civis do Paraná mataram um brigadiano em circunstâncias ainda obscuras. O sargento Ariel da Silva, de 40 anos, foi atingido por quatro disparos de metralhadora. Na falta de testemunhas, sobrou a versão dos três policiais paranaenses, de que ele teria disparado contra o trio. A perícia e o inquérito policial deverão esclarecer os detalhes da morte do brigadiano, que estava de folga.

Como se o enredo já não fosse suficientemente intrincado, à tarde outra equipe de policiais paranaenses, trabalhando em conjunto com a Polícia Civil gaúcha, estourou o cativeiro em que estavam dois empresários sequestrados. Na troca de tiros, Lírio Persch, 50 anos, foi morto.

Admitindo-se que seja verdadeira a versão de que o brigadiano atirou no carro em que estavam os policiais paranaenses, resta a pergunta: por que a Polícia Civil gaúcha não foi comunicada da operação? Os policiais paranaenses integram um grupo de elite, o Tigre, mas executaram um brigadiano em território gaúcho. Na operação conjunta com a polícia gaúcha, um empresário acabou morto. São incontáveis as lacunas que precisam ser preenchidas até que gaúchos e paranaenses conheçam a história inteira e a Justiça julgue os que apertaram o gatilho.

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