A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
FALHA DE COMUNICAÇÃO ENTRE AS POLÍCIAS
BEATRIZ FAGUNDES, REDE PAMPA, O SUL
Porto Alegre, Quinta-feira, 22 de Dezembro de 2011.
Ficou claro que as relações de intercâmbio entre as polícias é zero, o que deve causar certo furor ancestral nos cabeças dos grupos criminosos organizados
"Não contavam com minha astúcia!"; "Meus movimentos são friamente calculados!"; "Suspeitei desde o princípio!"; "Sigam-me os bons!". Ah! Doces refrões do personagem Chapolin, a mais extraordinária sátira mexicana já feita do personagem da superioridade norte-americana, o Super-Homem. Lembrei-me de todas essas pérolas de um personagem da ficção para tentar compreender a sucessão de erros protagonizados por policiais paranaenses em território gaúcho.
O governador Tarso Genro fez duras críticas à atuação da Polícia Civil do Paraná no Estado, ao classificar como ilegal e irresponsável a operação dos policiais, ressaltando que eles não respeitaram os procedimentos formais de comunicar à polícia gaúcha: "Uma ação profundamente ilegal e irresponsável aqui no Estado do Rio Grande do Sul. E como foi ilegal e irresponsável, ela está sob suspensão. Tem de ser examinado o que eles vieram fazer aqui e porque não tomaram as atitudes de entrar em contato com a nossa polícia". Vamos aos fatos: dois empresários, Lírio Poersch e Osmar José Finkler, deixaram Quatro Pontes, município próximo a Marechal Cândido Rondon, no Paraná, para comprar um implemento agrícola que estaria sendo vendido com preço abaixo do mercado no Estado gaúcho. Ao chegarem ao local, os dois foram surpreendidos pelos bandidos, que sequestraram a dupla com objetivo de pedir dinheiro à família em troca da liberação dos sequestrados. Ao que tudo indica, o sequestro foi comunicado à polícia paranaense, que decidiu ?ignorar solenemente' uma possível ?ajuda' da polícia gaúcha! Até ai tudo normal! O que nós, meros mortais, sabemos sobre essas ações cruzadas sem visibilidade! O que não estava nos planos, aparentemente, era o tal grupo especial antissequestro paranaense, denominado "Tigre", executar, com diversos tiros de metralhadora, um sargento da Brigada Militar.
A Justiça gaúcha decretou a prisão temporária dos agentes, porém, é bom esclarecer que eles já estão no Paraná. Agora outra curiosidade: de acordo com a imprensa paranaense, a invasão do cativeiro, que resultou na morte de um dos sequestrados, de um sequestrador e de ferimentos na segunda vítima, foi de única e exclusiva responsabilidade dos policiais gaúchos. De acordo com nossas informações, policiais paranaenses estavam presentes na ação. Resumindo: ficou claro que as relações de intercâmbio entre as polícias é zero, o que deve causar certo furor ancestral nos cabeças dos grupos criminosos organizados.
Vamos assistir cenas de pugilato moral entre as polícias, desmoralizando lá e cá os homens que integram as instituições que nos defendem. Por que a polícia paranaense não trocou informações com a nossa muito bem treinada equipe antissequestro? Por que o secretário de Segurança Pública de lá não comunicou, pelo menos informalmente, o responsável pelo território gaúcho? O rescaldo das trapalhadas: três mortos; o policial militar, que de forma ingênua, pensou interceptar um bando de criminosos, sendo executado por colegas e sua metralhadora.
Inacreditável! Um dos empresários pivô da ação clandestina em território gaúcho restou executado em meio ao entrevero de trapalhadas. Podemos dizer que "graças a Deus" um dos sequestradores também morreu? Com todo respeito à situação, lembra o velho Chacrinha: "Quem não se comunica, se trumbica!". Quem vai responder a família do sargento executado, ao que tudo indica, de forma covarde, por parceiros de atividade? Como fica a família? Triste Natal!
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