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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

POLÍCIA RESOLVE SÓ 15% DOS CASOS DE ROUBO COM MORTE


Polícia resolve só 15% dos casos de roubo com morte registrados em SP. Dos 66 latrocínios cometidos até outubro, apenas 10 foram esclarecidos; delegacia especializada, criada há 2 meses, já solucionou 3 crimes - 11 de dezembro de 2011 | 22h 55 - Gio Mendes - O Estado de S. Paulo


SÃO PAULO - Dos 66 casos de latrocínio, roubo seguido de morte, ocorridos nos dez primeiros meses do ano na capital, dez foram esclarecidos pela Polícia Civil com a prisão de suspeitos – ou 15% dos crimes. O levantamento realizado pela reportagem inclui, no total das ocorrências, cinco latrocínios que não aparecem nas estatísticas criminais divulgadas mensalmente pela Secretaria da Segurança Pública (SSP).

Depois de sete meses, os pais do auxiliar administrativo Christopher Cirilo de Assis, de 21 anos, ainda esperam ouvir que a polícia conseguiu localizar os ladrões que mataram o jovem no Sacomã, zona sul da capital. "A gente ia na delegacia da área toda semana, mas a resposta foi a mesma durante três meses. Os policiais diziam que não tinham encontrado testemunhas ou pistas", afirma o serralheiro Nivaldo Cirilo de Assis, de 53 anos. A família acredita que a polícia não se empenha o suficiente.

Para tentar aumentar a resolução desses casos, o Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) criou uma delegacia especializada na investigação de latrocínios. A 3.ª Delegacia de Chacinas e Latrocínios funciona há dois meses e já esclareceu três crimes.

O delegado-geral da Polícia Civil, Marcos Carneiro de Lima, admite que o latrocínio é um crime difícil de ser investigado. "Diferentemente do homicídio, em que os envolvidos geralmente se conhecem, no latrocínio a vítima e o criminoso vão se encontrar em um único instante da vida de ambos", diz.

Com a criação da delegacia especializada em latrocínios, Carneiro espera que os casos sejam solucionados mais rapidamente. "Os policiais vão se empenhar mais ainda para resolver esse crime covarde. Além disso, a centralização das investigações facilitará o trabalho da polícia."

O cientista político Guaracy Mingardi, especialista em Segurança Pública, que já havia defendido a criação de equipes especializadas na investigação de latrocínios, tem dúvida se a centralização na apuração dos casos em uma única delegacia facilitará o esclarecimento das ocorrências. "As equipes que trabalham com latrocínio deveriam ficar localizadas nas áreas das delegacias seccionais. Teriam de ser equipes locais, para conhecer os criminosos que atuam naquela região e traçar o perfil de cada um."

Mingardi acredita que a delegacia especializada terá um índice de resolução maior de latrocínio em comparação com os distritos policiais de bairro. "As delegacias de bairro pouco investigam, pois não têm estrutura. Certamente, ocorrerá uma melhora dos índices se houver um trabalho incansável das equipes especializadas", diz.

O capitão Cleodato Moisés do Nascimento, porta-voz do Comando de Policiamento da Capital (CPC), diz que a PM tem reforçado o patrulhamento nos locais em que ocorrem mais roubos de veículos para coibir os casos de latrocínio. "A vítima não deve reagir ao assalto ou dificultar a entrega do bem desejado pelo criminoso. Também deve evitar qualquer movimento brusco, para que o ladrão não tenha uma reação violenta", orienta.

Casos antigos. Segundo o delegado Luiz Fernando Lopes Teixeira, titular da 3.ª Delegacia de Chacinas e Latrocínios do DHPP, casos mais antigos são mais difíceis de ser solucionados. "A investigação tem de ser imediata. Assim que sabemos do crime, os policiais vão para a rua em busca de câmeras e testemunhas." A equipe dele esclareceu as mortes do metalúrgico Renan Fogaça Alípio (registrado no 98.º DP), do sargento Raimundo de Araújo Cabral (73.º DP) e do soldado Jonathan Ribeiro Brandão (46.º DP).

Procurada pela reportagem, a SSP informou que não tinha um balanço dos casos esclarecidos de latrocínio. A pasta também não contestou o balanço feito pela reportagem, que conversou com delegados e investigadores de todas as delegacias que registraram casos de latrocínio.

Para mãe que perdeu filho, falta empenho da polícia. Rapaz foi assassinado em maio, no Sacomã, zona sul, quando saía do banco com R$ 2,5 mil. Até agora, ninguém foi preso - O ESTADO DE SÃO PAULO, 11 de dezembro de 2011 | 23h 02

SÃO PAULO - A dona de casa Sandra Deogracia dos Santos, de 49 anos, gostaria que a polícia tivesse o mesmo empenho para esclarecer a morte do filho dela, o auxiliar administrativo Christopher Cirilo de Assis, de 21, que o demonstrado na investigação do latrocínio ocorrido dentro do estacionamento da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP). Os dois crimes aconteceram em maio, com oito dias de diferença. Os dois acusados de matar o universitário Felipe Ramos de Paiva, de 24 anos, já estão presos. Os assassinos do filho de Sandra continuam foragidos.

"Eu acho que a polícia leva em consideração o poder aquisitivo das vítimas para investigar esses crimes. Meu filho era um cidadão de bem, trabalhava desde os 14 anos", diz Sandra. Christopher foi morto após sacar R$ 2,5 mil em uma agência bancária do Sacomã, na zona sul. Ele tentou correr ao ser abordado por dois ladrões que queriam o dinheiro. Um dos bandidos atirou na vítima e pegou o dinheiro. Depois, subiu em uma moto e fugiu com o comparsa.

O auxiliar administrativo planejava usar o dinheiro para pagar uma dívida da compra de uma moto, adquirida havia dois anos. "Eu negociei a dívida com a financiadora e paguei depois de algum tempo. Deixei a moto na casa do meu irmão, pois ela trazia muita recordação. Vou tentar vendê-la", afirma Sandra.

O latrocínio aconteceu dois meses antes de Christopher ficar noivo de uma estudante de 17 anos com quem namorava havia um ano. "Ele ia oficializar a relação no dia em que ela completaria 18 anos", conta a dona de casa.

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