WANDERLEY SOARES, REDE PAMPA, O SUL
Porto Alegre, Quinta-feira, 22 de Dezembro de 2011.
Os profissionais de nível médio da Brigada Militar já pensam em montar manifestações logo depois das festas de fim de ano.
Não obstante a euforia do Piratini com o sucesso provisório na negociação salarial com os oficiais de nível superior da Brigada Militar (de capitão a coronel) apontei, ontem, que tal euforia não era generalizada no âmbito da soldadesca brigadiana assim como não é diferente nos diversos segmentos da Polícia Civil. Ontem, os brigadianos de nível médio (de soldado a tenente) ao realizarem um balanço do que ocorreu em 2011, concluíram que o governo Tarso Genro vem atendendo os interesses dos oficiais superiores inclusive com o apoio, chamado de corporativista, do comandante geral da corporação, coronel, professor e intelectual Sérgio Roberto de Abreu. Lideranças da família brigadiana exigem uma política salarial para os profissionais de nível médio sem iniciativas unilaterais como, segundo eles, foram tomadas na última semana ao privilegiar os oficiais de nível superior com um abono de R$ 400,00 reais para capitães e um aumento de 10% para todos, tudo de uma vez, de soco, sem chá-de-banco, enquanto os praças só terão um aumento chinfrim a partir de abril próximo. Um documento de protesto será encaminhado ao Piratini e, nas discussões iniciadas ontem, não estão descartados os movimentos reivindicatórios já no início de 2012, depois das festas e antes do carnaval.
Elite
Os chamados grupos de elite que são criados nas organizações policiais no Brasil e em quase todos os países do planeta, se não tiverem critérios de ação com definição plena e um comando técnico rigoroso e legalista, a maionese pode desandar de múltiplas formas e sempre com gravidade. Em alguns Estados brasileiros, principalmente no Rio e em São Paulo, grupos de elite se transformaram em esquadrões da morte. Isso depois de usufruírem de todo o tipo de mordomias de governos e de políticos profissionais. Cito isso para registrar aqui a desastrada ação, para dizer o mínimo, dos policiais de elite da Polícia Civil do Paraná que, no espaço de 12 horas, se envolveram em duas mortes. Mais do que a elaboração de inquéritos, esse absurdo merece ser levado para discussão nas academias de polícia.
Flanelinhas
Os parlamentos, em todos os níveis, são pródigos em discussões ocas e leis inúteis. Depois do debate da Câmara Municipal para mudar o nome da avenida Castelo Branco para avenida da Legalidade, os edis de Novo Hamburgo aprovaram uma lei que proíbe a atuação de guardadores de carros, os populares flanelinhas, na cidade. Aliás, pode haver guardadores desde que não pratiquem extorsão contra motoristas, mas será permitida a mordidinha pura e simples. Tanto quanto eu sei, extorsão já está no Código Penal e, de outra banda, não é o valor que define a extorsão. Aqui em Porto Alegre, o Sindicato dos Guardadores de carro cobra de seus membros um aluguel pelo espaço em que trabalham nas ruas e nossos vereadores nada falam sobre isso. Em Novo Hamburgo, uma cobrança mais elevada cobrada para quem cuida um carro de luxo pode dar cadeia.
Colunas
O Ano Novo provoca o clima da dança das cadeiras. Citei aqui que, no caso de acontecer troca no comando-geral da Brigada Militar, dois nomes despontam para assumir a honraria, que são os dos coronéis Rodolfo Pacheco e Uilson Miranda do Amaral. Na realidade, já há uma lista tríplice. O terceiro nome é o do coronel Júlio César Marobin. Difícil apontar qual dos três está entre as colunas mais poderosas.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
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